POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Gente, estes dias têm sido muito bons. É que estou de férias. No Brasil,
claro. Têm sido dias de relax, cervejinha e muito papo com os amigos (um bando de vermelhinhos). Um tempo
de dolce far niente e de manter o
cérebro a vadiar. Discordo de quem diz que cabeça vazia é a oficina do diabo. Foi
São Jerônimo quem avisou, por outras palavras.
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Trabalha em algo, para que o diabo te encontre sempre ocupado.
Mas todos sabemos que o trabalho é aquela coisa chata que acontece no
meio da diversão. Aliás, trabalho sempre foi coisa de pobre e em outros
momentos da história foi visto como uma maldição, uma vergonha. É só lembrar
que os nobres, antes da queda do feudalismo, tinham pavor a pegar no duro.
O trabalho é um interessante tema de estudo. E tem muitos analistas críticos,
como Paul Lafargue, genro de Karl Marx (o velho barbudo, para quem a
emancipação do homem viria justo pelo trabalho). Lafargue vê no trabalho – pelo
menos nos moldes capitalistas – uma obsessão esquisita e contra a natureza do
ser humano.
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Uma estranha loucura se apossou das classes operárias das nações onde
reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta consigo misérias
individuais e sociais que há dois séculos torturam a triste humanidade. Esta
loucura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda do trabalho.
Aliás, Lafargue relembra que o trabalho foi um castigo de Deus, com
aquela coisa do “suor do teu rosto”. Não concorda? Pois fique a saber que há
opiniões piores. E atuais. O Grupo Krisis, por exemplo, diz que o trabalho é um
defunto que domina a sociedade.
- A produção de riqueza
desvincula-se cada vez mais, na sequência da revolução microeletrônica, do uso
de força de trabalho humano - numa escala que há poucas décadas só poderia ser
imaginada como ficção científica. Ninguém poderá afirmar seriamente que este
processo pode ser travado ou, até mesmo, invertido. A venda da mercadoria
“força de trabalho” será no século XXI tão promissora quanto a venda de
carruagens de correio no século XX.
Os homens do Krisis pegam pesado. E dizem também que “quanto mais fica
claro que a sociedade do trabalho chegou a seu fim definitivo, tanto mais
violentamente este fim é reprimido na consciência da opinião pública”. Ooops! O
problema é que a coisa realmente vai piorar.
Tenho escrito – mas o tema passa
batido para a maioria – que a Quarta Revolução Industrial (ou Segundo
Renascimento) vai provocar mudanças profundas na vida de todos. A começar
pela questão do trabalho e do emprego, que estão a ser postos em xeque, como
mostra uma pesquisa recente: cinco milhões de empregos a menos (e o Brasil está
incluído no estudo).
Os trabalhos rotineiros tendem ao
desaparecimento, porque as máquinas poderão fazer – e já fazem – muitas dessas
tarefas. Aliás, em muitos casos fazem até onde parece inesperado. Penso, por
exemplo, no caso da escrita, seja no jornalismo ou na publicidade. Hoje há
robôs que produzem textos, apesar de que em condições ainda insipientes. Ou
seja, só os redatores que fizerem alguma diferença – pela criatividade,
conhecimento ou capacidade de inovar – poderão preservar os seus lugares. O certo
é que vai sobrar para muita gente.
É a dança da chuva.
Aproveita e fica por aqui. Goze do excelente momento pelo qual o Brasil atravessa, governando pelo petismo que você ajudou a eleger na eleição de 2014.
ResponderExcluirTem um outro petista, ator em uma novela, que esbraveja nas redes sociais e está satisfeitíssimo com os desmandos de Dilma Rousseff, mas que vai retornar à Paris quando finalizarem as gravações. Havana? Nem em sonho!
Boa vida essa desses militantes petistas, né?
Sobre o trabalho, já são mais de cinco milhões de postos fechados no Brasil, dificuldades em resgatar o FGTS que, além de ser uma poupança compulsória QUE PERTENCE AO TRABALHADOR virou moeda nas mãos inábeis do governo que agora oferece este recurso (cujo banco cobre apenas 3%/ano) como crédito ao próprio trabalhador com juros 3 ou 4 vezes maior num momento que ninguém quer se comprometer com empréstimos devido ao DESCRÉDITO TOTAL deste mesmo governo incompetente que você apoia.
Sobre a quarta revolução industrial, não desdenhe o trabalho, pois “criatividade, conhecimento ou capacidade de inovar” não nascem em alguém sentado bebendo cerveja.
Blá blá blá...
ExcluirSempre cutucando a onça com vara curta. Vir questionar o trabalho na Meca tupiniquim do trabalho, aonde cotas, programas sociais e o Estado são coisas do capêta! Ou melhor, dos vermelhinhos...
ResponderExcluirO Brasil do PT está evoluindo para a quarta revolução industrial.
ResponderExcluirIndústrias? Para quê? Aliás o índice da indústria brasileira retrocedeu para o ano de 2003 com déficit de 8% apenas no último ano de governo bolivarianista da Dilma.
O negócio é ganhar alguma bolsa assistencialista. De onde o governo vai tirar a bufunfa para financiar o indolente “criativo” em casa, ninguém sabe.
Blá blá blá
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