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segunda-feira, 28 de julho de 2014

Fernanda M Pompermaier



POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Acho meio descabido eu morando há 3 anos e meio a 11 mil quilômetros de distância de Joinville, estar declarando meu voto nas eleições por aí. Ainda não posso votar por aqui, e nem sei como fazer para votar nas eleições brasileiras. Sei que brasileiros que moram no exterior estão dispensados de todas as eleições, exceto a de Presidente da República. Pretendo votar, provavelmente na embaixada que fica em Copenhagen. Veremos.

Sou filiada ao PSOL, e não apenas por esse motivo, voto na Luciana Genro.

Os motivos pelos quais me filiei ao Partido do Socialismo e Liberdade são inúmeros: comprometimento com a pauta de direitos humanos, acreditar numa reforma política, possibilidade de melhorar a distribuição de renda através de imposto progressivo, fim dos enormes caixas de campanha, entre outros. Moro num país que tem uma exemplar igualdade social e isso não foi conquistado de graça. A Suécia já foi pobre, já foi exclusivamente monárquica, já foi socialista, hoje o regime é Monarquia Constitucional Parlamentarista, ainda bem comprometido com as questões sociais e as liberdades individuais. O povo que detesta bolsa família ia ficar piradinho por aqui. Todas as famílias recebem ajuda de custo para cada criança (eu inclusa) de aproximadamente 300 reais mensais por crianca. Valor muito maior do que é dado no Brasil e não apenas para quem tem renda baixa, mas para todos:  por exemplo, para a minha família, na qual ambos os pais trabalham e conseguem se manter.

A palavra socialismo ainda assusta muitos desinformados que a relacionam com utopia, com dificuldade de ação, com comunismo ou sei lá o quê. E é por isso que o nome da sigla é socialismo e liberdade, porque se pretende melhor distribuição de renda garantindo as liberdades individuais, através da democracia. Gostaria que todos tivessem a possibilidade de conhecer na prática como é viver numa sociedade com igualdade social e percebessem a necessidade da classe média/alta abrir mão de privilégios para o bem coletivo. E reconhecessem a real necessidade de um Estado que se compromete com os direitos de todos, que protege o cidadão que teve menos oportunidades, que protege as crianças e a sociedade em geral desse mercado com estratégias tão agressivas de venda e marketing. Não acredito no fim do Estado. Acredito nele como um "garantidor" de direitos, um regulamentador.

Acredito que o PSOL pode ser capaz de mudar essa ideia do estado como uma máquina pesada sugadora de impostos para um verdadeiro prestador de servicos de qualidade.


quarta-feira, 19 de março de 2014

Comentários dispensáveis


POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Esse blog aceita comentários anônimos
Infelizmente, meu voto foi vencido, por mim não aceitaríamos. 
Mas somos um coletivo democrático, vale a decisão da maioria e nessa, os anônimos passaram.

Para compensar essa tortura, ainda bem, existe moderação.
Não temos nenhuma obrigação de publicar todos os comentários que recebemos. 
São publicados os que passam pelo filtro.

E nesse filtro existem alguns princípios básicos que atingem todos os blogueiros, mas também existe uma parcela de julgamento pessoal. Sendo assim, decidimos que cada blogueiro libera os comentários dos seus textos. Nessa questão, como já expressei aos colegas inbox, os considero flexíveis e tolerantes demais. Não tenho a menor paciência/saco/estômago para ler as ofensas ou ignorâncias que comentam nos textos deles, e infelizmente às vezes nos meus.

Difícil compreender o impulso que leva uma pessoa a se expressar com tanta ira quando nos propomos a discutir temas que nos afetam no dia a dia. Usamos para escrever um tempo que retiramos das nossas famílias, do nosso tempo livre, sem nenhum retorno, apenas para conversar, trocar ideias, tentar pensar a cidade, o país ou até o mundo em que vivemos. É uma oportunidade de diálogo, de ver as mesmas coisas sob outros ângulos, de dividir perspectivas. Existe um ser humano desse lado, que merece o mesmo respeito que o leitor.

Não é uma questão de concordar ou discordar. Eu adoro comentários que questionam o ponto de vista, que fazem repensar, que acrescentam informações ou que também dividem experiências de vida. A esses sou extremamente grata, porque compartilham um pedaço de si, me fazem entender que tem gente aberta, receptiva e disposta do outro lado, que também quer conversar. A esses meu caloroso acolhimento. E não se preocupem, pelo menos nos meus textos, poderemos conversar sem comentários ofensivos no meio porque esses não irão passar.

Mas se você é um hater (desocupado que destila ódio pela internet) e tem a intenção de expressar sua raivinha nos textos que eu escrevo, não perca o seu tempo. Não vale gastar as pontinhas dos dedos porque eu deleto sem dó nem piedade. Ou entra para o debate com argumentos e informações de verdade ou vai abrir um blog para você poder escrever o que pensa com a liberdade que deseja.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Por um país SEM publicidade infantil



POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Ser pai ou mãe é fazer difíceis escolhas, todos os dias.
Mas, digamos que algumas dessas escolhas podem ser mais facilmente tomadas quando boa parte da sociedade tende para o mesmo sentido. Um exemplo: publicidade infantil.

Sempre detestei propaganda direcionada ao público infantil. Acho sujo, desonesto, inapropriado, para dizer pouco. No Brasil a propaganda é pesada, todos sabemos. Brinquedos, alimentos, roupas de cama, sucos, acessórios... todo tipo de baboseira desnecessária. E mesmo que os pais se esforcem e paguem tv por assinatura, muitos canais infantis também tem propaganda. Direcionada à um público, diga-se de passagem, que ainda não tem capacidade de identificar exatamente o que é supérfluo e o que é necessário e que ainda está a desenvolver suas concepções sobre o mundo real  e o da fantasia. Não é uma conversa entre iguais. É uma conversa entre uma poderosa empresa que deseja vender mais e mais e um ser inocente facilmente manipulável.

No supermercado são centenas de produtos licenciados que enchem os olhos das crianças de cores e a barriga de gordura saturada. Turma da mônica, Bob Esponja, princesas, todo mundo empenhado em vender produtos duvidosos com carinhas atraentes.
Produto licenciado também deveria ser proibido.

Os amantes do liberarismo dirão que o mercado se regulamenta e que esse é um problema dos pais. Que quem tem o dever de dosar o tempo de tv, a quantidade de propagandas que a criança assiste ou os produtos que compram são os pais. O que é uma estupidez sem tamanho, que minimiza bastante o problema e o torna até quase impossível de solucionar, tirando totalmente o principal responsável de jogo: o estado.

É dever do estado proteger as crianças. E não expor crianças à propagandas é protegê-las.

Na Suécia anúncios televisivos para crianças abaixo de 12 anos são PROIBIDOS. Simples assim. Não existem. Minha filha não me pede coisas que não precisa, eu não preciso conversar com ela sobre o motivo pelo qual não compraremos uma mochila nova das princesas e tudo fica bem mais fácil, não é?!

A escolha de não criar uma pequena (ou grande) consumista é minha, mas que fica bem mais fácil de colocar em prática na Suécia em comparação ao Brasil, ou à França, ou aos Estados Unidos. Não é um problema só nosso. Mas é um problema que já foi resolvido em alguns países nos quais podemos nos espelhar.

