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segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Palácio das Orquídeas deixa Adriano Silva numa saia justa

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Adriano Silva tem um abacaxi para descascar. A denúncia do uso indevido de verbas da educação, aplicadas num projeto de turismo, abre uma rachadura na imagem de bom gestor que ele tenta projetar. Pode até nem haver consequências legais, mas a sua credibilidade deve sofrer algum abalo. A denúncia feita pelo advogado Rodrigo Bornholdt, candidato a prefeito pelo PSB, deixou Adriano Silva numa saia justa. 

Que tal relembrar a sequência do escândalo do Palácio das Orquídeas? O caso começou com Bornholdt a fazer a denúncia. Adriano foi a uma rádio acusá-lo de fake news. Rodrigo fez um “react” nas redes sociais e mostrou o contrato da Prefeitura para provar as afirmações. E fechou com um desafio a Adriano: “fica aí o teu direito de resposta para esclarecer de onde está vindo o dinheiro do suposto Palácio das Orquídeas”. A bola está com Adriano. 

As implicações administrativas e políticas são relevantes, claro, mas o escândalo traz algo novo. É que depois de chegar à prefeitura quase por obra de Nossa Senhora do Acaso, o atual prefeito teve uma vida muito fácil. Ninguém peitou. Adriano Silva navegou sempre em águas calmas, sem oposição. Os bolsonaristas (que têm muito em comum com o prefeito) alinharam alegremente. A oposição mais à esquerda não foi além de pequenas troças nas redes sociais.

Eis a novidade. Este é o primeiro chacoalhão a sério sofrido pelo atual prefeito. Não dá para dizer que vai causar mossa na sua imagem, claro. Até porque a imprensa, sempre muito meiguinha, deve permanecer no seu “rigor mortis”. Quer dizer que a pendenga só pode prosperar nas redes sociais. E se os outros candidatos pegarem carona na denúncia. Então, é possível que a coisa escale e que surjam outros fatos. 

Enfim, é só os opositores fazerem oposição. É certo que o atual prefeito nada de braçada nas redes sociais. Nem tanto por talento, mas porque sempre esteve sozinho na piscina. Mas o chato de governar pelo Instagram é que isso cria um mundo virtual e dá a ilusão de que Joinville é uma Shangri-La. A diatribe do Palácio das Orquídeas mostra uma nova face do jogo: o prefeito sendo obrigado a descer ao mundo real, onde estão as pessoas de carne e osso, para se explicar. E aí o jogo é outro. 

 Ah... mas não dá para chamar de escândalo. Dá sim. Tudo o que aponte para mau uso de dinheiro da educação é sempre um escândalo. E este episódio mostra que nem tudo são flores para Adriano Silva. A imagem dessa Joinville-Shangri-La criada no Instagram está a ser abalroada por um choque de realidade. Bem-vindo ao mundo real, prefeito. Mas fica a constatação: não existe filtro de Instagram para maquiar a realidade.

É a dança da chuva.

Rodrigo Bornholdt fez a denúncia, Adriano Silva ainda não apresentou uma explicação.


quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Sérgio Moro cidadão honorário de Joinville. Podem rir. Ou chorar...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Joinville nunca engana. Quando você pensa que a coisa não pode piorar... ela despenca para um buraco ainda mais fundo. E não é que a Câmara de Vereadores quer atribuir o título de cidadão honorário ao atual senador Sérgio Moro, ex-juiz incompetente da Operação Lava-Jato? O projeto foi apresentado por um vereador que atende pelo nome de Nado (PROS). É como diz a expressão popular: de onde você nada espera, daí é que nado sai.

A explicação é o fato de Moro ter atuado na comarca de Joinville, entre 1999 e 2002, com “elevada atuação técnica”. Parece brincadeira? Não é. “Em Joinville, sua atuação foi marcada a ferro na tez local e é reconhecida pelo engajamento na efetivação do Estado de Direito, com atuação lapidar, exemplar, íntegra, dotada de elevada atuação técnica, coerência, e, sobretudo, coragem para atuar com profundo respeito às leis e à Constituição”, pontuou a justificativa.

“Marcada a ferro na tez local”? Quem escreve uma tonteria destas? A coisa pretende ser uma frase de efeito, mas o único efeito que provoca é uma convulsão estilística da tão maltratada língua portuguesa. Mas até faz algum sentido, porque isso de “marcar a ferro” é coisa de gado. O problema é que o gado de Jair Bolsonaro, maioritário de Joinville, já não se alimenta do mesmo capim que os seguidores de Sérgio Moro. Os dois brigam para conquistar a invernada da extrema direita e andam às cabeçadas. 

A argumentação diz que o ex-juiz atua com “profundo respeito às leis e à Constituição”. Onde estava essa gente quando surgiu o consórcio da Vaza-Jato, liderado pelo Intercept? Lembram? Foi aquela série de reportagens que revelaram as ações muito controversas da força-tarefa da Lava Jato. Foi quando ficou escancarado o conluio entre Sérgio Moro e o promotor Deltan Dallagnol. O ex-juiz é o que podemos chamar um “depedrador” do Estado de Direito.

Por que Joinville gosta de Moro? É simples. Porque o ex-juiz fez o favor de prender Lula pouco antes das eleições de 2018 e, desta forma, estendeu o tapete para a eleição de Jair Bolsonaro. A gente pode reclamar e dizer que o “quociente intelectual” da cidade é muito baixo, mas a sua gratidão é férrea. Aliás, mesmo depois da desgraça que foi o governo de Jair Bolsonaro, a cidade resiste como um dos bastiões do bolsonarismo mais obtuso (passe a redundância).

A imprensa diz que a homenagem acontece no dia 6 de setembro, na Câmara de Vereadores de Joinville. É bom ter pressa, porque o futuro do homenageado parece turbulento. Em linguagem pouco jurídica, podemos dizer que o ex-juiz “está mais sujo do que pau de galinheiro”. Muito boa gente acredita que, ainda em 2023, o atual senador Sérgio Moro vai se tornar o ex-senador Sérgio Moro, porque a possibilidade de cassação surge forte no horizonte. E nada garante que a coisa fique por aqui.

