sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Acertar no alvo?

ET BARTHES
Às vezes a gente pensa que está a fazer tudo certinho. Mas as coisas podem mudar de figura quando vistas de um outro ponto ângulo. É o caso do nosso amigo bombeiro, que acredita estar tudo bem. Mas...



Cão Tarado




Homenagem a 3 mulheres especiais


POR GUILHERME GASSENFERTH

Há tempos eu tenho vontade de poder dividir com o mundo a grande admiração que tenho por três moças que vivem em meu coração. São elas, em ordem etária: Mery Paul, Jutta Hagemann e Alda Niemeyer. Vou contar-lhes o porquê da homenagem.

Primeiro, falaremos da mais nova de nossas protagonistas de hoje. Dona Mery Paul nasceu em Joinville, no dia 10 de novembro de 1936. Aos 76 anos, é um exemplo de vitalidade e gentileza. Uma de minhas mais assíduas amigas do Facebook e leitoras do Chuva Ácida, conheci dona Mery quando cantei no Coral da Igreja da Paz.

Em 1983, dona Mery criou o Mutirão do Amor. Impelida pela falta de assistência às gestantes das enchentes do Vale do Itajaí daquele ano, ela juntou um grupo de voluntárias para produzir enxovais às mãezinhas que esperavam bebês e não tinham condições. Este trabalho está prestes a completar 30 anos, sempre com a alegria e jovialidade de dona Mery à frente. É um exemplo para todos nós, jovens, adultos e idosos, o trabalho que ela faz na área social. É importante destacar que nas enchentes de 2008 e 2011, dona Mery acompanhou nosso trabalho na Central Solidária e foi nossa incansável secretária, registrando tudo, tintim por tintim. Quem recebe seus relatórios de prestação de contas do Mutirão do Amor sabe como é caprichosa esta moça!

Nossa outra homenageada é a dona Jutta Hagemann, a memória ambulante desta cidade. Adoro visitá-la em sua casa, uma vez que somos primos de qualquer grau e ela sempre tem informações importantes para a construção de minha árvore genealógica. Além disso, é sempre agradável conversar com uma moça tão culta e inteligente.

Aos 86 anos, dona Jutta é a conselheira certa para as incertas horas em que bate uma dúvida sobre o passado. Ela, que é testemunha de mais da metade da história da nossa cidade, tem uma inacreditável capacidade de decorar nomes e datas. Além disso, é figurinha carimbada na seção Memória, de ANotícia, que desafia os leitores a acertarem a localização de fotos antigas da cidade. Dona Jutta não perde uma!

Ela sai por aí, participa de grupos de conversação em alemão, de um clube de apaixonados por ópera, é conselheira do jornal ANotícia e dedica-se à pesquisa histórica, continuando um legado deixado pela saudosa filha Maria Thereza Böbel, que nos deixou precocemente em 2005. É outra que entende também de computador. Recordo-me com clareza o dia que ela me adicionou no MSN, dizendo que estava aprendendo a usar aquilo.

E apesar dos 86 anos, acaba de voltar da Alemanha, onde passeou um pouquinho e representou a parte brasileira da família no encontro dos descendentes dos Kröhne.

Minha última mocinha é dona Alda Schlemm Niemeyer, uma blumenauense reconhecida nacionalmente. Nascida em 1920, a Vovó Alda é outro exemplo pra mim. Fiquei tão feliz quando recebi sua cartinha, escrita à mão em alemão, dedicando-me um exemplar do livro que escreveu sobre a catástrofe blumenauense em 1983. Dona Alda, ou PP5-ASN, é radioamadora até hoje, transmitindo em português e alemão para o mundo. Nas enchentes, já com 63 anos, participou ativamente auxiliando pelo rádio a resgatar famílias isoladas e a buscar doações de outros pontos do Brasil e na Europa.

Ativa também no Facebook, Skype e MSN, dona Alda foi reconhecida com a medalha Defesa Civil Nacional, entregue pelas mãos do ministro da Defesa Civil em cerimônia transcorrida há dois meses em Brasília. Que alegria aos 92 anos de idade!

