domingo, 30 de setembro de 2018

Kennedy Nunes acaba de atualizar a definição de babaquice

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
As definições de babaca acabam de ser atualizadas. E é tudo obra do deputado estadual Kennedy Nunes, que publicou, no Facebook, uma dos posts mais cretinos da semana (ou, quem sabe, de sempre). Com a intenção de pegar uma carona na “popularidade” de Jair Bolsonaro, o deputado joinvilense publicou uma imagem onde, vestindo uma camiseta do candidato à presidência, reproduz o gesto de simular armas com os dedos.

Está tudo errado no post. Primeiro porque o deputado, na caça ao voto a qualquer custo, tem as suas ligações religiosas. Todos sabemos que, entre outras coisas, Clarikennedy Nunes tem um grupo musical chamado “Dedos de David”, onde se apresenta como “evangelista”. Ou seja, no caso deste post os dedos de David evangelizam para a violência. O problema é que parece ser mais um tiro no pé. Ou na inteligência.

Mas nada tão ruim que não possa ficar pior. Na foto exibida no post, as mãos do deputado aparecem ao lado de uma singela inscrição numa camionete. “Deixem nossas crianças em paz!”, pede a frase. Uau! Como alguém pode pedir para deixar as crianças em paz ao mesmo tempo em que mostra as mãos em claro incitamento à violência? É importante lembrar que o dedos deste “david anão” (porque Kennedy não passa de um anão mental) fazem o gesto de armas.

A iniciativa provocou repulsa nas redes sociais. E não passou despercebida, por exemplo, aos olhos da professora universitária Valdete Daufemback. “Como pode ser tão contraditório? Prega a paz e segurança às crianças, mas incita a violência armada. Não tem explicação para esta insanidade. Estou chocada, nem tanto por apoiar o 'coiso', mas pela foto mesmo! Está com a feição muito estranha, hostil, raivoso, sem alma, espírito carregado de indiferença, sem empatia, um ser muito diferente daquele que conheci”, reflete.

E, para finalizar, a professora Valdete Daufemback questiona: “o que o tornou assim?”. A resposta talvez seja simples. As tetas da política são um vício. E levam à falta de escrúpulos na caça ao voto. Diz o deputado, no seu post, que em “meio à realidade do nosso país deixada como triste legado pelo PT (Partido dos Trabalhados)(sic), bem como respeito aos meus eleitores, estou posicionando o meu voto para presidente no Jair Bolsonaro. Quem mais está comigo?”, escreveu Kennedy Nunes.

Ok… o texto até acaba por ser o de menos. Todos sabemos que num estado como Santa Catarina, sempre em linha com o atraso político, e numa cidade como Joinville, onde Max Weber enlouqueceria, isso até pode render uns votinhos. Mas no plano geral é apenas babaquice. Aliás, a charge do Sandro Schmidt (logo ali abaixo - ou aqui) é perfeita. Mas de uma coisa não tenham dúvidas. Se a eleição fosse para Babaca-Mor da cidade, Kennedy Nunes tinha o meu voto.

É a dança da chuva.


Fez isto...
... significa isto.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Aleluia?


10 razões para o fracasso de Bolsonaro

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Mesmo que consiga ir para o segundo turno, como tudo indica, ou até vencer as eleições, o que vai ser muito mais difícil, a candidatura de Jair Bolsonaro está condenada ao fracasso. Perdendo ou ganhando, o fato é que o candidato nada tem a oferecer ao país. Não tem uma proposta. Não tem um programa. Não tem uma orientação. E o pior: o “prestígio” vem das franjas mais desinformadas da sociedade. A base de apoio de Bolsonaoro é formada por uma turba movida pelo ódio (de classe ou não), pelo obscurantismo e pela baixa qualidade cognitiva.

Por que Bolsonaro vai fracassar? Apresento aqui 10 razões:

1. Porque nunca, em toda a história, um candidato teve tamanha rejeição do eleitorado feminino. E, diga-se de passagem, a recusa é bem mais que merecida. Aliás, nos últimos dias parece haver uma tentativa de “amaciar” o palavrório. Mas é um problema que não se resolve com mudanças no discurso. Há uma trajetória onde sobram imagens, declarações e até gestos de violência física (como no caso da deputada Maria do Rosário). Enfim, atitudes inaceitáveis e que ultrapassam os limites da civilidade.

2. Porque é um homem de grandes limitações intelectuais. No popular: é muito burro. Bolsonaro tem um vocabulário limitado e é incapaz de ler a realidade. Não sabe sequer formar frases. “Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo”, diria Wittengstein. Daí a formular pensamento é uma viagem quase impossível. Na real, Bolsonaro é do tipo que, quando abre a boca, ou entra mosca ou sai besteira. Não dá para pôr fé num homem que não faz sinapses.

3. Porque a própria direita se sente desconfortável com o seu nome. Ao recusar a democracia e defender a ditadura, o candidato da extrema-direita põe qualquer democrata – seja de esquerda ou de direita – em sobressalto. Nos dias que correm, ficar colado à imagem de Bolsonaro é uma maldição que poucos políticos estão dispostos a enfrentar. É por essa razão que ele só consegue atrair o que há de mais repugnante na vida brasileira. Magno Malta, Alexandre Frota, Silas Malafaia e quetais.

4. Porque parte da velha imprensa, que sempre apostou as suas fichas numa “solução” de direita, já começa a achar que apostar em Bolsonaro é ir longe demais. Há um preço a pagar para manter a esquerda longe do poder, mas no caso de Bolsonaro alguns títulos já começam a manifestar a ideia de que é um preço alto demais. Porque como já diz o velho ditado, “cria corvos e eles te furarão os olhos”. Até a “Veja”, habituada a viver na lama, está a abandonar o pântano: “em processo, ex acusa Bolsonaro de furtar cofre e omitir patrimônio”, escreve, numa matéria que tem o claro objetivo de torpedear o candidato.

5. Porque a sua imagem está associada a um populismo tosco e a propostas erráticas. Não surpreende que tenha havido uma autêntica maratona para escolher o candidato a vice. Todos lembramos das recusas. Janaína Paschoal, para citar a mais famosa, foi sondada e recusou. E vários nomes de fora da política que foram cogitados – Luciano Huck, Bernardinho, Datena ou Joaquim Barbosa – sempre recusaram. No final, o candidato teve que se contentar com “escolha” meia-boca (de fato, ele sequer teve escolha) do general Mourão, um personagem que encarna o que há de mais apodrecido na política.  Enfim, é o vice possível. Um cadáver político que anda por aí a espalhar o mau cheiro das suas ideias.