Para finalizar, deixo aqui a minha sugestão. O vereador que propôs a distinção a Sérgio Moro também devia ser homenageado. E de forma exemplar. Ouvir umas 10 horas ininterruptas de discursos de Sérgio Moro, com a sua inconfundível voz de marreco, dicção atrapalhada e dificuldade em lidar com a língua portuguesa. Depois disso ele iria pensar duas vez antes de propor esse tipo de besteira.



sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Joinville vista por "joinvilenses"... a partir de Portugal (2ª parte)


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

E para fim de conversa, eis a segunda parte. Uma troca de impressões entre Gustavo Castro, Luís Fernando Assunção e José António Baço sobre Joinville. Os três vivem atualmente em Portugal e falam sobre a cidade, os seus pontos fortes e pontos fracos. Sem script, é uma conversa descontraída.

sábado, 20 de junho de 2020

Os vereadores produziram 13787 indicações desnecessarias em 2019





POR JORDI CASTAN


Cada dia util, cada vereador de Joinville produz 4 indicações, foram em total 13.787 indicações no ano 2019. Mais de 30.000 processos parlamentares, documentos e protocolos desnecessarios, que tem como objetivo iludir o eleitor. Fazendo que acredite que o conserto da tampa do bueiro, a troca de uma lamapada ou a limpeza de uma boca de lobo são favores politicos e que o eleitor deve esse favor a determinado vereador.


A zeladoria da cidade é responsabilidade do executivo e a função do vereador é fiscalizar porque o executivo demora tanto em fazer os consertos, porque o material utilizado é tão ruim e quebra com tanta facilidade, porque não há manutenção preventiva ou porque se gasta tanto dinheiro na zeladoria de Joinville.


Mas os vereadores quando indicam seus cabos eleitorais para funções nas sub-prefeituras acabam fazendo da zeladoria parte do seus projetos politicos. Por isso é tão comum em ano eleitoral encontrar vereadores com a enxada na mão, aciompanhando obras e se apropriando dos meritos de trabalhos que não são nem da sua alçada, nem da sua responsabilidade.


Esteja atento e não vote nos vereadores que utilizam deste tipo de artimanhas para buscar seu voto. Os vereadores da situação tem o apoio da maquina pública para buscar a sua reeleição. O executivo trabalha de forma articulada para promover os vereadores fieis ao prefeito. Aqueles que são omisos na hora de fiscalizar, aqueles que em lugar de defender os eleitores, cuidam dos seus interesses, não os de você, eles cuidam dos interesses deles.

sábado, 6 de junho de 2020

Os ocasos de Trump, Bolsonaro e Udo



POR CHUVA ÁCIDA

O Chuva Ácida faz uma viagem desde Washington, onde Donald Trump enfrenta problemas com manifestações por todo o país, passando por Brasília, com os 30 mil de Jair Bolsonaro, acabando em Joinville, onde candidatos a prefeitos estão a ser contagiados.

terça-feira, 28 de abril de 2020

É melhor que Udo Dohler fique em casa



POR JORDI CASTAN

O tema de hoje é grupo de risco, a pandemia e o pandemônio.

Os clientes de alguns supermercados já estão sentido a falta do prefeito, que não tem frequentado mais o setor de hortifruti. E, sem a sua inestimável colaboração, as donas de casa têm mais dificuldade para escolher um abacaxi doce ou uma melancia que esteja no ponto. É verdade que de abacaxis entende, mesmo que não tenha mostrado capacidade para descascá-los.

É importante ser compreensivo. Pela idade, o prefeito é parte do grupo de risco e faz bem em ficar em casa. Quanto menos se exponha será melhor para todos. Joinville agradece que o prefeito se cuide. Com toda esta história do confinamento, dos grupos de risco e do pandemônio em que tem se convertido a pandemia do Coronavírus, está tudo de pernas para o ar. 

É verdade que em Joinville as coisas até parecem estar melhor do que antes. Mas convenhamos que, pelo jeito que estavam até há pouco, havia muito pouco que pudesse piorar.

Na atual situação de pandemia, sofrem os pais, que trabalham em casa e, além de tudo o que já tinham que fazer antes, agora também têm que cuidar das crianças, especialmente das pequenas, a tempo inteiro. Ou seja, cumprir uma agenda de trabalho à distância e, se isso fosse pouco, ainda compartilhar espaços mínimos com crianças, gato, papagaio e cachorro.

Acrescentar marido, cunhada, tia ou sogros é para sonhar com que o Armagedon chegue logo e que a Apocalipse possa parecer um programa interessante para uma terça a tardinha.
Joinville está dando um bom exemplo. É verdade que depois de anos de não ter governo, nem gestão, nem prefeito a vila tem aprendido a conviver com o descaso e até parece que as ruas têm menos buracos, o trânsito flui melhor e nem os desatinos dos meninos do Waze parecem tão graves, numa cidade que é resiliente e não se deixa vencer facilmente.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

A entrevista do prefeito de Joinville e a sua cidade imaginária

POR JORDI CASTAN
Depois de ler a entrevista que o prefeito Udo Dohler concedeu ao jornal local, acredito que não esteja conseguindo mais diferenciar a fantasia da realidade, que viva na Joinville das suas quimeras, dos seus sonhos e dos seus pesadelos. Mas os sonhos (ou delírios) são só sonhos. A Joinville real está cada dia mais distante daquela em que o prefeito mora, claramente uma cidade imaginária.

É incansável a capacidade que este governo municipal tem de criar projetos, desenvolver propostas e, acima de tudo, querer nos convencer que vivemos numa outra Joinville.Para toda e qualquer coisa que alguém possa imaginar, a Prefeitura Municipal tem mais de um projeto. As alternativas se acumulam em gavetas e caixas empoeiradas. A maioria das soluções e os projetos propostos acabam ficando obsoletos antes de verem a luz.

É incrível a capacidade de inventar soluções que nunca serão executadas, de confundir fantasia e realidade. O risco é levar o prefeito e sua troupe a viver num mundo paralelo, em que não é mais possível discernir o certo do errado. Um caminho perigoso, confuso e difícil de percorrer. A impressão é que o prefeito está perdido no seu labirinto, que perdeu o novelo e não sabe sair da enrascada em que se meteu. Só que acabou nos levando a todos os joinvilenses juntos. 

Os meus filhos cresceram sem poder passear em nenhum dos parques projetados pelos técnicos da Prefeitura, apresentados em lindos desenhos coloridos em não poucas reuniões e palestras. Projetos que mesmo depois de muitos anos e muitos reais continuam sem ser implantados e parecem cada vez mais distantes.