Dona Alda é a única das minhas três homenageadas que eu ainda não conheço pessoalmente, embora eu pretenda mudar isso em breve. Mas como já lhe telefonei algumas vezes, uma coisa eu posso lhes garantir: é difícil encontrar voz mais bonita por aí. Seu tom e firmeza de voz são próprios de alguém com 30 ou 40 anos. É claro que voz tão linda haveria de fazê-la reconhecida por todos os blumenauenses.

Enquanto eu escrevia esta homenagem, percebi que há ligação entre minhas três amigas, além do fato incontestável de as três serem muito bonitas. Dona Mery e Dona Jutta são joinvilenses e figuras conhecidas de nossos jornais, como é dona Alda em Blumenau. As três já foram homenageadas e premiadas, justamente. Dona Alda e Dona Jutta são primas distantes – somos nós três descendentes diretos de Christian August Kröhne e Johanna Richter. Por outro lado, tanto Dona Mery quanto Dona Alda tornaram-se conhecidas pelo trabalho que teve seu ponto comum nas enchentes do Vale do Itajaí de 1983. Será que é tudo mera coincidência?

Minhas amigas, meus sinceros parabéns pelo exemplo que vocês dão a nós e muito obrigado pelo carinho de sempre!

“A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las” Aristóteles

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Miles Davis e Caco: um dueto genial

ET BARTHES
Quem curte os Muppets e também a música de Miles Davis não pode perder este dueto improvável, mas que a tecnologia permite realizar. Bom pela música, ótimo pela ideia, excelente pela realização.


O futuro de Clarikennedy

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Após a apuração do resultado para a Prefeitura de Joinville, e consolidada a vitória de Udo, a maioria dos olhares se voltam para as ações do futuro Prefeito. A discussão do secretariado, presidência da Câmara e a busca de apoios são alguns dos temas presentes no noticiário local. Acontece que o derrotado, o deputado Clarikennedy Nunes, também está articulando seus próximos movimentos, os quais são extremamente importantes para as eleições de 2014.

A virada que levou deve ter sido doída demais, porém o mundo gira e a vida política continua para Clarikennedy. A sua candidatura na cara e na coragem, sem apoio de muita gente, quase saiu como a vencedora. Mesmo assim, alguns de seus partidários tendem a apoiar Udo Dohler. Isto coloca o atual deputado estadual isolado no papel de opositor dentro de seu partido. Darci de Matos, outro integrante do PSD, quer independência do partido mais para não bater de frente com LHS e Colombo do que propriamente fazer oposição.

A candidatura de Clarikennedy não serviu para ganhar peso dentro do partido. Não é a toa que, em declarações recentes, ele diz que pretende concorrer novamente ao posto de deputado estadual em 2014, refutando qualquer expectativa de concorrer a deputado federal. Sem uma base unida no âmbito municipal (o PSD nasceu como um partido fisiológico) não há perspectivas melhores além da Assembleia Legislativa.

Outro fator importante: é sabido que, como deputado estadual, a peregrinação pelas igrejas evangélicas acontece de forma mais fácil do que se estivesse em Brasília. Como deputado pode-se visitar todas as cidades de Santa Catarina (e suas igrejas) mais facilmente e com maior frequência. Em contrapartida, ir para Brasília exigiria outras preocupações, muito distantes da militância com os fiéis.

O grande erro estratégico seria acomodar-se em cima da tranquilidade que o cargo de deputado estadual lhe dá (o senhor da Casa Amarela é mestre nisso). Na política é necessário correr riscos. Ou vocês acham que Darci de Matos não está articulando para que o PSD gire novamente em torno de seu nome, visando 2016?

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Uma cachoeira, uma tragédia

POR ET BARTHES
As imagens são do ano passado, mas ainda impressionam. Na Índia, cinco pessoas de uma mesma família foram apanhadas por uma enxurrada e levadas pela água para um despenhadeiro. Segundo as notícias, três foram encontradas mortas pouco tempo depois do acidente.



Eu era feliz e não sabia


POR AMANDA WERNER


“Quando eu era criança, não tive Blackberry, Iphone, Ipad, eu brincava de esconde-esconde, polícia e ladrão...” Você já leu este texto na internet? Não precisa ver na internet. Costumamos ouvir em outros canais observações semelhantes: antigamente era melhor. O que, para alguns, é quase um mantra.

Há muitas pessoas da minha idade venerando as músicas dos anos oitenta – melhor fase da música! Como alguns o dizem. E, presos à vitrola do passado, ouvem as novas músicas já na defensiva, sem se permitir gostar.

