terça-feira, 18 de outubro de 2011

O erro do JEC: permitir a politicagem

POR CHARLES HENRIQUE

Um dos motivos de meu texto semanal aqui no Chuva Ácida estar sendo publicado somente agora (fim da tarde) é que estive esperando o jogo do JEC de ontem, o qual poderia garantir o acesso para a série B. Subindo ou não, o tema abordado aqui seria este.
O JEC subiu merecidamente. Eu estava torcendo assim como os mais fanáticos torcedores. Comemorava a cada gol. As lembranças dos seguidos fracassos ano após ano vieram como raios em minha memória: rápidos e devastadores. E nessas memórias apareceram os episódios em que políticos aqui da cidade ditavam as regras no tricolor.
Primeiramente, esporte é esporte. Gestão pública é gestão pública. Não dá para fundir os dois. Pena que nesses sete anos de derrocada, muitos tentaram homogeneizar o heterogêneo. O JEC, ao ser encurralado com seguidas derrotas no campo, apelou para o “prestígio” da classe política, abrindo espaços cada vez maiores em seu conselho deliberativo, elegendo o então Vice-Prefeito Rodrigo Bornholdt como Vice-Presidente do JEC, e o ex-Prefeito Marco Tebaldi como Presidente deste mesmo conselho, sem contar os mais variados cargos exercidos por apadrinhados e/ou ex-comissionados destes mesmos políticos envolvidos.
Não sou inocente em acreditar que a política não permeia o futebol. Sempre houve a articulação entre ambos, mas nunca de forma tão escancarada como aconteceu aqui em Joinville. Quando se confundem os interesses (ganhar votos ou ganhar títulos?) quem perde é sempre o clube, entidade maior que qualquer indivíduo. Neste tempo todo, técnico e jogadores foram contratados pelo Tebaldi dentro da Prefeitura, discussões entre Bornholdt (um político) e o Presidente do JEC (um dirigente ex-comissionado de Tebaldi, o qual havia rompido politicamente com Bornholdt). Sem contar o vexame da compra da vaga, ato “normal” para muitos na época!
A vaga não foi comprada, o JEC caiu, ficou sem série, rebaixado no estadual e ainda assim insistiam nos políticos e seus apadrinhados na linha de frente. Só quando o profissionalismo entrou na Toca do Coelho e perceberam que estes mesmos políticos só atrapalharam (por mais boa intenção que tivessem), o JEC foi subindo, degrau a degrau. A expectativa que fica para nós, torcedores, é que estes erros não sejam mais cometidos. Políticos vão circular pelos corredores da Arena, mas NUNCA mais poderão ter a caneta de Presidente do JEC na mão. Político tem aquela velha mania de querer catar voto em todos os buracos, mas em alguns podem ter formigueiros, e dos grandes.

3 comentários:

  1. Charles

    Talvez com boas intenções, é lamentável seu artigo, especialmente pelas incorreções a meu respeito.

    Nunca nomeei ninguém no Jec; nunca tive discussões com o ex-Presidente, por quem sempre tive grande respeito.

    Nunca participei de nenhum episódio de compra de vaga.

    E, ao contrário de outros políticos, fiquei só uma gestão.

    Tive momentos de tensão com a Diretoria de Futebol, ante resultados catastróficos que então ocorriam.

    E tentei mudar esse quadro, como qualquer dirigente sério e correto faria. Mas era apenas o Vice-Presidente, sem poderes efetivos (comandei o clube por apenas três semanas).

    Portanto, acabo sofrendo críticas (normais, desde que adequadamente embasadas), por algo no qual não consegui sequer ter participação efetiva.

    Para crescer no jornalismo, você não precisa passar por cima dos outros, violando, aliás, regras básicas do bom jornalismo.

    Att

    Rodrigo Bornholdt

    ResponderExcluir
  2. Rodrigo, como já falei pelo twitter, o episódio de compra de vaga não me referia a você. Pelo menos é o que está no texto.

    A compra de vaga foi um episódio que envolveu diretamente o ex-Prefeito Marco Tebaldi, presidente do conselho.

    O episódio em que citei seu nome foi a contratação de três jogadores que você fez enquanto foi Presidente, causando um mal-estar gigantesco. É fato, estavam nos jornais da época.

    "JEC dispensa trio de Bornholdt
    Nenhum dos contratados pelo presidente interino ficou no clube" (AN, 12 de julho de 2006)

    Também conforme comentei no twitter, você é o único amigo que fiz na política, e pessoalmente tive a oportunidade de comentar uma vez que sua passagem no JEC foi desnecessária, pq aquela corja não era compatível com tua imagem e índole.

    Sobre a nomeação de pessoas no JEC, você provavelmente não os nomeou, tenho certeza disso. Mas políticos da gestão em que você era Vice-Prefeito foram. Tem muita coisa da gestão que você gostaria de mudar, eu sei, mas por convenções políticas não foi possível. Faz parte do jogo.

    E mantenho a minha posição: políticos tem que ficar fora do JEC.

    Peço desculpas se causei algum problema. Me considero seu amigo, mas não poderia ficar calado numa situação como essa. Pode achar lamentável, ou que estou "passando por cima dos outros", mas apenas comentei os fatos.

    ResponderExcluir
  3. "Políticos tem que ficar fora do JEC". Apoiado!

    Sou fã do Rodrigo Bornholdt e votei nele no 1º turno em 2008. Acredito em sua boa índole. Mas não creio que passar pela gestão do JEC tenha sido uma boa ideia, ainda que talvez coroada por louváveis intenções.

    O prefeito Tebaldi quis lançar mão de expediente comum no local onde trabalhava até 2008: comprar alguém para ceder vaga. É o que deu misturar política com futebol.

    ResponderExcluir

O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem