quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

The Walking Dog


O urbanismo escravagista

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Ao longo dos últimos dez anos venho acompanhando mais de perto a política de planejamento urbano de várias cidades brasileiras, e não somente de Joinville. A impressão que me passa - e reforçada cada dia mais - é que fomos escravizados e nem sabemos. Porém, ao contrário do que aconteceu em séculos passados, a população brasileira foi escravizada por um urbanismo que limita, impõe e regra a vida social em uma cidade.

Somos todos escravos de um sistema econômico baseado na indústria automobilística e imobiliária/incorporadora. Os maiores volumes de dinheiro não surgem mais da produção de bens manufaturados, mas sim das articulações realizadas com a propriedade fundiária nas cidades. Para ser mais claro, fomos escravizados pelo fenômeno chamado "especulação imbiliária", que, ao meu ver, cumpre o mesmo papel que o senhor do engenho cumpria na estrutura escravista e tem na indústria automobilística o seu "capataz".

Ao transformar "terra rural" em "terra urbana", "menos valorizado" em "mais valorizado", "longe" em "perto", "barato" em "caro", "fazendas unifamiliares" em "condomínios fechados", "zonas de moradia de trabalhadores" em "condomínios industriais", "zonas frias" em "zonas quentes" (sic!), "vizinhança de cemitério" em "vetor do crescimento imobiliário", "descaso com o meio ambiente" em "pogresso" de acordo com as suas necessidades, a cidade tem seu perímetro urbano aumentado, incentivando o espraiamento urbano e uma dificuldade de locomoção pela cidade. Logo, se está difícil se locomover, principalmente pelos modos coletivos (o poder público é legitimador deste processo, da mesma maneira que legitimou a escravidão), o cidadão é forçado a adotar um estilo de vida: o estilo do automóvel. E não tem outra solução para sobreviver economicamente em meio ao caos urbano. É isso, ou é isso (ou as chicotadas da estigmatização e marginalização)!

Deste modo, o sistema escravagista pós-moderno está montado: grandes periferias urbanas sem infraestrutura, pobres morando "longe", deslocamento infernal devido ao excesso de carros, especulação imobiliária ganhando dinheiro como nunca, e políticos comemorando um crescimento econômico excludente e que só servirá aos senhores do engenho (e a eles mesmos!). Nada é ilegal. Tudo é fundamentado em leis parciais (com pouca participação popular), em uma polícia violenta e em uma mídia que é amiga de todos (e patrocinada por estes), menos dos escravizados.

Talvez nem percebamos, mas fomos escravizados. E a cidade é a nossa senzala.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Cão Tarado


Time que esta ganhando nao se mexe


POR GABRIELA SCHIEWE


A Seleção Brasileira de Futsal, no final do ano que passou conquistou o título mundial sobre a sua arquirrival Espanha.

Como sempre ocorre quando estas duas seleções se encontram foi pura emoção e o título definido nos últimos momentos.Foi uma jornada árdua para a equipe brasileira que, logo no jogo de estréia perdeu o seu principal jogador e referencia do time, o craque Falcão. E, antes mesmo de embarcar, a Seleção já enfrentou os seus primeiros adversários, vez que o então técnico era desacreditado e não detinha o apoio da sua Confederação.

No entanto, apesar da torcida contra ele, juntamente com toda sua qualificada comissão técnica, assim como os jogadores, inclusive o próprio Falcão que, mesmo nao estando no seu melhor se dispôs ajudar o grupo.Assim, o principal apoio o técnico Sorato tinha e tanto que, mesmo que assim alguns nao esperassem, o Brasil ergueu a taça de campeão.Após todos os holofotes que o título lhe transmite, no apagar das luzes tudo foi pelos ares, supervisor, técnico, comissão técnica se rompeu.

Mas como assim? Eles nao tinham acabado de ajudar de forma efetiva a Seleção Brasileira conquistar o título mundial?Pois caros molhados, como já estamos acostumados em tudo que envolve esporte e relacionado com política, não há lógica alguma e ser campeão do mundo nao significa nada.Ahhh, da um tempo né! O que é ser Campeão do Mundo? Para, isso qualquer um faz cara pálida, até um grupo com os melhores.

Parece uma brincadeirinha, mas não é. O grupo então campeão foi convidado gentilmente a dar espaço para outros profissionais. Poxa gente, a Confederação esta corretíssima, todo mundo tem direito de  trabalhar com a Seleção Brasileira de Futsal e tentar ser campeão, uma coisa tão simplesinha. Quem sabe eu nao possa ser a próxima estar lá, até porque eu entendo de todas as áreas, parte técnica, tática, física, se precisar até bato uma bolinha.

Então gente, é isso mesmo, time que esta ganhando se mexe...sempre que for da necessidade política do esporte!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Prédios públicos interditados

Por JORDI CASTAN


Há um forte descontentamento em determinados setores com a interdição de escolas e outros prédios  públicos em Joinville. O descontentamento se foca em três pontos:

O primeiro é o suposto excesso de zelo da Vigilância Sanitária, entendem os descontentes que as crianças e as famílias sofrem por conta da interdição e que seria possível não aplicar medidas tão extremas como a interdição de todo o edifício.

O segundo ponto, quando se refere as escolas, é o que responsabiliza ao governo estadual, já que as escolas interditadas são de responsabilidade da GERED (Gerencia Regional de Educação) e por tanto do governo de Santa Catarina, de omissão, descaso e falta de previdências adequadas. Não deixa de fazer sentido a queixa, porque as escolas além de supostamente precisar estar em boas condições de uso durante todo o ano escolar tiveram quase três meses de período de férias para poder realizar os trabalhos mais intensivos ou de maior porte, sem precisar para isso atrapalhar o dia a dia das escolas. A verdade é que nada foi feito neste período e o tempo não tem sido aproveitado convenientemente para que os alunos possam voltar as aulas na data prevista. É bom lembrar que vários edifícios municipais também tem sido objeto de interdições e muitos deles continuam ainda interditados.