6. Porque só os maluquinhos de babar na gravata são capazes de apoiar um homem que defende a ditadura, a tortura e os torturadores. A ideia de ter um presidente capaz de cultuar a imagem de um torturador do calibre de Brilhante Ustra, um dos mais ignominiosos nomes da nossa história recente, é ir longe demais. É um passo muito abaixo da linha da dignidade e que poucos se atrevem a cruzar.

7. Porque é um candidato terceiro-mundista (na melhor das hipóteses) com propostas terceiro-mundistas. Bolsonaro sequer pode ser considerado de extrema direita. Marine Le Pen é extrema direita. Mateo Salvini é extrema direita. Viktor Orbán é extrema direita. Mas ainda assim a coisa acontece num outro nível. As extremas-direitas têm projetos políticso – não interessa discutir aqui o quanto são ruins –, enquanto Bolsonaro não tem um programa, apenas ideias soltas e muitas delas baseadas em tolices. É apenas extrema burrice.

8. Porque não há intelectuais entre as suas fileiras. Ou seja, não há ninguém com estofo intelectual para pensar o país. E se Bolsonaro vencer? Como será o dia seguinte? Fica tudo entregue ao tal Paulo Guedes, que já demonstrou não ser flor para cheirar. Aliás, é aí que mora o perigo. É tanta dependência de Guedes que qualquer pessoa é capaz de prever o que vai acontecer em caso de vitória: Bolsonaro vai ser uma marionete e o país será governado por Guedes.

9. Porque sempre que alguém abre a boca é preciso chamar os bombeiros da campanha. É só ver o recente caso da jabuticaba, envolvendo o seu vice, o famigerado general. Falar no fim do 13º salário e do abono de férias é mexer no vespeiro, porque fala a todos. Nem mesmo os maluquinhos bolsominions ficam tranquilos. Enfim, os homens atiram para todos os lados e até agora não tem acertado uma. É por isso que boa parte da famosa coxinhada, as pessoas que querem evitar a volta da centro-esquerda ao poder, recusa a ideia de Bolsonaro. É muito provável que em lugares como Santa Catarina (e Joinville, em particular) o candidato tenha maior votação. É da praxe, num dos estados mais reacionários do país. Aliás, vale lembrar, foi aí também que Aécio Neves obteve a sua vitória mais fulgurante nas últimas eleições.

10. Porque não há uma argamassa ideológica capaz de dar massa crítica ao movimento formado pelos seus seguidores. As pessoas não estão ligadas por ideias consistentes e o ideário é colado com cuspe. O “bolsonarismo” aglutina o pior do país em termos civilizacionais. Fascistas, fundamentalistas, sexistas, homofóbicos, gente violenta e toda espécie de reacionários estão na linha da frente. Não há militantes, apenas manifestantes. E é o tipo de gente que rejeita a inteligência e que, por falta de habituação à política, acaba por desmobilizar rapidamente. É só encontrar um novo “mito”.

É a dança da chuva.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A difícil escolha do candidato a governador de Santa Catarina

POR JORDI CASTAN E JOSÉ A. BAÇO
JOSÉ A. BAÇO - Então, Jordi, já escolheste o teu candidato a governador?

JORDI CASTAN - Putz...sei que não será o Merísio e ter que votar no Mariani me dá urticária. Mas estou indo pelo voto útil para dificultar a eleição do Merísio.

JB - Voto útil significa...

JC - Voto útil significa não anular o voto, para não facilitar a  eleição de candidatos piores.

JB - Mas, pelo que entendi, são todos "piores".

JC -Para o governo do Estado não vi nenhum que tenha alguma proposta que mude alguma coisa. Teremos mais do mesmo. Mesmice. E você até prefere anular, não votar ou jogar uma moeda ao ar.

JB - Podes votar no Décio Lima...

JC - Aaaarrghh! Já expliquei que não voto em gente associada à corrupção… menos ainda se estão sendo processados.

JB - Bem... Se não votas em gente associada à corrupção é melhor nem sair de casa no dia das eleições.

JC - Mas olha o perfil do cara. Quem poderia votar num cara com esse perfil?

JB - Ora, sabias que "corrupto" tem outros significados? Um deles é "apodrecimento”. É a isso que me refiro. O buraco é mais em baixo...

JC - Esqueci que tem eleitor que gosta de candidatos com um perfil como este. Atenção que não o chamei de nada...mas quem é acusado de improbidade é ímprobo. Então, melhor pensar em outro nome para SC.

JB - Deixa ver se entendi. Se tiveres que escolher entre o Décio Lima e o Merísio ficas com o Merísio?

JC - Ah não! O Merísio eu conheço... nesse não voto nunca. E mais: recomendo não votar nele. Nesse caso não tenho a menor dúvida. A dúvida seria entre os outros nomes colocados.

JB - Ah ah ah… se ainda fosse possível votar de novo no Colombo...

JC - Colombo quem? Não lembro de ter um governador com este nome, nem que tenha feito alguma coisa de boa por Joinville. Tem um cara com esse nome que tem aparecido pela vila abraçado ao prefeito, mas de concreto não tenho visto nada. Não sei quem é. Ah… e tampouco votarei no Comandante Moises. Assim que as alternativas vão se reduzindo mais e mais.

JB - Então tá feia a coisa...

JC - Conheço pessoalmente e sei da seriedade do Leonel Camasão, do PSOL, mas é difícil votar em candidatos deste partido.

JB - Eu voltava no Camasão... Isso sim é votar contra.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Mudança ou morte!


POR JORDI CASTAN
Esta é uma eleição diferente. É certo que cada eleição é única e tem suas peculiaridades, mas esta, especialmente, tem características próprias. Seria ideal que tivéssemos a capacidade de nós abstrair um pouco da emoção, do fanatismo, do rancor, do que diz e mostra a imprensa e olhássemos além do que querem nos mostrar.

O eleitor, especialmente o menos educado politicamente - o que nada tem a ver com o seu grau de instrução - é facilmente manipulado pelas pesquisas, pelas fake news, pelos diversos jogos de interesses que envolvem cada eleição. O efeito manada tem um peso considerável na decisão de votar neste ou naquele candidato.