Hoje duas cidades distintas ocupam o mesmo lugar. Uma é a cidade imaginária, só visível para políticos e os seus íntimos, através de um fantascópio. Essa Joinville é invisível a olho nu, para os cidadãos. É a Joinville irreal que nunca sai do papel e que só existe na fantasia dos nossos dirigentes, que acabam acreditando nas próprias fantasias, patranhas e invencionices.

Para nós fica a Joinville real, a das ruas esburacadas, sem espaços para o lazer, sem áreas verdes públicas. A Joinville cinza, do transito lento, dos engarrafamentos, das obras inacabadas, das inaugurações incompletas. A Joinville, que aos poucos vai perdendo o seu brilho de outrora.

Em alguns momentos as duas cidades se cruzam. Por instantes é possível vislumbrar na lanterna mágica as duas Joinvilles. Os desenhos coloridos dos projetos, perdem o brilho, a fantasia da computação gráfica, não sobrevive à claridade da luz do sol. E aos poucos as pessoas percebem que a nossa cidade é a real, a de cada dia, a das filas, dos buracos, que tem poeira na época de seca, a do barro na época de chuva.

A outra é uma fantasia, que existe só nas cabeças e nos sonhos e nas sandices que propalam. 

segunda-feira, 16 de abril de 2018

A Joinville de gente que não reclama, só resmunga

POR JORDI CASTAN
Joinville é uma cidade singular. Poucos lugares conseguiriam sobreviver a décadas de maus governos, sem planejamento e dirigidas por legiões de ineptos. Qualquer cidade que não fosse Joinville já teria sucumbido faz tempo. Mas Joinville não. Joinville insiste teimosamente em sobreviver, em crescer e em prosperar, mesmo neste ambiente hostil em que a mediocridade viceja. Aqui o compadrio toma conta de tudo e o poder público está contaminado pela inoperância, a preguiça e ausência de uma visão estratégica para a cidade.

É importante estabelecer uma linha clara entre a cidade e seus habitantes, que são as pessoas, empresas e organizações que aqui lutam para prosperar e fazer prosperar, e a cidade e sua administração, os seus administradores e toda esta corja de gente e organizações penduradas nos seus úberes, outrora fartos e inesgotáveis. São os mesmos que veem e tratam Joinville como sua propriedade privada e a utilizam exclusivamente para seu beneficio próprio e o dos seus apaniguados.

Só uma cidade como Joinville para sobreviver. É a resiliência o que faz desta cidade um modelo a ser estudado, vivissecado e analisado. Esta capacidade de, por um lado, aceitar a inépcia e, pelo outro, superá-la. Este jeito tão joinvilense de calar e acatar. Este povo ordeiro trabalhador que suporta por anos a fio gestões incompetentes. Obras que nunca terminam. Obras que nunca começam. Obras que custam muito mais que o orçado e seguem com péssima qualidade. Prédios públicos abandonados durante lustros e décadas no mesmo centro da cidade. Avanços sobre a Cota 40. Redução das áreas verdes. Instalação de estações elevatórias de esgoto em praças públicas sem que ninguém se manifeste.

É ainda mais interessante ver como o joinvilense não gosta e até resmunga quando alguém se atreve a pôr em duvida a capacidade do gestor de plantão ou a acuidade mental de quem planeja e executa as obras públicas. Esse resmungar, tão característico dos sambaquianos, não conhece paralelo em outras sociedades que optam por se manifestar abertamente e publicamente. Aqui, desde a época da colônia, assumo que essa época colonial pertence a um passado distante e não segue sendo atual, criticar é muito mal visto. A ordem é baixar a cabeça e trabalhar, não questionar, não pensar diferente do pensamento oficial. Se não estivéssemos no século XXI, poderíamos imaginar que estamos vivendo na Alemanha nazi da década de trinta, em que qualquer um que dissentisse do fuhrer corria o risco de ser apaleado.

Vamos a seguir baixando a cabeça e trabalhar duro, porque temos que pagar os impostos, taxas e contribuições para manter azeitada essa máquina pública que nos explora e nos oprime. Viva essa resiliência que nos permite ser fortes e resistir a esta pressão infernal e superá-la. Viva Joinville, viva seu povo ordeiro e sofredor que aguenta tudo em silêncio ou, no máximo, emitindo pequenos resmungos baixinhos para não correr o risco de interromper o plácido sono do gestor. Vai que ele acorda e fica brabo.

segunda-feira, 26 de março de 2018

E a Cota 40, prefeito? Como fica a palavra dada?


POR JORDI CASTAN
O Executivo Municipal ameaça a cota 40. Programar uma audiência pública para debater o tema, na segunda feria prévia ao feriado de Semana Santa, mostra a má fé do nosso Executivo.. É tudo pensado para ter um quorum baixo e pegar a sociedade desarticulada. Pensei em escrever um texto mais denso, mas desisto de escrever de novo sobre o tema. Até porque poderia perfeitamente reproduzir de novo o texto que já publiquei neste mesmo espaço em outras oportunidades: em 2014 Jabuti subiu na cota 40 e, de novo, em 2016 Joinville vitoria da ganancia e derrota da cota 40. Porque a Cota 40 é um tema permanentemente em pauta, tanto para especuladores como para os seus defensores. 

O problema não é a Cota 40. O problema tampouco é a preservação do pulmão verde que Joinville ainda mantém e que garante uma melhor qualidade de vida para todos os que aqui moramos. A Lei Orgânica do Município garante a preservação do Cota 40. A nossa constituição municipal, escrita em outros tempos e por joinvilenses com princípios e valores diferentes dos que hoje nos governam, garante que a cidade não avance sobre a Cota 40. O problema é sermos governados por gentalha sem ética, sem princípios, sem palavra, sem vergonha. E não falo só de Joinville. O país todo vive o drama de ser dirigido por amorais, que dão ouvidos a especuladores gananciosos igualmente amorais.  

Nenhum cidadão de bem pode dormir em paz quando o Legislativo está reunido, escreveu Benjamim Franklin. No Brasil diria que "nenhum cidadão de bem pode dormir em paz quando o Legislativo, o Judiciário ou o Executivo estão reunidos".

Se o prefeito não desse ouvidos a este tipo de gente - da mesma forma que não da ao resto da população - não teríamos que trazer uma e outra vez este tema de volta à pauta. O problema é que o prefeito, contrariamente ao que se comprometeu, acredita que o progresso de Joinville está vinculado a crescimento desenfreado. Ele, na sua simplória ignorância, acredita que não precisa respeitar o que disse, menos ainda o que assinou. Porque gente sem princípios e sem palavra é assim. E o pior: acredita que os outros joinvilenses são como ele. 