Outros afirmam que vivíamos com mais qualidade antes. E fico aqui me questionando, como poderia uma vida repleta de preconceitos de todo o tipo, desigualdade racial e entre sexos, uma vida sem internet, e nem ar condicionado, ser melhor do que a que vivemos hoje?

As pessoas eram mais felizes? Não sei, hoje existe o Prozac. E antes, não tenho certeza de que a depressão era tão facilmente detectada, e nem se havia tantos recursos para o tratamento.

Parafraseando Paulo Leminski, morria-se praticamente de tudo. E tudo era melhor antigamente?

Mas o que nos faz olhar o passado com lentes de algodão-doce? Talvez estejamos misturando o conceito de melhor com memória afetiva. É muito fácil associar a juventude, onde tudo era novo e belo, com a música que estava tocando no momento, ou com a época política que o país atravessava. Mas estar preso à lembranças bonitas, ainda significa que você está preso.

O mundo não era um lugar melhor antes. O risco de acharmos que nada supera o que já passou, é que este pensamento pode influenciar fortemente a maneira como tomamos decisões e passamos os nossos dias. E, nos aprisionando no passado, negamos a plenitude que a vida nos oferece.

Não é errado nos lembrarmos com carinho do que já passou. Mas não significa que o que passou é o melhor. Boas coisas já foram feitas, mas inúmeras outras virão. É só se permitir. E, como já disse um autor desconhecido: feche a porta, mude o disco, limpe o armário. Deixe de ser quem era, passe a ser quem é.

Que falta de civilidade!

POR GABRIELA SCHIEWE

HINO - Estou espantada com a total falta de civilidade que presenciei hoje no esporte catarinense. Até em disputa de pecas, o hino nacional é executado como a expressão maior da civilidade em que todos os presentes se prostam diante do nosso símbolo maior, a bandeira nacional e, aqueles que sabem, lógico, entonam o maravilhoso Hino Brasileiro.

Que inveja dos conterrâneos gaúchos que, além de obrigarem a execução do hino nacional em qualquer competição oficial, não bastasse isso, exigem a execução do hino do Estado, o que demonstra um respeito a civilidade pela nação brasileira. Bom, desculpem-me, mas precisava fazer esse desabafo! 

KRONA - Agora vamos ao jogo, Krona 0 x 0 Concórdia. Placar insosso, mas que pode ter tanto uma análise positiva. Apesar do empate sem gols, tivemos bola na trave, defesas difíceis, principalmente do arqueiro do adversário tricolor, agitando os ânimos daqueles que se faziam presentes.

É, mas preciso ser sincera com vocês, a minha análise não é tão positiva assim, já que no primeiro tempo achei o time da Krona um pouco apático, faltando uma vontadezinha extra (claro que o incansável Leco, sempre disposto, Valdin voltando de contusão, esforçado para retornar à velha forma), mas a verdade é que aquelas defesas que descrevi acima e que ocorreram no segundo tempo, não foram suficientes para empolgar.

O que importa é que esse empate garantiu a Krona na final do Campeonato Catarinense e, espero, de verdade, que pelo menos nas finais o Hino Nacional Brasileiro seja executado e, por que não, pela orquestra local.

As finais serão contra o eterno rival Jaraguá, que passou pelo Tubarão. Primeiro jogo aqui, no dia 03.12 e a decisão em Jaraguá, no dia 06. Nervos pra que te quero!

NO CHUVEIRINHO - Série B acabou e, em grande estilo, a rodada final foi espetacular. Parabéns a todos que participaram, ao Goiás campeão, ao Criciúma que ascendeu à elite do futebol. Foi um grande campeonato, de causar inveja a apática Série A, que finaliza nesse fim de semana mas que não contará com o meu apreço.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O ciclo da vida

POR ET BARTHES
Sem palavras.


Atrasado,atrasado,atrasado!!


