domingo, 30 de outubro de 2011

Uma reflexão sobre PICHAÇÃO


POR FELIPE SILVEIRA

Aguardado com expectativa pela população joinvilense, o Parque da Cidade, semana passada, foi notícia nos jornais por ter a pista de skate pichada. Os comentários nas redes sociais, especialmente no twitter, e o título da matéria no jornal A Notícia (“Parque da Cidade sofre vandalismo antes mesmo de inauguração em Joinville”) me chamaram a atenção.

Fiquei um pouco incomodado com a ideia sobre pichação e comecei a questionar se o ato era mesmo um ato de vandalismo. Sem querer discutir o conceito jurídico, quero lançar novos olhares sobre o fenômeno social que é a pichação. Adianto que não sei quase nada sobre o assunto, mas que me senti incomodado com o olhar tão superficial sobre a questão e desejo fazer, junto com vocês, uma reflexão sobre o assunto.

Outra ressalva importante, antes de continuar: eu sei que grafite e pichação são coisas diferentes e que um já é (nem sempre foi) tratado como arte e o outro é considerado vandalismo. Apesar de eu achar que isso simplifica demais a questão e ter minhas desconfianças, gostaria de pedir que não reduzissem o debate a isso.

A pichação, no meu entendimento, é uma resposta dada por excluídos a uma realidade de desigualdades sociais. Pelo que sei, a pichação consiste na assinatura do pichador ou do grupo ao qual pertence. Ou seja, é uma disputa social. Isso ficou mais claro quando vi um trecho do documentário “Luz, câmera, pichação”, de Gustavo Coelho, Marcelo Guerra e Bruno Caetano. Veja o trailer:


Ao ver o vídeo, a gente começa a entender o que significa, para essas pessoas, a cultura da pichação. Ou melhor, começa a entender que é uma cultura (no sentido mais amplo da palavra, que é um conceito que muita gente tem dificuldade pra entender).

Mas clareza mesmo sobre a razão que motiva os pichadores, algo que eu já tinha a impressão, eu tive ao ler uma resenha sobre o documentário com o seguinte trecho: “quando se está confinado à margem, dentro de qualquer coisa que chamamos de classes menos favorecidas, pobres, miseráveis ou favelados, ser um autor pode ser tudo o que se tem. As assinaturas das pichações, que nos últimos 20 anos foram se tornando cada vez mais estilizadas e aprimoradas a ponto de se tornarem ilegíveis ou incompreensíveis para quem não é do meio, ou melhor, da família, são uma forma de registro histórico, de identidade, e auto-estima.”

Para mim, antes de chamar de vândalo, vagabundo, é importante entender o que motiva a pichação. Para algumas pessoas, isso nem faz diferença. Uma conhecida minha, integrante do Coletivo Chá, explicou mais ou menos assim: se alguma coisa está na rua, ela vai sofrer intervenção da rua. Meu amigo Ivan Rocha, ligado ao movimento hip hop, também disse algo parecido no twitter: “Os caras fazem uma pista de skate e não querem que tenha arte urbana? muro unicolor não combina com esportes radicais”. Ou outro, ele diz: “De modo geral eu não curto pichação pq é só divulgação do próprio nome mas numa pista de skate não da pra reclamar”.

Na minha opinião, a pichação torna a cidade mais feia. Eu não gosto, mas me incomodo com o olhar conservador que é o mais comum. Eu percebo que ela é muito mais comum onde a desigualdade é maior, onde a falta de oportunidade é maior, onde falta educação, cultura, esporte e lazer. Esse é um exercício legal para as pessoas que viajam bastante: fazer essa relação entre desigualdade social e quantidade de pichação.

Uma última ressalva: sei que tem muito playboy que gosta de pichar. Para mim, isso não faz diferença. Assim como o hip hop, muitas culturas que nascem nas periferias são incorporadas pela classe média. Às vezes, elas são “estupradas”, outras não. De qualquer forma, esse é o movimento da cultura.

Para finalizar, um momento jabá, mas que também serve ao debate. No primeiro semestre, eu e o amigo Bruno Isidoro, com orientação do professor Léo Diniz, fizemos o documentário “Coletivo Chá: um olhar sobre a arte urbana em Joinville”. Não tem a ver exatamente com pichação, mas já que estamos falando de arte urbana, aí vai mais um olhar.

A saúde de Lula é alvo de oportunismos


MARIA ELISA MÁXIMO

Tem coisas que precisam ser comentadas no ato, como esta campanha absurda que estão levantando em torno da saúde do ex-presidente Lula. Por isso, vou tentar juntar aqui um pouco do tenho tenho lido e escrito nas redes digitais, em especial no Facebook, como uma tentativa de fomentar e aprofundar o debate.

Ontem, logo após ter me supreendido com a notícia do câncer de Lula, não poderia imaginar que a surpresa maior ainda estava por vir. Horas depois, vários amigos, familiares e conhecidos multiplicavam uma campanha estampada com a imagem do ex-presidente: Lula, faça o tratamento pelo SUS! Eram muitas postagens, inúmeras, e aumentavam a cada atualização de página. A pergunta que não calava era: mas porque diabos o Lula deveria fazer seu tratamento pelo SUS? Pra "sentir na pele" a precariedade do atendimento? Mas, afinal, se há problemas no SUS, estes são de responsabilidade do Lula? Seja o que for, a campanha é uma ironia? Inacreditável, simplesmente. Mas, pra além do teor lamentável da tal campanha, mais indignante ainda era a superficialidade das pessoas que a compartilhavam: apenas repassavam, sem nenhum traço de reflexão, sem a mínima discussão, sem argumento. Meus questionamentos não cessavam: quantos desses que dissipam este tipo de campanha são realmente usuários do SUS? Pela minha intuição, imagino serem poucos. Mas então, com que fundamento criticam? Quanto mais eu me questionava, mais eu concluia que tratava-se de uma crítica gratuita, rasa, parasita, que, de tão perversa, aproveitava-se de um momento difícil na vida do ex-presidente para vociferar insultos contra ele e seu governo (consideremos, ainda, que criticar o Lula, nas mentes rasas, é o mesmo que criticar o governo Dilma).

Expressei minha reação e, ufa!, foram muitos os comentários de apoio. Junto comigo, começaram a surgir, pouco a pouco, outras postagens críticas à campanha, o que transformou minha timeline num verdadeiro front de batalha. Sim, opiniões fundamentadas em argumentos demoram mais a aparecerem, porque exigem tempo de maturação e prudência para serem formuladas. Já a crítica pela crítica pode se alastrar instantaneamente, não precisa de tempo. De qualquer modo, poucos se abriram ao debate. De todos os meus conhecidos que compartilharam a campanha, apenas um deles, me chamou para o debate e expôs seus argumentos. Os demais, mantiveram-se reclusos aos seus ressentimentos, vendidos ao discurso da mídia oficial que não conta tempo para exibir reportagens sensacionalistas, que exploram as pessoas nas filas, nas emergências, aguardando leitos ou atendimento. O que é bom, nunca é mostrado.

Ninguém ousa lembrar ou parar pra pensar que, hoje, o SUS realiza tratamento para portadores do HIV (e que grande parte dos pacientes soro positivo levam uma vida normal graças à distribuição gratuita do coquetel), realiza cirurgia bariátrica (redução de estômago) em casos comprovados de obesidade mórbida, fora os tratamentos contra vários tipos de câncer, dentre tantos outros. Se o Lula tivesse que ser atendido pelo SUS, certamente não seria mal atendido. O fato é que ele não precisa e, aliás, é bem provável que grande hospitais particulares disputem por realizar gratutiamente o tratamento de um ex-presidente com a popularidade de Lula, pois é publicidade para eles.

