quarta-feira, 30 de novembro de 2011
É aniversário da Novembrada
Os deputados e a piada pronta
Fiquei preocupado com a penúria dos deputados e fui ver como estavam a ganhar os representantes do povo na Assembleia Legislativa. Não os salários, porque esses são de conhecimento geral, mas tudo aquilo que eles custam. Dei uma olhadinha no Portal Transparência e devo dizer que vi alguns casos no mínimo interessantes.
1. O que dizer do deputado Clarikenney Nunes que, entre abril e outubro, gastou cerca de R$ 18 mil só em correspondência. Houve um mês em que os gastos chegaram a R$ 6,2 mil. Haja cartas. O leitor pode estar a pensar que é uma gastança e essas coisas. Eu não penso assim. De fato fico preocupado com a saúde do deputado. Todos sabemos que dá o maior barato quando uma pessoa inala cola. Imaginem então que o tal deputado tenha lambido todos os selos das correspondências. O homem corre o risco de apanhar uma grande pedrada e sai por aí falando besteira.
2. E por falar em falar (perdoem a cacofonia), nesse mesmo período o deputado Nilson Gonçalves gastou a ninharia de R$ 32 mil em telefonemas. Só no mês de outubro foram nada menos do que R$ 12,4 mil. Gente, nada de incomum. Afinal, R$ 12,4 mil é um valor normal, coisa que qualquer um de nós gasta lá em casa. A minha grande preocupação é com a saúde e a aparência do deputado. Afinal, de tanto falar ele ainda acaba com problemas nas pregas de epitélio. E uma pessoa que gasta tanto tempo ao telefone corre o risco de ficar sem orelha, porque gasta com a fricção. Depois vem alguém e começa a chamá-lo de Van Gogh e está entornado o caldo.
3. Ah... e tem o deputado Darci de Matos, pré-candidato a prefeito (se resistir ao fogo amigo e às previsíveis facadas nas costas) que mantém um escritório de apoio. E que hoje custa uma média de mais ou menos R$ 1 mil por mês aos cofres públicos, em telefone e energia (a despesa total foi maior, em outros tempos). É muito pouco, leitor e leitora. Assim não é possível manter uma estrutura a funcionar e o tal deputado ainda acaba tendo que pedir peças de mobiliário emprestadas aos amigos.
4. Mas não fiquem preocupados. Porque, ao que parece, a Assembleia Legislativa está a pensar na qualidade de vida de todos os deputados, de norte a sul do estado. É o que indicia um contrato também no Portal Transparência. Uma empresa de consultoria vai receber a bagatela de R$ 1,8 milhão (repito: R$ 1,8 milhão) para tratar de coisas como “levantamentos de dados, registro, coleta e análise de fatores, coordenação de eventos, marketing institucional e gestão de crise, veiculação e divulgação, relacionamento com a sociedade, programa de qualidade de vida e aferição motivacional”.
Perceberam? Programa de qualidade de vida e aferição motivacional. Não sei do que se trata, mas tenho certeza de que vale cada tostãozinho dos impostos. Os nossos deputados estão salvos. E, imagino, a tal empresa deve partilhar esse ambiente de felicidade. Com uma grana dessas, eu estava para lá de motivado e com uma qualidade de vida de fazer inveja.
Ah... a esta altura deve ter gente a perguntar onde está a piada pronta do título. Alguma dúvida? Eles fazem tudo isso na maior descontração. A piada pronta é você, eleitor.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
O último ato dos Vereadores em 2011: a reforma do regimento interno
Qual a resposta dos deputados sobre as diárias?