Os botos do Cachoeira


POR JORDI CASTAN

O brasileiro gosta de acreditar em histórias fantasiosas. A magia, o sobrenatural e o fantástico florescem no nosso imaginário. Do Saci Pererê a Curupira, passando pelo Boto Tucuxi e a Mula Sem Cabeça, temos também a lenda do político honesto. Cada região do país cultua suas lendas e a população acredita nelas. No sul, de forma geral, e aqui em Joinville, em particular, a sensação é que o racional, o cartesiano e a lógica prosperam. E pouca gente acredita em jovens apostos que aparecem nas noites de lua cheia para encantar as donzelas virgens.

Um dos segredos melhor guardados desta cidade - ignorado inclusive por Ficker, que não o cita no seu livro da história de Joinville - é que desde o início da vida política da cidade grupos de gente estudada, inclusive com títulos obtidos nas mais prestigiosas universidade,
 se juntam aos menos escolarizados e de forma quase sorumbática se reúnem às margens do Rio Cachoeira, em maior quantidade la pelos lados do mercado municipal.

Estes encontros ritualísticos acontecem aproximadamente a cada quatro anos e o objetivo não é outro que esperar que se produza o milagre da aparição dos botos do Cachoeira. De acordo com a tradição, entre a baia de Saguaçu e o Museu de Sambaqui nas noites de lua nova, no negrume das horas mortas, no pico da preamar um cardume de botos pretos como o carvão sobe rio acima e um deles, o escolhido pelo destino, sai da água, se alastra torpemente pela margem e, de forma espasmódica, adquire forma humana e se converte no escolhido. Ele será o candidato que na data certa será ungido pelas urnas e se converterá em burgomestre da vila. Encantará eleitores com seus discursos melífluos e enamorará eleitoras com seu olhar penetrante

Neste ano alguma coisa estranha deve ter acontecido. Há preocupação entre os estudiosos das lendas sambaquianas, que entre outras teorias culpam a feérica iluminação que agora margeia o rio, consideram eles se não seria ela a que tenha ofuscado os botos e tenha impedido sua migração. A lenda dos botos do Cachoeira já esteve ameaçada no passado recente quando um prefeito iniciou a construção de um muro de concreto margeando o rio. 


Há preocupação com que os encantadores de eleitores que pregavam a Joinville fantástica acabem desaparecendo. Os mais antigos juram que nada impedira que os botos reencontrassem o seu caminho e voltem periodicamente para cumprir o seu rito sagrado de engabelar eleitores, oferecendo sonhos e deflorando virgens com seu olhar.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Espírito de porco!



As imagens da bomba em Oslo

POR ET BARTHES
As autoridades norueguesas divulgaram as imagens da explosão da bomba, no atentado perpetrado por Anders Behring Breivik no ano passado. Não dá para entender o que é dito em norueguês, mas as imagens são bastante esclarecedoras.



As cotas e os heróis da direita

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Reinaldo Azevedo e Joaquim Barbosa devem ser, neste momento, dois dos ídolos mais queridos da direita hidrófoba. O primeiro por causa de um estilo marcado pela pouca cultura, uma enorme truculência e uma indisfarçável raiva de classe (não dá para chamar ódio de classe, porque é patológico e não sociológico). O segundo - talvez involuntariamente - virou queridinho da Reaçolândia por ter mandado engaiolar os caras do mensalão.

A popularidade de Joaquim Barbosa entre os conservadores não para de crescer. O delírio é tanto que, imaginem, o homem já foi comparado ao Batman. Santa loucura! Mas tem explicação. É que a direita hidrófoba está louquinha para ver se ele consegue jogar a tarrafa sobre o ex-presidente Lula. O fato é que essa gente, há muito tempo órfã de resultados nas urnas, move-se pela sede de vingança. E espera que o novo ministro do STF seja o instrumento dessa caça ao homem. A torcida é por uma espécie de duelo entre morcego e molusco.


Essa sublimação que os conservadores fazem de Joaquim Barbosa é tão insana que já começam a confundir a obra-prima do mestre com a prima do mestre de obras. Para a direita, Barbosa é uma espécie de super-homem da moralidade. E agora até surgiu uma campanha nas redes sociais a dizer que ele chegou à presidência do STF sem precisar de cotas. Ok... a questão precisa de um esclarecimento.
O fato é que Joaquim Barbosa é a favor das cotas. 