Prefeito, não se engane. Em Joinville ainda há gente que honra a palavra dada.


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Udo Dohler e a Joinville das Maravilhas




POR JORDI CASTAN
Já quase não queda quem acredite no triunfalismo dos discursos monocórdicos do prefeito Udo Dohler. Os discursos fantasiosos tem sempre mais empulhação que realidade. E não é que o prefeito insiste, teimosamente, em afirmar que ele e sua equipe estão planejando a Joinville dos próximos 30 anos. Quem não consegue planejar, nem entregar a Joinville dos próximos 30 meses vai conseguir 30 anos? O discurso soa a falsidade, é pura balela.

Há ainda, nessa afirmação, um ponto de requintada maldade. É pouco provável que possa estar aqui para colher os frutos da sua desastrada gestão. Essa Joinville fantasiosa imaginada pelo prefeito será a Joinville dos nossos filhos e netos, a cidade da próxima geração. Uma cidade pior, menos verde, mais cinzenta e com menos qualidade de vida que a atual. E, com certeza, muito diferente que a propalada pelo camelô de ilusões.

Antes que ele outros prefeitos também planejaram outra Joinville diferente desta de hoje. A nossa cidade é o resultado de planejar mal, de não executar o planejado, de pensar pequeno. E o pior:  de iludir permanentemente um eleitorado crédulo e de contar com a amnésia do eleitor local que insiste em votar, repetidamente, em encantadores de asininos, em mercadores de sonhos e em mitômanos profissionais.

Para lembrar um pouco da Joinville de ontem e compará-la com a de hoje proponho dar uma olhada neste vídeo, a linguagem triunfalista e exageradamente positiva, parece-se muito com a atual. Daí para frente cada um deve tirar suas próprias conclusões.


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O que está acontecendo com o judiciário brasileiro?


POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Nos últimos meses estou observando o sistema judiciário mais de perto. E é incrível como várias situações acontecem naquele poder que deveria ser a salvaguarda dos cidadãos brasileiros. Talvez por ser um âmbito muito distante do "povão" (ou ser conhecido por processar jornalistas que o questiona), quase nada é falado sobre esta casta praticamente intocável da sociedade. As "excelências" estão operando o direito de uma forma, no mínimo, constrangedora. É claro que nem todos são assim e existem exceções louváveis e dignas de respeito, como o caso do juiz João Marcos Buch, aqui mesmo de Joinville. Porém, são poucos.

De Gilmar Mendes, o todo poderoso ministro do Supremo Tribunal Federal e doutrinador constitucional nas faculdades de Direito, passando por Janot e chegando até o caso mais recente, promovido pelo juiz federal Waldemar Carvalho e que deixou toda a comunidade LGBTQ raivosa (com extrema razão), podemos perceber que o nosso judiciário não vai bem. Casamentos e relações escusas, encontros às escondidas atrás de engradados de cerveja, esposa com relações políticas estranhas, desconhecimento total do que é sociedade, e tantas outras coisas, torna-o um poder questionado, assim como já estamos cansados de fazer com o executivo e o legislativo.

Basta aprofundar um pouco a análise para entendermos como os ocupantes destes postos estão em posições diferenciadas e passam a agir como tal na convivência social. Não é raro encontrar pessoas que ganham acima do teto constitucional (em rápida pesquisa, encontrei juiz em Joinville ganhando R$ 60 mil por mês!) e possuem uma série de vantagens, como duas férias por ano, 14º salário, auxílio-moradia e tantas outras benesses extremamente distantes da maioria dos trabalhadores brasileiros. É impossível, sociologicamente falando, não relacionar a posição social adquirida por eles e sua atuação jurídica. Ou são membros de grupos abastados na sociedade antes mesmo de serem admitidos (considerando o enorme abismo na qualidade da educação brasileira), ou passam a ser após anos estudando. Na mesma linha, quem ganha vários milhares de reais por mês certamente irá absorver hábitos e relações de elites, frequentar lugares totalmente distantes da realidade social dos mais pobres e distorcer a sua visão crítica de mundo (que, por sinal, mal é incentivada nas faculdades de Direito) o que, invariavelmente, distorce também as suas ações. A neutralidade é um mito que precisa ser derrubado.

Rafael Braga: mais um exemplo.

Ocorre, então, que ao se assumir como elite, um membro do judiciário pode ter que julgar, acusar, ou defender algo que vai contra os seus princípios de classe. As redes sociais são muito mais complexas do que imaginamos, e alguns casamentos de filhos de megaempresários servem apenas para exacerbar isso que defendo. Quantos outros encontros em bares sujos ocorrem por aí e definem o destino de milhões de pessoas? Ou, ainda, uma conversa em particular no clube de golfe local? Sabe aquela vernissage que as elites locais frequentam (e que o MBL não se mete)? E aquele vizinho do seu condomínio fechado que também é do judiciário? E a inauguração daquele prédio do amigo construtor que também é réu na minha vara de justiça? Enfim, as relações são infinitas e ocorrem dentro da própria classe.

Ainda não tenho resposta completa para a pergunta inicial, justo porque pouca coisa se sabe dos nossos representantes no sistema judiciário e merece muita pesquisa detalhada. Posso afirmar com convicção (obrigado, Deltan!) que o descoberto desse labirinto, até agora, infelizmente não nos agrada. As exceções precisam virar regra. Não há como sustentarmos um dos poderes judiciários mais caros do planeta e tolerarmos decisões que desvendam a real intenção da justiça - literalmente. São casos que mostram que o problema está aí, mantendo os privilégios e estruturas desiguais da sociedade, mesmo quando eles deveriam prezar pelo contrário, sobretudo em tempos de crises.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Sobre parafusos e especulação imobiliária


Há uns 20, 30 anos, você começa a comprar terras superdesvalorizadas na periferia da cidade. E, ao mesmo tempo, vai pressionando os governos a investir nas áreas mais valorizadas para diminuir ainda mais o preço da terra na periferia, visando mais compras a preços ridículos. Quando você não tem mais o que comprar, começa a dizer por aí que o desenvolvimento da cidade precisa ser invertido, em direção às suas terras, porque "lá é onde o trabalhador mora".

Faz lobby para alterar o zoneamento, coloca diretor seu como laranja de entidade de trabalhadores no conselho da cidade (órgão que vai debater o novo zoneamento), manda ele para audiências públicas criticar os movimentos sociais, assume entidades empresariais que dão espaços privilegiados na mídia para defender seu interesse e investir em políticos amigos (ou vendidos mesmo) até que, depois de um tempo, o novo zoneamento é aprovado e suas terras passam a ficar extremamente valorizadas.