Para proteger as crianças: ZERO publicidade infantil.



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O mundo está melhor.

POR FERNANDA M. POMPERMAIER


Exatamente como Calvin estou me sentindo. Estou preferindo a ignorância, o não saber, do que optar por ler a capa e as principais notícias de qualquer jornal de qualquer país.
Gostaria de conversar com as pessoas que escolhem as notícias que rodam o mundo e moldam nossas impressões sobre esse planeta azul. Estou a fim de acreditar que existe uma conspiração entre os meios de comunicação para que só fiquemos sabendo das coisas ruins e achemos que o mundo é um lugar perigoso, triste e desigual. Eu decidi acreditar que o mundo é um lugar maravilhoso no qual acontecem eventos incríveis e felizes todos os dias. 

Há alguns dias li um artigo do Bill Gates, que foi uma injeção de otimismo. Felizmente, o próprio site oferece o texto em diversas línguas, inclusive português e ele começa assim: 
"Quase todos os indicadores apontam para um mundo melhor do que nunca. As pessoas têm vidas mais longas e saudáveis. Muitos países que recebiam assistência hoje são autossuficientes. Poderíamos pensar que esse progresso impressionante seria amplamente celebrado, mas, na realidade, Melinda e eu ficamos impressionados com a quantidade de gente que acha que o mundo está ficando pior. A percepção de que o mundo não pode resolver as questões de pobreza extrema e doenças não apenas é errada – também é prejudicial. É por isso que, na carta deste ano, desmontamos alguns dos mitos que entravam o trabalho. Esperamos que façam o mesmo da próxima vez que ouvirem esses mitos." - Bill Gates.

Não é colocar um óculos de Poliana e passar a ver coisas erradas como certas. Mas também é conseguir ver o positivo, ser realista e admitir que o mundo tem muito a melhorar mas ele só o tem porque o mundo de ontem já não nos satisfaz. Evoluímos como seres humanos e desejamos que a pobreza acabe, que a expectativa de vida aumente, que as doenças tenham cura, que crianças não morram de desnutrição, enfim. Já não nos contentamos com o mundo que existia na década de 70 ou 60,  porque o melhor planeta terra que já existiu, a melhor Joinville que já existiu é a de hoje: 2014. 

Veja o que diz o Bill Gates sobre a África, país no qual tem trabalhado com seus programas assistenciais e sobre o qual não temos ainda as melhores impressões no quesito social:

"A África também teve grande avanço em saúde e educação. Desde 1960, a duração da vida das mulheres ao sul do Saara aumentou de 41 para 57 anos, apesar da epidemia de HIV. Sem HIV seria de 61 anos. A percentagem de crianças matriculadas nas escolas passou de pouco mais de 40% para mais de 75% desde 1970. Menos pessoas passam fome e mais gente tem boa nutrição. Se ter comida suficiente, ir à escola e viver mais são medidas de uma vida boa, então a vida certamente está melhorando na África. Essas melhoras não são o fim da história; são a base para mais progresso."

Existem outros exemplos e eu altamente recomendo a leitura do artigo. Ele prova como assistência social funciona e devemos fazer mais. Fico triste em saber que ainda existem brasileiros que classificam o bolsa família como um programa para coletar votos. É uma estupidez gigantesca e um egoísmo inescrupuloso considerar que um programa que objetiva tirar pessoas da pobreza tem intenções apenas eleitoreiras. Essas pessoas provavelmente nunca passaram fome ou nunca precisaram de auxílio do governo para sobreviver. É pensar mesmos só no próprio umbigo.
E como na tirinha do Calvin a ditadura me pouxou para trás e eu falei de quem não apóia o bolsa família - coisa ruim. Às vezes é inevitável. 
A mensagem final para mim é: existe esperança. 
Minha filha, que logo fará 4 anos, poderá viver num mundo mais igual e mais justo. Caminhamos nesse sentido, a passos lentos, tudo bem, são pequenas conquistas todos os dias. Mas estamos. 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Preparada para aceitar


POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Eu não vou fazer denúncias, apelos, apontamentos ou acusações.
Não vou falar de estatísticas, fatos, notícias, rolezinhos ou as desgraças e mazelas do dia-a-dia no Brasil. 

Eu cansei da revolta. 
Me desliguei das notícias aproximadamente um mês antes de viajar ao Brasil e passei os últimos 30 dias (até o último domingo) apenas curtindo o que nossa cidade e região tem de bom. 
Férias de verdade. Curti muito. Adorei o calor, os pães, as cucas, o chopp gelado, o escondidinho e a cachaça. Fui de olho fechado para o trânsito, alagamento, a situação dos aeroportos... enfim, fui preparada para aceitar. 

É preciso apenas aceitar as gigantescas diferenças culturais entre os países, senão qualquer viagem perde a graça. Conheço muitos suecos que passam férias em países com realidades complicadas como o Egito, o Vetnã ou a Tailândia, e voltam falando maravilhas. Tem que focar no positivo e foi isso que eu fiz. 

Também não sei até que ponto ficar aqui discutindo os problemas auxilia a encontrar soluções. A caixa de comentários do blog mostra que a maioria que lê os posts já está com a opinião formada e só comenta ou para concordar ou meter o pau. Alguém muda de opinião? Não sei, acho que não. Quem está tendencioso para este ou aquele lado, vai atrás de informações e decide por si mesmo. Quem não quer se informar, fica no senso comum e não será a minha opinião que fará alguma diferença. 







quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Facebook é coisa de velho

Link foto
POR FERNANDA M. POMPERMAIER


Peguei umas férias do blog por uma série de questões pessoais e volto a escrever com a maior cara de pau, sem dar muitas explicações. Peço desculpas, mas estou passando por períodos complexos, reajustando, repensando e não sei como o futuro vai ficar. Tenho certeza que o chuva estará presente de alguma forma, mas ainda não sei como. Enquanto isso vamos conversando.

Nesses reajustamentos da vida, decidi tomar uma decisão drástica essa semana e cancelar minha conta no facebook. Ok, grande porcaria, tem algumas notícias mais importantes no mundo. Concordo, mas "veja bem" nem sempre eu estou a fim de saber. Tru tum tum tum, pá! E o facebook meio que não respeita meu estado de humor ou o dia maravilhoso que estou curtindo com a minha família. Pinta a imagem: você preparou um almoço saboroso no domigo, sentou com filha e marido, tomando uma cervejinha, dá uma espiadinha no face, porque o celular está ali e é irresistível, e BUMP! Mandela morreu, virou assunto do almoço. Ou você tem um jantar legal com as amigas, vai ao banheiro, dá uma espiadinha no celular e BUMP! Foto de criança desaparecida para compartilhar. Aí você lembra que o mundo é um lugar horroroso, perigoso, cheio de gente má, e se pergunta por que você colocou um filho, que você ama tanto, nesse mundo torto e por aí vai a paranóia.

Ok, você pode desligar o celular, evitar olhar, ter auto-controle... Acredite, eu mesma já tentei convencer pessoas que cancelariam suas contas no facebook, que tudo era uma questão de aprender a usar a ferramenta. Aprender a usar os recursos: dar um unsubscribe nos amigos mais sem noção e parar de receber suas atualizações, deixar de dar like nas páginas, dar uma formatada pra ficar mais com a sua cara, enfim. Quer saber? Foge do controle. Você não quer ver foto de cachorrinho sem pata nos minutos que antecedem o sono noturno e mesmo assim você acaba sendo bombardeado por essa imagem simplesmente por ter cedido à última bisbilhotada no aplicativo quando pôs a cabeça no travesseiro. É uma coisa que se joga na sua frente e antes de você conseguir avisar que está noutro humor, você já viu, já ficou triste, já ficou com raiva, ou com grande descrença na humanidade. Nem precisa ser tão gráfico assim quanto uma imagem, pode ser o compartilhamento de uma burrice gigantesca, uma tirinha machista ou uma frase do Lobão. Pra mim chega.
Eu não quero mais saber que aquela amiga que eu adorava na adolescência agora acha que todos os petistas deveriam morrer. Não quero mais ler sobre a criminalidade crescente no Brasil, os escândalos de corrupção, os estupros, os assassinatos de transsexuais... aff, tudo isso é horrível e eu quero ser ativista em algumas causas mas não em todas. Não quero a pressão de ler tudo, saber tudo que está acontecendo o tempo todo no mundo todo, na vida de todos os meus conhecidos. Eca. Quero estar disposta a abrir a página de um jornal e ler as novidades, e entrar na página policial APENAS SE eu quiser. Mandar um bom e velho oldfashion email pra uma amiga e perguntar a quantas anda a sua vida.

Eu já sinto que tenho mais tempo pras coisas realmente importantes da vida. Tipo checar minha conta no instagram ou no twiter - just kidding.

Lógico que nem tudo são só espinhos. O facebook é uma ótima ferramenta, ele aproxima, tem uma série de recursos legais, nada especificamente contra o programa. O problema está comigo mesma que não consigui lidar com o imediatismo, a quantidade de atualizações e etc, etc, vocês sabem.

O golpe final foi ver uma estatística dizendo que os adolescentes estão abandonando o facebook e migrando para o instagram e o whatsapp. Eu é que não ia ficar no meio da velharada! :)hehe!


sábado, 12 de outubro de 2013

As datas e a idiotice

POR FERNANDA M. POMPERMAIER

O dia das crianças está se aproximando e essa é mais uma data que eu só lembro porque tenho muitos amigos brasileiros no facebook. Assim como dia dos pais, das mães, dos namorados, da secretária, do engenheiro, da árvore, do ônibus, da calçada, enfim,...  a lista segue on and on.... 

A pressão comercial nessas datas na Suécia é tão insignificante que chega a ser desprezível, quase inexistente. Não vejo propagandas, não existem outdoors, não se vê cartazes nas lojas... nada que lembre que alguma data importante para o comércio esteja próxima, durante o ano todo. É claro que isso também faz parte de uma política ferrenha do governo de não permitir propaganda de qualquer forma e em qualquer lugar porque enfim, o capitalismo não venceu no mundo todo. Existe além disso, uma influência cultural forte de não consumir o que não é necessário. 

Nas escolas nenhum cartão para os pais e lógico, nenhum apresentação cultural com esse tema. As pouquíssimas datas comemoradas nos centros de educação infantis estão relacionadas: às mudanças de estações: uma festa no verão, outra no outono, o natal, a páscoa e o dia de Santa Luzia (tradição é tradição, não dá de fugir de tudo). Mas de qualquer maneira, o apelo comercial é muito menor e sou grata por isso.

Sentia que no Brasil, eu passava o ano todo comprando presente pra alguém por alguma data que se aproximava, uma idiotice. Fazemos mesmo um big deal desses momentos afirmando que são uma desculpa para lembrar-se de alguém e fazer algo legal para essa pessoa, quando na verdade isso acaba sendo uma grande encheção de linguiça.

A verdade é que como mãe eu não quero nada de flor, chocolate ou perfume, muito menos um dia por ano para ser lembrada. Eu quero licença maternidade de 1 ano. Quero o direito de acompanhar meu filho ao médico sem encarar cara feia de chefe. Quero salário igual ao de um homem na mesma função. Quero vaga num centro de educação infantil público e de qualidade. Quero o direito de amamentar em público sem nenhum marmanjo com síndrome de punheteiro achar que tô usando a mama para o ofício errado. Resumindo, quero respeito e reconhecimento genuíno, que não dura um dia mas o ano todo e atinge à todas da mesma forma.

O mesmo acontece com a infância. Quem precisa de dia da criança quando em Joinville mesmo existem crianças em condições desumanas de vida? Quando os ceis tem listas de espera quilométricas porque não tem vaga para todos? Quando nossos espaços públicos, de parques a calçadas não acolhem a criança? Nossos espaços não são pensados para a vivência da infância. Em boa parte da cidade é impossível ir à escola de bicicleta ou à pé em segurança. É impossível correr num grande gramado, soltar pipa, conhecer diferentes árvores, dormir nas suas sombras,...... a não ser que seu pai trabalhe numa empresa que ofereça uma boa associação, aí a criança pode ter ALGUM direito. Mas essa prática segrega, oferece à criança uma convivência selecionada e isola uma parte da cidade com a qual ela não terá contato, a não ser que seja obrigada. E isso é viver à margem da realidade. Dá quase de processar a prefeitura por negligência. Por deixar de oportunizar aos seus pequenos moradores experiências verdadeiramente participativas e prazeirosas na cidade.
Sem comentar as  restritas oportunidades que terão os pequenos das periferias que se contentarão com os presentes que ganharem nos programas de fim de ano dos funcionários de empresas, uma hipocrisia.

A mudança cultural começa conosco.
Começa em casa tirando o foco do material e oferecendo outras vivências.
Mas continua com o mais importante: envolvendo-se de verdade nos movimentos sociais que podem definitivamente mudar o destino de crianças, mães e mulheres à longo prazo. Nas associações de moradores, nas decisões da política local, nas lutas por vagas, nas denúncias de maus tratos,... inúmeras são as formas de ajudar e eu sei que muita gente já faz muito, mas sempre é bom engrossar o coro e exigir direitos de verdade. Se nós, mulheres e mães não o fizermos, ninguém fará por nós.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Na maternagem e no feminismo

Gabriela com 6 meses e eu,
  mamando e viajando.

POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Desde muito cedo eu soube que era feminista. Talvez não reconhecesse todas as facetas e sutilezas do machismo, mas identificava as suas principais construções e me incomodava muito com elas. Quis sempre provar que mulher pode e deve fazer o que quiser, quando quiser e como quiser. Lutei bravamente contra serviços domésticos, cozinha, padrão de beleza, agradar homem e tudo que eu achava que o machismo trazia consigo. Fumei, bebi, fiz tatuagem, pintei cabelo, tudo para demonstrar minha rebeldia à esses padrões estabelecidos, (pensava eu). Nunca fui a quietinha, comportada, princesinha, e eu me orgulhava de ser diferente. Hoje minha relação está melhor estabelecida com a cozinha, a limpeza ou os homens, reconheço suas respectivas necessidades e importâncias. 