Em meio a este debate, eis que hoje de manhã nos deparamos, na MegaPix, com a exibição do documentário Sicko, do genial Michael Moore. Ele adentra as profundezas do sistema de saúde estadunidense e mostra a podridão que permeia as políticas de saúde do país geralmente apontado como referência de modernidade e avanços. Corrupção, descaso, maus tratos... No contraponto, busca entender de dentro a realidade de sistemas universais como o do Canadá, da Grã Bretanha, da França, de Cuba, onde todos (inclusive estrangeiros, imigrantes) têm acesso gratuito a todo, todo tipo de tratamento: das pequenas suturas às grandes e complexas cirurgias. Fazendo as devidas ressalvas relativas às especificidades da realidade brasileira, marcada por profundas diferenças sociais e por uma extensão territorial e densidade populacional incomparáveis às dos outros países, estamos, com o SUS, muito "bem na foto".

Talvez, o que mais esteja faltando para melhorar é, mais do que qualquer coisa, a crença da população brasileira no SUS. O SUS, garantido pela Constituição de 1988, é uma conquista dos movimentos populares e sociais no Brasil pautada pelos princípios da universalidade, equidade e defesa de um Estado laico e verdadeiramente democrático. Antes de criticar o SUS, sem nem ao menos ser seu cliente, precisamos defender o SUS e, aí sim, reivindicar as melhorias necessárias participando mais efetivamente dos centros decisórios. Ficar em casa, apenas clicando no "curtir" ou "compartilhar" destas campanhas toscas não ajuda em nada a melhorarmos esse sistema. Espero que, um dia, as pessoas saibam aproveitar melhor o potencial multiplicador e a esfera de ação das redes sociais para dissipar o bom debate, crítico sempre, mas pautado por argumentos e pela troca inteligente de idéias.

sábado, 29 de outubro de 2011

A droga da criminalização

MARIA ELISA MÁXIMO

Em 2008, orientei um TCC em Jornalismo sobre os Mutantes. Sim, aquele grupo musical dos anos 60/70, que teve Rita Lee como uma das suas integrantes e que misturava ao rock e ao som estridente das guitarras uma série de outras referencias musicais, sob forte influência do Tropicalismo. Como todos sabem, os Mutantes faziam um som psicodélico, "inspirados", talvez, pelo consumo significativo de LSD.

A orientação deste trabalho perfaz uma das lembranças mais marcantes da minha carreira docente, pois lembro do quanto "briguei" com a visão conservadora do aluno a respeito das drogas e do seu uso. Para analisar o consumo de LSD pelos Mutantes, o aluno recorria a discursos oficiais da polícia, por exemplo, para chegar à conclusão de que teriam sido as drogas as responsáveis pelo fim do grupo. Do outro lado, eu insistia na possibilidade de pensarmos o uso de drogas, em especial do LSD, como o motor criativo do grupo e, mais do que isso, como uma forma de resistência. Afinal, estávamos falando de um dos períodos políticos mais complexos que o país vivia. Os Mutantes integravam, nesse sentido, a contracultura brasileira, e o uso de drogas, pra mim, não deixava de ser um caminho de se colocar na contra-mão do sistema conservador que minava, principalmente, a liberdade de expressão e de ação das pessoas.

A despeito de minha insistência em promover uma visão mais crítica do aluno, ele manteve seu ponto de vista. O trabalho foi entregue e encaminhado à banca e, como eu já esperava, foi fortemente contestado. Entre outros aspectos frágeis do texto e da análise, um dos pontos bastante criticado foi a maneira como o aluno pensava o papel das drogas na produção artística do grupo. Mas, mesmo diante das críticas, o aluno não apenas se manteve em sua posição, como a reforçou. Foi reprovado em banca, pelo conjunto de problemas que o trabalho apresentava.

Trago este fato à tona porque creio que ele seja ilustrativo do senso-comum que existe sobre o uso de drogas atualmente, inclusive nas gerações mais jovens, universitárias, que são frequentemente expostas a pontos de vista mais diversificados e alternativos a respeito de assuntos polêmicos. Em geral, as pessoas fincam raízes no caminho mais fácil: droga é uma droga, e ponto. Esta semana recebi a visita de um rapaz que pedia ajuda a uma casa de recuperação de dependentes químicos aqui de Joinville. Ele pedia R$10 por um kit com saco de lixo, esponja, grampos de roupa e um adesivo da entidade. No adesivo, o slogan: Diga não às drogas! Crime nem pensar. Verdadeiramente não compensa! Mais uma vez me surpreendeu o fato de que até mesmo aqueles que são vítimas do sistema punitivo, usam o discurso desse sistema para passar sua mensagem: usando drogas, você será um criminoso e isso "verdadeiramente não compensa". Estranho, não?

Vale pensarmos um pouco sobre a serventia desse sistema punitivo, que tudo criminaliza (o que retoma, em parte, nosso debate sobre o aborto, iniciado aqui no Chuva Ácida). Um texto interessante do Ilanud (Instituto latino americano das nações unidas para a prevenção do delito e tratamento do delinquente), publicado no Promenino, levanta algumas questões sobre o impacto da criminalização das drogas sobre os índices de delinquência juvenil. E, dentre outras coisas, o texto procura mostrar como os mecanismos de controle e de repressão são seletivos, servindo à manutenção das desigualdades sociais: enquanto jovens das classes sociais mais favorecidas, flagrados como consumidores de drogas, dificilmente chegam às portas da justiça, jovens pobres são facilmente criminalizados pela via do tráfico de entorpecentes, como traficantes ou auxiliares do tráfico, e raramente como apenas consumidores. Esta diferença no tratamento de jovens "ricos" e "pobres" ou, mais especificamente, entre brancos e negros, no âmbito do consumo de drogas, é exaustivamente discutida por Vera Malaguti Batista, no livro Difíceis ganhos fáceis: drogas e juventude pobre no RJ (Editora Revan, 2003). A obra é recomendadíssima para quem deseja aprofundar-se na reflexão crítica sobre o tema.

À criminalização somam-se outras medidas radicais, que implicam em reclusão, como a internação compulsória, em prática no Rio de Janeiro desde maio deste ano como parte das políticas de "combate ao crack". Sobre esse assunto, a revista Caros Amigos deste mês trouxe uma entrevista com o psiquiátra Dartiu Xavier, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (Proad). Nesta entrevista, Xavier nos presenteia com um contraponto não apenas à criminalização, mas também ao próprio uso, sugerindo outras maneiras de ser ver a droga e seu uso, sobretudo ao falar da perspectiva da "redução de danos". Criticando severamente a prática da internação compulsória, Xavier alerta para a perversidade deste tipo de política, que recorre ao modelo carcerário, dos grandes hospícios, e acaba sendo ineficaz em termos terapêuticos. No final das contas, acaba servindo a propósitos higienistas, de "limpeza" urbana. Segundo ele,
existe uma lógica muito perversa da internação compulsória que atribui a situação de miséria e de rua à droga, quando, na realidade, a droga não é causa daquilo, ela é consequência. Acredito que o trabalho feito nas ruas, nas cracolândias e com crianças de rua deveria ser no sentido de resgate de cidadania, moradia, educação, saúde (XAVIER, 2011, p. 16).

Xavier relativiza a relação entre o consumo de drogas e a dependência química, afirmando que, para o alcool e a maconha, por exemplo, menos de 10% dos usuários se tornam dependentes, enquanto que para o crack a porcentagem de dependência é de 20% a 25% dentre os consumidores. Os demais permanecem no padrão do consumo "recracional"; são pessoas que trabalham, são produtivas, têm família. E, nesse sentido, ele tenta desconstruir a associação entre uso de drogas e perda da noção de realidade (associação esta que, muitas vezes, justifica a internação forçada). Enfim, não se trata de querer minimizar o problema das drogas, mas de vê-lo sob outros ângulos que não o do senso-comum, do caminho mais fácil e, principalmente, da criminalização e da repressão. Até mesmo porque não se pode excluir os próprios consumidores como informantes privilegiados na elaboração de políticas públicas relativas à prevenção, ao tratamento, desintoxicação, ressocialização, etc. Eu não tenho dúvidas de que a criminalização não é o caminho e acho importantes os movimentos que emergem, atualmente, contra isso. É claro que a descriminalização do uso deverá, num futuro ideal, vir acompanhada de políticas sócioeducativas e de formas de controle da comercialização, mas este é ponto pra outro debate.