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Cornetas
domingo, 27 de novembro de 2011
Patrimônio da humanidade
Com a palavra...o leitor
sábado, 26 de novembro de 2011
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Pelo fim da violência contra as mulheres
Ando mais interessada nas coisas que transcendem a nossa "bolha". De Belo Monte a Occupy Wall Street, o mundo ferve de questões importantes e que deveriam nos mobilizar mais. Hoje, 25 de novembro, é o Dia Internacional de Luta pela Não Violência contra as Mulheres. E eu, como a única mulher a escrever neste blog, não poderia deixar passar em branco. Fiquei o dia todo aguardando pra ver se algum de meus colegas se adiantariam pra falar do assunto. Infelizmente isso não aconteceu, porque teria sido ainda mais significativo se um homem tivesse tido esta lembrança. Ao contrário, acabamos por naturalizar o sexismo: enquanto os homens falam de política, economia, etc, as mulheres falam de ... mulheres. Não, não me entendam mal. Não se trata de uma crítica aos meus colegas, longe de mim. Trata-se, sim, de uma tentativa de chamar atenção para algo que me incomoda bastante: os homens ainda não se sensibilizaram, de um modo geral, para as lutas que tocam especialmente as mulheres. Se eu estiver errada, por favor, me digam.
O "Dia" foi instituído há 3o anos, pela ONU, e, é claro, tem como objetivo conscientizar as pessoas para o problema que mulheres do mundo inteiro vivenciam cotidianamente. Este ano, a REDEH (Rede de Desenvolvimento Humano) lançou a campanha Quem ama, abraça! e convidou uma série de artistas para apoiar a causa, através de um clipe que será veiculado entre hoje e 10 de dezembro nas principais emissoras de TV abertas do país. O clipe é bacana, a mensagem é importante e os artistas, muitos deles, são "biscoito fino".
"uma em cada cinco mulheres seja vítima de estupro ou de tentativa de estupro. Mulheres com idade entre 15 e 44 anos apresentam maior risco de sofrer violência sexual e doméstica do que de serem vítimas de câncer, acidentes de carro ou malária. De acordo com dados oficiais, no Brasil, 48% dos homens já agrediram uma mulher, e 14% destes, acreditam que agiram bem" (Primeira Edição, 25/11/2011).Sem falar do humor que, na minha opinião, é um espaço de expressão da violência contra as mulheres difícil de ser minado. Nos programas humorísticos na TV, sobretudo em canais abertos, são comuns as expressões de machismo, misogenia, sexismo, de rebaixamento da mulher à condição de "objeto" e de violência simbólica. Vide o caso do Rafinha Bastos e da sua declaração sobre o estupro. E ainda tem gente que acha engraçado, que o humor se justifica por si só.
A Lei Maria da Penha, criada há 5 anos, representa um avanço importante. Mas ainda há muito o que avançar nesse sentido e qualquer campanha bem intencionada merece ser difundida. Portanto, assistam, busquem entender e compartilhem.
P.S: Anônimo, agradeço a gentil observação. O nome da lei já foi corrigido ;-)
Caiu na tempestade é peixe
A natureza tem coisas muito estranhas. Na região de Skokomish Valley Road, em Seattle, nos EUA, uma tempestade que alagou a estrada. E os salmões tentam fazer a travessia. Se os outros conseguem, o que está no foco do filme parece ter dificuldades.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Estranho, muito estranho
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
É preciso esclarecer, deputado Clarikennedy
É ilegal um deputado receber diárias de R$ 670 pelo tempo que está na própria cidade? Claro que não. Mas mesmo sendo legal, os deputados correm o risco de ouvir, de muitos eleitores, a acusação de estarem a legislar em causa própria, oferecendo a si mesmos polpudas diárias (apesar de eles acharem que é pouco).
Mas há outra pergunta que todos os eleitores podem estar a fazer: é moral? Parece que no plano da moralidade os deputados precisam dar explicações aos seus eleitores. E, pelo que podemos ler nos comentários aqui no Chuva Ácida, o caso que está a provocar reações negativas no eleitorado.
Vamos tentar entender. Mas antes de começar deixo um aviso. As linhas que seguem não pretendem por em dúvida a honra de qualquer político. Mas há questões que merecem ser esclarecidas, por uma questão de transparência. Do ponto de vista moral (nunca legal), o que o eleitor pode pensar do caso do deputado Clarikennedy Nunes, pré-candidato a prefeito de Joinville, que recebeu R$ 3.350 de diárias no período de uma semana?
Segundo os documentos apresentados por Charles Henrique, aqui no Chuva Ácida, o deputado teria recebido cinco diárias entre os dias 22 e 28 de setembro por estar em São Bento do Sul, Joinville, Abelardo Luz, Itajaí e Pomerode (os fac-similes estão no texto de ontem). E hoje surgiu a explicação do “ponto inicial” das viagens.