O terceiro ponto se centra em perceber que em quanto escolas e outros edifícios e locais públicos são interditados outros não são vistoriados e mesmo apresentando problemas, que até tem sido noticiados pela imprensa local nada é feito.

Neste vai e volta de acusações e interdições quem sofre são de fato os alunos e suas famílias que tem dificuldades em achar soluções adequadas e ainda correm o risco de perder aulas que depois precisarão ser recuperadas.

Porém surpreendem algumas atitudes no mínimo esdrúxulas. Os pais e professores deveriam apoiar e até elogiar que a vigilância sanitária cumpra o seu trabalho e fiscalize com rigor e utilize o seu poder de policia para fazer cumprir o que a lei exige. A luz das recentes interdições de mais de uma dezena de casas noturnas em Joinville é evidente que fiscalizar é  algo que não parece formar parte do dia a dia dos órgãos públicos que tem a responsabilidade e obrigação de faze-lo . É estranho que as criticas são dirigidas a quem fiscaliza e não a quem se omite e não mantém de forma adequada, executa de forma precária e não cumpre os prazos estabelecidos no calendário escolar, continuaremos atirando no alvo errado e estimulando o tradicional jeitinho. Alegando que as irregularidades encontradas não são tão graves e que bem poderiam ser obviadas.

Sobre a insinuação que possa haver procrastinação na vigilância e fiscalização de outros locais públicos, o caminho é o de denunciar. Locais que possam oferecer risco devem ser denunciados e interditados se for o caso. Porque a lei deve ser igual para todos e por todos cumprida.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Yioan Sam Xez, a blogueira chinesa no Brasil

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Foi uma semana muito especial. A minha blogueira favorita, a dissidente chinesa Yioan Sam Xez, esteve no Brasil. E, claro, houve problemas. É que mal chegou ao país, na segunda-feira, a moça teve logo que aturar uns marmanjos que eram contra a a sua presença por aqui. A coisa aconteceu também em outros lugares do Brasil e a blogueira chinesa passou a ser escoltada a todos os lugares onde ia. Mas foi firme com o seus detratores:

- "Acredito que todos têm o direito de protestar, a favor ou contra alguma coisa ou alguém, inclusive com relação a mim. Mas, quando se ultrapassa o limite da liberdade de expressão, do protesto, para a violência verbal e até para a violência física, isso não é democracia, mas sim fanatismo."


Lembrou os problemas do seu país, ao reafirmar a ideia de que lá as pessoas não podem protestar. Não se esquivou de manifestar o seu repúdio contra a difícil situação dos direitos humanos na China. E deixou um recado severo até para o governo brasileiro, ao dizer que “no caso do Brasil, existiram muitos silêncios. Recomendaria um posicionamento mais enérgico, pois o povo não esquece”.


Um dos temas das suas intervenções no Brasil foi a mídia e a liberdade de imprensa na China. Apesar de ser blogueira na China, mas podendo ser lida apenas no resto do mundo, ela diz não ser lida no seu país , coisa tida como natural nas ditaduras comunistas. E criticou os jornais oficiais do seu país que, segundo ela, confundem ideologia com informação.


- "Há um estereótipo de que na China temos uma imprensa livre. Não é verdade, temos uma imprensa privada. A imprensa chinesa segue uma linha: a China é o paraíso e o resto é um inferno…A imprensa tem uma função de trincheira ideológica e não de informação”.


Aliás, é o tipo de análise que traz um tema ao qual ninguém pode ficar indiferente. Não tenho dúvidas de que Yioan Sam Xez pode vir a ser candidata a um prêmio Nobel da Paz, como o que foi conquistado pelo seu conterrâneo Liu Xiaobo. Mas, ao contrário deste, que sequer pôde sair do país para receber o prêmio, ela parece não ter problemas nesse sentido.


Ooooooooops! Quem chegou até esta parte da crônica deve estar a achar tudo muito confuso. Um samba do chinês doido. Mas esta invencionice é apenas a minha singela homenagem a essa gente que anda obcecada com a ditadura de Cuba, mas morre de paixão pela ditadura da China comunista. Entendeu?

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Papai o que você achou do jogo?

POR GABRIELA SCHIEWE

Hoje é um dia especial, vou com o papai ver o jogo do "Estrelas", meu time de coração, pela primeira vez.

A ansiedade está demais, não estou conseguindo segurar, sem chance de comer alguma coisa, nem tenho fome, imagina, vou estar pertinho dos meus idolos, isso é sensacional.

Papai sempre me conta das histórias dele nos estádios e ele também não via a hora de poder me levar junto a um grande jogo.

Comprou uma camiseta novinha, que o "Estrelas" lançou faz poucas semanas, para nós dois irmos fardados e ficarmos junto com a torcida apaixonada. É incrível, não acham?

A mamãe saiu, está furiosa que o papai vai me levar no jogo, disse que deveria esperar um pouco mais. Tudo bem, quando chegar em casa conto para ela como foi e tudo fica bem.

É chegada a hora, vamos papai? Estou pronto!

Papai, o que você achou do jogo?

Foi perfeito não achou? o "Estrelas" brilhou como nunca, foi mágico, parecia coisa de outro mundo.

Nossa a mamãe continua brava, não quer saber de falar comigo. Acho que ela não gosta do "Estrelas".

Tenho certeza que o "Estrelas" será campeão e irá brilhar no lugar mais alto de todos...

Papai porque você não me responde? Será por que estou aqui em cima? Você não me escuta?

Nossa você está chorando? Mas o "Estrelas" ganhou, não ficou feliz com o gol de placa que o "Sinalizador" fez?

É, realmente a magia que existe num campo de futebol é inexplicável e intangível.

Neste jogo apenas uma estrela se enalteceu, no exato momento que ela deixou de brilhar por uma jogada imperiosa e que acertou no alvo, no alvo do meu coração...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sobre a tragédia em Oruro e a violência em estádios



POR FELIPE SILVEIRA

Como ser humano lamentei muito a morte do torcedor boliviano de apenas 14 anos que foi atingido por um sinalizador atirado por um torcedor do Corinthians que estava na arquibancada do estádio de Oruro (Bolívia) para ver San Jose e Corinthians pela Copa Libertadores da América. Como corintiano eu lamentei mais ainda. Apesar de não ter nada a ver com o sujeito que cometeu a atrocidade, não deixo de sentir uma ponta de culpa nessa situação, já que tantas vezes me orgulhei do show que a torcida fiel dá nas arquibancadas.