O Twitter está bombando

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Polícia norte-americana endurece com manifestantes

POR ET BARTHES


Está muito mal a civilização quando o país que representa a maior democracia do planeta começa a tratar manifestantes com bombas de efeito moral. A ação da polícia de Oakland, na California, nos Estados Unidos, foi marcada por excessos inadmissíveis. Um manifestante ficou ferido e os outros, na tentativa de prestar socorro, foram também alvo de granadas dissuasoras. Para o mundo, ficaram imagens que até hoje só eram vistas em países de terceiro mundo. Há algo de muito podre no reino do neoliberalismo.

Se enrolar numa cobra?

POR ET BARTHES

As imagens são antigas, mas mesmo assim não perdem o interesse. Se você tivesse que deixar o seu filho brincar com um animal doméstico, escolheria uma cobra python gigante com cinco metros de comprimento? E ainda deixaria a criança rolar com ela pelo chão? Pois esta família no Camboja acha natural ter o bicho em casa e brincando com o filho. E acha que dá sorte.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Prefeitura e a liberdade de expressão


Por JORDI CASTAN

Não é novidade. Alguns dos inquilinos atuais da Prefeitura Municipal não conseguem lidar bem com as críticas. Na verdade, algumas pessoas menos que as outras. É uma dificuldade manifesta em alguns setores e que se agrava pela total falta de maturidade e da prática de algo tão importante na sociedade democrática: o respeito pela liberdade de expressão.
É preciso maturidade para aceitar as opiniões contrárias, da mesma forma que se recebem os elogios dos áulicos. A dificuldade é tão manifesta que, não conseguindo refutar o argumento da crítica – nem sequer contra-argumentar ou mostrar o contraditório –, a prática mais comum é tentar desacreditar o crítico, o argumentum ad hominem. Tem até quem parta diretamente para o xingamento.

Ocupar cargos públicos exige outros predicados. Deveria prevalecer a competência antes da fidelidade partidária e, principalmente, o respeito aos direitos do cidadão que paga impostos. E, entre eles, o direito à liberdade da expressão. No atual governo municipal, o que separa “os homens dos meninos”, sem nenhum sexismo explícito na frase, é a capacidade para lidar com as críticas. Ter ataques chiliquentos pelos corredores do paço municipal é impróprio de quem tem por obrigação respeitar e servir o cidadão.
Toda administração pública tem que saber lidar com a crítica. E há de se reconhecer que nunca ficou tão fácil a crítica, tamanha a quantidade de trapalhadas, atitudes insensatas e desatinos produzidos.

Os críticos estão divididos em grupos: as viúvas das administrações anteriores, que choram a perda do poder e das suas benesses e que só esperam a oportunidade de voltar a ele. Do outro lado estão os que entendem que a cidade está regredindo, que há uma perda de qualidade tanto no dia a dia das pessoas como na forma como a coisa pública é tratada. Essas pessoas acreditam que as coisas podem e devem ser melhores do que são e as suas criticas vem acompanhadas de propostas e alternativas para melhorar.

Na democracia deve existir espaço para estimular o contraditório, o debate, a troca de idéias. Tanto uns como outros tem o direito e a obrigação de expressar as suas idéias e convicções, pois a decisão final caberá ao eleitor. As iniciativas do poder público de desacreditar os críticos acabam desacreditando também os elogios dos áulicos. Porque nem uns nem os outros não sobrevivem sem a liberdade de expressão.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Anonymous responde à Veja

POR ET BARTHES

E já que o tema liberdade de pensamento e de expressão está na ordem do dia, hoje o Chuva Ácida traz o manifesto do Anonymous (movimento em crescimento em todo o mundo), que pretende desmascarar a revista Veja. A publicação é acusada de tentar desacreditar os movimentos sociais em nome dos interesses da direita. “Já é de conhecimento público, até mesmo entre a sociedade menos informada, que a revista Veja é um instrumento de manipulação ideológica e política”, diz o vídeo.

Não é Carlito. É uma questão pessoal

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Um dia destes, ainda no calor da Operação Simbiose, que envolveu vários integrantes da administração pública, vi um twitt interessante do deputado Darci de Matos. Ele punha as coisas nos seguintes termos:
- Se a Polícia Federal investigar vai encontrar mais casos de corrupção na gestão Carlito.
Ah... volto a lembrar. A Operação Simbiose era, naquela altura, o prato forte da agenda midiática da cidade. E escrevi um texto a respeito, aqui mesmo no Chuva Ácida. Não sei se andei distraído, mas não vi qualquer reação da Prefeitura de Joinville às declarações do deputado.
Mas um dia destes, bastou um colunista do Chuva Ácida fazer um comentário mais corrosivo e pronto: lá vem uma ameaça de processo judicial. Hummm... deixem-me ver se eu entendi. Não seria um caso de dois pesos e duas medidas? Vale para um, não vale para outro? Não sei, mas tenho dúvidas de que isso esteja de acordo com procedimentos institucionais.
Mas a conclusão, à luz de um certo histórico, fica fácil. É um caso pessoal. Não vai além disso. É que os autores da ameaça de processo tem sido um alvo das críticas do colunista do Chuva Ácida. Aliás, não só no blog mas em outros veículos de comunicação. Portanto, a ameaça é um ataque ao analista crítico, no particular, e à liberdade de expressão, no geral.
E mais. Quem estiver atento às redes sociais sabe que um alto responsável do governo Carlito Merss (que esteve ligado ao IPPUJ até muito recentemente) produz uma espécie de cruzada contra a pessoa a quem chama “colunista girafa” (vejam a imagem dos twitts abaixo). E, por extensão, acaba por atingir os outros autores do blog.
Viram a imagem dos twitts? A obsessão desse senhor beira o que podemos chamar assédio moral. O colunista em questão tem ignorado as investidas, sou testemunha disso. Mas eu não preciso de paninhos quentes. Não aceito que um tipo qualquer – que não me conhece de lugar algum e não sabe da minha história – vá para uma rede social dizer que sou “anencéfalo” (vejam o primeiro twitt).
Portanto, já que estão a judicializar a liberdade de expressão, vou dar o meu veredito: é uma questão pessoal e uma conspiração de medíocres. Aliás, como já disse alguém (acho que Marx), a burocracia é um gigante operado por pigmeus. Ok... alguém pode argumentar: ele não está mais no IPPUJ. E eu contra-argumento: mas dá para acreditar que não ele exerce influência? É só reler os twitts.
E vou mais longe: não tenho dúvidas em afirmar que isso está a ser feito à revelia do prefeito. Eu conheço Carlito Merss desde os anos 80, quando o PT lutava para se formar e firmar. Sei que ele foi sempre um defensor acérrimo da liberdade de expressão. E só quem estava na política ativa nessa época sabe o valor que isso tem. Para um democrata a sério, a liberdade de expressão é inegociável.
Ao longo do tempo, Carlito construiu um forte capital político, a pulso e por mérito próprio. Isso ninguém lhe pode negar. Mas agora ele corre o risco de ter essa imagem manchada por funcionários públicos que, cegos por vendetas pessoais, preferem apagar fogo com gasolina.
Fatos: os amanuenses nada têm a perder. Mas Carlito tem. Mais do que a imagem, é a sua história que fica marcada.




Acabou o Stammtisch, é hora da AnonimosFest...


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O tema stammtisch não é a minha praia. Aliás, até tropeço na grafia da palavra. E, se vale o depoimento, a expressão "stammtisch" sequer existia no vocabulário da cidade há 17 anos, quando deixei Joinville. Nunca ouvi falar.

O meu primeiro contato aconteceu há poucos anos, quando fui convidado para um encontro. Achei legal. Mas eu sou fácil de agradar: se tem bebida e comida, eu gosto logo. Só houve um senão. Foi meio difícil engolir o fato de os caras se afirmarem alemães, mesmo sem nunca terem posto os pés na Alemanha. Ok... a cerveja gelada ajuda a engolir essas coisas.