O brasileiro tem a ideia que não quer perder o voto e vota, muitas vezes, como se fizesse uma aposta. Muitos votam em quem tem mais chances de ganhar, ou em quem as pesquisas dizem que tem mais chances de ganhar. É como se de uma corrida de cavalos se tratasse. O resultado é, entre outros muitos, a baixa renovação dos legislativos, a reeleição dos mesmos de sempre, a baixa chance que tem as propostas e os candidatos menos conhecidos.
Para quem quiser ter uma visão mais clara ou menos deturpada do cenário político, seria bom que deixasse de ler jornais, ver televisão e de analisar pesquisas, porque todos mentem. Alguns mais deslavadamente que outros, mas todos mentem. Cada um tem seus próprios interesses e a verdade é a primeira vitima deste cenário.

Para piorar ainda mais, os meios e instrumentos de que partidos, marqueteiros, o sistema e os políticos dispõem para distorcer a realidade são cada vez maiores e mais sofisticados. É comum ver imagens de manifestações, comícios, carreatas que não condizem com a realidade e não sempre é fácil identificar a manipulação que se faz, ou o objetivo pretendido.
Imagens, frases fora de contexto, editadas são meias verdades, quando não são mentiras inteiras. Assim que o eleitor que não queira formar parte do rebanho precisa estar muito atento. Há dois pontos que me parecem importantes e que são uma novidade nesta eleição.

As imagens de candidatos a deputado federal ou senador discursando para multidões de 3 ou 4 pessoas, deveriam gerar uma análise profunda da consistência dos percentuais mostrados nas pesquisas para esses mesmos candidatos. É evidente que alguma coisa não está certa. Aliás, é oportuno lembrar que Hilary estava eleita antes de abrir as urnas e que Trump não tinha nenhuma chance. Ou que Aécio ganhava de Dilma com facilidade.

O primeiro é que as pessoas estão perdendo a vergonha de se assumir como sendo de direita. Verdade que depois de tantas décadas de péssimos governos de esquerda, o eleitor demorou muito. Mas ajuda a melhorar o processo democrático que haja mais alternativas que não sejam a extrema esquerda e a esquerda, representados aqui pelo PSOL e o PSDB como vértices do espectro politico brasileiro. Era lógico que depois de anos de governos militares o eleitor optasse por escolher candidatos e propostas de esquerda. Sem novidade, completamente previsível. Só a falta de formação política do brasileiro pode justificar que tenham sido necessárias mais de três décadas para surgirem alternativas de centro, centro direita e de direita viáveis e com amplo respaldo popular.

O segundo ponto é o surgimento de movimentos horizontais, sem lideranças claramente identificadas, que não respondem a uma hierarquia tradicional. Num primeiro momento parecem desorganizados, mas rapidamente ganham o respaldo de uma parte significativa da população, o que em muitos países se chamava até faz pouco tempo de “maioria silenciosa”.
Frente à algaravia barulhenta que tradicionalmente era característica da esquerda, há agora uma mudança significativa. Os eleitores que se identificam com programas e candidatos de direita não têm mais medo de mostrar a cara, de sair à rua e de dizer aos quatro cantos que fazem isso livremente, sem precisar de pão com mortadela.

Escrevi, na semana passada, que esta eleição tinha se convertido num Fla-Flu ou num Barça- Madrid e esta sensação tem aumentado a cada dia. Nós e Eles, Corruptos e Honestos, Esquerda e Direita, Norte – Sul, Homo – Heteros, Brancos e Pretos, Altos e baixos, Machistas e Feministas, e todas as outras tribos em que estamos querendo dividir o Brasil. Espero só que a impunidade perca, que não ganhe a violência, que não nos deixemos levar pelos cantos de sereia dos que ante o risco de perder o poder que detém desde faz décadas queiram agora entregar os anéis para não perder os dedos.

Em tempo, só eu achei que a festa de posse do presidente do STF foi uma reedição cafona e fora de época do baile da Ilha Fiscal? O que mais me preocupou é que ninguém tenha ficado revoltado, nem envergonhado. Pode ser que porque boa parte dos brasileiros teriam gostado de ter sido convidados. Em quanto os que não achem nada de errado numa festa como aquela sejam maioria, a corrupção vencerá.

domingo, 23 de setembro de 2018

O nazismo é dos bolsominions

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Tenho repetido que não discuto com seguidores de Jair Bolsonaro. Limito-me a zoá-los (o que é muito fácil, porque eles se auto-ridicularizam). Enfim, é pura perda de tempo tentar falar com gente tosca e incapaz de fazer o zero com o fundo de uma garrafa. Para um bolsominion, pensar é um processo doloroso. As ideias morrem por inanição. É que os tipos vivem um processo a que tomei a liberdade de denominar “suicídio de neurônios”.

O ridículo é tanto que um dia destes os caras estavam a ensinar aos alemães sobre o nazismo. Sério. O absurdo não tem limites. Houve gente a negar o Holocausto, imaginem, e muitos a dizer aos alemães que o Terceiro Reich era coisa da esquerda. O nível é muito louco e torna impossível estabelecer qualquer discussão racional. Ah… o que aconteceu? Foi um filme que “despertou” o cérebro apodrecido dessa gente.

A embaixada da Alemanha no Brasil publicou um vídeo a falar no extremismo, como o objetivo de enterrar essa discussão tonta de que o nazismo é de esquerda. Mas estamos a falar de gente incapaz de somar dois mais dois. O filme não atingiu o objetivo de enterrar o assunto e ainda fez levantar o insepulto cadáver da boçalidade dos seguidores de Bolsonaro. Sim, os jumentos se apressaram a ensinar história aos alemães.

"Nunca ouvi uma voz séria na Alemanha argumentando que o nacional-socialismo foi um movimento de esquerda", disse o embaixador alemão no Brasil, Georg Witschel. E adianta? Não. Nenhum bolsominion quer saber disso. Para eles, o filme está errado. Os alemães estão errados. Os estudiosos estão errados. A história está errada. O mais elementar bom senso está errado. Aliás, parece que o nazismo é "propriedade" dos bolsominions.

O fato é que lá na Alemanha as pessoas devem estar estupefatas com o nível exorbitante da ignorância dos bolsominions. E preocupadas, claro. A Europa também tem com o que se preocupar. A Alemanha tem os seus problemas (a AfD - Alternativa para a Alemanha é um problemão). Mas nada que se compare. O que os seguidores de Bolsonaro estão a fazer nem é afundar o Brasil no tal terceiro mundo. É empurrar Brasil para o submundo.