Meses depois da nova lei ser aprovada pelos seus políticos amigos (que assumiram o poder com a sua ajuda e das entidades que comandava), você manda o seu diretor ir ao jornal novamente mas, desta vez, para dizer que está lançando projetos imobiliários em mais de três milhões de metros quadrados de terras.

Aquelas que você comprou a preço de banana, mas agora, graças a sua atuação política e rentista-exploradora, vai te dar um lucro enorme, lembra?

E todo mundo na cidade acha normal. Ninguém questiona. Conselho da Cidade, então? Tem que pedir autorização pra falar e o nome é capaz de não ser colocado nas atas públicas, já que criaram uma norma para esconder os integrantes e seus interesses explícitos nas decisões. Quem denuncia isto é demitido, processado, chamado de "arruaceiro" pelos políticos e colegas de profissão, sendo que estes deveriam ser os primeiros a se levantar contra devido ao seu conhecimento técnico, mas se escondem porque seus clientes são os mesmos lobistas.

E assim a tragédia urbana se multiplica: crianças, mulheres, jovens e pobres se reproduzem na miséria criada por aqueles que dizem estar agindo em seus nomes.

O poder de alguns aumenta, e a fábrica de coalizão de consensos se mantém como a coisa mais impiedosa do local.

Em uma cidade latino americana qualquer, agosto de 2017.

De repente o matagal se tornou vetor da especulação imobiliária

segunda-feira, 8 de maio de 2017

A maior cidade do estado também tem os maiores problemas

POR JORDI CASTAN
Joinville vive dividida entre o seu sonho de ser grande e sua necessidade de ser melhor. Fez a pior escolha e renunciou a ser melhor, para seguir crescendo com a mesma lógica que utilizam as células cancerígenas. O resultado é o título de maior cidade do Estado. Ora, Santa Catarina é o único estado em que a capital não tem a maior população.

Ser a maior só garante que os problemas que Joinville sejam também os maiores. Os indicadores são perversos e mostram o quanto a cidade é penalizada por essa ânsia de crescer. Um crescimento sem planejamento e sem recursos. Podemos acrescentar ainda: sem ideias, sem visão e sem outro modelo que não seja o de continuar crescendo. Há, no imaginário dos dirigentes locais, a ideia consolidada que é possível seguir crescendo indefinidamente.

É um conceito que já tem sido abandonado pela maioria de cidades modernas e avançadas, que entendem que não é possível crescer sem que se estabeleçam parâmetros e indicadores de qualidade para a população. O modelo das cidades grandes é o que se baseia ainda no princípio de economia linear, aquela que precisa de recursos infinitos num mundo finito.
As cidades inteligentes estão orientadas no modelo da economia circular. Cidades pensadas para ser sustentáveis. Para ser mais econômicas e eficientes. Para oferecer mais qualidade de vida aos seus habitantes.

Os pedestres ganham mais espaço e o espaço público é planejado para permitir que haja uma menor necessidade de deslocamentos de um extremo ao outro da cidade. O transporte individual é desestimulado e é cada vez maior o número de cidades que fecham as áreas centrais aos veículos individuais. Nos próximos 10 anos, já haverá cidades que não permitirão o acesso aos carros.


Ainda há tempo para reagir, mas a mudança exigiria um esforço enorme do poder público, que parece aceitar bovinamente a sua incapacidade para fazer e fazer bem feito. Se isso não fosse suficientemente grave, ainda por cima o joinvilense tem desistido de acreditar que outra Joinville é possível. E aceita a inépcia como modelo de gestão e o tamanho como modelo de cidade.

Joinville cresce muito e continua crescendo mal. As obras públicas são mal planejadas e pior executadas. A quantidade de imóveis públicos abandonados ou em péssimo estado de manutenção é a melhor prova do descaso com que é tratada a coisa pública.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Entre o "não fazer" e o "fazer perfeito" está uma cidade abandonada


POR RAQUEL MIGLIORINI
A Secretaria de Administração da Prefeitura de Joinville é um caso a ser estudado por uma equipe multidisciplinar. O prefeito do vilarejo germânico se orgulha de nunca ter sido envolvido em escândalos e atribui ao "bom funcionamento" da secretaria em questão.

Muito bem. Ao abrir o Jornal A Notícia no dia 02/05, me deparo com a manchete “Abrigo Animal está ameaçado por falta de álvará de localização e pode não renovar convênio” ao lado da foto de dois lindos cãezinhos de lá. O convênio entre a prefeitura e o Abrigo ocorre desde 2006.

Em 2013, na primeira gestão de Udo Döhler, todos os convênios foram refeitos porque a secretaria disse que tudo o que havia sido feito até então estava errado e os novos funcionários, e somente eles, sabiam como fazer certo. Fico imaginando os demais servidores da pasta, como não se sentiram. Acontece que nem em 2013 , e nem nunca, o Abrigo Animal teve alvará de localização, simplesmente porque está em área irregular. O convênio é renovado anualmente e foram necessários 4 anos para que pessoas tão competentes percebessem isso? E o que farão com centenas de cães e gatos, caso resolvam levar à termo a decisão da não-renovação? A atual gestão se interessa em manter esse convênio? A questão não é somente burocrática e tem que ser resolvida. 

Numa outra situação, podemos questionar porque o elevador do Mirante, com menos de dois anos de uso, está quebrado e assim permanece. Uma secretaria competente teria feito a licitação para a manutenção do equipamento antes da inauguração, como foi solicitado. Mas, por excesso de zelo, vamos chamar assim, com os termos de referência apresentados, esse processo não aconteceu. Não somos tão bons gestores como o prefeito e mesmo assim sabemos que um aparelho parado e sem manutenção se deteriora muito mais rápido. E lá se vai nosso dinheirinho...

Nessa mesma linha temos a manutenção do Parque Morro do Finder, já mostrado aqui. O investimento feito para a revitalização da Unidade de Conservação do Bairro Bom Retiro/Iririú foi perdido pelo total abandono do local. O mirante do Finder está em processo de licitação desde 2014. Essa eficiência é demorada mesmo.

O texto do Jordi Castan, publicado no dia 1º de Maio, aqui no blog, mostra outros lugares sem manutenção e abandonados. Nem o centro da cidade escapa da deterioração. Estamos entregues a uma administração que não se envolve em escândalos não pela lisura dos processos, mas simplesmente por não fazer a máquina andar.