Não sou um especialista em stammtisch, mas a comunicação é o meu habitat. E me dou a liberdade de analisar a repercussão do texto escrito pelo Felipe Silveira. Eu disse "a repercussão", não o texto em si. Mais para falar nos excessos de alguns "anônimos", que emparedaram a discussão com posições claramente terceiro-mundistas. Nunca se sabe o que esperar de pessoas que se escondem por trás do anonimato.

Para começar, deixo aqui um estatement. O texto do Felipe tem um bom insight. É uma abordagem criativa, que foge ao blablablá comum. E, independente do teor, só isso já indicia um bom profissional de jornalismo. Hoje em dia, em qualquer profissão, a criatividade é o grande diferencial.

E por falar nisso, eis a minha primeira referência aos anônimos. Houve um deles que, em tom de ironia, chamou o Felipe de menino estudante. Mas isso diminui alguém? Não. Aliás, a importância que se dá ao diploma é uma das maiores tolices da pequena burguesia do patropi.

É claro que o diploma é importante (estudar é bem mais, claro). Mas o diploma não é uma divindade a ser venerada. Nem pode ser usado como uma afirmação de classe. Não sei se ajuda a entender, mas eu dei aulas numa das maiores universidades da Europa e nunca tive que mostrar um único canudo. Simples. Os caras conheciam o meu trabalho. E o portfólio fala por si.

Outra coisa que arrepia os neurônios é quando aparece alguém a tentar desqualificar o autor do texto com o argumento de que ele é comunista ou socialista. Meus amigos e amigas, vamos deixar isso bem claro. Ser socialista ou comunista só é defeito para quem não evoluiu do estado mental dos anos de chumbo. Ei... e isso foi no século passado e tinha o nome de ditadura. No mundo civilizado e democrático, ser socialista ou comunista significa apenas uma coisa: ter uma posição política que deve ser respeitada. Simples. Não vale como argumento.

Aborrecida também é a paulocoelhização da opinião do anônimo. Tem gente que toma o autor do texto por um pobre coitado e, numa dica de auto-ajuda, afirma que se ele deixar de ser invejoso, a vida começa a correr bem. Inveja? Mas que raios leva a pessoa a imaginar que ser bem sucedido é ter um carrão e roupas de marca? Ou que isso provoca inveja em todo mundo? Ah... Baudrillard explica.

Enfim, há muitos anônimos. E entre eles muitos intolerantes. Tantos que dava para fechar a Visconde e fazer uma AnonimosFest. O problema é que tinha que ser um baile de máscaras, porque essa gente não gosta de mostrar a cara.
Para terminar, ficam dois registros.

1. Há muitos comentários que estão de acordo com a proposta do Chuva Ácida. Sérios, ponderados, propositivos e sem ofensas pessoais. Esses são sempre bem-vindos.

2. Ah... e eu uso Nike. Mas não uso Tommy, porque na Europa é roupa de gente brega. Sinto muito se é uma má notícia.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Integrantes do governo Carlito Merss ameaçam processar integrante do Chuva Ácida por não concordarem com crítica

POR COLETIVO CHUVA ÁCIDA

Foi mais rápido do que pensávamos. O Chuva Ácida não completou sequer um mês de existência e já há uma tentativa de silenciamento. O mais surpreendente, no entanto, é que a ameaça vem do governo Carlito Merss, do Partido dos Trabalhadores. Não eram eles os intransigentes defensores da liberdade de expressão?

Um dos integrantes do coletivo Chuva Ácida recebeu um e-mail de um dos órgãos da Prefeitura (Ippuj) com uma ameaça de processo judicial. O crime? Dar a sua opinião. Ou seja, estamos à frente de um caso de delito de opinião. Parece que o conceito de liberdade de expressão ainda não chegou ao corredores do paço municipal. E aos poucos as máscaras vão caindo. Afinal, parece que eles não são tão democráticos.

Neste momento, Carlito Merss está na Europa a ver como as coisas são feitas. Seria recomendável que também prestasse atenção ao conceito de democracia, mais maduro no Velho Mundo. E depois devia partilhar a experiência com os seus assessores mais diretos, que parecem não entender o que é o espírito republicano.

Como se não bastassem os altos índices de reprovação no aspecto administrativo, o Governo Carlito Merss agora também põe em xeque o pouco capital político que lhe resta, pois tal atitude projeta uma imagem de antidemocrático, autoritário e contra a liberdade. A oposição agradece. Assim, as chances de reeleição se esvaem.

Para muitos, Carlito está cercado de pessoas com pouca preparação para os cargos que exercem. E o ataque direto a este blog parece ser uma prova disso. O caminho de pessoas habituadas à democracia seria exercer direito ao contraditório. Mas os assessores diretos de Carlito Merss, que parecem tomados por uma febre de autoritarismo, preferem seguir o caminho da retaliação.

O episódio mostra um fato inequívoco. No poder, o Partido dos Trabalhadores não parece ser diferente dos outros. E recorre aos mesmos métodos de tempos passados no Brasil, quando os coronéis políticos pediam a cabeça dos seus desafetos. É uma situação muito semelhante. Aliás, judicializar a liberdade de expressão é uma das marcas dos regimes autoritários.

O Chuva Ácida surgiu com uma proposta clara: um blog de opinião feito por pessoas sem rabo preso com o poder. E sabíamos que seria um caminho difícil, uma vez que ainda há muita gente pouco habituada ao debate quotidiano e a uma efetiva liberdade de expressão.

Mas o exemplo vem de cima. E se os governantes de Joinville são os primeiros a desconsiderar a liberdade de expressão, então ainda há muito por fazer. Mas o Chuva Ácida estará aqui para abrir o caminho que leva à democratização da opinião na blogosfera joinvilense. Podem contar com isso.

E fica um aviso. Olhem para o número de pessoas que já acederam a este blog. Porque uma coisa podemos garantir: são pessoas (e eleitores) que certamente acreditam na liberdade de expressão. Sem ferrolhos.

A casa, o trabalho, a rua e o Stammtisch na Visconde de Taunay

POR CHARLES HENRIQUE

Ontem me deparei com uma ótima discussão promovida pelo Felipe Silveira aqui no Chuva Ácida. O Felipe foi no cerne da proposta inicial deste blog, e escancarou sua opinião sobre a Visconde de Taunay, o Stammtisch, e a “bolha”. Pra quem não leu, recomendo ler o texto dele (e os comentários) antes de continuar a leitura do meu. Não que eu siga a mesma linha, mas serve para ampliar e qualificar mais ainda o debate.

Estive sábado lá na Visconde de Taunay participando do Stammtisch (fui o organizador da barraca dos Twitteiros de Joinville) e claro, como um bom cientista social, estava numa observação participante. E após ficar processando as situações que presenciei, juntando com as características da cidade, vou usar-me um pouco das idéias do brilhante antropólogo Roberto daMatta, principalmente as contidas no livro “A Casa e a Rua”. Nesta obra, o autor conta como as pessoas convivem com suas moradias, e quais as relações que elas tem com a rua, com o “mundo exterior” a casa. Os padrões de comportamento são completamente diferentes.

Ainda segundo daMatta, a rua é o lugar do anonimato, do impessoal, onde não há espaço para elos mais especializados. Mas, devido à estratificação do trabalho (uns ganham mais que os outros) algumas ruas tornam-se lugares para manter o status dos freqüentadores, seja lá para quem for, mesmo que para o desconhecido. O que importa é mostrar que “tenho” e que “ganho mais que você”. A rua vira uma “entidade moral”, lugar de “domínios culturais institucionalizados” capazes de despertar “imagens esteticamente emolduradas” pela mídia e pelo marketing das marcas ou dos produtos que “poucos podem ter”. Tudo isso esteve presente no Stammtisch de sábado.

