POR ET BARTHES
Atenção, não é um comercial da Mercedes. É apenas um comercial de estudantes de cinema alunos da Academia de Cinema do estado alemão de Baden-Württemberg. Mas está muito bem feito tecnicamente que até parece.segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Só a ciclofaixa não funciona
POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Fonte: http://anoticia.rbsdirect.com.br/imagesrc/7255243.jpg?w=620 |
Até pouco tempo, acreditava na ciclofaixa como uma solução para amortizar o conflito existente entre bicicleta e automóvel. Acreditava também que ela era a solução mais barata, visto que os órgãos públicos possuem pouco poder de investimento. Pensava na ciclofaixa como o primeiro caminho para repensar o papel da cidade, abrindo espaço para os modos não-motorizados de transporte. Olhava para a ciclofaixa como uma maneira de abrigar os mais de 11% dos deslocamentos feitos por bicicleta na cidade. Triste engano, confesso.
Está muito claro que a ciclofaixa não dá segurança. Tachões e pintura diferenciada não impedem de um acidente acontecer. O ciclista, juntamente com o pedestre, não possuem condições de concorrer com o automóvel no mesmo espaço, devido à potência do motor destes. E cada vez mais as ciclofaixas estão ficando estreitas, desconexas, e longínquas das vias secundárias (perfeitas para eliminar o conflito intenso com os modos motorizados de transporte).
Precisamos parar de medir ciclofaixas pelos quilômetros, mas medir a quantidade de pessoas transportadas em segurança por dia. E se esta conta for feita corretamente, o déficit é enorme, considerando todos os fatores que ocasionam a sensação de insegurança da ciclofaixa.
O que resolve, então?
Primeiro, as utopias (pois está longe de aparecer algum Prefeito no Brasil que pense assim): adensamento urbano e criação de vias segregadas para o ciclista (as famosas e quase esquecidas ciclovias). Adensar a cidade significa se locomover pouco para os afazeres diários. Se a locomoção é curta, a bicicleta pode ser uma boa opção, pois é rápida, custa pouco, e é ambientalmente correta. Ou ainda: se a cidade é adensada, o transporte coletivo pode ser mais eficiente e incluir mais pessoas, eliminando a necessidade de se ter um carro, conforme já expliquei aqui, aqui e aqui.
Por outro lado, a realidade: tirar as bicicletas das principais ruas da cidade, "colocando-as" em vias secundárias e alternativas. Infelizmente, o automóvel domina a nossa sociedade, ainda mais uma cidade como Joinville, onde quase 1/3 dos deslocamentos são feitos por este modo de deslocamento. Não há como concorrer. O poder público, então, necessita pensar em formas diferenciadas para quem usa a bicicleta, e não apenas incentivando o conflito com um tachão de "anjo da guarda". Entre andar junto aos carros ou andar em vias com menos tráfego, com ciclovias e maior respeito, preferiria a segunda opção, sem dúvidas.
Enquanto uns pensam que "todo cidadão terá seu carro um dia", outros pensam que "a cidade será do cidadão um dia". De que lado você está?
domingo, 29 de setembro de 2013
Os três porquinhos de Alana
POR FABIANA A. VIEIRA
Circula na internet um vídeo extremamente carismático de uma criança de Pinhalzinho (http://www.youtube.com/watch?v=eEZOrLmstYo) e que já ultrapassa 250 mil visualizações. Dotada de notável precocidade intelectual a menina Alana conta a história dos três porquinhos para sua mãe.
É sempre saudável e contagiante a vivacidade das crianças inocentes. Uma sensação gostosa brota de comentários pueris, ingênuos, desprovidos de construções intelectuais próprias dos tempos modernos em que a versão importa mais do que o fato. Neste mundo encardido pelo mau humor da indiferença e pelo terror da violência urbana, um sentimento de alegria que brota do nada é quase como um desses vírus de cinema futurista que parece ameaçar o extermínio de toda a humanidade.
A criança conta que os três porquinhos estavam construindo suas casinhas e eram amedrontados por um terrível lobo. O lobo pegou os porquinhos e os levou para sua casa. E quando a gente espera o lado trágico da história, Alana simplesmente diz que os porquinhos viraram nada. Um tempo depois, um suspiro e ela conclui: “viraram carne”. Para apimentar ela acrescenta: “que tristeza né?”. É claro que numa região dominada pela pecuária suína falar que o porquinho virou carne pode parecer uma rotina. Mas a conclusão, da forma como delicadamente é apresentada, emociona.
Outro vídeo, chamado de “o anúncio tailandês que fez todo mundo chorar” (http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=kuBNEs-1vTc) também é pródigo de mensagens humanistas. Neste anúncio um pequeno comerciante socorre um menino que está sendo castigado por ter roubado medicamentos para a sua mãe doente. Trinta anos depois a história vai reconhecer esse gesto de compreensão.