É a dança da chuva.



sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Cota 40 - Dia da Árvore

POR JORDI CASTAN


Em Joinville, o cidadão está proibido de cuidar da árvore que tem na calçada, em frente de casa. Mas a Prefeitura também não cuida. O resultado é uma cidade com menos árvores, sem qualidade de vida e perdendo cada dia um pouco mais do seu verde urbano.

Hoje, no Dia da Árvore. denunciamos a omissão do poder público.

Subiu


Lula é o Sun Tzu dos sertões...


TU CÁ, TU LÁ
POR SANDRO SCHMIDT E JOSÉ A. BAÇO
JOSÉ BAÇO - Putz. Os caras fizeram de tudo para evitar que o PT e Lula voltassem ao poder. Levaram o Brasil a essa desgraça e agora o Haddad aparece com 19%? Aí fica difícil, né?

SANDRO SCHMIDT - Primeiro que Lula sempre soube ler o cenário político como ninguém. Fez tudo certo de acordo com o "manual" da Arte da Guerra. É o Sun Tzu dos sertões. Depois, o Jumito e o Mourão ajudaram bastante.

JB - Mas não achas impressionante o número de eleitores do Bolsonaro em Joinville? É certo que a cidade é uma das mais conservadoras do Brasil. Mas do conservadorismo à eutanásia do próprio cérebro vai uma distância e tanto...

SS - Bom, pra quem votou no Aécio e no Udo, este 2 vezes, nada mais me impressiona. Joinville tem uma turminha que adora ficar na porta da Casa Grande, sempre achando que vai entrar, mas nunca passará de capacho, pra turma de cima limpar os pés.

JB - Não sei se dá para chamar Casa Grande. É mais um curral. É tanta cavalgadura que não vão ser pisados... vão é ser montados.

SS -  Sim, um curral grande. E ainda tem sede.

JB - Sede de sediar ou sede de beber?

SS - Retórica? Gostoso é de ver "universitário" batendo no peito e dizendo que a turma estudada  vota no jumito. Tudo formado no PROUNI do Haddad... hua hua hua...

JB - Esse troço do diploma é bem brasileiro. Bolsonaro cursou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército e a Academia Militar das Agulhas Negras... e é um jumento. É só um "papér" na parede.

SS - Isso. Ajuda na hora de conseguir um emprego, mas fica por aí. Tenho algumas discussões com empresários que dizem votar no Coiso em função do combate à corrupção. Aí pergunto a eles: vamos falar de corrupção aqui pertinho? Ficam quietos. Rabos presos.

JB - O quê? Vai dizer que tem corrução aí perto. Nunca ouvi falar...

SS - Não deve ter. Pela quantidade de gente de bem nas passeatas do Vem Pra Rua de Joinville...

JB - É tudo "gente de bem". Pessoas que gostam de votar em "jumento de carga".

SS - Gente de bem burra.

JB - Burros, jumentos… agora é esperar os anônimos e a burricada fica completa.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Horário político-eleitoral é sinal de atraso

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O horário político é importante para levar as ideias dos políticos aos eleitores. Mas a influência excessiva da televisão é mau sinal, porque aponta para uma certa iliteracia política dos eleitores. Nunca é demais repetir que a relevância exagerada da televisão é um fator típico das sociedades culturalmente mais atrasadas. Aliás, ela exerce o papel que décadas atrás foi do rádio, usado para comunicar com os que não sabiam ler.

O modelo precisa evoluir. Porque, como sabemos, o tempo de antena dos partidos nanicos virou moeda de troca e fator de corrupção. O financiamento das campanhas é uma zona sombria que, quase sempre, deixa os políticos amarrados a interesses econômicos. E o dinheiro das campanhas poderia ter um uso mais digno, ao contrário do que acontece hoje: mostrar candidatos embrulhados no papel de sabonete mais bonito.

Se a educação – formal, cívica, experiencial – não for efetivamente democratizada, o país ficará refém da incapacidade que muitos têm de ler o mundo. E a iliteracia política é uma ameaça para a democracia. Aliás, é importante salientar que em muitos países desenvolvidos onde há horário político, ele praticamente passa despercebido. É a comunicação social a mediar a relação políticos-eleitores, marcando a agenda midiática.

Há outra razão de fundo. A humanidade caminha a passos firmes para uma “sociedade das telinhas”, com a informação centrada nos computadores, tablets, smartphones e outros dispositivos móveis. É preciso projetar o futuro a olhar para a exclusão-inclusão digital. No Brasil, o crescimento tem sido interessante nos últimos tempos, mas 46% dos lares ainda estão desconectados (54% entre as famílias com renda entre um e dois salários mínimos).

O futuro imediato pede uma reforma política e, por consequência, uma mudança no modelo de horário político. Porque se o resultado de uma eleição pode ser definido pela propaganda política e pela força da televisão, isso significa que a sociedade – e a própria democracia – ainda tem muito que avançar. Quer dizer, o horário político é sinal de atraso.

É a dança da chuva.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

E se fosse #ElaSim?


POR CLÓVIS GRUNER
Mereceria uma leitura mais cuidadosa o fato de que, mesmo entre setores da esquerda que atentam para a urgência das pautas identitárias, a candidatura de Marina Silva não tenha sido nem mesmo cogitada como uma alternativa ao segundo turno. Não bastasse serem três homens a protagonizarem as candidaturas de centro esquerda, dois deles, os que disputam nominalmente o voto – Ciro e Haddad – têm vices mulheres relegadas a um papel coadjuvante.

Os argumentos mais comuns contra Marina são simplistas, quando não desonestos. Pesa contra ela o apoio a Aécio no segundo turno de 2014, um equivoco, já que ela podia simplesmente não apoiar nenhuma das candidaturas, como Luciana Genro. Mas a atitude não me parece mais grave que as alianças que o PT fez com quase toda a banda podre da política brasileira, incluindo Michel Temer, escolhido a dedo por Lula para vice de Dilma, por exemplo.

Ela é acusada de ser de direita, mas nada em sua trajetória passada e presente sustentem isso. Sua aproximação a economistas liberais como Eduardo Gianetti é supostamente a prova de seu neoliberalismo, dizem os petistas, olvidados de que Henrique Meireles foi o homem forte da economia nos governos Lula, que Dilma nomeou Joaquim Levy seu Ministro da Fazenda, e que Fernando Haddad, mal subiu nas pesquisas, já acena ao também liberal Marcos Lisboa.