Um casamento feminista se torna no início um pouco mais trabalhoso que um "convencional" porque existem algumas arestas a serem podadas. Os papéis não estão definidos no padrão "sociedade tradicional" e algumas questões precisam ser dialogadas para se chegar em consenso. Meu marido, é lógico, também é feminista e nesses 10 anos juntos construímos um relacionamento bastante igualitário. É válido salientar que as conquistas feministas acontecem geralmente sob protesto do grupo que, acostumado com o status quo, deseja manter tudinho como está. É necessário que as mudanças se iniciem do lado do oprimido pois de outra forma, elas não se legitimam. Digo isso para expor que, apesar de ser extremamente importante a abertura para diálogo e a recepção do marido nas discussões, o protagonismo das mudanças é da mulher. Sem nenhuma dúvida, é ela que precisa protestar quando sentir que algo no relacionamento está injusto. E é claro que muitas vezes, eu protestei. Detesto manifestações de controle e qualquer tentativa de regrar meu comportamento, decisões ou roupas podia ser motivo de briga, mesmo que fosse exposto às vezes apenas como uma opinião.

Bom, fechado o parênteses e voltando ao tema, feminista resolvida, eu virei mãe. E a maternidade nos leva a uma dedicação intensa especialmente nos primeiros meses. São novas questões relacionadas diretamente com aquele medo constante de virar dona de casa e acabar tendo mais responsabilidades que o pai, de acabar se anulando profissionalmente ou como indivíduo para se transformar apenas na mãe. O estado ajuda a discriminar a mulher oferecendo 4 a 6 meses de licença maternidade e para o homem apenas alguns dia. É a forma oficial do governo dizer: o pai não tem nada a ver com isso, vc, mãe, que deu, e engravidou, dê conta disso sozinha. O cúmulo do machismo. Mas por sorte, tive tempo e disposição para ler, boas companhias e pessoas próximas que me ajudaram a perceber que não existe nada de errado em ser mãe e ser feminista. Ambos podem e precisam viver simultâneamente, para construir uma maternidade mais coerente com o mundo atual.

E como é uma mãe feminista?

Sob o meu ponto de vista é uma mãe que:

- Vai tentar não imprimir em seus filhos estereótipos de gênero. Qualquer coisa que venha acompanhada de: "isso é pra menina" ou "isso é coisa de menino" não serve numa educação moderna. Jogamos fora, é lixo. Tudo é para todos ou o que não é pra todos não é para ninguém.

- Vai dar o máximo de si para ser uma boa mãe, sem achar que esse é seu único papel no mundo. Que os filhos percebam que a vida da mulher é feita de conquistas em diferentes áreas e que não é preciso ser perfeita em tudo. 

- Vai se esforçar para amamentar e ter parto natural, porque sabe que seu corpo e do seu filho assim desejam.

- Vai buscar relacionar a maternidade com satisfação e prazer, nunca com dor, sofrimento ou culpa relacionadas à sacrifícios.

- Vai estabelecer uma relação saudável de troca de carinho que não seja baseada na chantagem ou no sentimento de dívida com os pais por ter recebido a vida, casa ou comida. 

-  Não vai impor papéis sociais "pré-determinados" esperando que menina goste de boneca e não de vídeo-game ou que seja vaidosa e doce e o menino agressivo e forte. Fazer isso oferecendo brinquedos diversos e construindo senso crítico. Vai buscar elogiar usando palavras como: corajosa, independente, inteligente ou feliz.

- Vai buscar quebrar com a ditadura da beleza: da princesa que é loira e de olhos azuis. Vai mostrar a beleza dos cabelos negros, encaracolados, da mulher de quadril largo, de corpo robusto, da idosa ou da cadeirante. E vai mostrar que não há nenhum problema em se ter pêlos no corpo. 

- Vai respeitar sua orientação sexual, seja ela hetero, homo ou bi. 

- Vai respeitar sua identidade de gênero, seja cis ou transgênero. 

- Vai ensinar a respeitar seu corpo, seus desejos, seus limites. Que sim seja sim e não seja não.

- Vai auxiliar na descoberta da sexualidade, oferecendo informação, diálogo aberto e fugindo de moralismos estúpidos.

Eu poderia continuar com a lista, on and on, mas vamos combinar que dando conta dessa aqui, já fazemos nossa pequena revolução.
É possível ser feminista e viver a maternidade com toda a sua intensidade num relacionamento igualitário. É o que desejo à todas (os) nós!
Tudo por um mundo muito mais feliz, aberto e receptivo. 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A famosa (e desnecessária) palmada educativa




POR FERNANDA M. POMPERMAIER




Eu vivo num país onde a palmada educativa é crime. 
Crime mesmo, caso de polícia. 
Como professora de educação infantil sou orientada a denunciar se alguma criança me contar: "papaí/mamãe deu um tapa no meu bumbum!". Correndo o risco de ser considerada cúmplice do crime se não denunciar. Isso acontece porque:

1. Para ir de uma palmada para algo mais - até espancamento, não é tão difícil. (Ainda mais considerando o tanto que o povo gosta de beber por essas bandas...)
2. É desnecessário. Verdade. É realmente, realmente, realmente, desnecessário. E lógico, prejudicial ao crescimento psicológico e social da criança. 

Eu trabalhei 6 anos na educação infantil de Joinville e trabalho há um ano no sistema sueco. É lógico que são inúmeros os fatores que determinam as diferenças que eu percebo no dia-a-dia, mas vou arriscar a afirmar que: quanto mais calmo e respeitoso o ambiente, consequentemente mais calmas e respeitosas são as crianças. E aqui tudo é muuuuito mais calmo. As crianças tem liberdade de serem crianças, fazerem coisas de criança, sem stress.

Existem regras, claro. A maioria das famílias tem horários bastante fixos para jantar, tomar banho, organizar a casa, cada um limpar a sua bagunça, etc... essa responsabilidade é esperada e desejada das crianças. E elas fazem porque são convencidas a fazer, tratadas com carinho e respeito pelos adultos. Ninguém obriga as crianças a nada. O ambiente geralmente é de elogio, motivação e colaboração mútua.
Me recordo que no Brasil usávamos muito "não", e tínhamos uma rotina um pouco estressante, para professoras e para crianças. 

Se as crianças são educadas com respeito, elogio e carinho, é isso que elas tem a oferecer também aos outros. Se elas são criadas com violência, e a palmada É uma violência, acabamos legitimando a agressão física como uma forma válida de relação. O que não é verdade. 
Nenhum conflito deve ser resolvido com violência física. 
Se violência física é o que você recebe do seu cuidador, a pessoa que deveria representar segurança, equilíbrio, confiança, isso demonstra claramente para a criança que em alguns momentos podemos sim, partir para a agressão. Dependendo do tamanho da frustração ou da raiva que sentimos.