Lamentei muito e procurei não opinar sobre a situação até agora. Não sei qual punição é justa, não sei qual é exemplar, não sei qual resolve o problema e não sei qual pode ajudar a confortar a família do menino que foi vítima da nossa violência. Não sei e duvido que alguém saiba, apesar do barulho feito nas redes sociais, motivados, principalmente, por clubismo, raiva e desejo de vingança.

O que sei, no entanto, é que algo precisa ser feito, antes que mais tragédias aconteçam (e não falo aqui em tragédia maior porque a morte de um menino de 14 anos já é gigantesca). E, para algo ser feito, é preciso debater e trabalhar com a conscientização.

Defender a extinção das organizadas é uma tolice. Não são proibições que inibem esse tipo de comportamento. Aliás, quanto mais empurrar para a margem, pior. Eu, particularmente, não gosto da cultura das organizadas – sim, há uma cultura e você pode pesquisar sobre isso –, mas são elas, na maior parte das vezes, que fazem o espetáculo do futebol. Muito mais sensato seria estabelecer regras de segurança em conjunto com as organizadas. Por exemplo, os fogos e sinalizadores fazem parte do show da torcida, então a proibição dos artefatos só pioram a situação, empurrando o torcedor para a marginalidade. Discutir com a torcida a forma de fazer isso de forma segura me parece bem mais inteligente. Até porque as torcidas fazem isso nos estádio há décadas e sabem como fazer.

Além de estabelecer o diálogo, também é preciso combater a cultura/cultivo da violência (e não estou dizendo que essa é a cultura das arquibancadas) com educação. Não tenho ideia de como fazer isso, mas quando grupos identificados com camisas se desafiam e se enfrentam na porrada é porque algo de errado há na sociedade.

Por último, é claro que eu defendo a punição dos culpados. A impunidade e a sensação de estar protegido no meio da multidão perpetuam a prática da violência – e não só nos estádios. A partir do momento que houver punição, coletiva e individual, o comportamento vai mudar. Se tragédias vão deixar ou não de acontecer eu não sei, porque a violência está em algum lugar em nós, mas é importante fazer algo para não alimentá-la.

Cão Tarado



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

E os "ataques" continuam...

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

O Estado de Santa Catarina, desde o fim de 2012, até o começo deste ano, vem acompanhando uma série de crimes cometidos por todo o território (total de 37 cidades atingidas). Supostamente organizados, criminosos incendeiam carros, ônibus e cometem atentados a postos da polícia. O governador Raimundo Colombo, após muita insistência (e apelo de setores da mídia) aceitou o "reforço policial" da força nacional para combater estes criminosos.

Este episódio só retrata o patético momento da segurança pública catarinense. Profissionais mal remunerados, sem estrutura, sistema carcerário desintegrado e outros diversos problemas compõem a realidade de nosso estado. Os "ataques" estão repercutindo agora, mas há anos esta "onda de violência" atinge Santa Catarina. Entretanto, ela era responsável pela morte, em sua grande maioria, do jovem, do negro, do "favelado", do ser "invisível socialmente". É aquele que passa todo dia no programa policial e vira "mais um".

Agora que atinge a propriedade privada de grandes empresários do setor de transporte, o governo se preocupa e a grande mídia faz com que nosso estado pareça estar numa guerra civil de dar inveja a vários países em conflito. Por qual motivo os altos índices de assassinatos não eram combatidos nos anos anteriores? Por qual motivo nunca se buscou uma solução para o sistema carcerário estadual, criando políticas que promovam a reinserção do preso, e não apenas uma "jaula humana"? O governador nos deve muitas respostas. E a grande mídia, parcial, promotora de grandes interesses de pequenos grupos, também.

Enquanto este circo acontece, tudo continua na mesma: "ataques" continuam, presos são transferidos para presídios federais (enganando os trouxas-analistas-de-sofá) e o pobre, jovem e negro continua morrendo pelos motivos que já conhecemos há décadas. Sem escola, sem emprego, sem cultura e sem perspectivas, o caminho da violência encontra-se escancarado. Matar ou morrer, nessa altura da vida, para estes cidadãos, é a mesma coisa. Já para o governador e sua equipe, vira índice do IML, publicado na mesma imprensa parcial e os "ataques" são "danosos para a economia catarinense".

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sobre aborto

Eu sou a favor da legalização do aborto. 
Não faria. Acho que tem muitas formas de evitar uma gravidez.
Interrompê-la com aborto gera uma série de procedimentos médicos que exigem uma delicada recuperação, e eu não gostaria de passar por isso.
Mas essa sou eu, Fernanda.

Penso que em muitas outras situações as mulheres devem, sim, ter o direito de decidir se querem ou não levar uma gravidez adiante. Afinal, no momento em que ela estiver com os filhos nos braços, não é o Estado que vai arcar com suas responsabilidades. Ela vai criar o filho com quê? Bolsa família?

Aqui na Suécia existe a lei do aborto livre existe desde 1975.
As mulheres tem o direito de interromper a gravidez até a 18ª semana sem ter que justificar o motivo.
Após a 18ª semana apenas se o feto ou a mulher apresentar alguma condição médica séria, a ser analisada. Depois da semana 22 é proibido.
Esse direito não é considerado um problema de saúde pública, mas sim, uma questão de direito humano. Direito da mulher sobre o seu corpo.

Na cartilha do sistema de saúde sueco existe uma explicação detalhada de como o processo acontece. Aconselha-se a mulher para que pense bem antes, converse com pessoas de confiança, com médicos e tome uma decisão bem informada e bem pensada.


Eu compreendo que algumas religiões entendem que o aborto é um assassinato.

Mas o estado brasileiro é laico, e deve abranger em suas leis pessoas de todas as religiões ou de nenhuma religião. Não deve levar específicas crenças religiosas em consideração, mesmo que represente "a maioria". A lei trata do direito de TODOS.

