POR JORDI CASTAN
HANS E NORMA - Quem poderia imaginar que depois de 15 anos felizmente casados, a relação poderia estar ameaçada pela politica? O caso de Hans e Norma Schmidt não é um caso isolado. Soma-se ao de muitos outros casais que depois de anos de relação descobrem que convivem com um estranho. O caso do casal Schmidt é emblemático. Na eleição passada ambos votaram em Udo Dohler, convencidos pelo discurso em prol da saúde, a imagem de gestor bem sucedido e a sua ascendência germânica.
Os dois chegaram inclusive a fazer campanha. Hans colocou um adesivo com o número 15 no carro, Norma levou o tema ao seu krentze. Hoje o nome do Udo é motivo de discórdia entre o casal. Se o prefeito aparece na televisão, Hans lança uma série de impropérios. Se o carro da família cai num buraco os palavrões logo aparecem.
Norma está decepcionada e acha que foi iludida. Não fará campanha de novo, prefere calar, em parte por vergonha, em parte por falta de argumentos para defender a gestão do seu candidato. Acredita que os outros candidatos não são melhores e que Hans está exagerando nas críticas. A decepção é tão grande que o casal elaborou um decálogo para que o seu matrimônio passe sem crises pela próxima campanha. A política está proibida no quarto do casal. O nome Udo Dohler está vetado no domicilio (são aceitáveis o apelidos “Alencar” ou “onkel”).
MÁRIO E MARINA - O casal Mário e Marina da Silva vive uma situação semelhante. Enquanto ele é tucano e votou no PSDB na última eleição, Marina votou em Udo. Agora a mulher acredita que Darci possa ser a melhor solução para Joinville. Só a citação do nome do deputado estadual faz Mário ter crises de taquicardia e subidas de pressão.
Mário não consegue acreditar que, depois de 24 anos de feliz casamento, descubra que sua mulher possa votar no Darci. Se sente casado com uma estranha. E sempre lembra que aceitou o voto dela em Udo na eleição passada. Aliás, no quadro do segundo turno, ele próprio acreditou que era a melhor alternativa e até usou a expressão “mal menor”. Hoje acha que esta expressão hoje teria uma carga irônica perversa.
Mário da Silva tem tentado, sem êxito, demover a Marina da intenção de votar em Darci e busca com afinco argumentos para convencê-la a votar de novo em Udo. Algo que ela se resiste a fazer. Alega que é de néscios permanecer no erro. A preocupação do casal é que, na medida em que se aproximem as eleições, o clima seja mais tenso na relação. Mais tensão é menos sexo, pensam.
LAILA E KARINA - Uma situação curiosa é a do casal Laila e Karina. Na
eleição passada votaram no candidato do PSOL no primeiro turno. No segundo, preocupadas pelo discurso teocrático, decidiram votar no candidato do PMDB,
acreditando nas promessas de campanha e no discurso da sua capacidade
administrativa. Hoje não sabem em quem votar.
No primeiro turno o voto será, de novo, no PSOL, um voto ideológico e de afirmação, mesmo sabendo que o seu candidato não estará no segundo turno. A preocupação é o voto do segundo turno. Sabem que nenhum dos pré-candidatos tem propostas concretas para valorizar a diversidade. Karina até ensaiou defender o voto no atual prefeito, a sua iniciativa não durou meia hora, o tempo que precisou a Laila para relacionar a lista de promessas não cumpridas pelo gestor municipal. Ela tinha fôlego e argumentos para muito mais tempo, mas não precisou. A tacada final foi quando ficou sabendo que nenhuma associação que defende a diversidade recebeu alguma parcela do salário do prefeito.
No primeiro turno o voto será, de novo, no PSOL, um voto ideológico e de afirmação, mesmo sabendo que o seu candidato não estará no segundo turno. A preocupação é o voto do segundo turno. Sabem que nenhum dos pré-candidatos tem propostas concretas para valorizar a diversidade. Karina até ensaiou defender o voto no atual prefeito, a sua iniciativa não durou meia hora, o tempo que precisou a Laila para relacionar a lista de promessas não cumpridas pelo gestor municipal. Ela tinha fôlego e argumentos para muito mais tempo, mas não precisou. A tacada final foi quando ficou sabendo que nenhuma associação que defende a diversidade recebeu alguma parcela do salário do prefeito.
Enfim, a atual gestão está perdendo os votos dos eleitores que votaram na eleição passada, não está ganhando votos novos e ainda lança dúvidas nas relações de muitas famílias joinvilenses.
A política chegou à alcova e o resultado não é nada bom.