O sorriso espontâneo de Alana alimenta esperanças. E o tailandês generoso mostra que o futuro depende das ações do presente. É por isso, porque acredito que não podemos nos render aos pessimismos do século, que endosso outra campanha que acho genial: “Gentileza gera Gentileza”.
Para quem não sabe a expressão é de José Datrino, o Profeta Gentileza, paulista que nos anos 80 fazia inscrições humanistas nos viadutos e que plantou um jardim no lugar das cinzas do Gran Circus Norte-Americano, que pegou fogo em Niterói em 1961 e matou 500 pessoas, quase todas crianças. Nesta oportunidade o Profeta abandonou sua vida material e passou a cuidar das famílias desamparadas.Marisa Monte gravou “Gentileza” para lembrar as inscrições do poeta que foram apagadas pela tinta cinza dos viadutos.
Isso tudo recomenda que é preciso se emocionar. Obrigada Alana, pela inspiração para esse texto.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Sobre espaços públicos
POR FELIPE SILVEIRA
Na discussão sobre o uso dos espaços públicos em Joinville, um comentário me chamou muito a atenção. Bastante gente falou sobre a impossibilidade de levar as famílias/crianças aos parques e praças quando estes são tomados pelos jovens, que “fazem baderna” (como beber, fumar, fazer malabares e usar drogas) e deixam tudo sujo. Apesar de achar que há um exagero nesse comentário, acredito também que ele tenha alguma razão de ser e que é preciso pensar sobre o assunto para achar uma solução - e não apenas empurrar “soluções” goela abaixo, de um lado ou de outro.
A cultura joinvilense não é a do uso do espaço público. Foi nos anos 60 e 70, com a necessidade de manter o controle da sociedade, transformada pela forte migração de trabalhadores, que se criou a cultura do lazer no espaço privado. Assim, as recreativas das empresas tomaram o espaço dos parques e praças da cidade, que foram abandonados e marginalizados. Eu mesmo cresci, nos anos 80 e 90, vendo a praça Dario Salles como um lugar marginal e frequentando a recreativa de grandes empresas da cidade, onde pai e tios trabalhavam.
A recreativa, porém, é muito diferente da praça. Ela é uma extensão do trabalho, onde o trabalhador e sua família é vigiado pelo patrão e pelos colegas. É preciso andar na linha e essa cultura é muito forte ainda hoje. Quem trabalha ou trabalhou no chão de fábrica (meu caso) sabe como é.
No entanto, na última década, e mais fortemente no governo Carlito Merss (2009-2012), os espaços públicos começaram a ser tratados de outra maneira pelo poder público. E, como o próprio Carlito dizia, a partir de uma demanda da população, que votou maciçamente para investir em áreas de lazer na experiência do Orçamento Participativo.
Digo isso para chegar à seguinte conclusão: temos pouquíssimos espaços públicos de lazer e uma cultura de convivência que ainda engatinha, pois ainda é assolada por uma ideia de sociedade vigiada e controlada pelo poder do capital.
É, então, por isso que eu imagino que um “joinvilense tradicional” tenha dificuldades para dividir o espaço com adolescentes barulhentos com cabelos esquisitos e coloridos que deixam garrafas de cerveja e chepas de cigarro espalhadas pelos parques.
Acredito, portanto, que é preciso construir essa cultura de convivência nos parques e praças. E é curioso porque a própria ideia de uso dos parques e praças tem esse objetivo de ser um lugar de convivência. Essa construção, na minha opinião, poderia começar pelos seguintes itens:
1) Investir na criação de mais espaços públicos e na estrutura dos que já existem. Ainda há poucos parques para serem usados pela população. Eu, por exemplo, estou procurando uma casa para alugar que fique próxima ao Parque da Cidade, pois gosto de jogar basquete, correr e fazer exercícios por lá. Se tivesse um espaço no Saguaçu, onde moro, no qual eu pudesse fazer isso, eu certamente faria bem mais uso do que faço atualmente. A mesma coisa vale para o Parque das Águas, ao lado da Cidadela Cultural Antarctica. Gostaria de fazer mais piqueniques lá, mas já desanimei várias vezes por ser longe de casa.
2) Trabalhar uma cultura de pertencimento da comunidade. O espaço público tem que ser usado e cuidado pela comunidade do local onde ele está inserido. Às vezes ele é visto pela própria comunidade como algo ruim, por causa da “baderna”.
3) Trabalhar contra a demonização da juventude. Eu sei que às vezes somos mesmos uns “demonhos” (pra ficar no dialeto local), mas não é tanto como as pessoas mais conservadoras veem. Tem barulho, tem bebida, tem fumaça, mas isso não pode ser visto como coisa do tinhoso porque simplesmente não é. Tem um preconceito de classe e estético aí que tem que ser combatido.
4) Trabalhar a conscientização em relação à limpeza. Eu, sinceramente, não sei como alguém tem coragem de ir num lugar, sujar e sair sem pelo menos ficar constrangido. Mas sei que isso existe e que vai ser assim por um bom tempo. É preciso trabalhar pela conscientização de todos em relação a isso. Não só da juventude, que muitas vezes sai como culpada por um problema que é de todos. Não isento, porém, a prefeitura da responsabilidade de limpeza e manutenção desses espaços.
Esse é somente o princípio de um diálogo que deve envolver a todos. Essas são as minhas sugestões para resolver o problema, sem pensar tanto em culpar um lado ou outro. E vocês, têm alguma sugestão?
Em tempo, sobre a tragédia em São Chico
Todo o meu apoio e solidariedade aos cidadãos de São Chico e aos bombeiros, policiais e outros profissionais que estão trabalhando para resolver o problema. É uma situação muito triste para as pessoas, para a fauna e para a flora de uma das regiões mais lindas do Brasil. Ainda há muitas dúvidas a respeito das consequências e eu torço para que sejam as mais amenas possíveis.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Humildade, pés no chão e bola no gol!
POR GABRIELA SCHIEWE
O jogo começou de um jeito, com o time sem coesão e a torcida sem emoção e a Copagril só na pressão.
Os minutos se passavam, as jogadas não fluíam, a torcida não se manifestava e a Copagril, em peso, atacava.
Mas aí, aqui tem Vander e se tem Vander, é isso aí, bola na rede e a torcida saciou a sua sede e a o time técnico da Krona a Copagril não mais deteve.
Segundo tempo, goleiro linha, equilíbrio até o gol contra de Rangel e a torcida chegou no céu!
E como o jogo começou, ele terminou, time e torcida na mesma batida.
Krona jogando com emoção, torcida fazendo pressão e a Copagril sucumbiu à tricolor nação.
Nada faltou, a vitória aconteceu, a torcida estremeceu é a classificação aconteceu.
Nelson Possamai sai da CAJ
POR ET BARTHES
Nelson Possamai, presidente da Companhia Águas de Joinville e sócio da Global Logística, onde ocorreu o acidente químico de São Francisco do Sul, pediu demissão. O prefeito Udo Dohler ainda não tem substituto. O comunicado da prefeitura.
Bizarro, muito bizarro!
POR CLÓVIS GRUNER
Em seu último texto, o Charles Henrique listou alguns dos
eventos bizarros que marcaram a semana em Joinville e região. Gostei da ideia,
nacionalizei os parâmetros de busca e inspirado no Stanislaw Ponte Preta, decidi
listar o meu próprio Febiapa, o Festival de Bizarrices que Assola o País. A
lista, claro, não é definitiva. Bizarrice é como ônibus em Joinville: sempre
cabe mais um.
ERA PRA SER UM FESTIVAL DE ROCK – Mas virou um samba do
crioulo doido. Pode ser purismo, mas mesmo com o showzaço do Bruce Springsteen é
difícil engolir Beyoncé e Justin Timberlake.
“Ah, mas o Brasil é um país rico e eclético musicalmente, então é super normal ver
a Ivete Sangalo no Rock In Rio”. Tudo bem, mas então por que ninguém chama o Iron
Maiden para tocar no carnaval da Bahia?
Pelo menos o espírito rebelde do rock esteve presente na
noite em que tocou o Capital Inicial. Claro, já não se fazem discursos como
antigamente, mas ninguém tem culpa do Dinho Ouro-Preto não ter a mesma
eloquência, sei lá, de um Renato Russo. A ironia é que no auge do Brock, os
anos de 1980, o Capital era uma banda meio coadjuvante; quem frequentava a
primeira divisão eram a Legião Urbana, Ira!, Titãs. Mas como as bandas da
primeirona ou acabaram ou viraram caricaturas de si mesmas, inesperadamente sobrou
ao Capital encarnar nos palcos o que restou da década. É foda cara, diria Dinho
Ouro-Preto. Eu acho bizarro.
UM PARTIDO PARA OS “HOMENS DE BEM” – Cansados de passar os
dias de pijamas lendo Reinaldo Azevedo, os militares decidiram que é hora de
colocar o bloco na rua e estão empenhados na viabilização do Partido Militar Brasileiro (PMB).
E que ninguém os acuse de serem despretensiosos: “100% democrática”, a sigla
pretende mandar menores infratores para a cadeia, garantir o porte de armas
para homens de bem (não dizem nada sobre as mulheres) e instituir a prisão
perpétua. E se depender do PMB, beneficiados pelo Bolsa Família não votam – talvez
o primeiro passo para a volta do voto censitário.