Para as mulheres religiosas existe uma solução prática e simples: não abortem.
Não é porque o aborto pode ser liberado que as mulheres serão obrigadas a fazê-lo.
Fará quem quiser.

Todos os anos 40 a 50 milhões de mulheres fazem aborto.
Aproximadamente 20 milhões desses são ilegais. Em 16% desses casos, as mulheres morrem.

Do Wikipedia:
"Em janeiro de 2012 uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde revelou que a prática do aborto é maior nos países em que ele é proibido e quase metade de todos os abortos feitos no mundo é realizada com altos riscos para a mulher. Entre 2003 e 2008, cerca de 47 mil mulheres morreram e outros 8,5 milhões tiveram consequências graves na sua saúde, decorrentes da prática do aborto. Quase todas as interrupções de gravidez intencionais realizadas de maneira insegura, aconteceram em nações em desenvolvimento, na América Latina e África. "O aborto é um procedimento muito simples. Todas essas mortes e complicações poderiam ter sido facilmente evitadas", disse Gilda Sedgh, pesquisadora-sênior do Instituto norte-americano Guttmacher, autora do estudo.

Não vale a pena legalizar? 


"“E se o bebê que você abortou pudesse ter encontrado a cura do câncer?”
E se a pessoa transexual espancada até à morte pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se o adolescente gay que se suicidou por causa de bullying pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se aquela jovem menina vendida pro tráfico sexual e morta por doenças sexualmente transmissíveis que não foram tratadas pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se um desses centenas de milhares de civis que foram mortos durante a guerra pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se aquela mulher que foi estuprada e depois morreu de complicações internas pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se todas as pessoas do planeta que não têm acesso ao ensino superior e viverão e morrerão na pobreza pudessem ter encontrado a cura do câncer?"
(Original em inglês: http://jenerally.tumblr.com/post/13110577934/what-if-the-baby-you-abort-could-have-cured-cancer)

Pega ladrão!

POR GABRIELA SCHIEWE

OSCAR PISTORIUS - Na madrugada do dia 14 deste mês, a modelo Reeva Sttenkamp foi encontrada morta, com três tiros de arma de fogo, na cidade de Pretória, na África do Sul.

O crime ocorreu na casa do atleta paralímpico, conhecido mundialmente, Oscar Pistorius, que alegou ter atingido sua amada namorada, achando se tratar de um ladrão.

O que é isso, molhados? Isso parece o Cidade Alerta. Cruzes. 

É verdade e eu, como advogada, sei da premissa: ninguém será declarado culpado até sentença final condenatória. Ahhhh, mas dá um tempo pra minha cabeça. A namorada do indivíduo estava na casa dele, como ele bem sabia, aí escuta um barulho no banheiro e sai atirando com a desculpa de que se sentiu acuado por estar sem suas próteses e com a possibilidade de alguém estar invadindo a sua casa?

A moça foi morta com três tiros de arma de fogo e ainda com escoriações na cabeça, a princípio feitas com um bastão de críquete, e ainda foi derrubada a porta do banheiro, que estava trancada pelo lado de dentro. Tá, só um momentinho. Ele não estava sem as próteses e por isso atirou? Como derrubou a porta com o bastão?

Não estou aqui para dar uma de Mãe Dinah, mas acredito que essa é mais uma triste história que liga diretamente o esporte às páginas policiais.

O que estaria levando esportistas renomados, (alguém lembra de OJ Simpson, Mike Tyson, jogador de futebol americano e os exemplos são vários) a cometer atos de violência contra suas companheiras? Teria esta violência alguma relação com as substâncias ingeridas para atingir a perfeição e conquistar os melhores resultados?

É gente. A decisão até poderá ser favorável ao Pistorius que, nas Olímpiadas, quando perdeu o primeiro lugar para o brasileiro, já demonstrou certo desequilíbrio psicológico em não saber lidar com as derrotas. Eu, particularmente, não vejo se tratar de uma tragédia ao acaso, mas sim de um assassinato puro, movido por sabe-se lá quais causas.

JASC - E os JASC não serão mais realizados na cidade de Joinville para que a verba seja destinada à saúde.

Que decisão nobre do nosso ilustre Prefeito, digna de aplausos da população joinvilense que, desde então o reverencia.

Como é que é? Foi isso mesmo? E todo mundo achou superbacana? Não, não, não, caros molhados. Vocês engoliram essa assim? Na maciota?

O carnaval, salvo engano, teve um orçamento inúmeras vezes maior e mesmo assim houve a garantia do governo que não importasse da onde viria a verba, mas a Liga das Escolas poderia ficar tranquila pois o Carnaval iria aconter e aconteceu.

Entenda-se que não estou menosprezando a saúde, muito pelo contrário, pois está caótica e não é de hoje. O que não posso concordar é que, a partir de agora, qualquer coisa que, por algum motivo, o governo de Joinville não queira realizar, utilize a desculpa que o dinheiro será destinado à saúde.

Sabemos que existe uma Lei de Diretrizes Orçamentárias, visto que saúde, educação, lazer, esporte, como demais outras, são obrigações constitucionais que se deve proporcionar à população.

Essa decisão não glorificou Joinville, apenas me deixou envergonhada por ver que a maior cidade do Estado não consegue realizar os JASC desde 1992, quando foi a cidade campeã, e quando já havia se comprometido há algum tempo que no ano de 2013 seria realizado aqui. E, na hora, passa o bastão pra Blumenau que, pasmem, possui dinheiro sobrando? Só pode, pois irão realizar os JASC assim, de supetão.

Ah, porque tinha que realizar a reforma do Ivan Rodrigues e Abel Schulz. Sim. E o Centreventos Cau Hansen? E as escolas com quadras de esportes, tanto públicas como particulares, SESC, Univille, Grêmio Whirpol, e tantos outros não seriam suficientes para respeitosamente honrar uma promessa e presentear os nossos atletas amadores com esse alento, de disputarem os JASC dentro da sua própria cidade?