Conversar - com afeto e fiirmeza.
É possível educar crianças, e o fazê-lo muito bem, diga-se de passagem, sem palmadas. 
A receita?: Amor. Verdade. Parece clichê, mas funciona. Muitas vezes a criança que agride, provoca, faz escândalo, está querendo atenção.
Afeto com regras é a melhor receita para lidar com crianças. Regras e limites são fundamentais, ensinam a viver em sociedade com respeito ao espaço próprio e do outro.  As crianças precisam disso, transmite segurança. Mas essas regras/limites precisam ser explicados com amor. Usando palavras curtas, voz firme, olhando no olho e demonstrando respeito para a compreensão da criança. Sem esquecer de elogiar depois.
Para tanto é necessário que existam momentos de aprendizado e esses acontecem quando se disponibiliza tempo com qualidade, 100% disponível à criança, não um olho no celular e outro nao filho.  É estar com ele por completo naquele momento e oportunizar situações em que a criança se sinta frustrada, perca ou tenha de esperar... são preciosos momentos para educar.

São os pais que estabelecem o limite nas técnicas de correção da criança. Se os pais gritam, a criança sabe que o limite dos pais é o grito e enquanto eles não gritarem ela não vai parar. Se o limite dos pais é "sentar na cama para pensar", o famoso cantinho do pensamento, a criança entende que ali é o extremo e que agora deu. Se os pais batem, toda essa lógica pula adiante e a criança não pára com cantinho do pensamento, nem com gritos, ela continua até apanhar. Cria-se um círculo vicioso. Pense qual o seu limite na educação do seu filho e com isso em mente não se deixe estressar. Por uma relação o mais saudável possível. 

É claro que em se tratando de seres humanos, nenhuma conta é exata, vamos de tentativa e erro.
Mas o caso da palmada é certo, não precisa. Educa-se melhor sem ela.

Foto:link.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

É pedir demais?



POR FERNANDA M. POMPERMAIER

As questões de gênero se apresentam de diversas formas e é preciso estar atento para reconhecer, refletir e mudar atitudes se realmente desejamos uma sociedade igualitária.

É preciso estar em contato com os grupos minoritários e discriminados para compreender suas lutas, modificar o discurso e aprender o respeito.

Para tanto alguns conceitos precisam ser levados em consideração. 

1. A identidade de gênero: 
A identidade de gênero se refere à forma como o indivíduo reconhece-se a si mesmo. Existem os cisgêneros - pessoas que se identificam com seu sexo biológico e o seu "definido" papel social (se é que pode-se dizer assim). E transgêneros:  pessoas que se identificam com o sexo oposto ao seu sexo biológico. Não tem ligação direta com a homossexualidade. Depende é da forma como a pessoa vê a si mesma e como se apresenta ao mundo. Não tem bem a ver com orientação sexual, próximo tema.

2. A orientação sexual: é a quem o desejo sexual da pessoa se orienta. Esse pode ser bissexual, heterossexual ou homossexual. 

Pessoas transsexuais se vestem e se apresentam da forma como querem que o mundo as veja. Se está vestida de mulher, é respeitoso referir-se à pessoa como mulher, e assim por diante: a transsexual.

Se o desejo sexual de um homem se dirige à outro homem e eles se reconhecem no mundo como homens, não existe nenhum motivo para achar que eles sejam mulheres ou algo parecido. 2 homens que se amam são apenas 2 homens que se amam, nada além disso. Essa é a única explicação que toda a sociedade, inclusive crianças, precisam receber.

Informação é o caminho para o fim do preconceito. E infelizmente o preconceito ainda é muito grande.

A violência contra transexuais é gigantesca no Brasil e suas vidas são extremamente influenciadas por esses preconceitos. Tanto que a grande maioria dos transsexuais se prostitue, não os resta muito além dessa opção profissional. E é por isso que sou à favor da regulamentação da profissão de prostituta(o) no Brasil. Para que fazer de conta que esse grupo não existe quando o mesmo movimenta uma economia conhecida mundialmente. Que se garantem direitos trabalhistas básicos à esse grupo de trabalhadoras(es).

A foto que ilustra o post é forte. Michelle, de apenas 22 anos, assassinada enquanto fazia programa na Paraíba dia 16 de agosto deste ano. Morta pelo preconceito. Como ela inúmeras sofrem com violência todos os dias. 

Eu fico imaginando o que se passa na cabeça dos seus inquisidores. Pessoas que se dizem defensoras da moral e dos bons costumes, que repudiam qualquer comportamento diferente dos seus. Baseiam seus julgamentos no ódio, na ignorância e no preconceito. Pessoas que não contratam homossexuais, que não contratam travestis, que não os desejam na sua vizinhança ou na sua igreja. Como podem se dizer religiosos se, segundo a bíblia, Jesus mesmo acolheu a prostituta e repetiu que devemos amar à todos acima de tudo. Que amor é esse que tem cor de pele, orientação sexual ou profissão, específicos para serem exigidos. Isso não é amor, é hipocrisia, é burrice. 

Imagine o absurdo do meu texto, vir aqui falar de respeito para transsexuais quando no texto do Felipe da semana passada, muitos leitores comentaram desrespeitando uma mulher pelo seu estilo musical, suas roupas ou sua maneira de dançar. Estamos longe da civilização.

Respeitar:
Apesar das roupas,
apesar do número de parceiros sexuais,
apesar da forma de dançar,
apesar da orientação sexual,
apesar da identificação de gênero,
apesar da profissão, (nesse caso as prostitutas).
É pedir demais?

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"Lincoln" e a luta por direitos



POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Assisti no último final de semana o filme "Lincoln" e não pude deixar de relacionar o recorte do momento histórico relatado no filme com o momento em que vivemos no Brasil e no mundo com relação às lutas pelos direitos LGBT's.

O filme se passa em 1865, último ano do mandato de Abraham Lincoln como presidente dos Estados Unidos. Ele está no cargo desde 1861, ano do início da Guerra da Secessão. Uma guerra civil que aconteceu entre os estados do norte - União, e estados do sul - Confederados. O sul mais agrário com latifúndios e mão de obra escrava, o norte mais industrializado e com alguns estados "livres".

O presidente busca acabar com a guerra, unir o país e ao mesmo tempo aprovar na Câmara dos Deputados a 13a emenda à Constituição que oficialmente iria abolir a escravatura  no país.

Para que a emenda seja aprovada, um deputado, branco, que há 30 anos luta pelos direitos dos negros precisa admitir, contra o seu desejo, que o objetivo da emenda não é afirmar que negros são iguais aos brancos. Mas que, como seres humanos eles devem ter assegurados direitos iguais frente à Constituição. Essa é uma manobra política que os republicanos promovem, inclusive na mídia, para convencer os escravistas a aprovarem a emenda.

Se parece muito com o tipo de manobra que precisa ser feita hoje no Congresso Nacional, intensamente manipulado por cristãos fundamentalistas e preconceituosos como Marco Feliciano ou Silas Malafaia, para que sejam convencidos a aprovarem direitos básicos ao grupo LGBT. É preciso que se afirme que as pessoas não precisam concordar com o estilo de vida do homossexual ou do travesti, (como se fossem necessárias suas aprovações), mas que homossexuais devem ter os mesmos direitos que heterossexuais. É preciso falar em tolerância, quando o próprio sentido da palavra tolerância traz em si embutida uma relação de superioridade. ("Eu sou melhor que você e tolero o seu comportamento). O que é absurdo.