O embasamento teórico do novo partido vem da fina flor do
pós-estruturalismo. Diz a cartilha do PMB que o “filósofo Michel Foucault
pregava a segregação das pessoas nocivas à sociedade, para evitar que elas
viessem a cometer novos crimes, protegendo a população de bem”. O PMB jura que
está tudo lá no “Vigiar e punir”, o mesmo livro onde, segundo Reinaldo Azevedo,
Foucault defendeu que “o castigo físico é preferível
às formas que entende veladas de repressão postas em prática pelo estado
moderno”. Eu nunca li nada disso em Foucault, apesar de conhecer toda a sua
obra. O PMB e o “tio Rei” ou não conhecem ou não entenderam Foucault, apesar
da referência. São desonestos ou ignorantes, portanto. Bizarros, de qualquer forma.
“UM CHUTE NOS BAGOS INFRINGENTES” – Foi assim que o Sandro
definiu a aprovação dos tais “embargos infringentes” em mais um episódio do maior julgamento da
história do mundo de todos os tempos. Claro, quem levou o tal chute
foi o Joaquim Barbosa, mas os sacos doeram Brasil afora. Não se contendo de
tanta indignação, o joinvilense Roger Robleño postou em seu Facebook foto de
uma página da biografia de José Dirceu onde ficamos a saber que ele e o ministro
Celso de Mello dividiram um quarto em alguma república, ainda estudantes.
Talvez na ocasião Dirceu lhe trouxesse quitutes sempre que retornava das
visitas à família no interior e agora lhe cobra o favor. Robleño também
simulou espanto com a falta de coerência do ministro, mas bastaria uma googlada
para lembrar que Celso de Mello foi bastante coerente em seu voto: ele já havia
afirmado, em 2012, ser favorável aos réus recorrerem do julgamento, se
necessário, lançando mão justamente dos embargos infringentes, previstos no regimento do STF.
Mas nenhuma reação repercutiu como a das atrizes globais que
postaram foto no Instagram, em gesto rapidamente copiado pela família da ex-É o
Tchan Carla Perez. E o que era pra ser um protesto, foi rapidamente transformado em piada. Além do exagero, há mais em comum na indignação de Robleño e do elenco da
novela das nove: seletiva, ela revela o baixíssimo nível de informação de seus
protagonistas. Bastaria ler o editorial da Folha de São Paulo
sobre o assunto, um jornal que desde a ditadura civil
militar já ofereceu carros e credenciais o suficiente para provar que não faz
parte de nenhuma conspiração lulo-petista para
acabar com o Brasil. Por que, em tempos onde informação não é mais monopólio
de alguns poucos e o acesso é não apenas relativamente fácil como
democrático, há quem prefira brincar de Teletubbies, é algo que não sei
responder. Mas é bizarro. De novo, de novo: bizarro.
LEU A VEJA? AZAR O SEU – Saiu em
“O Globo” e repercutiu nas redes sociais: o governador Sérgio Cabral seria
alçado à condição de Ministro de Estado no início do ano que vem. Um assessor da
presidenta tratou de desmentir a informação, mas em se tratando dos arranjos
partidários, fico com o apóstolo Tomé: só acredito vendo. Em todo caso, antes
de se mudar de mala e cuia para Brasília, Cabral ainda nos deve resposta a
uma pergunta tão simples quanto vergonhosa: onde, afinal, está Amarildo?
Enquanto isso, Dilma foi à ONU,
onde discursou condenando a espionagem americana e exigindo maior
equidade no Conselho de Segurança. Nada de excepcional: ela fez
exatamente o que se espera de uma chefe de Estado que viu a soberania do país ser tripudiada pela arrogância de uma grande potência. A repercussão na
imprensa internacional foi positiva. O inglês The Guardian destacou: Brazilian president: US surveillance a ‘breach of international law’. O espanhol El
Pais foi na mesma direção: Rousseff condena las prácticas de espionaje ante las Naciones Unidas. E o francês Le Monde foi incisivo: A l’ONU, Dilma Rousseff qualifie l’espionnage américain d’“affront”.
A repercutir a fala da
presidenta, Veja preferiu ecoar uma combalida oposição: “Dilma critica EUA e
faz discurso na ONU de olho em 2014”, tascou a revistona, sem deixar muito
claro o que alhos tem a ver com bugalhos pois, até onde sei, os
embaixadores estrangeiros nas Organizações Unidas não votam nas eleições presidenciais brasileiras. No
ano passado outro periódico inglês, a revista The Week, chamou a Veja de “gossip
magazine”. Se trabalhasse em uma revista de fofoca, eu ficaria indignado.
Bizarro, muito bizarro!
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Na maternagem e no feminismo
Gabriela com 6 meses e eu, mamando e viajando. |
POR FERNANDA M. POMPERMAIER
Desde muito cedo eu soube que era feminista. Talvez não reconhecesse todas as facetas e sutilezas do machismo, mas identificava as suas principais construções e me incomodava muito com elas. Quis sempre provar que mulher pode e deve fazer o que quiser, quando quiser e como quiser. Lutei bravamente contra serviços domésticos, cozinha, padrão de beleza, agradar homem e tudo que eu achava que o machismo trazia consigo. Fumei, bebi, fiz tatuagem, pintei cabelo, tudo para demonstrar minha rebeldia à esses padrões estabelecidos, (pensava eu). Nunca fui a quietinha, comportada, princesinha, e eu me orgulhava de ser diferente. Hoje minha relação está melhor estabelecida com a cozinha, a limpeza ou os homens, reconheço suas respectivas necessidades e importâncias.
Um casamento feminista se torna no início um pouco mais trabalhoso que um "convencional" porque existem algumas arestas a serem podadas. Os papéis não estão definidos no padrão "sociedade tradicional" e algumas questões precisam ser dialogadas para se chegar em consenso. Meu marido, é lógico, também é feminista e nesses 10 anos juntos construímos um relacionamento bastante igualitário. É válido salientar que as conquistas feministas acontecem geralmente sob protesto do grupo que, acostumado com o status quo, deseja manter tudinho como está. É necessário que as mudanças se iniciem do lado do oprimido pois de outra forma, elas não se legitimam. Digo isso para expor que, apesar de ser extremamente importante a abertura para diálogo e a recepção do marido nas discussões, o protagonismo das mudanças é da mulher. Sem nenhuma dúvida, é ela que precisa protestar quando sentir que algo no relacionamento está injusto. E é claro que muitas vezes, eu protestei. Detesto manifestações de controle e qualquer tentativa de regrar meu comportamento, decisões ou roupas podia ser motivo de briga, mesmo que fosse exposto às vezes apenas como uma opinião.
Bom, fechado o parênteses e voltando ao tema, feminista resolvida, eu virei mãe. E a maternidade nos leva a uma dedicação intensa especialmente nos primeiros meses. São novas questões relacionadas diretamente com aquele medo constante de virar dona de casa e acabar tendo mais responsabilidades que o pai, de acabar se anulando profissionalmente ou como indivíduo para se transformar apenas na mãe. O estado ajuda a discriminar a mulher oferecendo 4 a 6 meses de licença maternidade e para o homem apenas alguns dia. É a forma oficial do governo dizer: o pai não tem nada a ver com isso, vc, mãe, que deu, e engravidou, dê conta disso sozinha. O cúmulo do machismo. Mas por sorte, tive tempo e disposição para ler, boas companhias e pessoas próximas que me ajudaram a perceber que não existe nada de errado em ser mãe e ser feminista. Ambos podem e precisam viver simultâneamente, para construir uma maternidade mais coerente com o mundo atual.
E como é uma mãe feminista?
Sob o meu ponto de vista é uma mãe que:
Sob o meu ponto de vista é uma mãe que:
- Vai tentar não imprimir em seus filhos estereótipos de gênero. Qualquer coisa que venha acompanhada de: "isso é pra menina" ou "isso é coisa de menino" não serve numa educação moderna. Jogamos fora, é lixo. Tudo é para todos ou o que não é pra todos não é para ninguém.
- Vai dar o máximo de si para ser uma boa mãe, sem achar que esse é seu único papel no mundo. Que os filhos percebam que a vida da mulher é feita de conquistas em diferentes áreas e que não é preciso ser perfeita em tudo.
- Vai se esforçar para amamentar e ter parto natural, porque sabe que seu corpo e do seu filho assim desejam.
- Vai buscar relacionar a maternidade com satisfação e prazer, nunca com dor, sofrimento ou culpa relacionadas à sacrifícios.
- Vai estabelecer uma relação saudável de troca de carinho que não seja baseada na chantagem ou no sentimento de dívida com os pais por ter recebido a vida, casa ou comida.
- Não vai impor papéis sociais "pré-determinados" esperando que menina goste de boneca e não de vídeo-game ou que seja vaidosa e doce e o menino agressivo e forte. Fazer isso oferecendo brinquedos diversos e construindo senso crítico. Vai buscar elogiar usando palavras como: corajosa, independente, inteligente ou feliz.
- Vai buscar quebrar com a ditadura da beleza: da princesa que é loira e de olhos azuis. Vai mostrar a beleza dos cabelos negros, encaracolados, da mulher de quadril largo, de corpo robusto, da idosa ou da cadeirante. E vai mostrar que não há nenhum problema em se ter pêlos no corpo.
- Vai respeitar sua orientação sexual, seja ela hetero, homo ou bi.
- Vai respeitar sua identidade de gênero, seja cis ou transgênero.