Quem acompanha o deputado Clarikennedy Nunes pelo Twitter sabe que ele é profuso e gosta de informar aos seus seguidores onde está a cada momento, no Brasil ou no exterior. Uma rápida pesquisa nos twitts desse período mostra onde ele esteve nesses dias. Enfatizo – com o objetivo de evitar mal-entendidos – que é uma visão limitada pelo que o Twitter permite saber. O deputado pode ter outras atividades que não registrou na rede social.
Dia 22 - Falou na AL em Florianópolis. Foi para São Bento do Sul entregar um ônibus à APAE local. E rumou a Joinville, onde à noite foi ver uma competição do Bom Jesus.
Dia 23 - Permaneceu em Joinville. Pela manhã teve uma reunião com uma equipe técnica - a que chama GT2012 - para definir o futuro governo de Joinville (com ele de prefeito, claro). Mais tarde teve uma reunião com o pessoal de uma igreja. E à noite foi para uma filiação no PPS. Não é possível perceber se realizou trabalho como deputado, mas pode ter acontecido.
Dia 24, 25 e parte do dia 26 - Passou por Curitiba, Foz do Iguaçu e participou de um evento religioso em Marechal Cândido Rondon. Também anunciou uma ida a Rolândia, no Norte do Paraná. No dia 26, visitou uma fábrica e voltou a Joinville para, segundo escreveu no Twitter, para dar um seminário de Comunicação e Liderança. Os dois primeiros dias foram um fim-de-semana, que é livre e certamente não remunerado. E no dia 26 também não deu para perceber se teve alguma ação enquanto deputado.
Dia 27 - Tudo indica que ainda em Joinville. Teve uma reunião com o futuro secretário da SDR JOI. Também postou um twitt a reclamar que o jornal AN deu a notícia mas não revelou o autor de outdoors contra mais vereadores. Não fica claro, mas é possível que tenha tido alguma ação como deputado.
Dia 28 - Diz que teve um dia puxado na região de Abelardo Luz (540 quilômetros de Florianópolis e 450 quilômetros de Joinville). Ah... escreveu que estava tentando chegar a tempo para a reunião do PSD em Joinville, onde parece ter permanecido.
Como podem ver, Clarikennedy Nunes teve dias cheios. Mas, pelo que se viu no Twitter (e, repito, isso não permite ver o todo) nem sempre ficou caracterizado que estava a trabalhar nas funções de deputado. Ah... o leitor mais atento deve ter percebido que não há referências a Itajaí e Pomerode, que seriam cidades de origem a duas diárias. Sem problema.
Talvez seja apenas o abastecimento do carro. Também é provável que ele tenha esquecido de fazer o registro das idas a essas duas cidades nas redes sociais. Aliás, até me preocupei em procurar alguma notícia na internet e não encontrei respostas. Ou talvez ele tenha participado de acontecimentos sem interesse jornalístico, o que é perfeitamente possível.
Repito. Não estou a por em causa a honorabilidade de ninguém. Mas enquanto os políticos não clarificarem a situação, os eleitores podem cair na tentação de fazer julgamentos errados. Aliás, confesso, entender onde estão os pontos de partida é complicado.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Deputados joinvilenses ganham diárias para “visitar” Joinville
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011
McDonalds na mira da defesa dos animais
POR ET BARTHES
E sobrou para o McDonalds outra vez. A organização não-governamental Mercy For Animals fez gravações com câmara oculta na empresa Sparboe Eggs (Iowa, Minnesota e Colorado), fornecedora de ovos da multinacional do fast-food. O filme mostra a crueldade com que os animais são tratados pela empresa. Espaços exíguos, bicos queimados, animais mortos putrefatos nas gaiolas ou até mesmo homens a se divertirem com as aves. Em tempo, a direção do McDonalds já cancelou o contrato com esse fornecedor. As imagens são fortes.
E agora, o que dá pra fazer com 3,5%?
sábado, 19 de novembro de 2011
Gostar de Joinville não basta
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
A barba do sapo barbudo
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A ideia era evitar o assunto. Mas parece que a coisa ganhou contornos de fato jornalístico e, como toca na minha área de trabalho, fico à vontade para dar um pitaco. A notícia seria de que Lula teria recebido uma proposta de 1 milhão de reais da Procter & Gamble, detentora da Gillette, para cortar a barba com lâminas da marca.