A Visconde de Taunay com seus bares é um lugar perfeito para quebrar a impessoalidade que a rua tem. Por ter se tornado um point, principalmente dos mais jovens, a necessidade de mostrar-se e manter-se “emoldurado” para os contatos que lá estarão é evidente e necessário. É só uma parte de Joinville! No Iate Clube é assim, no Golf Club e muitos outros lugares. Até em lugares menos “prestigiados” pela classe média (ou a falsa classe média) é assim. Cada grupo social tem seu “point”. Uns são mais evidentes que os outros, dependendo do ponto de vista de quem observa. Na Visconde é explícito justamente por estar a céu aberto, ou seja, na rua.

O erro que não podemos cometer é associar Stammtisch à Visconde. O Stammtisch da Visconde está desconfigurado, virou uma feira de empresas e um ambiente extremamente segregado, muito diferente de um “encontro de amigos”. Quem já foi no Stammtisch de Pirabeiraba sabe do que estou falando. É um clima muito diferente. Outro detalhe que devemos prestar atenção é que cada vez mais as pessoas tem atitudes na rua que nunca teriam em suas casas, principalmente nos lugares de reprodução da imagem, como na Visconde de Taunay (em casa temos o sentimento de comunhão; na rua, competição). O que representa hoje a ‘Via Gastronômica’, a Avenida Getúlio Vargas já representou nos anos de 1910, por exemplo. Mudam-se os nomes, mas as atitudes parecem ter o mesmo padrão.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A bolha


POR FELIPE SILVEIRA

Em Joinville há uma bolha. Uma bolha social. A teoria é do meu amigo Ronaldo Santos, mas eu concordo plenamente e assino embaixo. Tem muita gente nessa bolha joinvilense. E elas vivem lá, dentro da bolha, distantes da realidade, com a percepção distorcida, interagindo apenas com as pessoas da bolha. Neste texto vamos falar de algumas características desse “fenômeno social” e espero que me digam o que acham.

A bolha é a classe média, mas não somente. Um lugar interessantíssimo para observar a bolha é o Stammtisch que ocorreu neste sábado (22) na Via Gastronômica. Aliás, a Via Gastronômica é o QG da bolha.

Não tenho absolutamente nada contra o stammtisch, muito menos contra a Via Gastronômica. Inclusive, quando posso (nunca), vou lá tomar um chopinho. A ideia do stammtisch, expressão alemã que significa “encontro de amigos”, em português, é muito legal. Grupos de amigos montam barracas (cada grupo monta uma) e lá tomam chope, assam carne e oferecem petiscos. Todo mundo confraterniza. Realmente, um encontro de amigos.

Mas o interessante do stammtisch da Via Gastronômica é que toda a bolha estava lá. E tuitando que estavam lá, claro. Imagina que feio não ser visto no maior evento da bolha e nem registrar o momento?!

É fácil reconhecer alguém da bolha. Eles andam uniformizados. Homens com camisa da Tommy Hilfiger (ou similar. Mas, se você é da bolha, corra comprar uma. É feio usar similar), bermuda (jeans, de preferência) e relógio estilo Fausto Silva. Sapatênis (ultrapassado) ou tênis Nike. Bonés são opcionais. Não importa qual seja a época ou o ano, eles estão sempre assim.

Já as mulheres, claro, acompanham a moda. Ano passado todas usavam aquele shorts com bolso aparecendo (imagina se o bolso era feito de lixo hospitalar? A “bolhana” teria um troço). Relógio gigante e dourado é item básico deste ano, assim como as duas ou três correntes de tamanhos diferentes usadas ao mesmo tempo. A única coisa que não muda é o tamanho dos óculos: gigante sempre. E, pra finalizar, maquiagem quase pra noite. Todas lindas, inclusive as feias.

O problema da bolha joinvilense, no entanto, não é o vestuário. O problema da bolha é a influência que ela tem sobre ela mesma. As pessoas da bolha sabem que existe uma grande Joinville fora dela, mas para elas não importa. Uma pessoa da bolha costuma falar muito dos seus amigos da bolha como referência e de trocar elogios com os seus iguais, mesmo que mal os conheçam. Por isso, o habitat natural da bolha é a coluna social.

A bolha detesta os problemas de Joinville. Por exemplo, a demora nas obras da Via Gastronômica. A bolha também adoraria melhorias nos bairros, como o América, o Saguaçu e o Atiradores. A bolha adora falar mal do prefeito Carlito, pois onde já se viu deixar uma cidade com tantos buracos?! (Não é uma defesa de Carlito, é apenas uma característica da bolha) E a bolha adora vestir a camisa do JEC e ir na Arena na fase boa! Ah, e a bolha tuita muito.

A bolha está aí, exercendo influência sobre os seus iguais. O que me preocupa é que a bolha está de olho na próxima eleição. E, se ganhar, vai querer governar para a bolha, achando que a bolha é o povo. Ainda bem que a bolha não tem força para eleger ninguém.

domingo, 23 de outubro de 2011

Deixem o meu, o seu, o nosso Batalhão em paz!





Uma das tantas discussões que escuto com frequência sobre Joinville é que o espaço do 62º Batalhão de Infantaria, em pleno coração da cidade, deveria ser um parque. Um Central Park. Um parque central para o joinvilense chamar de seu. Só mentes brilhantes defendem essa tese.

Está certo que o atual parque, que será inaugurado no próximo mês, está longe de ser um parque dos sonhos. Falta um detalhe crucial: árvores. Mas o que esperar do pai dos futuros parques somente ser inaugurado em pleno ano de 2011... Somente em 2011. Um parque. Pero no mucho.

Daqui a pouco volto ao tema Batalhão, mas antes é preciso fazer uma reflexão nem tanto profunda sobre os parques. O joinvilense nato, aquele da gema, nunca se preocupou muito com os tais parques, essa é a realidade. Isso é coisa de gente que veio de outros estados. Gente que sentiu falta de algo e começou a bater na tecla: os parques. Salutar discussão. Nem vou entrar no mérito das recreativas e coisa e tal.

E eu não sou contra parques. Preferia que Joinville tivesse praia. Até uma estrutura melhor na Vigorelli já valia. Ou que a cidade fosse voltada para a Babitonga com uma linda beira-mar para correr e se divertir. Não precisaria nem de parque. Mas construir uma praia não é fácil. Nem os dólares do Fonplata pagariam tal audácia deste fictício administrador.

Pois bem... Joinville perdeu uma bela chance de ter sua praça ou ainda poderá tê-la, no verdadeiro sentido de um Parque Central. A cidade perdeu há muitos anos a chance de ter um parque que poderia estar localizado no espaço onde hoje fica o Centreventos Cau Hansen e o Hipermercado Big. Aquela imensa quadra – se houvesse planejamento no passado – poderia ser um grande parque. Inclusive com um bom teatro no meio (teatro? Era pra ser ali, né? Mas isso é outra história. Baço e Jordi devem lembrar).

Imagine você um parque em plena Beira-rio. Iria ficar lindo, mas a cidade ainda tem uma chance do tal Central Park. O sociólogo Charles Henrique defende essa tese junto comigo. O terminal de ônibus sai do Centro e reforma ou derruba o ginásio Abel Schulz. Ali sim um grande corredor verde com espaço para feiras ao céu aberto, grandes shows, espelhos d’água... Coisa linda.

Mas não. O povo continua na defesa da extinção da quadra do 62º BI. Um parque ali é acabar com uma região. Deteriorar. Desvalorizar imóveis. Um parque é bonito. É útil pra sociedade, mas acabar com o 62º BI é um exercício de insanidade. Vejam vocês, hoje, madames, rapazes, atletas, gordinhos, gordinhas, bonitonas, todos podem fazer com tranquilidade seus exercícios na nova calçada do “Meu, do Seu, do Nosso Batalhão”. Tudo isso com segurança aos olhos vigilantes dos soldados. Se ali fosse um parque... segurança zero.

E pode ter certeza que junto com o parque viriam os aproveitadores, batedores de carteira, usuários de drogas e por aí vai. Daqui uns bons anos os joinvilenses abandonariam o parque e a região seria um bolsão para furtos e outros tipos violência. Pode acreditar.