- Vai ensinar a respeitar seu corpo, seus desejos, seus limites. Que sim seja sim e não seja não.
- Vai auxiliar na descoberta da sexualidade, oferecendo informação, diálogo aberto e fugindo de moralismos estúpidos.
Eu poderia continuar com a lista, on and on, mas vamos combinar que dando conta dessa aqui, já fazemos nossa pequena revolução.
É possível ser feminista e viver a maternidade com toda a sua intensidade num relacionamento igualitário. É o que desejo à todas (os) nós!
Tudo por um mundo muito mais feliz, aberto e receptivo.
terça-feira, 24 de setembro de 2013
Mudança no secretariado
Nesta semana, vazou através de setores da imprensa, a notícia que o prefeito prepara ajustes e
mudanças no seu secretariado.A informação é interessante sob vários aspectos.
O primeiro a chamar a atenção é que, apesar do ufanismo do prefeito e de seus
colaboradores mais próximos, o time começa a mostrar sintomas de fatiga.
Não dá mais para continuar respondendo as demandas concretas dos joinvilenses, recitando mantras, com frases feitas e solicitando ainda mais paciência. A data divulgada para as supostas mudanças no secretariado devem coincidir com o primeiro quarto do seu governo. Apesar do prefeito ter dificuldade em escutar, a repetição, a frequência e a severidade das críticas e reclamações ao seu governo, parece que finalmente lhe chegaram ao ouvido. Se assim for, ganharemos todos. Ganharemos ainda mais se as mudanças que sejam feitas, verdadeiramente passem a privilegiar a competência antes que a cor partidária. Isso parece, porém, mais improvável.
Não dá mais para continuar respondendo as demandas concretas dos joinvilenses, recitando mantras, com frases feitas e solicitando ainda mais paciência. A data divulgada para as supostas mudanças no secretariado devem coincidir com o primeiro quarto do seu governo. Apesar do prefeito ter dificuldade em escutar, a repetição, a frequência e a severidade das críticas e reclamações ao seu governo, parece que finalmente lhe chegaram ao ouvido. Se assim for, ganharemos todos. Ganharemos ainda mais se as mudanças que sejam feitas, verdadeiramente passem a privilegiar a competência antes que a cor partidária. Isso parece, porém, mais improvável.
Outro aspecto é o porta
voz ou porta-vozes escolhidos. A prefeitura municipal possui uma competente e
poderosa equipe de comunicação e administra uma verba que é cobiçada pelo
mercado. Que a informação tenha vazado num bate-papo informal, permite
identificar o objetivo, que é o de pré-aquecer o forno primeiro, deixar o
marreco macerando nos temperos para que pegue gosto antes de assar. Até os
nomes dos setores, fundações e secretarias que estariam no olho do furacão
foram citados. Assim que os “marrecos” já podem começar a se preparar para a
fritura. Tecnicamente nos poucos meses que lhes quedam, serão mortos vivos,
perambulando pelos corredores da prefeitura. Tratados, a partir de agora, como pesteados
e evitados pelos que até anteontem lhes davam afetuosos tapinhas nas costas.
O episódio evidencia
antes que nada, a pouca elegância dos gestores e da sua corte de acólitos. Ao
transferir o ônus e provocar o desgaste da imagem pública e arranhar o prestiígio
dos que venham a ser substituídos, há uma mudança de foco sobre qual é o
problema e de quem a responsabilidade da escolha da equipe. É bom não esquecer
que é o gestor que tem essa responsabilidade. Os que sejam trocados sairão com
o desgaste de não terem sido competentes no desempenho das suas funções.
Os que assumam o seu lugar o farão sob uma pressão enorme, sabendo que tem
menos tempo para mostrar resultados. O tempo corre, os resultados teimam em
continuar sem aparecer e o nervosismo aumenta. A rispidez, o desanimo e a frustração
também aumentam na mesma proporção.
Fica a pergunta no ar: as mudanças serão pautadas por 2014 ou por 2016? O ideal seria que o prefeito
pautasse as suas escolhas orientado pela experiência de Warren Buffett e procure,
nos que venham a formar a sua equipe, três características: inteligência,
energia e integridade e se não tiverem a última, nem perca tempo procurando as
outras duas.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Chuva Ácida completa dois anos
POR COLETIVO CHUVA ÁCIDA
Estamos cientes de que, em todo este tempo online, abrimos um novo canal para o debate, o contraponto e a crítica com conteúdo sobre os acontecimentos da cidade, do país e do mundo. Consolidamos isto em mais de 1400 postagens, que geraram quase 16 mil comentários e 570 mil visitas.
