POR CHRISTIAN
PAUL GILGEN
Por muito tempo, devido ao meu círculo de amizades e por acompanhar
os tradicionais veículos da mídia, baseava minhas opiniões sociais e
políticas no senso comum. Disseminava com voracidade aquele pensamento que
apenas um partido é responsável por toda corrupção e tudo que há de ruim em
nosso país. Eu era mais um cidadão com opinião formada pelos grandes veículos
da mídia. Depois de muito conversar, expor ideias e ouvir argumentos
contrários, comecei, lentamente, a abrir meus olhos e a observar alguns pontos
que, até pouco tempo, não dava atenção. Dei uma chance a mim mesmo para ver e
ouvir o outro lado da história.
Começava um processo que mudaria totalmente o meu jeito de pensar,
meu poder de análise e meu senso crítico. O primeiro passo para derrubar esta
limitação de visão política foi seguir veículos alternativos de mídia. Veículos
que não contam com grandes anunciantes, milhares de assinaturas de órgãos
públicos e nem concessões a poderosos grupos relacionados a políticos e barões
da mídia.
Cerca de 10 famílias controlam os "grandes” grupos de
comunicação em nosso país. Não há democratização destes meios; as concessões
são cedidas apenas a um seleto grupo que mantém relações comerciais e altamente
lucrativas com o poder dominante.
Segundo Noam Chomsky: “O
propósito da mídia não é de informar o que acontece, mas, de moldar a opinião
pública de acordo com a vontade do poder corporativo dominante.”
Então lhe pergunto: você acha que lê e assiste a pura transcrição
dos fatos? Você acha que as informações que consome diariamente não sofrem uma
forte influência pessoal, seja do profissional que a escreve, seja do editor
que muda e veta o que não convém com as crenças de seu empregador? Quem lembra
do recente caso “Podemos tirar se achar melhor.”?
Um retrato do posicionamento e obediência |
O que faz com que esses assuntos não sejam de conhecimento comum? Por que a população não se revolta e bate panela nesses casos? O que justifica esta impunidade e blindagem contra a indignação para as classes mais altas da sociedade? Será a falta de disseminação destas informações? Será o medo fomentado pelo lado lacaio do cidadão trabalhador? Ou será apenas a indignação seletiva?
O PODER DA PUBLICIDADE - Uma das mais claras relações entre o poder corporativo atrelado ao interesse financeiro e político é o investimento dos bancos em publicidade nos principais telejornais. Não falo apenas dos VT’s de 15 ou 30 segundos durante o intervalo comercial, mas também das maiores cotas de investimento, as cotas de apresentador. Talvez nós nunca tenhamos reparado, pois, trata-se de um breve momento antes do início, mas encontrei uma edição bem interessante que exemplifica perfeitamente meu ponto de vista: link
Você pode achar que é apenas publicidade, mas, na verdade é a principal maneira de manter todos estes telejornais bem calados quanto ao enriquecimento ilícito das instituições financeiras, que emprestam dinheiro ao Governo com juros abusivos e ilegais, que acabam por destruir nosso PIB. Não bastasse este massivo investimento publicitário, os bancos privados estão entre os maiores doadores de campanha dos partidos da “linha de frente”. Estes bancos doaram muitos milhões de reais aos candidatos: Aécio Neves, Dilma Roussef e Marina Silva, ou seja, aos candidatos que possuíam mais chances de vitória. Sendo assim qualquer um dos 3 candidatos que fosse eleito, estaria devendo (favores e benefícios) a estes bancos.
Os grupos de poder corporativo dominantes querem manter-se dominando e ditando as regras, gerenciando conteúdo e direcionando as pessoas. Por isso devemos lutar contra esses poderosos grupos. Para que o bem-estar social esteja acima do lucro das empresas. Para que todos tenhamos oportunidades, qualidade de vida, educação, saúde e direitos iguais, não dependendo de gênero, raça ou poder aquisitivo.
Dessa maneira, fica praticamente impossível o Governo combater o câncer da dívida pública, pois a grande mídia abafa este assunto, já que recebe muito dinheiro dos bancos, seus grandes anunciantes. Os próprios governantes elegeram-se utilizando do dinheiro destas instituições, o que torna inviável o ataque ao cerne da dívida. Já o povo, se continuar alienado aos grandes telejornais, jornais e veículos pertencentes aos barões da mídia, dificilmente saberá para onde vai a maior parte do nosso dinheiro, dificilmente saberá que existe uma mobilização que clama por uma auditoria nesses contratos bilionários e ilegais.
A hipocrisia ganha ainda mais força quando a mídia deveria, caso fosse imparcial como diz, noticiar contra si mesma, quando deveria cortar a própria carne. Por que a Rede Globo omite categoricamente que teve seu maior crescimento durante o regime militar? Por que não citou os nomes dos envolvidos no escândalo do “Suiçalão”? Será que foi pelo fato da viúva do Roberto Marinho constar nesta lista? Estes fatos não geram uma enorme dúvida sobre a credibilidade do que ela transmite?
Então eu lhe pergunto: de que maneira teremos contato com informações que fogem desse direcionamento que esse poderoso grupo quer que nós tenhamos?
A resposta é simples: precisamos expandir as nossas fontes de informações. Não é necessário criarmos aversão a estes tradicionais veículos, basta inserirmos novas visões em nosso leque diário de notícias. A praticidade da internet nos dá liberdade para isso. Nós controlamos o que vemos e o que absorvemos. Isso fará com que nós possamos desenvolver um senso crítico mais apurado e não apenas sejamos replicadores de conteúdo moldado ao senso comum.
Precisamos de mais informações, de diversas fontes, com diversos posicionamentos. Precisamos combater este direcionamento descarado ao qual nos tentam todos os dias. Liberte-se da limitação da grande mídia. Use sua inteligência e sua capacidade intelectual para questionar o que lhe é mostrado, busque mais fontes e novos pontos de vista acerca de um fato, pois cada um conta a história do seu jeito; e com base nas versões dessa história você será capaz de moldar sua opinião.