Antes dos comentários, vamos aos fatos.
1. A notícia surgiu na coluna Radar Online, da revista Veja.
2. A Gillette negou que tal proposta tenha sido feita.
3. Até ao momento em que escrevo este texto ninguém conseguiu provar qualquer coisa nesse sentido.
4. Pessoalmente não sei se houve essa proposta. Li aqui e ali, mas sei tanto quanto qualquer leitor do Chuva Ácida. Ou seja, pouco.
Mas os fatos não interessam. O que interessa às pessoas é aquilo em que elas querem acreditar. Os que odeiam Lula acham que o cara é um safardana e que certamente fez alguma coisa errada. Os que defendem o ex-presidente acham que ele não chegaria ao ponto de deixar a imagem na mira dos detratores.
Em tempo de revolução digital, a opinião pública é baseada muito na emoção e pouco na razão. E passa a valer a lógica expressa na famosa frase atribuída a Nelson Rodrigues:
- Quando os fatos contradizem a minha opinião, danem-se os fatos.
Mesmo assim, vamos analisar os fatos.
É importante salientar que é uma notícia publicada pela “Veja” (poucas publicações de peso repercutiram a nota). Mesmo com o desmentido, a revista insiste na sua versão e diz que a fonte da informação seriam pessoas próximas. Aliás, parece que por lá as fontes são sempre “pessoas próximas”. Ah... o nome é “Veja”. E para bom leitor essa palavra basta.
O fabricante desmentiu a notícia. Mas como profissional de marketing fico a perguntar: e se a proposta realmente tivesse sido feita? Posso estar enganado, mas uma marca líder teria muito pouco a ganhar com uma associação ao câncer. Pode ser que não. Mas o risco parece ser muito maior do que os benefícios para a marca.
Mas os marketeers são seres tinhosos. E fico aqui a imaginar uma solução para criar um goodwill. Porque a percepção dos eleitores/consumidores sofreria uma reviravolta se Lula aceitasse (desde que com um certo recato) e o dinheiro fosse revertido para uma instituição de combate ao câncer. Seria um negócio onde todo mundo sairia a ganhar. Você ia reclamar?
Mas com Gilette ou sem Gillette, tem gente que achou oportunismo a publicação das fotos do ex-presidente sem cabelos e sem barba. Oportunismo? Não, gente. É jornalismo. Aliás, um fato tão relevante do ponto de vista jornalístico que jornais de todo o mundo publicaram as fotos.
Mas de tudo o que se fala e escreve, só uma coisa é certa: o sapo barbudo não tem mais barba.
A sociedade dos mutirões
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Afinal, quem é o pai do parque?
terça-feira, 15 de novembro de 2011
As ordinárias solenidades
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Vagina, Kagar, Pau Grande e outras esquisitices
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Em tempos de globalização, um nome que parece normal em um lugar, acaba por se tornar uma coisa esquisita em outro. E é claro que a maioria dos nomes só se torna estranha porque as palavras remetem a temas que as pessoas tratam com cerimônia no dia a dia.
Para começar a lista de exemplos, vamos falar no caso de uma pequena vila portuguesa chamada Corte do Pinto. Já imaginou, leitor, se você acaba nessa cidadezinha e o nome é uma promessa? Ou seja, você vai a Corte do Pinto aparece alguém com um instrumento cortante e… zás… Melhor não incluir no roteiro.
E já que estamos no plano das partes mais íntimas, é sempre bom lembrar Pau Grande, em Magé, no estado do Rio de Janeiro, conhecida por ser onde nasceu Mané Garrincha. É um nome sugestivo. Já imaginaram, por exemplo, quando um homem de Pau Grande vem para Floripa e arranja uma namorada do Estreito?
Aliás, diz a lenda que o craque Mané Garrincha deu os primeiros toques na bola no Esporte Clube Pau Grande. Quais seriam os requisitos para a contratação de jogadores do Pau Grande? Será que... Aliás, nem sei se Garrincha correspondia às expectativas criadas pelo nome, mas o certo é que ele ficou famoso porque os seus esportes favoritos eram o futebol e as mulheres.