E não acontece só no Brasil. O mundo todo está passando por mudanças em suas leis para garantir direitos a esse grupo tão marginalizado. Alguns países avançam mais rápido, como nosso vizinho Uruguai, outros mais lentamente, como a Rússia, com um presidente que instiga na população a violência contra os homossexuais. Mas o caminho da garantia de direitos ao grupo LGBT é um caminho sem volta. O preconceito uma vez quebrado na cabeça das pessoas não volta atrás. É apenas necessário esperar, respeitar o tempo da democracia, da discussão, da informação e o dia da igualdade fica cada vez mais próximo. É uma mudança cultural, e mudanças geram insegurança, tiram as pessoas das suas zonas de conforto. Mas eu acredito na capacidade de adaptação do ser humano, tenho certeza que vamos todos nos acostumar à essas novas famílias.

Em um momento do filme, Lincoln pergunta a alguns colegas de trabalho se eles acreditam que algumas pessoas nasceram no momento histórico errado. Imagino que ele se questionava se talvez não deveria ter nascido noutros tempos, se ele deveria mesmo estar fazendo parte daquele grupo de homens tão dividido, alguns tão preconceituosos, mas ainda assim com o poder de mudar o futuro de milhares de pessoas.
Eu particularmente acredito que ele estava no tempo certo. Acredito que são necessárias no mundo pessoas como ele, como Mandela, como a Madre Teresa entre inúmeros outros. Pessoas com empatia para enxergar o ser humano por trás da cor, da situação social ou da orientação sexual. Pessoas com coragem e inteligência para se expor em espaços coletivos, assumir seu apoio e lutar por causas como essa com serenidade e respeito.

Um dia olharemos para trás com vergonha por ter negado direitos ao grupo LGBT.

Da mesma forma como hoje nos envergonhamos da escravidão e do racismo.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

As imagens mais lindas que seus olhos já viram


POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Há algumas semanas levei minha mãe para conhecer os famosos campos de canola aqui na região sul da Suécia. Eles florescem final de maio ou início de junho e ficam amarelinhos por pouco tempo, é preciso ser rápido. 
Ao chegarmos, disse à ela que essa era umas das visões mais lindas que eu já tive na vida. Verdade, a paisagem fica impressionante, acho lindo demais, breathtaking. Quando disse isso, meu marido respondeu que achava bonito mas que talvez não chegasse ao seu top 5. A conversa nos fez pensar nas 5 visões mais lindas que nossos olhos teriam visto e a brincadeira rendeu. 

Convido os leitores a fazerem o mesmo exercício e compartilharem conosco as maiores belezas que seus olhos já viram.
É claro que é tudo muito subjetivo, envolve opinião pessoal, sentimento, prioridades, enfim.
É divertido saber o que outras pessoas consideram breathtaking e quem sabe colocar na bucket list.

E aí vai meu top 5:

1. O rosto da minha filha no momento do seu nascimento:

No Da. Helena em março de 2010

2. As cataratas do Iguaçu:

No verão de 2006. Orgulho nacional.

3. Os campos de canola na Suécia:

Maio de 2013 em Helsingborg.

4. Os parques de Paris:
Setembro de 2010. Não tinha muitas fotos dos parques, mas está tudo na memória...
5. O Coliseu:
E todas as ruínas da Roma Imperial. Impressionante.
E agora? Você conseguiria listar rapidamente seu top 5?
Estou curiosa!

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Casar virgem. Por quê?



POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Fiquei sabendo recentemente que existe um movimento novo entre jovens religiosos: o de casar-se virgem. 

Ok. Não parece um movimento novo já que nos faz lembrar os anos 1950, mas é recente. 
O interessante é que ele está atingindo meninos e meninas, o que faz com que o movimento seja menos machista, convenhamos.  
Afinal, a quem interessa que os jovens casem-se virgens? 
Não ter nenhuma experiência na cama pode fazer de alguém melhor ou pior parceiro na vida? Só posso concluir que é para pior porque a ausência dessa intimidade antes do casamento faz com que ambos se conheçam ainda menos. E fiquem curiosos, E acabem casando cedo porque né, é difícil segurar.

O tabu que existe em torno de experiência sexual no Brasil é extremamente contraditório, já que o que mais vendemos da nossa imagem são as mulheres seminuas nas praias e nas festas de carnaval. Todo mundo conhece o turismo sexual do Brasil e imagina que somos o país mais liberto e libertino da América. Mas, leve engano, pura hipocrisia, pode olhar, mas não pode tocar, pode tocar mas não pode comer. Deu? Tá rodada, minha amiga, não serve pra casar. Aliás o que é rodada, né, uma menina que fez sexo com 10 homens diferentes durante toda a vida, ou outra que faz todos os dias com o mesmo homem? A segunda pode ser bem mais experiente, mas a primeira vai ter um comportamento que não é "socialmente aceito". Os preconceitos mais antigos da história do machismo. 

Uma das coisas mais estúpidas que já escutei com relação a homens saiu mais ou menos assim: "cuidado com os homens, eles só querem se aproveitar de você, depois do sexo, te dispensam".

"Eles só querem se aproveitar" - ãh? E a mulher quer o quê?
"Depois do sexo, te dispensam" - minha amiga, se o cara te dispensou depois de ter feito sexo com ele por esse específico motivo, que assim seja, já vai tarde. Um homem que valoriza uma mulher pela sua virgindade ou pela sua resumida experiência sexual é um ignorante que não merece a sua companhia. Simples assim. Se o cara não consegue ver a mulher/ser humano por trás da vagina, faça o que tem de ser feito e dispense o neandertal.

O pior de tudo é que acreditei nessas bobagens quando era nova e perdi inúmeras oportunidades de sentir prazer, explorando o meu corpo e o de belos homens com quem fiquei. Muitas vezes pensei: não posso, não quero virar menina de uma noite, o que meus pais pensariam,...Deus está vendo.... e por aí vai a neura. O sentimento de culpa demorou para sumir e agora desejaria que ele jamais tivesse existido, e tudo teria sido mais leve, descomplicado e prazeroso, como sexo deve ser.

É engraçado porque é nítida a diferença na educação de meninas e de meninos com relação ao sexo. Para o homem experiência sexual vasta é motivo de orgulho, para a mulher pode ser sinônimo de depravação. E como se muda essa percepção? Quem deseja toda essa repressão para as mulheres? Homens machistas se sentem muito mal na presença de mulheres bem resolvidas sexualmente. É uma situação com a qual não estão habituados. Eles desejam mulheres frágeis, vulneráveis, sensíveis, inexperientes para que possam exercer sua dominação mais facilmente.
Mas os tempos são outros.
Vamos aprender a lidar com mulheres que sabem o que querem, dizem o que querem, tem controle sobre sua vida sexual e usam seus corpos e dos parceiros para o seu prazer.  

Eu não desejaria que ninguém casasse virgem, pelo contrário, torço para que o sexo seja cada vez menos tema tabu e seja encarado mais naturalmente. 
Sem "santas ou putas, apenas livres". 
(Frase retirada de cartaz da marcha das vadias, um grupo que luta por igualdade de direitos - tema para outro post).

quarta-feira, 19 de junho de 2013

"Quando a zona tá demais, conquistam-se direitos assim, no grito."