O Batalhão precisa ser realmente nosso. Precisa abrir suas portas para a população. Precisa deixar as pessoas entrarem no local, fazer exercícios lá dentro, utilizar os equipamentos dos militares, jogar futebol, vôlei e basquete nas quadras. Ser um local de convívio mútuo, de integração, sem deixar de ser uma área militar.

O Batalhão é meu, seu, nosso. Está ali para garantir a segurança de todos nós e da pátria. O Exército brasileiro precisa abrir suas portas e deixar o encastelamento que remete para uma época sombria. Precisamos conhecer o Batalhão, orgulhar-se dele, conhecer a nossa história, o passado do nosso País. A quadra do 62º BI não precisa transformar-se em uma praça. Precisa sim é abrir as portas e ser tomados pelos joinvilenses.


Marco Aurélio Braga é jornalista

Acidente de Marco Simoncelli: imagens explícitas

POR ET BARTHES

O esporte motorizado faz mais uma vítima fatal. O italiano Marco Simoncelli, que corria pela Honda, morreu neste domingo num acidente no Grande Prêmio da Malásia, em Sepang. As imagens - explícitas - deste filme mostram a violência com que foi atingido. E ontem foi sepultado o piloto Dan Wheldon, que morreu domingo passado, num acidente no GPde Las Vegas de Fórmula Indy.


Sejamos razoáveis


Por JORDI CASTAN





UdoDohler Udo Döhler 
Defendo ciclovias,mas sejamos racionais:não se cruza a cidade para trabalhar de bicicleta. O uso deve ser estimulado no Centro e nos bairros


O pré-candidato Udo Dohler tuíta com regularidade. E as suas tuitadas permitem conhecer melhor as suas opiniões sobre Joinville e alguns dos seus problemas e soluções que para os mesmos propõe.


Imaginar que Joinville continuará dividida entre norte e sul é uma visão ultrapassada. As cidades competitivas estimulam outro tipo de lógica: que as pessoas possam morar, trabalhar, comprar, estudar - enfim, viver - sem necessidade de passar boa parte do tempo se deslocando de um ponto a outro.

Achar que bicicletas são destinadas ao lazer e que ciclovias devem ser destinadas a áreas limitadas da cidade é desconsiderar um ponto importante. Ou seja, a necessidade imperiosa de que as cidades disponham de uma rede integrada de ciclovias, que ofereçam segurança e permitam que as pessoas possam fazer da bicicleta uma opção real de transporte. Sem manter os preconceitos do passado, quando se acreditava que as pessoas morariam num extremo da cidade e as indústrias se instalariam no outro. A maioria de atividades econômicas, especialmente as relacionadas aos serviços e comércio, podem ser instaladas em quase todas as áreas em que não comprometam a qualidade de vida das pessoas que lá moram.

Seria recomendável que o pré-candidato fosse razoável e revisse os seus conceitos.

Todo mundo odeia Carlos Tevez

POR ET BARTHES

É a primeira vez, em muitos anos, que Manchester United e Manchester City jogam em posições que permitem pensar no título. Mas o jogo deste domingo acabou por ganhar uma animação extraordinária. Uma empresa decidiu convocar os torcedores das duas equipes a se livrarem das camisas com o nome Carlitos Tevez... jogando-as no lixo. Se tem alguém que conseguiu atrair os ódios de toda a cidade é Tevez. Primeiro trocou os Reds pelo rival. Depois, num episódio que ficou famoso, negou-se a entrar em campo pelo City. Para sorte do argentino, parece ser um jogador que o Corinthians deseja muito.


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O boom do revolucionário

POR ET BARTHES

Dizer que Steve Jobs era um revolucionário é chover no molhado. Mas a compilação feita pelo autor deste vÍdeo prova que, além de revolucionário, o homem também parecia estar sempre pronto a explodir as ideias mais velhas. Não restam dúvidas. Ser revolucionário é mandar muitas coisas pelo ar. Boom!

Ninguém é perfeito. Nem Steve Jobs

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO


Vou aproveitar este relativo silêncio – entre os lamentos pela morte de Steve Jobs e a sua mais que provável canonização – para comentar um tema que sumiu da agenda midiática nos últimos dias. Aliás, é mesmo como se o assunto nunca tivesse existido.

O leitor e a leitora mais antenados devem estar lembrados das notícias de que os iPhones e iPads da Apple eram fabricados na China por trabalhadores tratados em condições sub-humanas. Ok... eram funcionários da Foxconn, um dos principais fornecedores da Apple. Mas, ainda assim, ligados à Apple.

Isso levanta uma questão. Steve Jobs era o CEO da Apple. Se sabia da exploração, então era conivente. Se não sabia, então era… Mas o que se pretende discutir aqui é uma ideia simples: ninguém é perfeito. Nem Steve Jobs, nem Madre Teresa de Calcutá, nem João Paulo 2º.
Aliás, é compreensível que na sociedade de hipeconsumo ocidental a morte do CEO de uma empresa cause quase tanta comoção como, por exemplo, a morte do Papa João Paulo 2º. O consumo (de gadgets) é a religião, por mais surrada que seja esta frase.

Ah… e não vamos esquecer que o pessoal mais ligado ao setor já começa a dizer que a Apple poderá se tornar uma nova Microsoft, a tão odiada Microsoft. Ou seja, monopolista. As constantes brigas na justiça com outras marcas não é obra do acaso. E quem duvida pode pesquisar na internet. Há uma enxurrada de textos a prever a Apple como monopolista.

Sei que é um risco questionar santidades – e Steve Jobs alcançou esse estatuto nos últimos dias – e imagino que muita gente vá ficar com o desejo de atirar uma maçã à cabeça. Mas não resisto a dizer que o processo de canonização talvez venha a revelar que, apesar de gênio, ele não era perfeito. Como qualquer um de nós.

Pelos motivos que apresento neste texto e pelos da Maria Elisa.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

As cenas são chocantes. Só veja se não for impressionável

ET BARTHES

Se você não tem estômago, é melhor não ver estas imagens. Na China, uma menina de dois anos anda meio perdida numa rua e é atropelada. Fica no chão, com as pernas a sangrar e as algumas pessoas passam sem prestar qualquer socorro. Ao ponto de ele ser atropelada uma segunda vez. Um documento vivo sobre uma certa moral social chinesa. Para quem tem alguma decência, a indiferença dessas pessoas só inspira asco.

ATUALIZAÇÃO: os jornais de hoje, dia 21, noticiam a morte da menina, que estava em morte cerebral.

A mulher do Cesar



Por JORDI CASTAN

Fico cada vez mais preocupado com o que vejo. Depois que a imagem de pureza virginal do início, o governo Carlito caiu de vez situações que, se antes poderiam parecer só estranhas, agora começam a parecer suspeitas.

Não é segredo. As mudanças de zoneamento e as autorizações para construir em determinados locais tem permitido o enriquecimento fácil e por vezes vertiginoso, de nomes conhecidos da nossa sociedade. A criação do Conselho da Cidade tem, entre outros objetivos, o de permitir uma gestão mais democrática da cidade, além de estimular um maior protagonismo da sociedade na definição do seu futuro. Críticas à transparência, representatividade, paridade e forma de condução do Conselho da Cidade tem sido frequentes. Mais antes do que recentemente, é verdade.  Do Conselho da Cidade e dos seus membros, devemos esperar, como da mulher do Cesar, não só que sejam e hajam com honestidade, mas também que pareçam honestos.  

Os últimos acontecimentos municipais põem em duvida a honorabilidade de dois membros titulares do poder público no Conselho da Cidade. As acusações são de vender, intermediar, pressionar funcionários ou desconsiderar recomendações avalizadas para obter beneficio. Não é ainda evidente se um beneficio auferido a título pessoal ou se também houve benefício para algum partido político ou outros ocupantes de cargos públicos. A pergunta ecoa cada vez com maior intensidade: o prefeito sabia? Será que existem outras relações promíscuas?.