No dia de ontem os integrantes deste espaço reuniram-se em uma videoconferência (hangout do Google) para debater os objetivos do blog, os principais temas relatados neste último ano, e as expectativas para daqui em diante. A conversa foi transmitida ao vivo, via YouTube. Para quem não assistiu (ou quer ver de novo), a gravação do bate-papo pode ser conferida no vídeo abaixo:
Agradecemos a todos pelas visitas, comentários, sugestões, críticas e apoio, em todos os momentos. Os nossos propósitos seguem firmes, e esperamos melhorar diariamente, renovando-nos e refutando a estagnação e conservadorismo característicos das mídias tradicionais. É por isto que dedicamos parte de nossas vidas a este projeto.
sábado, 21 de setembro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Porque há histórias bonitas
POR ET BARTHES
Para quem gosta de uma história bem contada, daquelas que emocionam.Os nomes e as coisas
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
No tempo em que era criança não havia bullying. É que a palavra não exisitia (nunca ouvi alguém falar) e então a gente não
sabia se sofria disso ou não. Como podem ver, o problema da minha geração era apenas sofrer de déficit
semântico, porque ninguém tinha dado o nome à coisa. Aliás, se fosse pelos padrões de hoje acho que não tinha sobrevivido à minha
infância e pré-adolescência.
Gente, aquilo era o reino do bullying. O Baleia era
gordo. O Tiziu era um preto pequenininho. O Bode era japonês. O Mijão mijava na
cama (mas era boato). O Frangão tinha um parafuso a menos. O Portuga, filho de
portugueses, era burro. O Pamonha era molóide. O Barranqueiro nem me atrevo a
dizer. O Pelé, nem preciso dizer. E eu era o Linguiça, por ser muito magro e alto.
É claro que a gente fazia piada e sacaneava com essas
características mais marcantes dos outros. Aliás, se não houvesse motivo para
pôr apelido, a gente inventava. Criança sabe ser amiga, mas também tem um certo
prazer em sacanear os outros. Mas às vezes o caldo entornava e tinha gente que saía
no braço. Só que ao final do dia a coisa passava e o pessoal acabava sempre amigo. Era normal para a molecada da minha geração.
Hoje é diferente. Vem especialista e diz:
- O que parece ser um apelido inofensivo pode afetar
emocional e fisicamente o alvo da ofensa.
Claro que pode. Mas que culpa a gente tinha? A minha geração cresceu de
outro jeito, com mais autonomia. Naquela época a gente tinha a rua, o campinho de futebol e o córrego para nadar nos dias de calor (e de frio também que criança não sofre com essas coisas). E garanto que não há maneira melhor para
cimentar as amizades. Ah... e tinha o lado legal de que os pais e os professores nunca estavam nesses lugares.
Aliás, não sei que caminhos tomaram todos os meus
amigos, apenas alguns. O Baleia ficou magro. O Frangão trabalha com
investigação em agricultura. O Bode virou um pro dos computadores. O Portuga é
engenheiro. O Tiziu tentou fazer carreira no futebol mas se deu mal. Eu fiz
voto de pobreza e fui para o jornalismo. Mas sobrevivemos.
E hoje, quando vejo tanta gente a repetir essa palavra
– e o tantão de gente que parece saber tudo sobre o assunto – só penso numa coisa: ainda bem que eu não sabia
inglês e nunca aprendi aprendi essa palavra bullying. Porque a minha infância podia ter sido muito chata. E viva o déficit semântico.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
E se houvesse uma troca de lugares?
POR ET BARTHES
A cidadania nossa de cada dia. Deem uma olhada na mulher do 1m08s.
Os intocáveis
POR CLÓVIS GRUNER
Se depender da vontade do vereador James Schroeder (PDT) e de 17 de seus pares, joinvilenses que forem flagrados bebendo em lugares públicos serão considerados infratores. Assunto da semana, na última quinta-feira a Câmara de Vereadores aprovou o projeto de lei 48/2013, que visa proibir o consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos. O projeto precisa agora passar por uma segunda votação antes de ser submetido ao prefeito Udo Döhler, que não sabe ainda se vai vetar ou sancionar a nova lei. Mas não importa seu futuro. Já é uma excrescência que ela tenha sido redigida, submetida ao legislativo e obtido ampla maioria de votos.
Trata-se de uma lei repleta de furos,
aparentemente ambigua em suas intenções. Exemplos: os bares que possuem mesas em
calçadas, que são públicas, podem continuar
a fazê-lo, porque pagam pela ocupação do
espaço, que é público! Não por coincidência, é na badalada “Via Gastronômica” e
adjacências, que se localizam as principais casas que poderão continuar a
utilizar as calçadas públicas como se fossem privadas. Aliás, trata-se da mesma
via onde acontece o Stammtisch, um evento que nada tem de popular e, por isso
mesmo, pode continuar a frequentar e usar os espaços públicos sem ser afetado
pela lei.