Tudo isso me fez lembrar da imagem dos lápis e da analogia que ela traz para essa administração: você pode ser um lápis bem bonito e bem apontado, e parecer melhor perto dos lápis gastos e sem ponta. Só vale lembrar que o lápis bonito nunca foi usado, ou nunca colocou a mão na massa.
 

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Há uma certeza: Joinville está no atoleiro do qual é difícil sair


POR JORDI CASTAN
A certeza nos apequena. São as duvidas que nos desafiam e nos fazem crescer. Pode estar aí uma boa explicação para o momento atual que vive Joinville. A cidade está apequenada, desnorteada, sem saber para onde ir, nem como sair do atoleiro em que está metida. O desenvolvimento de qualquer cidade é dinâmico, as mudanças constantes e surgem a cada dia situações que não existiam antes.

O novo é desconhecido. E, por princípio, o administrador público deve trabalhar a partir do que conhece para resolver o que não conhece. Joinville não é diferente de qualquer outra cidade. Seu crescimento desordenado é o resultado das certezas dos seus dirigentes e não das suas incertezas. A persistência em manter modelos conhecidos, mas ultrapassados, impede o desenvolvimento e o aprendizado. A teimosia, neste caso, tem um efeito perverso sobre a cidade e os cidadãos.

O bom administrador é aquele que tem a humildade de reconhecer que não sabe. O administrador certo de que tem todas as respostas é o que tem maior possibilidade de cometer mais erros. Porque isso o impede de escutar, refletir e, a partir deste ponto, aprender. É evidente que conviver com a ideia de “não saber” não é tarefa fácil numa sociedade que valoriza em excesso a segurança das certezas. A humildade permite reconhecer o que não sabemos. A arrogância faz o contrário, pois quem acredita que tudo sabe acha que não precisa aprender.

Isso explica por que políticos precisam recitar, com inventivo fervor e frequência insuportável, slogans curtos com que apregoam as suas certezas. Precisam mostrar que “sabem”, transmitir as suas certezas aos eleitores. E com este pouco que sabem, têm o suficiente para se lançar a administrar cidades e países. A verdade dessas pessoas está reduzida as poucas frases feitas que são recitadas diariamente. Não querem e não podem ser confrontados com informação divergente, porque são incapazes de lidar com dúvidas e incertezas e arrogantes demais para reconhecer a sua própria ignorância.

O risco desta estulta certeza é o de não entender que a sociedade para crescer e se desenvolver precisa colocar em dúvida suas certezas, de forma constante. O conhecimento que não provoca novas ideias e não abre novas perspectivas fenece rápido. É preciso manter a tensão que provoca o desenvolvimento. Viver num mundo de certezas representa um risco letal para uma sociedade.

A Joinville dos últimos anos parece estar submersa nesta espiral de certezas e ter perdido a capacidade de aprender. Neste quadro, a única certeza é a de que se reconhecermos que “não sabemos”. Ou, ainda, que as propostas apresentadas não são as únicas possíveis. Que pode haver outras melhores, mais econômicas e mais fáceis de implantar que as atuais. Isso pode nos levar mais longe que nos manter estultamente aferrados às nossas certezas.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Joinville está cansada de ouvir o mantra do "não"


POR JORDI CASTAN


Mantras são formulas encantatórias que servem para conduzir o pensamento. Inicialmente os mantras estavam restritos ao tantrismo, mas são cada  vez são mais frequentes e acabam influenciando a nossa vida. Tem gente que utiliza constantemente para alcançar seus objetivos.
A fórmula que melhor funciona é recitar por horas e dias a fio o mesmo mantra e torcer para que ele se cumpra. Ou não se cumpra. Porque mantras servem tanto para atingir objetivos como para evitá-los. Aqui em Joinville há mantras que se repetem, com maior ou menor sucesso, por anos a fio. Eis alguns dos mantras que mais se ouvem por aqui:

- Os recursos para esta obra dependem do Governo do Estado.

- Não há orçamento para as desapropriações, teremos que esperar que as pessoas doem os imóveis para poder duplicar a rua.

- A obra não será inaugurada no prazo, não há uma data prevista.


- Enchentes acontecem porque o joinvilense joga lixo na rua e nos rios.

- Cuidarei de cada centavo do dinheiro público.

- A Lei de Responsabilidade Fiscal não permite fazer esta despesa.

- Parklets e praças são espaços para maconheiros e vagabundos.

- A licitação do transporte público deve sair este ano, ou o próximo, ou o próximo.

- O aumento da tarifa do transporte público este ano será maior que a inflação acumulada.

E poderíamos escutar outros mantras, mas que raramente são proferidos. Como por exemplo:

- A obra foi projetada, executada e inaugurada no prazo e custou menos que o orçamento previsto.

- A nova licitação do transporte coletivo garante ônibus mais modernos e tarifas mais baixas que os anteriores.

- Desapropriações estão previstas no projeto e há previsão orçamentaria para que o projeto original de duplicação seja executado sem alterações.

- Joinvilense não joga lixo na rua.

- As avenidas previstas no Plano Diretor de 1973 finalmente sairão do papel.

- A segurança pública melhorou e todos os indicadores de crimes mostram redução significativa.

Assim, de acordo com os resultados, poderemos saber se os mantras de fato funcionam. Olhando a cidade desde a janela, a impressão que tenho é que sim, que os mantras funcionam. O problema é que Joinville está recitando os mantras errados. Se mudarmos os mantras, quem sabe comecemos a colher outros resultados. A cidade precisa urgentemente de uma mudança de astral, todos estamos começando a ficar cansados de ouvir "nãos". Não dá, não pode, não há orçamento, não esta previsto. Até porque as autoridades foram eleitas para fazer. Não lembro que alguém votasse em um candidato para não fazer. 

quinta-feira, 9 de março de 2017

Como será Joinville em 2040?

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Neste 9 de Março, sempre é preciso lembrar da importância ideológica e discursiva que as datas comemorativas possuem para a manutenção do poder de alguns grupos sociais. Como isso já foi feito com brilhantismo dentro e fora das universidades joinvilenses, quero contribuir em outro viés, construindo uma análise sobre o futuro da nossa cidade.