Por falar em mulheres, o que dizer de uma cidade chamada Vagina. Pois é, existe. É um lugar que fica nos Montes Urais, na Rússia. O mais interessante a respeito dessa cidade é que o nome é compreendido em várias línguas, como o português, o espanhol e até o inglês. Imagine que cena estranha. O turista está a chegar à cidade e o guia anuncia:
- Você está a entrar em Vagina.
Se penetramos no tema Vagina, que tal lembrar da vila de Cabaços, também em Portugal. Imagino que haja muita mata virgem por lá. O lugar em si não tem grande interesse, mas os turistas podem encontrar muitas atrações nas cidades das redondezas. Aliás, uma delas atende pelo singelo nome de Anais.
Ops! Já que chegamos a essa parte da anatomia, é hora de falar em Kagar, uma vila do município alemão de Rheinsberg, a uma centena de quilômetros de Berlim. Eles tem até um site na internet (www.kagar.de), onde divulgam a Sommerfest in Kagar. Deve haver poucas coisas mais divertidas do que uma festa em Kagar. Aliás, você pode ficar hospedado na vizinha Repente. Porque ir de Repente a Kagar leva apenas uns 20 minutos.
Ali na vizinha Áustria está uma outra cidade muito interessante, que atende pelo singelo nome de Fucking. O fato é que há apenas uma centena de pessoas em Fucking e a população vem diminuindo. O que é um contrassenso. Como uma cidade chamada Fucking não aumenta de população? Óbvio. A resposta deve ser Condom (camisinha em inglês).
Ah... Condom é um vilarejo francês. Mas fica para outra...
domingo, 13 de novembro de 2011
Jogando água no chope da torcida
Semana passada, fui pego de surpresa por uma notícia que me deixou profundamente indignado. A diretoria do Joinville Esporte Clube resolveu aumentar o preço do ingresso para a final do Campeonato Brasileiro da série C. De 30 reais passou para 50 reais ou 40 se for comprado de forma antecipada. Sendo que durante todo o campeonato, o preço se manteve o mesmo.
Pois bem, há sete anos, quando o recém rebaixado JEC estreava pelo Estadual de 2005, cerca de 10 mil pessoas lotaram a Arena, numa prova de amor ao clube. No mesmo ano, os torcedores continuaram comparecendo em bom número. Nos anos seguintes, mesmo com os sucessivos fracassos e até mesmo com o rebaixamento no Estadual, a fanática torcida tricolor continuou apoiando o JEC.
Este ano, na série C, a maioria dos jogos teve público superior a 10 mil pessoas, com o preço do ingresso a 30 reais. Claro, os sócios ajudam nessa conta, mas muita gente comprava na hora e desembolsava a grana. No último jogo, contra a Chapecoense, foram cerca de 15 mil pessoas na Arena. Muita festa e euforia com o acesso e com a vaga na final.
Mas, justamente agora, quando pela primeira vez o JEC vai disputar a final de um campeonato nacional, a diretoria resolve aumentar o preço do ingresso para 50 reais. É esse o presente que os dirigentes tricolores dão ao seu torcedor? É essa a consideração com quem sempre esteve ao lado do time? Não havia necessidade de, nesse momento, fazer esse reajuste.
Posso estar errado, mas acredito que muita gente ficará de fora, deixará de ir ao jogo. Mas aí vocês podem dizer: quem é torcedor de verdade vai mesmo pagando 50 reais. Mas o torcedor do Joinville não precisa provar mais nada. Outros poderão dizer que o futebol é caro. Sim, concordo, mas esteve caro o campeonato todo e se deu um jeito. Muitas pessoas não têm condições de pagar esse valor. Futebol é diversão, deveria ser acessível ao povo. Cobrar 50 reais pela entrada é tirar de muitos trabalhadores a possibilidade de ir ao estádio.
Acho que o argumento mais plausível nesse momento é: ah, vamos aumentar, eles pagam de qualquer jeito, é final mesmo. Infelizmente, prevaleceu o lucro e não a gratidão na relação entre uma torcida apaixonada e seu clube de coração que acaba de renascer das cinzas.