Fonte imagem

POR FERNANDA M. POMPERMAIER

E o gigante acordou.
Mas quando foi que ele dormiu?

Eu não vivi 29 anos num Brasil dormindo.
Vivi num país cheio de pessoas que lutam todos os dias para ter uma vida digna apesar das diversidades.
Vivi num país que buscava através do futebol, um patriotismo às vezes esquecido, alguns momentos de alegria, para alguns até sentido na vida.
Vivi num país com orgulho da sua música, da sua alegria, das suas poucas conquistas de direitos.
Vivi num país solidário, que pensa no outro, que divide, (em sua maioria).

Um país cheio de lutas mas também cheio de lutadores.

Esses protestos não surgiram do nada. Eles vêm de uma crescente. Eles são a expressão do saco cheio. Do desespero, da desesperança e ao mesmo tempo da esperança.
Foi demais.
Tudo foi demais.
Foi demais o descaso com a educação.
Foi demais o sucateamento dos hospitais.
Foram demais as notícias de corrupção, a impunidade, os impostos, o custo de vida, as tarifas de ônibus, a violência policial, a cura gay, a pec 37....
Esses protestos são o basta!

É ótimo que tenha sido iniciado com o MPL, mas não é mais só esse o motivo, desculpe-me Felipe.
Existem outras bandeiras junto e, é óbvio, que elas não sejam de partidos ou de reacionários. Que seja pelos direitos, que seja pacífica, e quer saber, eu entendo a opinião do Baço quando diz que protesto em jogo espanta turismo e faz mal para a imagem do Brasil lá fora, mas apóio. Infelizmente nós chegamos nesse nível, Baço. Abaixos assinados não resolvem, protestos com pequenos grupos não resolvem. Quando a classe média vai a um jogo pagando centenas de dinheiros e vaia a presidenta é porque algo vai realmente mal no país. É isso que está sendo mostrado, e que seja! Nós queremos um país bom pra turismo? Queremos sim. Mas especialmente queremos um Brasil para os brasileiros. E eu até tenho simpatia pela Dilma, não desejo impeachment de forma alguma. Até porque, muitas vezes muda-se a mosca, mas a merda fica. Tem muita gente pensando em benefício próprio no congresso, gente atrasada e preconceituosa. É pra essas o recado. Não subestimem mais o povo porque tudo tem limite.

No Tibet monges ateiam fogo aos seus próprios corpos pela libertação do seu povo. Não precisa ir tão longe, mas precisa sim ter coragem de incomodar. E em rede internacional se for preciso. E
olha que a imagem do Brasil aqui fora não está nem tão ruim quanto é na realidade. Desse lado pelo menos da Europa existe uma visão bem romântica do Brasil, da bossa nova, do carnaval, das praias, as pessoas nem imaginam o caos em que vivemos. Eu, em Joinville, fui assaltada 3 vezes à mão armada, tive o apartamento arrombado e nem sei quantas vezes levaram o som do carro. Isso não é normal.
Não é jeito de se viver.
Quando a zona tá demais, conquistam-se direitos assim, no grito. Infelizmente não conseguimos contar com o bom senso de quem está à nossa frente tomando decisões.

Repudio qualquer um que queira desmerecer os protestos. Dizer que demorou, que os motivos não estão certos, que isso não vai dar em nada.
Vai dar sim. Foi assim com as diretas já, foi assim para acabar com a ditadura. Se tem 1/2 dúzia de vândalos, se tem gente que está indo na onda, se tem alguns reaças infiltrados... nada deslegitima as manifestações, a revolta, a ação!

Cada vez que leio sobre os protestos ou assisto as passeatas, meu coração acelera, fico arrepiada, não consigo conter o choro, queria estar junto. Sofri muito assim que mudei por achar que estava dando as costas para as nossas lutas. Mas superei, vim ver o mundo sob outra perspectiva, aprender a viver e quem sabe levar isso de volta um dia. O Brasil está dentro de mim e isso nunca mudará e como eu, milhões de brasileiros que vivem fora (por inúmeros motivos) também demonstraram seu apoio. No fundo queremos todos o mesmo: um país melhor para todos. E isso se faz com investimento em educação, saúde, segurança, com respeito às diferenças, com bom senso.
É difícil se conter ao ver milhões de brasileiros nas ruas lutando por qualidade de vida e sendo alvejados por policiais coitados que não tem a menor noção do papel que estão cumprindo para manter o status quo.

Eu espero que o povo não páre. Que não sossegue enquanto não ver mudanças concretas.

Em Joinville inclusive e especialmente.
Temos muitas mudanças por fazer.
Toca o play e junte sua voz ao coro....

"Eu vejo a vida
Melhor no futuro
Eu vejo isso
Por cima de um muro
De hipocrisia
Que insiste
Em nos rodear

Eu vejo a vida
Mais clara e farta
Repleta de toda
Satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão

Eu quero crer
No amor numa boa
Que isso valha
Pra qualquer pessoa
Que realizar, a força
Que tem uma paixão

Eu vejo um novo
Começo de era
De gente fina
Elegante e sincera
Com habilidade
Pra dizer mais sim
Do que não, não, não

Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo
Que volte amor
Vamos viver tudo
Que há pra viver
Vamos nos permitir

sábado, 8 de junho de 2013

Cuidado! Você pode estar criando um estuprador!

POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Todo estuprador tem uma mãe. Um pai, às vezes irmãos, tios, primos... gente que os ensina que mulher é seu objeto de prazer. Que existe mulher para casar e mulher para abusar. 
Gente que ensina que não existe nenhum problema em pagar por sexo. Nenhum problema em "tentar comer" a amiga da irmã ou estuprar uma menina bêbada. Às vezes até acompanhado dos amigos, como se fosse uma brincadeira em grupo.

São estupradores!
São criminosos!
Merecem a cadeia e nada mais!

Semana passada uma menina que saía de uma boate de madrugada em Joinville recusou a carona do namorado (por qualquer motivo que não nos interessa). Ela não estava sóbria e foi estuprada por uma pessoa que passava na rua. O estuprador foi preso. (Texto do AN). Minha primeira reação foi ler os comentários dos leitores no face e, é óbvio, encontrei belas pérolas como:

1# A culpa foi do namorado - "muito bonito pro babaca que deixou ela sozinha.,
"e a cara do namorado agora ,deixou a guria sozinha meu deus".

Ou seja, eu, como mulher, frágil, sensível, violável, não devo, jamais, em hipótese alguma, andar desacompanhada à noite sem a companhia de um macho protetor. Não sou capaz de defender-me sozinha e provavelmente o fato de estar com o namorado me impediria de ser vítima de um crime. Sério? Mesmo? 

Para mim isso significa a privação do direito fundamental de ir e vir. Uma cidade falha quando não oferece às suas mulheres, ruas seguras para andar sozinha à noite. E nossa cultura falha quando acredita que para uma mulher estar segura ela precisa estar acompanhada de um homem. Super preconceito de gênero.

2# A culpa é da guria - "Isso é falta de responsabilidade! Enchem a cara e nao se cuidam." ,
"Uma eh q nao devia estar sozinha e outra q devia ta bem a guria! Vai saber!"

