sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Sendo joinvilense todo dia


POR GUILHERME GASSENFERTH

Há várias formas de participação popular. A mais comum hoje é a democracia representativa, como a que vivemos no Brasil, onde os cidadãos outorgam poder de representação pelo voto. A história nos demonstra que outras formas são possíveis, como protestos, democracias diretas, leis de iniciativa popular (como foi o caso da Lei da Ficha Limpa), greves e revoltas, como se pode afirmar ser o caso da Revolução Francesa. Há também formas de participação ao inverso, quando o não-fazer é intencional para causar algum resultado. Exemplos são boicotes ou políticas não-colaboracionistas, como a que Praga viu seu povo fazer diante da invasão da força militar do Pacto de Varsóvia para sufocar os interesses reformistas de Dubcek em 1968.

Trazendo esta realidade para âmbito local, Joinville acaba de passar por suas eleições municipais, que culminaram na eleição do empresário Udo Döhler para comandar a prefeitura de Joinville a partir de 01 de janeiro de 2013. Houve um fenômeno interessante nestas eleições, sobre o qual busco discorrer a seguir: a mobilização popular.

Pode ser obra do calor do momento, mas para mim parece que não houve outra eleição nos últimos anos que tenha tido tal nível de engajamento como a de 2012. O que ocorreu nas redes sociais e nas ruas foi bonito de se ver: pessoas argumentando e defendendo o voto em seus candidatos (ou o não-voto), marcando reuniões de estratégias ou participando de caminhadas ou carreatas. Punha-se à pauta discussões de propostas de candidatos, análise de coligações e até radiografias de trajetórias de alguns postulantes.

Nós temos sido apáticos à política nos últimos anos. Há vinte anos vimos centenas de milhares de estudantes e jovens saindo às ruas e pintando seus rostos para pedir o impedimento do presidente Collor. Este foi, seguramente, o último movimento popular vultoso na história do nosso país. Interessante é constatar que, mesmo diante de notícias de corrupção ainda mais graves nos governos FHC, Lula e Dilma, nós permanecemos inertes.

Assistimos ao noticiário e lemos na internet sobre denúncias de violência crescente, de corrupção impune, de educação colapsada, de Justiça lenta e ineficaz, de carga tributária sufocante, de piadas sem graça protagonizadas por políticos. E agimos como os lemingues, rumando felizes ao precipício.

Reunimos 20 mil pessoas para ver o Joinville derrotar o Criciúma na Arena, mas eu duvido muito que conseguiríamos juntar a décima parte disto para uma assembleia popular de decisão do orçamento da cidade, por exemplo. Parece que uma vez terminado o processo eleitoral, basta descolar os adesivos e embainhar os discursos e está tudo como dantes no quartel de Abrantes. Soa como se nosso dever de cidadãos tenha acabado no dia 28 de outubro às 17h.

Não, meus caros cidadãos! É agora que começa nosso trabalho! Fiscalizar, cobrar, reivindicar, reclamar, discutir, participar, conhecer: são verbos que são indissociáveis do exercício da cidadania. Façamos nosso papel ser diário e deixar de ocorrer a cada dois anos.

Quando se contrata um funcionário para trabalhar em nossa casa ou empresa não estamos sempre de olho, acompanhando e fiscalizando o que faz e como ele trabalha? Por que faríamos diferente com os políticos, empregados nossos? Participemos, joinvilenses, pois só assim faremos Joinville voltar a ser a grande cidade de outrora. 

10 comentários:

  1. Poizé né zé! Um claro exemplo da apatia é que o "bloguista", em tempos de eleição, postava dia sim dia não, algum testículo para vomitar sua raiva, explanando o seu "não voto" no candidato derrotado. Mazagora que os "mobilizadores da massa" (de manobra, talvez?!) conseguiram o seu intento, acalmaram a verborragia. Agora começou novamente o tempo do tUDO perfeito, da Acijiville, digo Joinville, aonde tUDO funciona perfeitamente. Viva o Triunfo dos Senhores Feudais, sem trocadilhos... Quem pariu a criatura que a embale. Toma Guilherme que o filho também é teu!

    Att. Nelsonjoi@bol.com.br

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  2. Respostas
    1. Caro Guilherme
      A respeito do comentário feito pelo leitor Nelsonjoi@bol.com.br, muito embora até concorde com ele em alguns pontos, informo que não é de minha autoria, como a princípio poderia parecer, dada a coincidencia de nomes.
      Tambem não acredito que a vitória do Sr. Udo tenha sido motivada pela campanha do Chuva Ácida contra o Sr. Kennedy.
      Mas ajudou, com certeza.
      O que está ficando esquisito, são os textos que estão surgindo agora, o teu nem tanto, mas o do Jordi dessa semana foi bem estranho, assim meio ..."Madalena arrependida".
      Agora, como voce bem disse, é bola pra frente. E ficarmos muito atentos às ações de mais um governo LHS. Imagino que a tua intenção foi essa, não?