É aqui que os destinos dos dois heróis da direita hidrófoba se cruzam. Mas a coisa fica estranha. O que move a direita não é um ideário político, mas apenas retaliação: se é contra Lula é meu aliado. Quando manifestou apoio às cotas, Joaquim Barbosa foi alvo de duras críticas de... adivinhem quem? Ora, foi o próprio Reinaldo Azevedo, esse oráculo da direita iliterata, a detonar o ministro do STF. No seu entender, o negro e pró-cotas Joaquim Barbosa dividia o mundo entre bem e o mal. O bem do lado dos defensores das cotas, o mal do lado dos opositores.

Foi assim, nas palavras do próprio Tiozinho Rei, num texto com alguns meses :
- "É surrealista! Qualquer ministro branco que eventualmente se opusesse às cotas, então, estaria, segundo Barbosa, defendendo um interesse pessoal. Já Barbosa, negro e pró-cotas, só tem esse pensamento porque é um amigo da humanidade. O Bem de um lado, o Mal de outro. Conviva sem reação com esses absurdos retóricos e argumentativos quem quiser. Eu não convivo. E não venham com a história de que Barbosa disse ou quis dizer outra coisa. Está tudo gravado. Está lá. Ele disse e quis dizer o que disse".


Pois é, gente. O problema é que os conservadores gostam apenas da espuma dos fatos. E sofrem de uma espécie de glaucoma político: veem apenas o que querem ver, acreditam apenas no que querem acreditar.

Em tempo: Joaquim Barbosa tem muito mérito em chegar ao lugar onde chegou. Mas talvez tenha chegado com um atraso histórico. Porque se o sistema de cotas tivesse sido implantado antes, talvez um negro chegar ao cargo não tivesse sido tão demorado.

Construir a marca Joinville - 3* (final)


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

QUE CIDADE EM 2028? – É preciso que o próximo prefeito consiga ver para além das eleições e tenha coragem de lançar um olhar sobre o futuro. A questão é a seguinte: que cidade Joinville quer ser em 2030 ou 2040? Parece tempo demais para os políticos de vistas curtas, mas é um trabalho que precisa ser feito. E com método, organização e ambição.

Criar uma marca é também ter respostas para perguntas simples que um estrangeiro ou um brasileiro de outra região poderia fazer.
- Por que eu devo fazer turismo em Joinville?
- Por que a minha empresa, que é da geração digital, iria para Joinville?
- Por que eu deveria considerar Joinville uma opção cultural?
- Por que eu, que sou um “cérebro”, devo transferir o meu quociente intelectual para Joinville?

A maioria dessas perguntas teria respostas insatisfatórias. Porque não existe uma idéia clara do que Joinville representa na mente das pessoas. Hoje a cidade é um bom destino para os migrantes e para as empresas que vivem pela lógica das chaminés. Mas o mundo vive tempos pós-industriais e é necessário cada vez mais investir num progresso limpo e tentar atrair cérebros. Joinville quer ter uma imagem parecida com o Silicon Valley ou com a cidade de Cubatão?

COMO CRIAR A MARCA? – Tudo começa com uma decisão estratégica. É preciso que a cidade assuma uma vocação e, a partir daí, definir um rumo para o futuro. É preciso perguntar se Joinville quer ser a cidade da ética protestante, de um rio de águas negras, professores sem produção intelectual, de uma economia em que tudo gira à volta das chaminés? Não parece.

A marca-Joinville (que, repito é mais do que um slogan e um logotipo) tem que apontar para o futuro, para a ecologia, para a sociedade do conhecimento, para as tecnologias da informação, para os cérebros, para o bom turismo, para uma cultura cosmopolita, para uma mídia moderna, para políticos confiáveis etc. Mas é preciso uma administração pública disposta a escolher esse caminho de maneira empenhada.

Aliás, repito para que fique claro, criar uma marca-cidade não é uma operação de cosmética e muito menos uma simples campanha de publicidade. A marca não vive de frases, anúncios ou filmes, mas de um conceito. É preciso mudar mentalidades, porque não adianta criar uma percepção que não encontra eco na realidade.

A criação da marca-Joinville exige obras concretas, mas é preciso recusar o imediatismo e investir num objetivo estratégico de longo prazo. Mais sentido de missão, menos eleitoralismo. É essencial, acima de tudo, promover a integração de inteligências para desenvolver soluções criativas.

Ou seja, é preciso levar a imaginação ao poder.