Um debate não polarizado – A lógica vale para a acusação de que, evangélica, Marina fará um governo “conservador nos costumes”, como se as administrações anteriores, incluindo e principalmente as do PT, tivessem assegurado a plena laicidade do Estado. Até prova em contrário, o Estado laico está menos fragilizado com a orientação religiosa de Marina, do que estava quando Lula nomeou pastores da IURD como ministros ou Dilma rifou a Comissão de Direitos Humanos, abrindo as portas para que Marco Feliciano assumisse sua presidência.

O seu programa de governo, por outro lado, reafirma o que Marina efetivamente representa: uma candidatura de centro esquerda, com as pautas, os limites e as possibilidades atinentes a uma candidatura de centro esquerda. Suas propostas em áreas como educação, cultura e direitos humanos, por exemplo, não diferem substancialmente do que propõem Lula/Haddad e Ciro, e mesmo avançam em alguns pontos.

Seu alegado liberalismo não a impede de defender os investimentos públicos como um dos fatores para alavancar a economia, ou a não privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Além disso, ela mantém uma relativa autonomia frente aos grupos políticos que disputam hoje a presidência baseados na polarização extrema, uma maldição que não poupou o PSOL e, tampouco, Ciro. Com Marina, penso que teríamos a chance de algum debate racional, e poderíamos fazer nossa escolha baseados em outros critérios que não o ódio ou o medo.

***

Post Scriptum: Braziliansplaining – Na semana passada, ainda com o 7 a 1 da Copa de 2014 atravessado na garganta, brasileiros decidiram acertar as contas numa seara onde somos craques: a história alemã. Um vídeo publicado pela Embaixada da Alemanha mobilizou nossos melhores atletas, que entraram em campo decididos a explicar aos alemães que o holocausto não existiu e que o nazismo é, sim, de esquerda.

Como aparentemente nem a Alemanha é suficiente para convencer nossa direita pouco esclarecida, vou tentar com o próprio Adolf Hitler. Em entrevista concedida em 1923 ao escritor alemão George Sylvester Viereck, publicada anos depois pela conservadora “Liberty”, e acessível aos leitores coevos no site do inglês “The Guardian”, Hitler explica o que entende por socialismo, sua relação com a noção de raça ariana e porque o nazismo não era um movimento de esquerda.

Em um dado momento, para enfatizar seu ponto de vista e o que o separava do marxismo e dos bolcheviques, o líder alemão sentencia: “Nós poderíamos ter nos chamado de Partido Liberal”. Como historiador, posso assegurar que Hitler estava equivocado: não há muito de liberal ou do liberalismo no Partido Nazista. Por outro lado, e os comentaristas anônimos desse blog não cansam de me lembrar, a palavra de um historiador, no Brasil de hoje, não vale nada. 

terça-feira, 18 de setembro de 2018

...


A vaca está indo para o brejo


POR JORDI CASTAN
Quanto mais nos aproximamos do dia 7 de outubro, mais os ânimos vão se radicalizando. O extremismo toma conta de todo o espaço do debate político. Os longos anos de governos de esquerda deixaram o país em frangalhos. Faz décadas que o Brasil não cresce, que a insegurança aumenta e que a uma crise que se alastra de ponta a ponta do Brasil e da sua sociedade.

Há uma radicalização maior na eleição presidencial, que transformou a arena política partidária num gigantesco Fla–Flu. Ou num Grenal. Ou naquilo que na La Liga, que organiza o futebol espanhol, se denomina “el clássico”: jogos de mais rivalidade que futebol, para voltar ao eterno paralelismo entre futebol e política.

É evidente que qualquer um dos extremos será uma péssima alternativa, que o resultado das urnas será um país dividido, rachado, dividido ainda mais entre “nós e eles”. Não há alternativas de centro, nem de centro direita, nem de centro esquerda, há só um aglomerado de políticos que utilizam os partidos e a política para alcançar os seus objetivos pessoais. O resultado não tem como ser bom. Fora os fanáticos de sempre, há uma grande maioria do eleitorado que não votará nem a favor de este ou daquele candidato, mas contra este ou aquele.

O resultado de uma eleição que se resolva com os votos contra isso ou aquilo não tem como ser bom. A última eleição em Joinville é um bom exemplo. Aqueles que não queriam eleger Darci de Matos elegeram Udo Dohler. Não precisamos dizer nada, o resultado está ai para quem o quiser avaliar. A cidade está sem rumo, nas mãos de uma gestão inepta e arrogante. Darci de Matos teria sido melhor? Difícil ser pior, mas a Lei de Murphy assegura que não há nada tão ruim que não possa piorar.

A maioria dos eleitores com quem tenho conversado não sabe em quem votar. Nenhum dos candidatos ao governo do Estado convence e todos são oriundos da velha política. Pessoalmente acho que o termo velhaca seria mais apropriado. Os nomes apresentados para o Senado ou para o Congresso não são melhores. Há poucos nomes realmente novos que tenham possibilidades reais de se eleger. Para complicar ainda mais a renovação, o sistema há desenvolvido um emaranhado legal direcionado a perpetuar no poder os mesmos de sempre. O resultado é um eleitor desiludido, desencantado e descrente. Descrente dos candidatos, do resultado das urnas eletrônicas, receoso da lisura do processo, desconfiado das pesquisas e, principalmente, revoltado com o Brasil atual.

Qualquer resultado é possível e nenhum deles parece convincente para que o país saia do lodaçal em que anos de péssimos governos o tem jogado. Que a maioria dos candidatos a reeleição responda a processos por corrupção, lavagem de dinheiro, caixa 2, prevaricação e ainda haja eleitores defendendo e votando nesse tipo de gentalha mostra que há algo de muito podre em Pindorama. Até porque os políticos que elegemos não foram trazidos por nenhuma nave alienígena, são os representantes da sociedade que os vota e os elege.

Para não esquecer: não reeleja nenhum dos que aí estão. É hora de mudar, de mudanças profundas. Até porque se não mudarmos o próximo congresso será ainda pior que o atual, mesmo que isso possa parecer impossível. 

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A absoluta falta de cultura forma opinião em Joinville

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Fui alertado por amigos para um post publicado, numa rede social, por um “formador” de opinião de Joinville. As pessoas que chamaram a atenção consideraram o texto algo absolutamente disparatado. Fui ler e tinham razão. Era uma obra-prima da desinteligência. O autor, tomado pelo espírito de cientista político (que não é), fez um arrazoado sobre o que entende ser esquerda e direita. É de chorar a rir. Ou apenas chorar, sei lá.