 A nova Lei de Ordenamento territorial foi discutida e aprovada pelo Conselho da Cidade. Todo o processo de discussão da lei foi pautado pela pressa e prazos exíguos, resultado de um planejamento e de um cronograma inadequado. Isso obrigou as Câmaras Técnicas a analisar temas complexos com pouco tempo e, em prol do cumprimento dos prazos legais, se criou uma forte pressão para aprovar a proposta que deverá ser encaminhada proximamente à Câmara de Vereadores. A lei aprovada pelo Conselho muda sensivelmente gabaritos, adensamento e os usos permitidos em praticamente toda a cidade, concedendo uma "licença" para que as regras atuais mudem.

Dos sete representantes do poder público, dois se encontram sob suspeita de ter vendido ou trocado favores para conceder licenças de construção em desacordo com a legislação atual. Dois representantes de sete representam significativos 30% dos votos do poder público no Conselho. Se considerarmos que é imprescindível a existência do corruptor para que a corrupção se concretize, há uma possibilidade muito elevada que os próprios corruptores estejam adequadamente representados nos outros 70% que formam o Conselho da Cidade,  é evidente que a mulher de Cesar não parece mais tão honesta. É provável, inclusive, que a mulher do Cesar nem seja honesta.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Portal Terra lembra que Taíza ainda não voltou para casa



O Portal Terra publica hoje um dossier de pessoas desaparecidas, com o título “Eles nunca voltaram para casa”. E entre essas pessoas está Taíza Thomsen, a ex-miss Joinville, que não é vista desde 2006. A matéria recapitula algumas informações, ainda que pouco precisas, sobre a joinvilense. Diz que já teria vivido na Inglaterra, depois mudado para a Bélgica ou até mesmo para a Escócia. Permanece o mistério.
O Terra fala também de uma liminar que impede a imprensa de fazer associações de Taíza Thomsen ao nomes de pessoas da cidade. E como parece ser proibido dizer em público o que todo mundo já ouviu falar em privado, fica aqui o endereço da matéria, caso queira ler a versão completa do dossier. Há outros casos famosos.

http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos/

Não basta ser mãe

POR ET BARTHES

Foi “notícia” na CNN. E prova que não basta ser mãe, tem que participar. Durante um dunk contest (competição de enterradas) o jogador de basquete mostrou que não basta encestar, tem que ser criativo e inovador. O cara simplesmente enterrou a bola passando por cima da própria mãe.


Quem são os corruptos, deputado Darci?



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Deem uma olhada no twitt, leitor e leitora. O deputado Darci de Matos diz que se a Polícia Federal for mais longe, certamente vai encontrar outros casos de corrupção no governo Carlito Merss. Quando vi a afirmação, fiquei à espera do próximo post do deputado, onde ele certamente iria concretizar a acusação e dar casos e nomes. Mas não.

Ou estive distraído ou o deputado Darci de Matos silenciou. Aliás, fui novamente à procura do twitt com a denúncia e não encontrei. Deve ter sido barbeiragem minha ou o deputado foi hackeado. Porque eu me recuso a pensar que Darci de Matos tenha apagado a mensagem, ao sentir o peso das afirmações.
O fato é que, como mostra a imagem, as acusações foram feitas. E arrisco aqui algumas ilações:

1. Se o deputado sabe de outros atos de corrupção na gestão Carlito Merss - e afirma isso aos seus mais de dois mil seguidores na rede social -, então está moral e eticamente obrigado a fazer uma denúncia esclarecedora e cabal. Quem sabe de casos corrupção e não denuncia é conivente. Ou não?

2. Mas se o deputado fez as acusações que não consegue concretizar, porque não tem nomes e provas, então está a ser leviano. E não vamos acreditar que um deputado eleito com o voto dos joinvilenses - e que pretende ser o futuro prefeito - seja capaz de um ato de porra-loquismo político.

3. Outra hipótese: o deputado Darci de Matos sabe de casos de corrupção, mas prefere ficar caladinho. Afinal, essas informações seriam muito úteis na campanha eleitoral do ano que vem. Então, neste caso estará a ser oportunista. O que não é bonito.

4. As afirmações do deputado foram feitas no calor da Operação Simbiose que, soube-se na semana passada, tem novos arguidos. Mas não deve ser a isso que Darci de Matos se referia. Primeiro porque isso era previsível. A corrupção é como caranguejo na panela: a gente puxa um e os outros vem agarrados. Falando em termos hermenêuticos, é sempre bom lembrar que o deputado diz “mais corrupção” e não “mais corruptos”. Ou seja, que haveria mais casos.

5. É certo que o deputado tem im(p)unidade parlamentar. Mas talvez Carlito Merss não goste de ver o seu nome denegrido em público e decida tomar alguma atitude. Todos, mesmo um prefeito sob fogo cerrado, tem direito ao bom nome.

6. O texto diz: “se a Polícia federal investigar”. Ops! Isso quer dizer que não está a investigar? E nestas circunstâncias só resta à Polícia Federal ouvir o parlamentar e saber tudo o que ele tem a dizer. Os cidadãos não esperam menos que isso.

O fato é que eu - e certamente os leitores do Chuva Ácida - estou corroído pela curiosidade. Vamos lá, deputado Darci de Matos, diga os milagres e os nomes dos santos.

P.S.: Admito a hipótese de o Twitter do deputado ter sido hackeado por algum ciber-terrorista. Pode acontecer.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O erro do JEC: permitir a politicagem

POR CHARLES HENRIQUE

Um dos motivos de meu texto semanal aqui no Chuva Ácida estar sendo publicado somente agora (fim da tarde) é que estive esperando o jogo do JEC de ontem, o qual poderia garantir o acesso para a série B. Subindo ou não, o tema abordado aqui seria este.
O JEC subiu merecidamente. Eu estava torcendo assim como os mais fanáticos torcedores. Comemorava a cada gol. As lembranças dos seguidos fracassos ano após ano vieram como raios em minha memória: rápidos e devastadores. E nessas memórias apareceram os episódios em que políticos aqui da cidade ditavam as regras no tricolor.
Primeiramente, esporte é esporte. Gestão pública é gestão pública. Não dá para fundir os dois. Pena que nesses sete anos de derrocada, muitos tentaram homogeneizar o heterogêneo. O JEC, ao ser encurralado com seguidas derrotas no campo, apelou para o “prestígio” da classe política, abrindo espaços cada vez maiores em seu conselho deliberativo, elegendo o então Vice-Prefeito Rodrigo Bornholdt como Vice-Presidente do JEC, e o ex-Prefeito Marco Tebaldi como Presidente deste mesmo conselho, sem contar os mais variados cargos exercidos por apadrinhados e/ou ex-comissionados destes mesmos políticos envolvidos.
Não sou inocente em acreditar que a política não permeia o futebol. Sempre houve a articulação entre ambos, mas nunca de forma tão escancarada como aconteceu aqui em Joinville. Quando se confundem os interesses (ganhar votos ou ganhar títulos?) quem perde é sempre o clube, entidade maior que qualquer indivíduo. Neste tempo todo, técnico e jogadores foram contratados pelo Tebaldi dentro da Prefeitura, discussões entre Bornholdt (um político) e o Presidente do JEC (um dirigente ex-comissionado de Tebaldi, o qual havia rompido politicamente com Bornholdt). Sem contar o vexame da compra da vaga, ato “normal” para muitos na época!
A vaga não foi comprada, o JEC caiu, ficou sem série, rebaixado no estadual e ainda assim insistiam nos políticos e seus apadrinhados na linha de frente. Só quando o profissionalismo entrou na Toca do Coelho e perceberam que estes mesmos políticos só atrapalharam (por mais boa intenção que tivessem), o JEC foi subindo, degrau a degrau. A expectativa que fica para nós, torcedores, é que estes erros não sejam mais cometidos. Políticos vão circular pelos corredores da Arena, mas NUNCA mais poderão ter a caneta de Presidente do JEC na mão. Político tem aquela velha mania de querer catar voto em todos os buracos, mas em alguns podem ter formigueiros, e dos grandes.