Qual foi a explicação plausível, arraigada em verdade e demonstrada factualmente e, não apenas com: o valor será destinado à saúde!

Os nossos atletas amadores, que devem ter melhores condições na base do esporte, também precisam do incentivo maior ou, do que adianta ficar treinando se não haverá uma competição oficial para que se demonstre este talento?

Essa decisão foi à lá Zagallo: "vocês vão ter que me engolir". E mais nada se fala!

JEC - Ufa! Uma notícia boa no nosso "Cidade Alerta", o Tricolor venceu e foi um jogo para enriquecer o futebol brasileiro. Foi um clássico na acepção da palavra.

O JEC sempre esteve atrás, mas não desistiu em momento algum e, no último suspiro, reagiu e virou a parada.

Parabéns ao Joinville e à torcida tricolor. Deveria ser sempre assim, "seu" Artur Neto. Não acham?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Cão Tarado


O gerente em tempos de crise

POR JORDI CASTAN

A cada dia surgem novas informações, e mais precisas, sobre a situação financeira da prefeitura de Joinville. É importante que se diga que, do mesmo modo que acabaram não se provando todos os milhões da divida divulgados em 2008 pelo novo governo, também há uma possibilidade que não se confirmem todos os valores divulgados agora. Mas é um fato é inequívoco: o valor da dívida aumentou nos últimos quatro anos. E a situação é pior que antes.

É justamente para administrar Joinville em tempos de tempestade que a maioria do eleitorado votou em Udo Dohler. O seu perfil como gestor e empresário levou muitos eleitores a fazerem uma escolha absolutamente racional: votar em alguém que soubesse ler um balanço, que já tivesse administrado uma empresa em situações difíceis (muitos esquecem que a Dohler nem sempre teve resultados positivos). Chegou a hora de pôr à prova a perícia do timoneiro. Ver a sua habilidade para levar a bom porto a nau desgovernada que tem sido esta cidade nos últimos anos. Aliás, é bom que se frise não ter sido só nos últimos quatro anos.

Todos nós nos achamos bons marinheiros em águas calmas, sem vento e sem ondas. Quando o vento aumenta, quando a escala Beaufort se encontra acima de 7 graus, é bom tirar os meninos do leme e poder contar com um capitão experiente. É provável que o capitão esperasse uma travessia mais tranquila, com mar mais calmo e no máximo uma brisa suave.

A situação de Joinville com receitas em crescimento e despesas fora de controle, tem tudo para piorar. O quadro generalizado de baixo crescimento econômico no país projeta redução das receitas públicas já no curto prazo. As despesas, porém, continuam aumentando, como se não houvesse amanhã. O custeio da máquina pública não conhece o bom senso e não sabe o que é diminuição de despesas. O trabalho do prefeito e da sua equipe é o de secar gelo.

Países europeus, que até ontem eram considerados ricos, hoje enfrentam uma crise econômica que os obriga a reduzir salários e benesses do funcionalismo público. A situação é tão grave que há também redução do número de funcionários e corte em serviços públicos estratégicos como saúde, educação e segurança. Aqui, no Brasil, e em Joinville concretamente, a sensação é que nada disto vai acontecer e que o baile e a festa devem continuar.

Atrasos de salários, falta de investimentos em infraestrutura ou de recursos para saúde, esporte ou educação não deveriam parecer algo tão distante da nossa realidade. E a experiência do timoneiro pode ajudar a controlar o temporal. Resta só ver como a tripulação vai responder ao desafio.

Escala Beaufort para estabelecer a velocidade do vento

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Não vou sentir saudades de Ratzinger

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Não vou sentir saudades de Joseph Ratzinger. Podia salientar as inúmeras razões que todos conhecemos - a proibição do uso camisinha, a frouxidão como tratou a pedofilia dentro da igreja, a falta de misericórdia para com os homossexuais, a incapacidade de falar com as outras confissões etc -, mas a minha bronca é específica e não é de agora. 

Todos já ouvimos falar da sua erudição e do seu elevado perfil de intelectual, qualidades sempre usadas para contrabalançar o seu conservadorismo exacerbado. É é daí que vem a quezília. A coisa vem desde os anos 80, quando ele assumiu a missão pessoal de detonar a Teologia da Libertação, um movimento que, pela primeira vez na minha vida adulta, me permitiu achar a religião tolerável.

Foi um tempo que tornou possível partilhar ideias com os católicos ligados à Teologia da Libertação, porque partilhavam utopias terrenas também presentes no campo de pensamento das esquerdas: a solidariedade para com os mais fracos e a oposição à repressão econômica, social ou política. Ok... tem gente que julga ser um delírio juvenil, mas para mim é a obrigação ética de qualquer humanista.

Mas vamos aos motivos práticos para a minha antipatia por Joseph Ratzinger. É que a Teologia da Libertação tinha uma relação muito próxima com aquilo a que podemos chamar Filosofia da Libertação (uma espécie de Filosofia da América Latina), um campo de pensamento onde sempre achei que poderia me inscrever.

Talvez tenha sido a primeira vez, na história do pensamento autóctone da América Latina, que surgia uma corrente de estudo dos problemas locais a partir de métodos de análise locais e de pensadores locais. O problema é que ambas as correntes estavam intimamente ligadas. E o fim de uma poderia levar ao fim da outra. 

Todos sabemos que a academia do hemisfério sul vive ainda uma espécie de teoria da dependência intelectual e prefere os filósofos do norte. Vamos fazer um teste? Diga lá o nome de cinco filósofos alemães. Eu ajudo: Habermas, Marx, Heidegger, Hegel, Kant. Ou cinco pensadores franceses. Fácil: Baudrillard, Foucault, Barthes, Sartre, Bourdieu. Gregos? Sócrates, Platão, Aristóteles ou os mais recentes Castoriades e Axelos.

Agora diga o nome de cinco filósofos latino-americanos. Difícil, não? Mas naquela altura começavam a surgir nomes relevantes, como Enrique Dussel, Horácio Cerutti-Guldberg, Raúl Fornet-Betancourt,  Leopoldo Zea, Sírio Lopez Velasco, Franz Hinkelammert, entre outros. Intelectuais que, inclusive, haviam estabelecido pontes de diálogo com pensadores europeus ou norte-americanos, como Habermas, Apel, Bourdieu, Chomsky, Ricouer ou Rorty.