O nosso intelectual apanha dos próprios neurônios. E que surra. É o tipo de gente pouco dada aos estudos e que opta pela mistificação, a língua dos tolos. Mas como diria Odorico Paraguaçu, que poderia ser uma parelha mental do nosso pensador, deixemos dos entretantos e vamos aos finalmentes. Para que o leitor e a leitora entendam a questão, vamos reproduzir o que escreve este genial pensador do burgo joinvilense. 

Ah... mas fica um aviso. Se você não cair no riso longo nos primeiros cinco segundos, talvez seja melhor procurar ajuda, porque certamente o seu cérebro não está a bater bem. Eis...

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“Vamos acabar com todas as brigas?
Vamos fazer o seguinte: a gente divide o Brasil em 2 e elege 2 presidentes, um de direita e outro de esquerda.

"No lado da direita:

Militares!

Empresários!

Banqueiros!

Empreendedores!

Capitalismo Livre!

Cristãos!

Família Tradicional!

Escolas com Disciplina!

Policiais Armados!

Crianças sem ideologia de Gênero!

Partidos Republicanos de Direita!

Aliados com EUA e Europa!

Não ao Aborto!

Estupradores presos
!
Assassinos serão condenados à 50 anos sem progressão de penas!

Drogas proibidas!

Traficantes mortos!

Sem Bolsas Família e etc!

Todos são obrigados a estudar e trabalhar para seu sustento.

Sem cotas raciais!

Valorizar o Mérito!

No lado da esquerda:

Sem Militares!

Sem Polícia Armada!

Sem Bancos!

Sem Empresários!

Sem Empreendedores!

Sem Cristãos!

Partidos Socialistas e Comunistas!

Aliados só aos países Cuba, Venezuela, Coréia do Norte, Nicarágua.
Aborto Livre!

Não existirá sexo Masculino e Feminino, tudo é o mesmo Gênero!

Não é obrigado a Trabalhar e Estudar!

Nas escolas não haverá disciplina!

Crianças de 4 a 10 anos irão aprender como fazer sexo nas escolas com meninas e meninos, pois tudo é igual!

Bolsas Famílias e todas as Bolsas valerão!

Sem Presídios!

Drogas a vontade e liberadas!

Assaltante é vítima!
Traficantes livres na praia!

Pedofilia livre!

Estuprador não é criminoso, é doente!

Presos ganham Bolsas presidiário!

ESCOLHAM O SEU PAÍS
!
Eu já há algum tempo escolhi o meu!"

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Não sei. O sujeito diz que escolheu o seu país e fiquei a imaginar que escolheu o Sudão do Sul. É evidente que ele prefere aquilo que entende por direita, mas só um lugar culturalmente desarticulado, desorganizado e dominado pela ignorância poderia ser a escolha deste formador de opinião. Definitivamente o nosso “intelectual  fica bem no Sudão do Sul, não em países civilizados. 

Não dá para levar a sério. Menos ainda debater sob o ponto de vista cultural, do conhecimento, da academia. Parece ser uma pessoa pouco habituada ao estudo, porque a pobreza intelectual é evidente. Há um velho ditado português que diz o seguinte: “vozes de burro não chegam ao céu. Ou seja, essa falta de qualidade intelectual pode ficar bem para as “rádia” de Joinville ou para os anônimos do nosso blog. É pobre.

Felizmente o mundo não é Joinville e esse tipo de ideias não passa das fronteiras físicas de Barra Velha ou Garuva. Afinal, é apenas falta de cultura.

É a dança da chuva.


Pintura de street art em Setúbal (Portugal), a reproduzir um velho ditado da língua portuguesa

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

COTA 40 - Arborização Urbana

POR JORDI CASTAN
Existe um plano de arborização em Joinville? Esse é o tema do filme de hoje.


Escola Técnica Tupy vai fechar cursos técnicos. Como assim?


POR ALBANO SCHMIDT
Como assim?
Essa é a pergunta que estamos fazendo ao descobrir que a Escola Técnica Tupy vai encerrar seus cursos de formação técnica.

Fundada em 1959, por meu pai, Dieter Schmidt, na época presidente da Fundição Tupy, a ETT iniciou suas atividades num momento em que Joinville crescia e a Tupy precisava de mão de obra competente. A inspiração veio da indústria suíça George Fischer, reconhecida pela excelência de seus profissionais, formados em sua escola técnica.

Em pouco tempo, a ETT cresceu, se desenvolveu e se tornou referência nacional e internacional. Lá estudei e afirmo que todos saem com formação completa, prontos para o mercado de trabalho, preparados e, muitos, já com emprego.

Por que acabar? Para ter um maior número de alunos? Que dá mais lucro? Mas e no futuro, aonde é que essa turma vai conseguir boa colocação? Como é que o Brasil vai sair da posição vergonhosa que estamos no desenvolvimento de tecnologia?

Prova de que esses cursos são importantíssimos é que – diante desta situação absurda – a Tupy buscou um novo parceiro e já lançou, junto com o Senai Joinville, a Escola de Fundição Tupy com o curso técnico em Metalurgia, que iniciou suas atividades com 70 de seus funcionários.

Como assim? O curso técnico não interessa mais porque não é rentável? Isso é um descaso à formação profissional e ao Brasil. Então que alguma entidade assuma. O Estado, a sociedade deveriam intervir. Perder uma escola deste nível nos causa indignação!

Estou perplexo com essa atitude míope, mesquinha e de curto prazo, sem pensar no futuro. A única maneira de conseguirmos melhorar os índices de desenvolvimento econômico é com uma formação profissional adequada. Não vamos aumentar o PIB do Brasil formando generalistas. Esse não é o caminho para superarmos o abismo que nos distancia dos países desenvolvidos e nem é esta a forma de ocuparmos uma posição de destaque no cenário internacional.

A única maneira de contribuir para o desenvolvimento do Brasil é investir na base, na educação de qualidade e não juntar mais alunos para uma formação genérica, medíocre e massificada, que só servirá para ampliar o número assustador de mais de 20 milhões de desempregados que temos no Brasil.