Cenas do acidente na Indy

POR ET BARTHES

Não dá para evitar as imagens deste acidente que envolveu 15 carros na IndyCar World Championships, em Las Vegas. Apenas este vídeo já tem mais de 1,3 milhão de visualizações no Youtube. Parecem cenas de cinema, mas infelizmente a corrida custou a vida ao piloto inglês Dan Weldon, de 33 anos.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Os militantes estão ligados



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Uma enquete vale o que vale. Ou seja, sem parâmetros científicos (segmentações sócio-econômicas etc) é apenas uma auscultação a um determinado público num determinado momento. E a enquete do Chuva Ácida, que esteve no ar nos últimos dias, não permite grandes afirmações. Mas houve um fato importante: dois grupos militantes mostraram estar atentos. Os eleitores de Carlito Merss, num primeiro momento, e os eleitores de Rodrigo Coelho, na fase final, fizeram o resultado. É claro que isso não permite conclusões sobre a preferência do eleitorado joinvilense – longe disso – , mas mostra que a militância dos dois candidatos pode ser facilmente mobilizada. E, todos sabemos, os militantes são um vetor importante para ganhar votos em clima de eleições.

domingo, 16 de outubro de 2011

Caiu na rede

Chufa*




POR ARNO KUMLEHN

Barcelona tem inúmeros predicados. A simpatia e a amabilidade do seu povo é o mais importante. Porto por nascimento, virou cosmopolita na medida certa, guardando ainda o desenho urbanístico promovido por Hausmann no final do século XIX. Planejou a Olimpíada de 1992 durante décadas e o rejuvenescimento é o legado que hoje pode ser vivido por moradores e visitantes.

Em 2009, Barcelona lançou licitação para a limpeza urbana e impôs que os veículos da prestadora de serviços vencedora não usassem combustível fóssil. Norma simples: quem limpa não pode sujar.

Mobilidade e acessibilidade eficiente e segura é a realidade de uso coletivo, em dimensão e qualidade.
As modalidades de transportes diferentes tornam mais fácil e rápido, para os seus moradores, o uso do transporte público em detrimento do privado. Neste contexto se encaixa o sistema de aluguel de bicicletas, vinculado a rotas de ciclovias turísticas e comerciais que complementam percursos ou inserem usuários ao transporte público motorizado (ônibus/metrôs/trem).

SISTEMA INTEGRADO - A bicicleta, enquanto alternativa de deslocamento sustentável, tem sido utilizada como recurso urbanístico ainda saudável e não poluente, frente à impossibilidade da criação de mais espaços (faixas de rolamento e estacionamentos) para o deslocamento motorizado individual nas áreas urbanas muito adensadas.

Preocupa que se pense ou alardeie o modelo de deslocamento cicloviário como solução para os problemas de trânsito em Joinville. Porque é necessário criar ou garantir as complementaridades necessárias a um sistema de transporte público intermodal, integrado e sustentável. Tudo passa inicialmente pelo projeto de mobilidade urbana de Joinville, que vemos ser constantemente adiado ou que justifica eternas pontualidades.

OUTRAS CIDADES - Barcelona merece uma visita. O que não podemos medir são as demandas promovidas por cinco milhões de pessoas da sua região metropolitana, somadas a milhares de visitantes. É diferente da realidade joinvilense. Pudesse sugerir uma visita técnica internacional ao alcaide, indicaria em proporção: Portland (575 mil habitantes) ou Grenoble (450 mil).

Se quisesse ver um projeto em fase de implantação de estações de bicicletas, cuja conclusão prevista é 2025, diria Dijon (150 mil habitantes). E todos os modais eficientes e simultâneos (trem / VLT / ônibus /bicicletas / vans / motos / carros / pedestres), sem pestanejar Delft – Holanda (100 mil habitantes). Na Holanda, existem veículos leves sobre trilhos em cidades do tamanho de Delft, mas aqui os especialistas dizem não haver viabilidade. E os holandeses contam com ciclovias que ligam todas as cidades do país.

Infelizmente não podemos levar cidades para expor em museus, como fazemos com telas e esculturas, para possibilitar a todos uma real comparação das ofertas e qualidades ou deficiências nos ambientes de vivência. Por isso, viagens são fundamentais. O provável mesmo é que a intenção das estações de bicicletas seja mais uma “chufa”, entre tantas que temos em nossos jardins.

Arno Kumlehn é arquiteto urbanista

*Chufa – em catalão, língua falada em Barcelona é apenas
tiririca.

sábado, 15 de outubro de 2011

Steve Jobs: um contra-revolucionário

Por MARIA ELISA MAXIMO

Num primeiro momento, minha reação à morte de Steve Jobs foi parecida com as muitas reações que pulularam na internet semana passada: "puxa, lá se foi mais um gênio". No dia seguinte, ler a declaração de Richard Stallman, um dos precursores do movimento software livre, me fez ver o fato sob outro ângulo, bem mais interessante, diga-se de passagem. Disse Stallman: Steve Jobs, the pioneer of the computer as a jail made cool, designed to sever fools from their freedom, has died (06.10.11).

Sim, é claro: a "revolução" tecnológica de Jobs destina-se a poucos, não gera partilha, fecha-se em si mesma. No extremo oposto, a cultura do software livre tem por princípio a liberdade: liberdade de utilização, de exploração, de distribuição (cópia) e de modificação (visando o aerfeiçoamento). Em outras palavras, a lógica do open source é, justamente, o antídoto para sistemas fechados e aprisionantes como o da Apple (e, também, é claro, o da Microsoft).

Sem ignorar seus méritos como designer, como bem lembrou Stallman, Jobs fez do computador uma prisão. Colaboração, compartilhamento, conhecimento livre - estas sim, expressões chave da cultura digital contemporânea - ficaram de fora nos inventos de Jobs. Rodrigo Savazoni, num texto para o coletivo Trezentos, traduz perfeitamente a distopia criada por Jobs: a do homem egoísta, circundado de aparelhos perfeitos, em uma troca limpa e “aparentemente residual”, mediada por apenas uma única empresa: a sua.

Se os sucessores de Jobs forem, como desejou Stallman, menos eficientes que ele, talvez estejamos na iminência de uma maior abertura para a cultura do compartilhamento e da colaboração, atravessada pelo verdadeiro "espírito hacker", ampliando os caminhos da revolução tecnológica de fato.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

É melhor mesmo?

POR JORDI CASTAN

Escolher candidatos comexperiência em trabalhos anteriores é uma boa opção? José António Baço pensaque sim. Que é melhor escolher candidatos que mostrem no seu currículoexperiência em ter trabalhado de forma produtiva.

Não tenho tanta certeza queo José António esteja certo. É só dar uma olhada para a carga horária que amaioria dos políticos cumpre, o tipo de atividades a que se dedica no exercíciodo cargo e, principalmente, a tranquilidade que é a sua jornada semanal. Nuncater trabalhado – ou tê-lo feito pouco – deve ajudar a levar uma vida como essa. Afinal,não fazer nada exige algum talento e preparação.

Tem que ser muito cara de pau para folgar com atranqüilidade que o fazem. É preciso desenvolver capacidade de abstração quasetotal, para passar horas a fio fazendo pouco. Ou pior, ainda tentando criar aimpressão, junto aos eleitores, de que a jornada está recheada de importantesatividades políticas e que a participação em cada uma delas é quase uma questãode segurança nacional.

Visto desde outraperspectiva, nunca ter trabalhado de forma produtiva pode ser considerado umdiferencial competitivo importante. Desocupados profissionais tem todo o tempodo mundo para fazer “politicagem”.

Machado e Gisele voltam

POR ET BARTHES


Duas notícias na mesma semana. O filme com Machado de Assis para a Caixa voltou ao ar com um pedido de desculpas e um ator negro a viver o papel do escritor. E o Conselho de Ética do Conar arquivou o processo caso do spot da Hope, estrelado por Gisele Bündchen, em decisão unânime. Agora só resta saber se a Hope vai veicular o filme novamente (a marca já deve ter feito um vox pop para saber o que as pessoas pensam).