Infelizmente, a cidade de Joinville sempre foi muito previsível. Quando seus comandantes e gestores quiseram ser ousados foi para manter a ordem e a lógica conservadora. Ou seja, para corrigir os rumos em prol da mesmice. Assim, é muito fácil fazer uma previsão de como estaremos em 2040. Os mandatários locais são os mesmos e circulam há décadas pelos mesmos espaços. Esqueçam essa história de 2020, 2025, 2030 ou qualquer coisa assim porque em 10 anos pouca coisa estrutural mudará, ainda que pese a velocidade da inovação tecnológica e seus impactos na sociedade. Ao falar de cidades, preciso lembrar que as suas rupturas são muito mais lentas, que merecem grandes investimentos e uma mudança de vários paradigmas, e isso está muito longe de termos por aqui, convenhamos.

Bilbau, na Espanha, é um exemplo de como o arrojo transformou a cidade (e seus habitantes) em 15 anos
A análise do futuro passa, portanto, pelo que será e o que poderia ser (focarei agora apenas no primeiro). A aprovação da Lei de Ordenamento Territorial nos dá uma grande oportunidade de entendermos como nosso espaço estará organizado pelos próximos anos. Pouco irá mudar, ainda mais devido ao espraiamento urbano provocado pelo aumento do perímetro urbano, a hype capitaneada pelos empresários visando a expansão para a zona sul e o adensamento burro nas regiões mais centrais, pois lá estarão os prédios de luxo da cidade e com menores densidades (apesar da verticalização dar ideia de que estará adensando).

Com isso, e somado a algumas políticas ultrapassadas de mobilidade urbana, pouco mudaremos para melhor em nossa forma e conteúdo. A Joinville do futuro terá suas periferias aprofundadas, com um distanciamento ainda maior da "cidade oficial", esta acessível apenas para os mais ricos. Surgirão novos bairros e novas localidades ainda mais distantes do centro e muito mais pobres. Por mais que os governos invistam em segurança, uma cidade desigual só tende a aumentar o número de crimes violentos. Copiamos um modelo perfeito que levou à destruição da qualidade de vida das grandes metrópoles brasileiras.

Já Elvis!
Sem contar a necessidade feroz para aquisição de um automóvel, as seguidas brincadeiras com a despoluição do Cachoeira, as poucas áreas de lazer (se o "parque" da cidade, para sair do papel, levou sete anos, como esperar alguma coisa maior e mais rápida?) e o pensamento desonesto de que a vocação de Joinville é industrial e por isso não precisamos da diversidade econômica e de pensamento. A UDESC em 50 anos pouco ampliou sua oferta de cursos e estamos há onze tentando fazer um puxadinho de campus da UFSC na curva do arroz. O Carnaval é perseguido. Os movimentos sociais excluídos (que diga o Conselho da Cidade) e criminalizados.

Joinville não se desenvolve. Rasteja. Mendiga. Chafurda. Contenta-se com pouco. Retrocede. E só os de sempre saem ganhando.

Eu não tenho dúvidas que as estruturas da cidade de Joinville serão as mesmas que temos hoje. Se não houver nenhuma mudança drástica, certamente elas serão ainda piores, porque o modelo adotado por aqui já deu errado em várias outras localidades. Ainda temos a mesma cara, os mesmos valores e as mesmas opções de 30 ou até mesmo 40 anos atrás. Como acreditar que, nos próximos 20, a cidade será diferente, e com a projeção de 900.000 habitantes de brinde?

Cenas como essa, do Juquiá, continuarão existindo 
Os donos do poder não vão deixar nada original acontecer, podem apostar. Será uma cidade para o trabalho dito como "produtivo", aquele manufatureiro e que faz "Joinville ser o que é". Para eles, sempre foi preciso manter a "vocação" ou, melhor dizendo: manter a cidade do jeito que está porque assim o poder também estará mantido em suas mãos brancas, preconceituosas, centrais e masculinas. Os mesmos que te dizem que o 9 de Março é importante e o 20 de Novembro, não. Ainda bem que não acredito mais nisso. E nem no conto de fadas que a cidade irá melhorar.

Os poucos lutadores que restaram são limitados por uma grande barreira invisível e que está presente nas almas e consciências daqueles que mandam. Segundo um empresário local, "gente assim não há de prosperar por aqui". Morreremos no mesmo quintal sujo e hostil de outras primaveras?

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Joinville: décadas e décadas de enchentes


POR WELLIGTON CRISTIANO GONÇALVES

Documento fotográfico mostra que desde a colonização Joinville sofre com enchentes.

Nossa saga molhada começa em 1850, quando um grupo de pioneiros  foi enviado para cá com o objetivo de preparar as terras para a futura chegada dos colonos. Seu líder era o representante da Sociedade Colonizadora de Hamburgo, Hermann Guenther, e coube a ele escolher o local da sede da colônia, optando pelas margens do rio Mathias, afluente do Cachoeira.

Quando os colonizadores de Joinville desembarcaram, em 9 de março de 1851, bem em frente onde hoje é a prefeitura (temos o monumento A Barca para comprovação), eles seguiram pela trilha aberta por caçadores às margens do Mathias, chegando até o abrigo cedido pela Sociedade Colonizadora onde hoje é a Biblioteca Municipal.

Se antes da chegada dos pioneiros já viviam portugueses na região dos futuros bairros Bucarein e Itaum, áreas mais drenadas e menos propensas à inundações, por que a escolha de um terreno pantanoso como centro da nossa futura cidade? A decisão de Hermann Guenther resultou em sua demissão dois anos mais tarde, porém os colonos já haviam se estabelecido. Foram tempos difíceis e muitos voltaram para sua terra natal. Os que ficaram construíram nossa cidade em volta daquela área alagadiça, que cresceu e precisou ocupar regiões mais distantes do centro, que mesmo assim sofrem com as constantes inundações.

No plano diretor de 73 já se sabia que regiões no Vila Nova, Morro do Meio, Jardim Sofia e outros bairros da cidade inundavam. Mas ninguém morava por lá, então ninguém sofria. Isso não impediu a ganância de empreendimentos imobiliários que construíram loteamentos, logo habitados por migrantes atraídos pela riqueza industrial da chamada Manchester Catarinense. Nesse caso, nem foi questão de incompetência como na nossa fundação, mas falta de caráter e má gestão pública.

Com o aumento da população crescem os problemas. As regiões alagam mais, pois há mais lixo jogado nos mananciais, o povo sofre mais e uma solução definitiva provavelmente nunca será encontrada. O próprio rio Mathias corre hoje sufocado por galerias abaixo de onde é a Wetzel, passando por baixo do estacionamento do shopping Mueller, seguindo por todas as lojas da rua 9 de Março, terminal central, Abel Schulz e finalmente deságua no rio Cachoeira.