* Texto publicado há quatro anos no jornal A Notícia mas que, na opinião do autor, ainda permanece válido.

domingo, 25 de novembro de 2012

Vettel tricampeão!!!

POR GABRIELA SCHIEWE

O sexto lugar de Sebastian Vettel foi mais do que suficiente para lhe garantir o seu terceiro campeonato consecutivo.

O GP do Brasil foi o reflexo da temporada, embargado de muita emoção e competitividade.

Para finalizar, ainda, Felipe Massa voltou ao pódium no seu país, ocupando o terceiro lugar, lhe fazendo gotejar felicidade de seus olhos, numa vitória pessoal.

Parabéns Vettel e Alonso pelo brilhante campeonato e disputa até as últimas voltas.

MELHOR E PIOR - Semana 27


Construir a marca Joinville - 2*


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

A MARCA-CIDADE – Era natural que a tendência das marcas-país chegasse às cidades. E vale salientar que o desenvolvimento de uma marca é mais simples nos municípios, uma vez que estamos a tratar de um meio cultural mais homogêneo e de fácil circunscrição geográfica. É inconcebível, portanto, que quase nada tenha sido feito em Joinville ao longo de décadas.

O investimento na imagem é algo que algumas cidades vêm fazendo há muito tempo. E por isso hoje são marcas fortes. Quem não se lembra do caso do designer Milton Glaser, em Nova Iorque? Há 30 anos, a cidade que nunca dorme efetivamente perdeu o sono. Havia muita violência, as ruas tinham mau aspecto e os turistas simplesmente desapareceram. A administração de Nova Iorque estava à beira da falência.

Foi aí que as autoridades decidiram investir numa campanha para devolver a auto-estima aos nova-iorquinos e conquistar os forasteiros. E lançaram as peças publicitárias com o famoso “I Love NY”. Foi nesse momento que surgiu o lance tão simples quanto genial de Milton Glaser, que criou a marca “I – coraçãozinho – NY”. Hoje a cidade tem uma marca fortíssima.

Aliás, não é o único episódio a envolver um designer. Um caso interessante é o de Manchester, na Inglaterra, que há alguns anos contratou o designer Peter Saville para ocupar um cargo inusitado: diretor de criação da cidade. Manchester era uma cidade feia, chuvosa, triste. E precisava construir uma marca.

Depois da explosão de uma bomba do IRA, que em 1996 destruiu o centro vitoriano da cidade, as autoridades decidiram reconstruir o local. E mais: essa seria a semente para mudar a imagem da cidade. Peter Saville chegou ao conceito de “Manchester Original Modern”. E faz questão de explicar que não é um slogan, mas um significante que revela a nova Manchester. Há uma série de ações concretas por trás desse conceito.

A MANCHESTER CATARINENSE – A experiência inglesa pode ser um bom exemplo para Joinville que, por coincidência, ainda é conhecida por muita gente como a Manchester Catarinense. Há pontos comuns entre as duas cidades. Muitos negativos. Mas os ingleses perceberam o problema e se lançaram na construção da marca e mudança de imagem. E se a Manchester original quis mudar...

Construir uma marca é um trabalho difícil e os resultados demoram a aparecer. E, claro, não dá votos no curto prazo. Talvez isso explique o fato de nenhum político no poder se ter dedicado ao tema. Mas uma coisa é certa: quem investiu – e investiu bem – na construção da marca-cidade não tem do que se queixar.

Milão é moda. Nova Iorque é efervescência. Paris é romance. Barcelona é cultura. Tóquio é modernidade. E Joinville é... Fica a pergunta: como a cidade é percepcionada dentro e fora das suas fronteiras? O fato é que não existe uma imagem forte e sustentada, porque as autoridades nunca se preocuparam em elaborar um projeto a sério.

As pessoas ingenuamente alimentam a ilusão de que basta escolher um tema e escrever frases. Joinville pode ser, por exemplo, a Cidade das Flores, Cidade das Bicicletas, Cidade da Dança, a Manchester Catarinense ou um pedaço da Europa no Brasil. Mas nenhuma dessas imagens se firmou porque não é fruto de um trabalho estratégico bem articulado. E porque talvez Joinville não seja nada disso.


(continua amanhã)

* Texto publicado há quatro anos no jornal A Notícia mas que, na opinião do autor, ainda permanece válido.