O fim da Teologia da Libertação foi um dos fatores a provocar um retrocesso nesse panorama, porque havia muitos nomes comuns à Filosofia da Libertação. E Joseph Ratzinger deu uma "ajudinha" para deter esse movimento.







domingo, 17 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Cão Tarado



Já pensou onde passar as férias?

POR ET BARTHES
Da próxima vez que reclamar da poluição, pense bem. Em Pequim a coisa é dramática. Os chineses juntaram o lado ruim com comunismo com o lado ruim do capitalismo. Mesmo que não entenda o que eles dizem, o resultado é o que (não) se vê. 


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

JASC cancelados



POR IVAN ROCHA


JASC CANCELADOS: Quando nossos ginásios serão reformados?


No dia 12 de fevereiro, o prefeito Udo anunciou oficialmente que Joinville não irá sediar os Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC) em 2013.

O motivo da recusa anunciada é a falta de verba, em torno de R$ 8 milhões, quando o governo do estado só disponibiliza R$ 1,5 milhões para os custos referentes ao evento. A prefeitura queria mais dinheiro para arrumar os principais ginásios (Ivan Rodrigues e Abel Schulz) que estão totalmente fora de condições de uso, alojamentos e outros locais de competição.

“Para realizarmos os JASC teríamos de transferir recursos da Saúde e da Educação. E isto não seria sensato”, disse o prefeito.

A decisão foi comemorada e muita gente concordou com o novo prefeito nas redes sociais.  ”Isso mesmo prefeito, educação e saúde são prioridades, nada de JASC”, diziam os apoiadores .

Enquanto eu lia esses comentários ficava me perguntando afinal para que serve o esporte?

Poderia servir para acostumar os jovens a praticarem atividades físicas e não terem vidas sedentárias, afinal segundo o documentário “Muito além do peso” as doenças ligadas ao excesso de peso matam mais do que trânsito e armas de fogo. Prevenir é sempre melhor do que remediar mas parece que quando falamos de saúde, estamos na verdade falando de doenças e hospitais, ou seja, focados no imediatismo e esquecendo o longo prazo. E olha que este seria o prefeito que iria pensar os próximos 30 anos.

Também poderia servir para que os jovens não fiquem ociosos nos bairros, afastando-os das drogas e de má companhias, além de educar com senso coletivo e também oferecer outras formas de crescimento profissional.

Um bom exemplo é sobre o BMX, categoria de esporte que está nas olimpíadas e que Joinville deixou de contar com pistas para prática do esporte por descaso da prefeitura edois ex-praticantes acabaram morrendo em 2012 por ligação com tráfico de drogas. Duas vidas que poderiam ser salvas através do esporte, pois quem pratica não tem tempo para outras coisas.

Isto foi debatido nas eleições de 2012, onde Udo defendia o “Contra turno” ou “Educação plena”. Nesses programas, os jovens estudantes teriam a disposição o outro turno (que não fosse o de aula normal) para aulas de músicas, prática de esportes, profissionalizante, entre outros.

No plano 15, tão falado pelo agora prefeito durante as eleições, tem várias menções aos esportes, vamos a elas (acompanhe o checklist das promessas do Udo):

plano 15
plano 15
Educação
1. “Centros de Convivência” para educandos no contra turno.
8. Adequar e construir espaços poliesportivos e de multiuso.
Juventude
8. Implementar o programa Educação Plena (cultura, lazer, esporte, línguas reforço escolar)
Esporte e Lazer
1) Desporto Educacional – inclui toda estrutura escolar e milhares de jovens entre 12 e 17 anos – estabelecer uma olimpíada bienal;
5) Qualificação de equipamentos esportivos (canchas, quadras, ginásios, campos de futebol).
7) Inserir Joinville no calendário nacional e internacional de competições, sediando etapas de grandes eventos esportivos.
Todas essas promessas de campanha deixam bem claro a importância do investimento nos ginásios e estruturas para prática dos esportes, afinal mesmo que o investimento nos atletas para o JASC continuem, esses atletas precisam da estrutura necessária para a preparação.
Também deixa claro a ligação com a Educação e com todas as propostas citadas e ditas pelo próprio prefeito, mas parece que muita gente ainda tem aquele velho conceito de que investir em educação é investir em cursos para os jovens virarem meros funcionários nas fábricas da cidade, e o esporte tratado como algo secundário, assim como a cultura.
Enquanto vemos as propostas para tirar os jovens da ociosidade sendo deixadas de lado, o prefeito surge com a proposta de criar a guarda municipal (quem além de inconstitucional para o que está sendo proposto) que vai acabar se chocando com os jovens ociosos nos bairros. São os mesmos jovens que poderiam estar praticando esportes no contra turno.
Agora que foi oficialmente cancelado, essas estruturas não serão reformadas. Quanto tempo elas ficarão nessas condições? O mesmo serve para as estruturas da Cultura e que constam na seguinte proposta:
2) Recuperar as estruturas físicas hoje interditadas, a exemplo do Museu Casa Fritz Alt, Casa da Cultura, Museu Arqueológico de Sambaqui, Biblioteca Municipal, Museu de Artes de Joinville etc., ou em condições precárias, como o Centreventos Cau Hansen;
Aguardaremos os novos passos.
P.S.: Secretário de Saúde do Estado não sabe de onde sairão R$ 14 milhões para hospital de Joinville. Dalmo Claro de Oliveira recebeu com surpresa a informação de que o governador Raimundo Colombo assegurou recurso

Ivan Rocha é formado em Marketing

Leonardo Boff fala sobre Bento XVI

POR ET BARTHES
Há quem goste e há quem não goste do homem. Mas num país cheio de religiosos medíocres, Leonardo Boff surge como um homem de letras e um teólogo que, concordando ou não, podemos levar a sério. Aqui ele fala sobre a resignação de Bento XVI.


Meus pêsames!