Abaixo algumas fotos de nossa história aquática:










Welligton Cristiano Gonçalves é designer.
Fotos: recolha do autor (parte das fotos publicadas pertence ao Arquivo Histórico).

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Joinville: cultura não interessa, turismo não existe

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Dei uma lida no artigo de Udo Dohler, publicado no AN, no último fim de semana. Texto enfadonho, não prende a atenção do leitor. Aliás, se fosse substituído por uma infografia era capaz de fazer a mensagem – ou a falta dela – chegar mais fácil ao cidadão. O que fica desse emaranhado de “reformas” apresentado no artigo é um enorme nada. Aliás, atrevo-me a dizer que o texto reflete a atual administração: burocrático, de eficiência questionável e sem a mínima imaginação.

Há muito para analisar. Mas vamos ficar por uma “reforma” que salta aos olhos: turismo e cultura sob o mesmo guarda-chuva. Diz o prefeito que “vão trabalhar juntos em projetos voltados à educação cultural, promoção de talentos e estímulo aos potenciais turísticos da cidade”. Para começar, parece haver pouco domínio do léxico: o que será a tal “educação cultural”? Ora, é uma expressão vazia de conteúdo. Significa... nada. Maldita semântica!

Ah... e antes que algum assessor se (re)lembre de usar o argumento de “tem que viver aqui para criticar”, deixo um aviso. Se vão falar de turismo, nada melhor que alguém capaz de vestir a pele de turista. Se vão falar de cultura, é aconselhável dar ouvidos a quem, exatamente por viver em outras latitudes, pode trazer outros contributos para a discussão. Sem provincianismos bacocos, senhores assessores. Até porque vocês não são donos da cidade.

Cultura? Joinville precisa de uma revolução cultural. E vai com décadas de atraso. Mas não se faz revoluções com agendas de eventos. É óbvio que os chamados eventos culturais fazem parte daquilo que genericamente chamamos “cultura”. Mas o conceito não se esgota aí. É preciso mudar o inconsciente social. E o primeiro passo é abandonar a caretice, o conservadorismo e os grilhões que mantêm os horizontes mentais da cidade aprisionados entre Garuva e Barra Velha. O que a Prefeitura pode fazer? Muita coisa. Como? Perguntem aos que governam, porque eles são pagos para isso.

Turismo? A situação é igualmente dramática. Stricto sensu não há turismo. O maior problema é a modéstia das ambições dos administradores da cidade. Em Joinville, o poder público nunca olhou para o setor como uma indústria. Eis a ironia: uma cidade que se orgulha de ser industrial não sabe industriar o turismo. E é um dos setores que mais cresce e gera divisas em todo o mundo. O que a Prefeitura pode fazer? Muita coisa. Como? Perguntem aos que governam, porque eles são pagos para isso.

O que diz a história da cidade? Que em Joinville o poder público nunca entendeu o significado de cultura e nunca se interessou pelo turismo como atividade econômica a sério. A cidade vive mergulhada num círculo vicioso. Afinal, como já dizia Einstein, é estupidez continuar a fazer as mesmas coisas e achar que se vai obter resultados diferentes. Não é uma mudança de organograma que produz mudanças estruturais e estruturantes. Aliás, a solução é até mais simples do que se imagina: basta saber enxergar um palmo adiante do nariz.

Quando a assunto é turismo ou cultura, Joinville é a Terra do Nunca.

É a dança da chuva.  

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Notas sobre o fim do IPPUJ

POR CHARLES HENRIQUE VOOS


Há alguns anos defendo que o IPPUJ (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville) precisa de reformulação, e não estou sozinho nisso. É praticamente um consenso entre vários especialistas que a entidade não estava mais conseguindo cumprir o seu papel, pois ela parou no tempo e não era mais a vanguarda que se imaginara no momento de sua fundação, em 1991. Porém, acredito que os mesmos defensores de uma reforma serão os críticos do que o Prefeito Udo Dohler irá fazer com a instituição dentro de algumas semanas.

Ninguém do governo fala com esses termos mas, na verdade, o IPPUJ será extinto e absorvido, após a devida reforma administrativa na Câmara (onde Udo tem larga maioria), em uma outra secretaria, a de "Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável", sob comando do empresário-cria-da-acij-jovem Danilo Conti, atual secretário de Desenvolvimento Econômico.

A extinção do IPPUJ, nesses moldes, caminha ao mais perverso modelo de urbanismo existente no mundo contemporâneo e que chamamos de "empresariamento urbano", pois todas as principais diretrizes da nova entidade serão pautadas pela visão empresarial. Conti, por exemplo, deturpou todo o sentido do conceito de "smart cities" ao criar o "Join.Valle" para impulsionar os negócios da turma ligada à inovação empresarial. Conforme consta na coluna de Economia do Jornal A Notícia do dia 10 de Janeiro de 2017, as prioridades da nova pasta serão "a revisão do Plano Diretor, a instituição de novo modelo do programa de competitividade das empresas joinvilenses e a definitiva formatação do Plano de Mobilidade urbana".

Está certo que a Prefeitura necessita pensar na impulsão da economia, mas o planejamento de uma cidade é uma tarefa que transcende isso. É um ato que envolve pensar em pessoas e suas necessidades relacionadas ao espaço urbano. A visão empresarial, por sua vez, mira exclusivamente na renda e em um modelo muito simplista de cidade: a cidade feita para os negócios. A mesma edição do jornal diz, ainda, que "em 2018, a equipe comandada por Conti pretende ter completa radiografia das potencialidades econômicas e de negócios do município de Joinville, a partir da consolidação das regras urbanísticas definidas na nova Lei de Ordenamento Territorial, a LOT, que foi aprovada pela Câmara em dezembro".

Assim como fez com o Conselho da Cidade, quando seus indicados apoiaram abertamente a eleição de Álvaro Cauduro de Oliveira (não preciso descrever quem ele é, né?) para a Presidência, Udo está dando o poder de pensar a cidade para a ética empresarial - e o Conselho nunca questionará isso, pois está "dominado". Basta relembrarmos o que essa ética fez com o espaço urbano de Joinville e veremos que, nem de longe, é a melhor solução. Antes tivesse continuado com o velho IPPUJ. Ruim com ele, pior sem ele.