Agora vê lá: eu vou a uma boate me divertir. Bebo, é lógico, porque é líquido, se fosse sólido comê-lo-ia, (como diria Jânio Quadros). Volto para casa andando, não dirigindo, diga-se de passagem, responsabilidade. Não estou cometendo nenhum crime, sou estuprada e a culpa é minha. Tem lógica?

Oi, mas espera aí, mulher que gosta de beber? Não pode não. Mulher foi feita para ficar em casa, cuidar do marido e do filho, ir à igreja, sentar de pernas fechadas, falar baixo, não falar muito e ser bonita. Saiu do padrão? Está correndo o risco de ser rotulada como mulher "que não é para casar". Estamos em 1950?  Sim ou com certeza?

3# A luz no fim do túnel - "Mas é que realmente não vem ao caso, não temos que achar desculpas pro que ele fez. Não importa se ela estava sozinha, não importa se ela tinha bebido. Mesmo se ela estivesse completamente inconsciente, apagada, perdida no fim do mundo, ninguém deve procurar na vítima, motivos para a agressão do estuprador."

Aaahhhh, pausa para suspirar. Ainda existe esperança.

Devemos atacar o crime, o estuprador, o verdadeiro problema. Nunca as roupas da mulher, seu comportamento, sua sobriedade ou bebedeira. Nada dá motivos para uma mulher ser abusada. E por que tantos homens ainda pensam que tem esse direito? Porque somos machistas. Porque até nosso tom de voz muda quando falamos com meninos ou com meninas.

Para os meninos dizemos: "Está forte heim! Garanhão. Já tem namoradinha? Viu só, ele foi lá e agarrou, esse é o menino do papai!"
E assim criamos um menino que acha que é certo tratar mulher como objeto, pegar, amassar, mostrar pros amigos. Um tipo daqueles bem nojentos.

Para as meninas dizemos: "Olha, que fofinha que ela está. Uma gracinha, tão linda" (voz melosa) "Cuidado heim, papai, logo os gaviõezinhos estão em cima"
E imprimimos na menina um senso de fragilidade, delicadeza, apatia e passividade que não lhe são naturais, mas construídos socialmente. Ela aceita relacionamentos abusivos porque acha que esse é seu papel como mulher. Não consegue criar instrumentos para enfrentar situações  de poder e abaixa a cabeça no trabalho, na escola ou em casa.

Não é saudável não.
Vamos educar nossas meninas para serem fortes, para protestarem, para exigirem respeito. Para saberem que são capazes do que quiserem na vida sem a obrigação da beleza pela simples decoração de ambientes como muitas se vêem.

Vamos educar nossos meninos para respeitarem as mulheres como iguais à eles, sem essa necessidade de proteção ou esse desejo de apropriação. Dividindo tarefas domésticas, brincando de bonecas, experimentando uma vida adulta na qual o homem participa da vida familiar. 

Depende de todos nós mudar essa forma machista de pensar a nossa sociedade. 

Afinal de contas, os estupradores são educados por homens. E por mulheres.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

134 reais

Fonte. Clainete dos Santos, gaúcha, recebe o bolsa família.

POR  FERNANDA M. POMPERMAIER

Me envolvi ontem numa discussão desnecessária sobre a possibilidade de o Bolsa Família ter se tornado um "câncer" na sociedade brasileira por incentivar o conformismo e a preguiça. Existem realmente pessoas que acreditam que R$134,00 mensais por família, podem fazer com que as pessoas prefiram não trabalhar ou estudar e fiquem em casa sendo sustentadas pelos nossos impostos.

Eu disse que a discussão foi desnecessária porque nós não chegamos a lugar algum. O outro lado estava convencido demais. Existe um movimento da mídia nacional que deseja colocar a classe média (ou os não beneficiários) contra os beneficiários do programa. Chego a acreditar que essa possa ser a intenção da direita que considera que o voto dos beneficiários eles já não ganhariam, então vamos arrematar os de todos que não recebem colocando-os contra o governo e os pobres, ao mesmo tempo.
Pode ser apenas uma ilusão minha.

Vi um vídeo compartilhado em redes sociais, acompanhado do aplauso de muitos reacionários, no qual Raquel Sherazade no SBT fala sobre o velho "não dar o peixe, mas ensinar a pescar". Ela se referia ao recente boato de que o bolsa família estaria para acabar, o que fez com que milhares de pessoas corressem aos bancos e sacassem seus benefícios. A presidenta se referiu ao boato como maldoso e disse que o dinheiro do programa é sagrado. Eu nem sempre concordo com a Dilma, mas nesse caso a admirei.
Sinceramente, considerar que uma família consiga viver, no Brasil, com 134 reais mensais é desumano. Como viveria uma família nessas condições?

Li recentemente que o salário mínimo no Brasil deveria ser de 2 mil reais considerando o custo de vida. Eu não acredito que uma família consiga viver com o mínimo de dignidade recebendo apenas 2 mil reais por mês. E sinceramente, se existem pessoas que se contentam com esse valor e não buscam algo mais significa que temos problemas ainda mais sérios. Problemas com os empregos formais, com os salários, com a educação, com a profissionalização e muito outros. E são esses problemas que a população (e a mídia) deveria atacar. Seja a classe média, baixa, alta, ou sei lá que casta, se é que essa divisão faz sentido.
Desejar a profissionalização dos beneficiários é uma coisa, atacar o programa como se ele fosse o culpado das mazelas é outra completamente diferente.
O programa é necessário e não cabe à nós julgar os motivos pelos quais uma pessoa chega ao ponto de usá-lo. Se ela não teve oportunidades, se é mãe solteira, se teve muitos filhos, se é órfão, está desmpregado, acabou de se separar... todos podemos passar por situações de dificuldades e um governo decente precisa oferecer esse auxílio emergencial aos seus cidadãos.
Álias, de acordo com o MDS 93% dos beneficiários são mulheres. 70%  trabalham mas não conseguem viver com a sua renda.

Achar que o governo oferece apenas o programa para por comida na mesa ou para ganhar votos e nada mais é uma idiotice e uma inverdade. Existem inúmeros programas educacionais associados e só o fato de ter baixado os índices de evasão escolar já são um mérito.

É lógico que o governo precisa fazer muito mais do que faz hoje com relação à educação. Certeza.
Mas se revoltar com essa merreca que é dada para milhões de pessoas que passavam fome, num país ainda com 14% de miseráveis (segundo a ONU) é maldade pura. Seria melhor que esse dinheiro tivesse ido parar nas contas do Maluf? Ou talvez na construção de algum estádio?  Melhor, podíamos usar para pagar os altos salários dos políticos que muito o merecem pelas expressivas contruibuições à nossa sociedade, (not).

Faça o teste. Olhe nos olhos das pessoas que recebem  o benefício e pense se realmente você considera que o programa deveria ser extinto: Fotos dos beneficiários.

PS.: Em tempos, o auxílio social na Suécia é de 8 mil coroas, aproximadamente 3500 reais e eles ainda pagam o aluguel do beneficiário. A maioria dos países que se prezam tem programas sociais. Isso é uma questão respeito ao ser humano.