Albano Schmidt é presidente da Termotécnicas

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Transferência


Não há o “melhor dos mundos”

POR CLÓVIS GRUNER
Uma prisão em Curitiba talvez tenha, nas eleições presidenciais, repercussão equivalente ao de uma facada em Juiz de Fora. Me refiro, obviamente, à prisão do ex-governador Beto Richa ontem pela manhã (11), em ação conjunta dos Ministérios Públicos estadual e federal, e ao atentado contra o candidato a presidente e fascista de estimação dos comentaristas anônimos do blog, Jair Bolsonaro, na quinta última (06).

A quantidade e a variedade de investigações envolvendo Beto Richa são tantas, que até pra quem vive aqui foi difícil entender. Ele foi preso, provisoriamente, pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), suspeito de fraude em licitações de obras públicas do Programa Patrulha do Campo. A Lava Jato pegou carona – a coincidência não foi por acaso – e deflagrou a “Operação Piloto”; Richa aparece nela como suspeito de receber propinas da Odebrecht.

É bastante provável que a prisão de Richa repercuta eleitoralmente também fora do Paraná, onde ele é um dos favoritos a uma das vagas para o Senado. Considerado há até pouco tempo, junto com Aécio Neves, uma das principais vitrines do PSDB e promessa de renovação do tucanato, sua prisão pode sepultar de vez as chances de Alckmin, cuja candidatura já se encontrava relativamente estagnada, disputar o segundo turno.

De certo até agora, é que Jair Bolsonaro vai mesmo para o segundo turno, ao menos de acordo com as pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas, respectivamente, na segunda (10) e ontem. O levantamento do Ibope, embora divulgado depois, foi realizado antes – nos dias 8, 9 e 10 de setembro –, e seus resultados podem estar influenciados mais diretamente pelos ânimos eleitorais imediatamente após o atentado.

A pesquisa Datafolha, realizada no dia 10, parece representar melhor o ambiente em que a facada contra Bolsonaro, e a comoção que ela provocou, tende à acomodação. De todo modo, em ambas, Bolsonaro mantém uma dupla liderança: a de intenções de voto (26% no Ibope e 24% na Datafolha) e a de rejeição (41% e 43%, respectivamente). E embora os resultados não sejam tão dispares, uma nova pesquisa oferecerá um retrato mais preciso do quanto os últimos eventos podem influenciar nas eleições. 

Diferentes fatores podem ter colaborado para, apesar de vítima, Bolsonaro não ter ampliado ainda mais sua vantagem. Uma facada, afinal, não muda o caráter e o programa de um candidato. Mesmo hospitalizado, Bolsonaro ainda é o presidenciável que quer trabalhadores escolhendo entre ter empregos ou direitos, ou seus eleitores expostos à violência ao defender que não cabe ao poder público, mas ao cidadão, a responsabilidade pela sua segurança, por exemplo.

Auto golpe e voto útil – Os usos políticos da facada também não colaboraram. O senador Magno Malta compartilhou uma montagem grotesca onde o autor do atentado aparece em um comício de Lula; Silas Malafaia afirmou que ele era assessor da campanha de Dilma Rousseff; Janaína Paschoal o associou ao “Lula Livre” e acusou a imprensa de esconder o fato. Foram coerentes, porque não se esperava nada diferente. Mas é possível que tenham perdido a chance de ampliar a penetração do candidato junto aos eleitores ainda indecisos.

Persiste a dúvida sobre quem será o nome a disputar com ele o segundo turno, e também nisso as pesquisas reforçam alguns medos e sugerem possíveis tendências. Cresce o temor de que Haddad, ungido ontem candidato por Lula, seja prejudicado pela alta rejeição dos eleitores ao PT. Em ambas as pesquisas, Bolsonaro perde em todos os cenários, menos com o petista, de quem ganha na pesquisa Ibope, e empata tecnicamente na do Datafolha.

Como reação, já se discute abertamente, em grupos de eleitores à esquerda, a possibilidade do voto útil em Ciro ainda no primeiro turno. Uma disputa entre ele e Bolsonaro evitaria, entre outras coisas, que se repetisse, ainda mais violenta, a polarização de 2014, cujos resultados conhecemos: a vitória apertada de Dilma, um governo fragilizado ante uma oposição fortalecida e com medo da cadeia, e a turbulência dos meses seguintes até o “grande acordo” e o impeachment.

A estratégia, obviamente, depende em parte do PT, que durante anos defendeu o “voto útil” para evitar o “mal maior”, como em 2014, inclusive. Quer dizer, para dar certo, o PT precisaria provar que a tal Frente Antifascista, anunciada ano passado, foi mais que uma bravata eleitoreira e aceitar avaliar a sério quais as chances e os riscos de Haddad, e pesar na balança se as chances compensam os riscos. Pessoalmente, acho improvável que isso aconteça.

Nos últimos dias, por exemplo, os mesmos militantes que não viram problema em ter Kátia Abreu como ministra e aliada de Dilma, lembraram repentinamente que a candidata a vice de Ciro é representante do agronegócio, e passaram a usá-la como pretexto para anunciar um futuro sombrio em caso de vitória da chapa. O argumento central é que um segundo turno entre Bolsonaro e Ciro “não é o melhor dos mundos”. Concordo.

Mas em uma eleição onde a chapa que lidera em todas as pesquisas fala em “auto golpe” e em “declaração de guerra” contra adversários políticos, e cujo candidato dissemina e alimenta um ódio contínuo contra a democracia, os direitos e liberdades individuais, soa temerário esperar “pelo melhor dos mundos”. Se Ciro não convence inteiramente, a imagem de Haddad abraçado com o “golpista” Renan Calheiros e seu filho, tampouco inspira confiança. Nenhum deles é o “melhor dos mundos”. Mas, convenhamos, não podemos nos dar a esse luxo.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Quem nasceu para Bolsonaro sequer chega a Trump

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Deve ter sido o britânico “The Guardian” o primeiro a chamar Jair Bolsonaro de “Trump dos Trópicos”. E agora tem muita gente aí pelo mundo a usar a denominação. É um erro. As diferenças começam numa evidência. Os dois são grandessíssimas cavalgaduras, mas não são vinho da mesma pipa. Trump é um idiota, mas pelo menos sabe fazer dinheiro e é milionário. Bolsonaro, ao contrário, é um cara que sempre viveu às custas do dinheiro público. 

