O problema dos joinvilenses é o quietismo. Há décadas as pessoas passam perrengues com o uso dos ônibus, mas ficam quietinhas. E olhem que há razões para reclamar. O preço é alto, são desconfortáveis e os tempos despendidos com deslocações são uma desgraça. Horas de vida perdidas. Mas, tudo indica, a sina de Joinville é ser uma cidade unimodal. Quase ninguém pensa em outro meio que não sejam os ônibus.
Não sou e nem quero ser urbanista. Mas sou um cara que gosta de cidades e que tem algumas ideias a respeito. Sempre do ponto de vista do usuário, claro. A minha escala de importância sobre mobilidade nas urbes (que hoje se querem cidades inteligentes) é a mais óbvia possível: primeiro as pessoas, depois as bicicletas, os transportes sobre trilhos, os transportes coletivos sobre rodas e, finalmente, os carros.
É o meio de transporte que uso nos lugares da Europa que vou visitando. As melhores cidades são aquelas em que eu nem lembro de carro. Cidades com enormes espaços para os pedestres. Mas não estou a falar de calçadõezinhos mixurucas como em Joinville. São espaços pedonais a sério, amplos, onde as pessoas caminham, fazem compras ou apenas sentam numa esplanada para tomar um café.
E em quase todas as cidades das quais mais gosto há um ponto em comum: o metrô de superfície, aquilo que no Brasil chamam VLT - Veículo Leve sobre Trilhos. É o transporte civilizado por excelência. No entanto, sempre que toquei no assunto, aqui no blog ou quando escrevia no finado jornal A Notícia, havia as desculpas mais esfarrapadas para não discutir o assunto. Nem era fazer a coisa... era discutir.
- É caro.
- Não se adequa a Joinville.
- É coisa para o futuro.
- E piriri-pororó...
Ou seja, é a velha lenga-lenga do imobilismo provinciano. E o pior: tem gente que passa pano para o poder público e livra os prefeitos de terem que falar do assunto. Afinal, instalar um sistema de metrô de superfície é algo complexo e vai para além dos períodos de quatro anos das urnas. Ah... as urnas. É o maior câncer das administrações municipais do Brasil.
Não há visões de longo prazo nos municípios. Porque o prazo mais longo é sempre os tais quatro anos do mandato. Tudo o que leve mais tempo é logo posto de lado. Porque no Brasil governar é trabalhar para a reeleição. Mas aí você pergunta: o que mudou em Joinville nos últimos quatro anos? E eu, que só passo um mês por ano na cidade, respondo: porra nenhuma. Ah... parece que vai sair um palácio, né?
Mas voltando ao tema transportes. Como sou um sujeito insistente vou batendo na mesma tecla. Quero que um estudo sério – feito por pessoas que sabem do que estão falando –, a mostrar o tal VLT – Metrô de Superfície, não é viável em Joinville. E que a cidade vai continuar atrelada ao século 19. Porque eu sou capaz de apontar muitas vantagens:
- Menor congestionamento: circulando em trilhos, reduz o tráfego nas ruas.
- Conforto: viagens mais estáveis e com menos vibrações.
- Sustentabilidade: menor emissão de poluentes.
- Eficiência energética: consome menos energia por passageiro do que ônibus normais.
- Integração urbana: facilita a conexão entre diferentes partes da cidade.
- Baixo ruído: reduz a poluição sonora em áreas urbanas (nem sempre).
- Capacidade: mais passageiros em comparação com outros meios de transporte públicos.
Mas será que algum dia um prefeito vai tirar a bunda da cadeira, olhar pela janela do gabinete e ver que lá fora está o século 21? E já vai adiantado. Não parece.
É a dança da chuva.
Viável é, mas seria conveniente?
ResponderExcluirEu pessoalmente prefiro uma cidade provinciana.
Os dados do IBGE demonstram uma migração para cidades pequenas dentro do país. As grandes cidades estão encolhendo.
A minha tese é que as cidades grandes resolviam problemas de escala econômica, mas tinham como consequência se transformar numa experiência real do universo 25.
A internet resolveu parte do problema de escala, pois veja só temos um blogueiro de Portugal a falar de uma cidade a milhares de distância.
Sem falar que a Europa tem uma densidade demográfica 3x a do Brasil, nesse sentido faz mais sentido pra vcs que para nós esse modelo.
Que raio de resposta...
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