Não são melhores os argumentos para
explicar a necessidade do projeto. De acordo com Schroeder, ele atende um clamor popular, embora sua noção de
“popular” seja bastante restrita, limitando-se aos conselhos comunitários
de segurança (Consegs) e ao 17º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento
na zona Sul de Joinville, que o demandaram. Em entrevista concedida a um jornal local meses atrás, o vereador explica
didaticamente suas intenções: “O que queremos”, afirmou, “é justamente promover
o debate sobre o consumo de álcool entre os jovens. A lei vai permitir que a
polícia aja preventivamente e não precise ir até um local depois que uma
aglomeração de jovens com som alto e bebidas, por exemplo, já tenha virado
bate-boca ou vias de fato com vizinhos incomodados, o que acontece com frequência nos bairros”.
PRODUÇÃO DE ILEGALIDADES – Tudo junto e misturado, e a
cidade pode vir a ter uma lei elitista, preconceituosa e segregacionista.
Porque nem mesmo o discurso pretensamente bem intencionado – o de que o álcool
é um problema de saúde pública, por exemplo – convence: medidas
sócio-educativas são muito mais necessárias e eficazes para combater problemas
como o alcoolismo, que proibir seu consumo em lugares públicos. Principalmente porque
não é nas ruas e praças onde mais se consome álcool, mas em espaços fechados,
como bares e baladas. Há o acúmulo de lixo, o barulho, as brigas, os excessos?
Sim, por certo. Mas como se tratam de exceção, e não da regra, não seria mais
razoável prevenir ou, se for o caso, coibir e punir os excessos usando os
mecanismos e aparatos legais e policiais já à disposição, ao invés de produzir
novas ilegalidades?
A resposta é simples: o objeto da lei são os bairros e
populações periféricos, (o texto não podia ser mais explícito quando se refere à
Zona Sul, lugar historicamente estigmatizado pelos joinvilenses mais
“tradicionais”), aqueles que vivem em “vulnerabilidade social”, na definição do
Charles Henrique aqui no Chuva. Os frequentadores da Via Gastronômica e
do Stammtisch podem beber nas calçadas e fechar uma via pública, consumir
álcool, voltar para casa dirigindo e postar suas fotos nas redes sociais. O
problema, afinal, não são eles: nenhuma lei municipal ousaria tocar nos
privilégios de quem circula exibindo suas Tommy Hilfiger. Mas James Schroeder, seus colegas de parlamento e os muitos
joinvilenses que aplaudiram a nova medida não estão sozinhos.
No século XIX, autoridades inglesas
limitaram o horário dos pubs ao perceberem que, mais que beber, seus
frequentadores os utilizavam como lugar de sociabilidades e discussões
políticas. No começo do século passado, praticar capoeira era delito previsto
no Código de Posturas da então capital federal, o Rio de Janeiro. Andar
descalço também – uma proibição que inspirou uma das mais memoráveis passagens
do romance de estreia de Lima Barreto, “Recordações do escrivão Isaías Caminha”.
Mais ou menos à mesma época, em Curitiba, reuniões e eventos populares –
definidos como “batuques e fandangos” – organizados por negros ou imigrantes que
vivessem em regiões distantes do centro, só poderiam ocorrer mediante
autorização policial.
A HISTÓRIA SE REPETE COMO FARSA – Na década de 1960, em Joinville, entre as preocupações das autoridades
estavam os mendigos, jogadores e prostitutas. Para os primeiros, pretendeu-se o
internamento compulsório; para os segundos, além de limites impostos pelo
Código de Posturas de 1956, inúmeras batidas policiais, principalmente em bares
localizados nos bairros mais à periferia. Para as últimas, o prefeito Helmut
Fallgater projetou a construção
de uma espécie de “centro de tolerância”: casas construídas especialmente para
o funcionamento da prostituição, “tudo ficando seguramente bastante isolado (...) em zonas apropriadas, para melhor
contrôle e observação da Polícia”.
Em abril deste ano a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou em primeira
votação um projeto que proíbe os bailes funks nas ruas da capital paulista.
O que eventos tão
distantes no tempo e no espaço tem em comum? Todos, sem exceção, não legislaram
em função do bem comum mas, tão somente, proibindo e punindo práticas populares.
Contaram, como o projeto de lei de James Schroeder, com o apoio da população
“ordeira”, os homens e mulheres de bem. Aliás, vem do Facebook o comentário que
define, sintética mas exemplarmente, o espírito da nova lei e as razões do
entusiasmo com que foi recebida por alguns: “meuuuuuuuuuuuu nem fala,
vai ser uma benção.... a gentalha tem q se ferrar mesmo... escória da sociedade”,
escreveu uma joinvilense de bem, certamente ordeira. Apesar da flagrante
limitação retórica, ninguém conseguiu defini-la melhor.
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