Não duvido que Jair Bolsonaro goste da comparação, mas duvido que Donald Trump fique feliz. É a velha história do primo pobre e do primo rico. Historicamente os EUA mandam e desmandam no Brasil e, portanto, um Bolsonaro presidente seria apenas vassalo de Trump. Aliás, já é. Quem não lembra de um ridículo Bolsonaro a fazer continência para a bandeira norte-americana? Ou de quando ele disse que o melhor era entregar a Amazônia para uma nação estrangeira?

Lanço um desafio ao leitor e à leitora. Responda a pergunta: entre Trump e Bolsonaro, quem é o maior fascista? Não tenho dúvidas de que a maioria das pessoas com dois dedinhos de testa não titubearia em apostar no brasileiro. Trump é um doidivanas, mas nunca foi visto a homenagear um psicopata torturador como o execrável Brilhante Ustra, acusado, entre outras coisas, de torturar mulheres na frente dos filhos.

Mas em termos práticos, qual é o maior fator de separação entre os dois? É a sociedade. A democracia norte-americana é sólida e tem regras que impõem limites ao seu presidente. As ações provenientes da Casa Branca estão sob constante escrutínio. O Brasil nunca teve uma cultura democrática e a coisa facilmente vira a casa da Mãe Joana. Aliás, um país onde sequer os juízes respeitam a Constituição está fadado a estar sempre na rabeira da história.

A sociedade tem que ser melhor que o indivíduo. Ou seja, a sociedade norte-americana (em que pesem os rednecks que votam nos republicanos) é mais evoluída que Donald Trump e tem mecanismos de defesa. Nem é preciso ir muito longe. É só lembrar o texto de Op-Ed, publicado semana passada no “NY Times”, em que um funcionário da Casa Branca afirma haver ações de resistência interna para impedir que o presidente tome decisões estapafúrdias.

No Brasil o buraco é mais em baixo. Qualquer pessoa mais inteligente que um símio sente arrepios ao imaginar Jair Bolsonaro como presidente. O homem é um inútil. Tem evidentes limitações intelectuais. Não possui cultura suficiente para ler o mundo. Vive perdido em paranoias solipsistas. É claro que a ideia de vê-lo no Planalto assume proporções de um filme de terror. Porque todos sabemos que a sociedade brasileira não tem mecanismos de defesa.

É a dança da chuva.



segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Sorte


156: uma Ouvidoria que é surda para contribuinte e só serve para engabelar

POR JORDI CASTAN
A Ouvidoria Municipal não ouve o cidadão. Portanto não me representa. E isso não é novidade. Tampouco deveria ser surpresa, até porque segue o padrão desta gestão municipal é dizer que ouve e fazer ouvidos moucos. Ligar para o 156 pode ser considerado uma perda de tempo, uma inutilidade. O joinvilense cansou de não ser ouvido, de receber respostas padrão que são pura empulhação e optou por se fazer ouvir por outros meios.

A Ouvidoria tampouco serve para o que deveria servir. Porque conceitualmente sua função e seu objetivo foram distorcidos e perderam o sentido. A Ouvidoria assumiu o papel de balcão de reclamações, onde o contribuinte pode, depois de demorado e pouco transparente processo, informar o problema identificado para que, a partir deste momento, a pesada máquina da burocracia pública comece a mover suas engrenagens para empulhar e justificar o que não fez, não faz e não fará. Não tem como objetivo "resolver" ou "corrigir”, mas sim justificar ou empulhar.

Como a Ouvidoria é um órgão interno da administração municipal, estando ocupada por funcionários públicos, seu objetivo principal é o de proteger o sistema. Não há um ouvidor geral, alguém com responsabilidade e autoridade para defender o cidadão. O que há é uma estrutura para receber informações de um novo buraco na rua, de um sinaleiro que não funciona, de uma árvore caída, de um imóvel abandonado ou de um terreno baldio tomado de mato.

Em alguns casos, há até denúncias de crimes ambientais, de obras ilegais ou fora de conformidade com a legislação e a Ouvidoria encaminha estas solicitações, reclamações ou sugestões aos setores e departamentos correspondentes. O resultado é uma resposta protocolar no estilo: “Agradecemos sua informação. O problema será resolvido de acordo com a disponibilidade de recursos, equipamento, etc”. Ou o mais habitual: “Esta obra, reparação ou ação já está prevista dentro da programação da secretaria de XYZ”. E para a ouvidoria e a Prefeitura tudo resolvido. O contribuinte reclama, sua chamada é cadastrada, depois de se identificar e pouco ou nada vai acontecer.

Para que o serviço funcionasse de fato haveria, entre outras, duas alternativas claras. A primeira é converter a Ouvidoria em Resolutiva. Assim, em lugar de ficar ouvindo poderia começar a resolver. Em lugar de uma longa lista de justificativas e delongas, o contribuinte receberia uma resposta rápida, certeira, precisa e o problema se resolveria num prazo rápido: 24, 36 ou 48 horas. Seria um serviço rápido e eficiente, duas coisas que esta gestão não é.

A segunda alternativa seguiria o modelo do “Ombudsman”, pessoa encarregada pelo município de defender os direitos dos cidadãos, recebendo e investigando queixas e denúncias de abuso de poder ou de mau serviço por parte de funcionários ou instituições públicas. Assim, em lugar de ficar protegendo o próprio sistema, se orientaria a defender o contribuinte. Para isso, deveria ser nomeado ou escolhido um “ombudsman” ou ouvidor que, com um mandato determinado que transcenderia esta ou aquela gestão, não poderia ser demitido durante o exercício do seu mandato e teria potestade ara resolver problemas. Identificar o que não esta funcionando, por que não esta funcionando, onde está ou quem é o problema e recomendar as ações necessárias para corrigir o problema com celeridade e eficiência.

Mudar o foco de “ouvidoria” que ouve e não faz para “fazedoria” seria um passo importante na direção de mudar a forma de atuar. Mas para ter um ouvidor municipal com um mandato de quatro anos, podendo ser reeleito uma única vez e sem que coincida com o do Executivo e do Legislativo seria um salto em direção ao futuro, a uma gestão transparente, justa e cidadã. Tópicos inimagináveis numa gestão inepta, autoritária e fechada.

Por isso, o joinvilense não se sente atendido pela ouvidoria, não acredita nela e não espera soluções de um órgão público que tem como finalidade principal engabelar, não resolver e criar a ilusão que o cidadão é ouvido. O mais avançado que há por aqui é uma espécie de SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) sem que exista uma agência reguladora que audite a eficiência da Ouvidoria. O que a sociedade precisa é transparência, eficiência, respeito e rapidez. Não tem nada disso.