POR JORDI CASTAN
Na quinta feira
participei daquilo que o pessoal da SEPUD denominou "Oficina de Revisão do Plano
Diretor". O evento contou com menos participação que a esperada. Metade dos
lugares previstos ficaram vazios e a dita oficina pareceu mais uma divertida quermesse - ou uma improvisação cênica aberta a participação do público - do que uma
oficina, para revisar o Plano Diretor. Sobrou boa vontade e
faltou seriedade e organização, mas isso por estes lados não é nada novo.
Ainda mais curioso foi que os próprios representantes comissionados da SEPUD e de outros órgãos da Prefeitura Municipal escrevessem tarjetas com os temas a serem posteriormente priorizados. E assim ao mesmo tempo que escreviam também votavam nos temas que haviam escrito. O modelo é afinado com a linha dirigista e autoritária de que tanto gostam o prefeito e sua equipe. O resultado é que a população acredita estar participando e mesmo que é ouvida. A Prefeitura cria a fantasiosa ilusão de que as oficinas, assim como as audiências públicas, são um processo aberto, democrático e participativo.
Não há rastreabilidade
sobre o que foi escrito pelos participantes, nem sobre os critérios seguidos
para a priorização, E, pior ainda, não houve tempo para um debate aprofundado porque cada tema só poderia ser debatido, no máximo, por 15 minutos. A pressa
obrigava a cumprir o horário, pelo que não foram permitidos debates consistentes.
Tudo bem ao gosto desta gestão, evidenciando cada vez mais a conhecida dificuldade dos atuais gestores para compreender e tratar temas complexos. Por isso a necessidade que qualquer tema seja apresentado de
forma superficial. Se uma criança de 7 anos não
consegue entender, nem o prefeito, nem a maioria do corpo técnico tampouco.
Para concluir - e para
forçar ainda mais o direcionamento dos temas -, os participantes deveriam
escolher unicamente três e só três tópicos. A obsessão pela simplificação chega a ser simplória. E tem como objetivo evidente evitar os debates e
discussões. O resultado das ditas oficinas caso se concretize a
metodologia proposta pela Prefeitura, será um exemplo de eficiência. Se não
fosse uma afronta à legislação vigente, claro. Onde? No que se refere à participação popular
e a cidade de direito, além de pela superficialidade da abordagem, pela falta de preparação da sociedade para poder debater sobre o tema, agravado pela pouca
qualidade dos documentos e dados apresentados e a nula informação entre o que foi
previsto no Plano Diretor vencido e realmente precisa ser atualizado ou revisto.
É bom lembrar que estudos consistentes, análises e textos mais extensos que três linhas escritas em um pequeno post-it são o máximo que deve caber na memória RAM dos organizadores das oficinas e da equipe mais próxima ao prefeito. Não se pode pedir muito mais que isso. Ao que parece indicar, a revisão do Plano Diretor estaria pronta, não duvidaria, que os resultados e as conclusões já estejam definidos e redigidos antes mesmo de realizar as oficinas.