Araquari para quem?

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

A política desenfreada de espraiamento urbano da cidade de Joinville, implementada ao longo dos últimos cinqüenta anos, tornou a conurbação um processo inevitável aos olhos dos planejadores urbanos. Por mais que sejamos vizinhos de várias cidades,  uma em especial está se utilizando do crescimento econômico joinvilense: Araquari.

Adotando uma política fundiária esdrúxula, fortes renúncias fiscais e a integração socioespacial com Joinville (principal pólo econômico do estado) e a malha portuária (São Francisco do Sul, Itajaí e Itapoá), esta cidade tornou-se, nos últimos dez anos, uma das que mais aumentou o PIB no Brasil (369% de 1999 a 2008). A população também aumentou muito (55% nos últimos vinte anos). Recentemente, vários investimentos estão planejados para a zona sul de Joinville, ou na própria cidade de Araquari. O projeto da UFSC-de-um-curso-só, juntamente com parques industriais e aeroporto internacional foram atrativos que levaram a multinacional BMW a anunciar a instalação de uma fábrica por lá.


Acompanhando tantas mudanças, o prefeito reeleito, João Woitexem (PMDB), está preocupado com o planejamento da cidade. Os prefeitos das cidades vizinhas também. E, nesta semana, acompanho pelos jornais o desastre anunciado. A cidade de Araquari contratou uma consultoria especializada para um "planejamento estratégico".

A BMW vai auxiliar a Prefeitura de Araquari a estruturar seu planejamento estratégico de longo prazo. O município terá de se ajustar a uma nova realidade socioeconômica, a partir da chegada de indústrias de porte, complementa o secretário secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável Paulo Bornhausen. O prefeito João Pedro Woitexen já contratou a Pontifícia Universidade Católica do Paraná para fazer estudo sobre o futuro da cidade. (Coluna "Livre Mercado", Jornal A Notícia de 12 de fevereiro de 2013)
 É visível que a prefeitura de Araquari não está interessada em planejar a cidade, mas sim o crescimento econômico dela. Este novo démarche estratégico vêm devastando as prioridades sociais das agendas governamentais Brasil afora, e Araquari está sendo um exemplo bem claro disto. Tudo em prol de uma suposta competitividade: se em Joinville demoram para abrir empresas, aqui abrimos "na hora". Se lá não tem um Aeroporto decente, aqui nós doamos terrenos para grandes aeroportos. E a lista de itens competitivos é infindável. A cidade (e o desenvolvimento urbano), portanto, vira mercadoria. Uma mercadoria de luxo. Para quem?

A cidade é feita de pessoas, mas o "planejamento estratégico" é feito para poucos. Como qualificar a infra-estrutura de Araquari para a maioria da população, que nem possuiu esgotamento sanitário na maioria das vias públicas? Por que pensar em aeroportos, multinacionais, economia a todo vapor... se o problema da cidade é outro? Acompanhamos mais um exemplo clássico de confusão do que é crescimento econômico e do que é desenvolvimento urbano.

O "planejamento estratégico" sublima qualquer intenção da sociedade na participação da tomada de decisões. Instaura, por sua vez, o poder de uma nova lógica, com a qual se pretende legitimar a apropriação direta dos instrumentos de poder público por grupos empresariais privados (e o pior: grupos multinacionais). E podem apostar: um dos itens mais importantes desta nova lógica será a região metropolitana. Se isso acontecer, a tragédia urbana estará com dias contados para se iniciar.

PS: para os interessados neste tema, vale a pena a leitura do texto "Pátria, empresa e mercadoria. Notas sobre a estratégia discursiva do Planejamento Estratégico Urbano", do Professor Carlos Vainer (UFRJ).

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

É muito estresse

POR ET BARTHES
É uma ação promocional da Nivea. Mas merece ser vista. O produto que eles querem vender é um anti-stress. Mas para passar a mensagem, levam as pessoas a um nível exagerado de estresse.


Mais que um 'fora Renan'


POR FABIANA A. VIEIRA



“Exerci minha cidadania, votei no abaixo-assinado contra Renan”. Essa frase não me saiu mais da cabeça. Mais de um milhão de assinaturas, um movimento embalado pelas redes sociais que reivindica apenas e sinceramente a ética na política.

Quando surgiu, a crítica conservadora dizia que a internet iria gerar seres individualistas, fixados na tela do computador e não nas relações sociais. A sociedade seria despedaçada por indivíduos atomizados. Não foi isso o que aconteceu. Hoje cada notebook é um emissor de opinião, cada tela sintetiza milhares de manifestações e o Facebook promove a opinião pública, inaugura relacionamentos, garante a autonomia da sociedade, desbanca os veículos institucionais contaminados pelos interesses econômicos e faz de cada terminal conectado um exercício de direitos e ideias.

Tudo bem. Isso é inexorável. Um verdadeiro avanço na liberdade de opinião. É até compreensível que devemos tolerar manifestações irrelevantes ou sem sentido em determinado momento, mas o relevante é que o conjunto do fenômeno é positivo. As pessoas escrevem mais, têm mais ideias, mais contatos, melhor posicionamento e conhecimento sobre tudo, ou quase. 

Agora qual a eficácia de uma mobilização virtual? Até que ponto Renan vai perder o sono e o mundo da política vai verdadeiramente repensar suas práticas fisiológicas e corruptas porque uma corrente virtual chega à casa dos milhões? A cidadania se resume a uma assinatura em um manifesto ou deveria incidir de forma mais contundente e objetiva na realidade mesma da denúncia?

Sugiro essa reflexão porque não vejo o mesmo engajamento social e midiático pela reforma política. Enquanto não forem alterados os pressupostos que conformam a representação política não teremos sucesso. E aponto o financiamento privado das campanhas e a escolha de líderes carismáticos e não projetos políticos como uma causa determinante para a contaminação ética dos eleitos.

Enquanto as campanhas continuarem galgando patamares absurdamente milionários, gerando uma conivência explícita entre quem financia e quem se elege, entre quem se elege e o que legisla e fiscaliza, entre o patamar astronômico de uma campanha e os salários miseráveis do serviço público, entre os “fornecedores amigos”  e as licitações viciadas, entre o poder político e o tráfico de influência, não teremos uma vida pública sadia.

Da mesma forma não podemos aceitar que ainda vingue a cultura atrasada do voto personalista no famoso, no carismático, no líder tradicional, no volume publicitário de campanha ou no aliciamento financeiro de lideranças em detrimento de compromissos duradouros e fiéis às propostas programáticas.

Depois de renunciar, o povo trouxe Renan de volta. Agora é presidente do Senado da República, do Congresso Nacional e sucessor na linha do poder nacional. Está na hora deste povo acordar. Exigir um fora Renan e também, mas ao mesmo tempo, uma reforma política ampla, transparente, animadora de uma dimensão pública verdadeiramente civilizatória.

As redes sociais podem e devem ajudar a fomentar a mobilização crítica. E podem mais do que isso. Podem estimular ações práticas. Agora precisamos incluir na agenda temas estruturantes que produzam mudanças para valer e não apenas para sensacionalizar o inconformismo, criar espetáculos ou alimentar a rebeldia.  É preciso botar o dedo na ferida e produzir resultados inovadores nas ações políticas e sociais. 

É urgente valorizar o voto e melhorar a presença da sociedade nos executivos e nos parlamentos.
Uma sociedade não será saudável enquanto sua classe política estiver doente, em estado de dependência, totalmente viciada no poder econômico.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Limatador: "nesses 10 dias vou melhorar ainda mais"

EXCLUSIVO
GABRIELA SCHIEWE ENTREVISTA O ARTILHEIRO LIMA


Gabriela e Lima, antes da entrevista
Aqui no Chuva Ácida, o atacante Lima foi escalado, entrou em campo e marcou um golaço.

Mesmo com o momento turbulento por que está passando, afastado, por acordo com o técnico e diretoria do JEC, prontamente aceitou bater um papo com os molhados e, de maneira humilde, respondeu todos os questionamentos.

O artilheiro de Joinville, natural do Rio Grande do Norte, começou sua trajetória profissional aos 17 anos e despontou para o mundo do futebol no Alecrim/Natal, em 2005. Seguiram-se passagens  por alguns clubes no Rio Grande do Sul, até chegar ao Goiás, em 2009, quando chamou a atenção do Tricolor, que o contratou no mesmo ano. Desde então, a sua morada tem sido Joinville, com dois intervalos, um para jogar na Coreia do Sul e outro no Bahia, mas sempre retornando ao JEC, clube onde pretende encerrar sua carreira.

Mas falta muito para pendurar as chuteiras e antes disso o "Limatador" pretende fazer muitos gols. Nesta entrevista, falou um pouco sobre ele próprio (coisa que não é muito fácil, pois ele é muito retraído e conserva a sua privacidade o que,  por vezes, acaba transparecendo austeridade - o que, posso garantir, não procede). Nesse bate-papo, Lima se mostrou muito humilde e com um carinho enorme pelo JEC, pela cidade e pelos torcedores.



GABRIELA - Como você vê a sua relação com o torcedor do JEC, uma vez que é reservado e não se expõe nas redes sociais?

LIMA - Com a maioria dos torcedores a relação é boa, 90% gosta de mim. Mas quando estou fazendo gols a relação fica mais próxima e cordial, claro. 

GABRIELA - A esta altura da sua carreira, você ainda tem algo a provar como jogador?
O artilheiro foi extremamente simpático
LIMA - Tenho! Todo dia a gente tem que estar provando.

GABRIELA - Você, seja na vitória ou na derrota, sempre é o jogador mais comentado. Por quê?

LIMA - Na derrota eu sou bem mais comentado do que na vitória, por não ter rendido o que podia e o que a torcida esperava. Na vitória não há tanto alarde (N.R. nesse momento até arranquei risos do jogador)

GABRIELA - O que você precisa para melhorar dentro de campo e voltar a ser o artilheiro do JEC e respeitado novamente?

LIMA -  Em primeiro lugar, voltar a jogar bem. Em segundo, voltar a fazer gols. E, terceiro, trazer os torcedores que estão me criticando para perto de mim.

GABRIELA - Se você estreitasse a sua relação com o torcedor e a imprensa as coisas não seriam mais fáceis?

LIMA - Eu sou muito reservado. Mas não tenho problema algum com a imprensa, inclusive estou dando coletiva para responder e atender a todos. Já com o torcedor, só jogando bem. Torcedor quer ver o seu time vencer e quer que eu faça gol. Quando fizer isso está tudo bem.

GABRIELA - Quais as suas pretensões hoje no JEC?

LIMA - Conquistar o acesso a Série A e me tornar o maior artilheiro da história do JEC.

GABRIELA - Para finalizar, como se encontra o Lima física e tecnicamente hoje?

LIMA -  Bem! Eu não tenho o que questionar a minha condição física e técnica. Esses 10 dias vou melhorar mais ainda.

LIMA QUER VOLTAR A FAZER GOLS


Caros molhados, como podemos ver das palavras do próprio atleta, ele se sente totalmente pronto para entrar, não só no campo aqui do Chuva, mas também nas quatro linhas e voltar a fazer os gols no Joinville. E com o objetivo de só sair quando pendurar as chuteiras. Importante salientar que o JEC é o clube onde vive o seu dia a dia e com ótimo relacionamento com seus colegas de equipe. Sempre foi assim e assim continuará.
Giancarlo, Lima e Greicy

O seu afastamento foi um consenso com comissão técnica e diretoria. Em momento algum a causa foi uma possível ida para outro clube ou problema com seus colegas de jogo.

Por fim, não podemos esquecer, nobres molhados, que o Lima já resolveu muita coisa no Tricolor e agora é a hora da torcida mostrar o seu apoio ao conhecido artilheiro. Fase ruim todos passamos, não é mesmo?

Quero fazer um agradecimento especial ao Lima por ter gentilmente aceito esse bate-papo, assim como ao Giancarlo Silva e Souza, Wagner Luiz Dias e Ricardo Passos, responsáveis pelo encontro.