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    2. Oi Nelson! Sabia que não era seu pois teu estilo é diferente. É evidente que nós não ganhamos eleição alguma... nossos leitores já eram em sua GRANDE maioria pró-Udo. Talvez aqui eles viessem buscar mais munição, apenas.

      O meu texto teria sido escrito igualzinho ainda que fosse o Kennedy o vencedor. A diferença é que nas redes sociais viu-se MUITO mais Udo do que Kennedy. Mas a ideia de participar, fiscalizar e cobrar é inerente ao nosso dever de cidadão, confere?

      Eu não estou arrependido de ter votado Udo, pelo contrário. Ele vem dando alguns sinais que até aqui me agradaram bastante. Espero que continue assim!

      O que mais espero, no entanto, é a dissociação do governo com LHS. Isto, meu caro, espero com veemência!

      Abraço!

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    3. Meu caro Jordi,

      Confessa, vai....rsss

      Abraço

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    4. Nelson Jvlle,

      Se você ler e reler os meus posts tanto aqui no Chuva Ácida como no Comentários de Joinville poderá verificar que há uma linha clara com relação ao Udo.

      ainda mais, cansei de insistir que o meu voto seria pelo menos ruim, porque não conseguia enxergar nenhum candidato como sendo bom.

      Na reta final do segundo turno, entre K55 e U15 não tive duvida. E defendi o voto no menos ruim.

      Confessei.

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    5. kkkkkk
      Consegui fazer o sangue espanhol ferver.
      Mas falando sério. Li e entendi os teus posts sobre o assunto, fique tranquilo. Porem não acho que o U15 (isso parece sigla de submarino da segunda guerra) seja o menos pior, muito pelo contrario. Na verdade sempre torci por ele inclusive quando ainda nem era candidato. Esperava que ele se candidatasse já na eleição anterior, o que nao aconteceu. Apesar de ser a cabeça, tronco e membros da associação empresarial, e portanto altamente suspeito, sempre vi em Udo Dohler a solução que Joinville necessitava para o momento que estava passando, ou seja, a total desordem deixadaa por tres mandatos seguidos de LHS (sim, o de Tebaldi tambem foi). Que foi assumida pelo Carlito, um político correto e limpo, mas sem vocação para Hércules.
      Nesse estado de coisas, Udo Dohler seria, na minha visão, o "tratamento de choque" necessário para tirar o paciente da UTI e voltar ao seu estado normal.
      A minha decepção foi ele ter se rendido candidamente ao Grande Coronel e a partir daí rezar pela sua cartilha.
      Nesse contexto, discordando de voce meu caro Jordi, vi a tal opção menos pior no "sonhador" K55, mesmo sabendo do alto risco que seria um eventual mandato dele.
      Mas confesso que as propostas do K55 não me pareceram tão inviaveis assim. E acredito sim, em elevados. Por mais herética que essa afirmação possa parecer para uma boa parte da "inteligentzia" local.
      Bom, agora que a tempestade passou, preparemo-nos para as próximas que virão. E ao Guilherme: queria ter teu otimismo, mas sinceramente não creio que o tio Udo se desvincule de LHS. Os tentáculos do coronel são extremamente poderosos. Muito mais do que pensamos.

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  3. Cabe ressaltar: na campanha falavam que K55 teria que dar cargos para o povo do PT e PSDB, que o estavam apoiando e o PMDB usou isso contra o K55 e agora o que estamos vendo. Todos querem cargos que estão sendo negociados sim com LHS. Não duvido do potencial do Udo, mas a Prefeitura com certeza não será a sua empresa.Longe disso será um cabide de emprego sim..vejam por exemplo as exigências do PPS e outros....quando que nosso $$$$ será administrado por pessoas competentes???? No setor público é assim quanto mais caco, mais se dá bem...o negócio e ter padrinho político e basta, trabalho e competência passam longe. Por isso não sei não se o Udo não vai se arrepender de ter entrado nesse barco furado. Quem manda hoje é LHS alguém tem dúvida disso?????

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  4. As terras da Colonia Dona Francisca tremeram no período eleitoral!!!

    Para refletir...indico esta leitura provocativa:
    "Generosidades invertidas", por Cristovam Buarque,O Globo
    Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF.

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