segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Construir a marca Joinville - 3* (final)


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

QUE CIDADE EM 2028? – É preciso que o próximo prefeito consiga ver para além das eleições e tenha coragem de lançar um olhar sobre o futuro. A questão é a seguinte: que cidade Joinville quer ser em 2030 ou 2040? Parece tempo demais para os políticos de vistas curtas, mas é um trabalho que precisa ser feito. E com método, organização e ambição.

Criar uma marca é também ter respostas para perguntas simples que um estrangeiro ou um brasileiro de outra região poderia fazer.
- Por que eu devo fazer turismo em Joinville?
- Por que a minha empresa, que é da geração digital, iria para Joinville?
- Por que eu deveria considerar Joinville uma opção cultural?
- Por que eu, que sou um “cérebro”, devo transferir o meu quociente intelectual para Joinville?

A maioria dessas perguntas teria respostas insatisfatórias. Porque não existe uma idéia clara do que Joinville representa na mente das pessoas. Hoje a cidade é um bom destino para os migrantes e para as empresas que vivem pela lógica das chaminés. Mas o mundo vive tempos pós-industriais e é necessário cada vez mais investir num progresso limpo e tentar atrair cérebros. Joinville quer ter uma imagem parecida com o Silicon Valley ou com a cidade de Cubatão?

COMO CRIAR A MARCA? – Tudo começa com uma decisão estratégica. É preciso que a cidade assuma uma vocação e, a partir daí, definir um rumo para o futuro. É preciso perguntar se Joinville quer ser a cidade da ética protestante, de um rio de águas negras, professores sem produção intelectual, de uma economia em que tudo gira à volta das chaminés? Não parece.

A marca-Joinville (que, repito é mais do que um slogan e um logotipo) tem que apontar para o futuro, para a ecologia, para a sociedade do conhecimento, para as tecnologias da informação, para os cérebros, para o bom turismo, para uma cultura cosmopolita, para uma mídia moderna, para políticos confiáveis etc. Mas é preciso uma administração pública disposta a escolher esse caminho de maneira empenhada.

Aliás, repito para que fique claro, criar uma marca-cidade não é uma operação de cosmética e muito menos uma simples campanha de publicidade. A marca não vive de frases, anúncios ou filmes, mas de um conceito. É preciso mudar mentalidades, porque não adianta criar uma percepção que não encontra eco na realidade.

A criação da marca-Joinville exige obras concretas, mas é preciso recusar o imediatismo e investir num objetivo estratégico de longo prazo. Mais sentido de missão, menos eleitoralismo. É essencial, acima de tudo, promover a integração de inteligências para desenvolver soluções criativas.

Ou seja, é preciso levar a imaginação ao poder.


* Texto publicado há quatro anos no jornal A Notícia mas que, na opinião do autor, ainda permanece válido.

Um comentário:

  1. Baço, acho que de atributos fisicos e naturais não podemos reclamar (ainda): temos uma Serra do Mar imponente e bastante preservada às nossas costas, à nossa frente a grandiosidade e beleza da Baía da Babitonga e da ainda poluidíssima Lagoa do Saguaçú, estamos perto de praias belíssimas, na margem da maior rodovia do Sul do País, próximo de capitais, etc,etc. O que falta? Sinceramente um povo mais civilizado e consciente, e uma classe política com muito mais caráter e honestidade.

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