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terça-feira, 30 de outubro de 2018

83,18%


POR JORDI CASTAN
O resultado da eleição em Joinville me deixou com pena da Fahya Kury Cassins. Dela e de tantos outros que, durante semanas de trabalho incansável, se dedicaram com afinco a fazer campanha contra #ele. Foi um esforço digno de encômio, pela teimosia, a persistência, pela obstinação e a insistência. E deve ser reconhecido.

Outros companheiros aqui no Chuva Ácida e muitos dos que aqui comentam, também se dedicaram, com entusiasmo, a mostrar o risco que representaria para a democracia que #ele ganhasse. Apelaram ao bom e velho fascismo e avisaram de todos os perigos que sua eleição representaria. Foi bom avisar. Até porque o eleitor já conhecia o perigo que representaria a volta do PT ao poder. Esse era um ponto que não precisaria ser mais divulgado.

Mesmo com tanto esforço, nada dos joinvilenses atender os seus apelos. A Fahya tem toda a razão: o joinvilense, em especial, e o catarinense, em geral, é mau e um caso a ser estudado. Esta vila é tão conservdora e tradicional que votou em massa no #Ele. Lembro até que a Dilma não se elegeria presidenta aqui na Vila. Olha como o eleitor daqui foi sábio. Antevendo o que vinha, preferiu votar no Aécio. E olha que depois descobrimos que tampouco era flor que se cheirasse. A mesma democracia que alguns viram ameaçada, pela prática da própria democracia, que ousou permitir que os eleitores escolhessem seus representantes, estava sendo colocada em dúvida.

Há nisso uma lógica estranha, quando uma minoria, no caso de Joinville, exatamente 16,82% insistem em se arvorar de donos da razão e da verdade e acreditam, piamente, que seu candidato é o bom e todos os que não votarem nele são fascistas, há uma forte dose de autoritarismo. Eu me atreveria a dizer que essa foi uma atitude fascista. Mas vou levar pau. Então vou dizer que foi autoritária. A autoridade da minoria barulhenta e belicosa.

Vamos combinar que o joinvilense já viveu sob uma gestão do PT e não gostou. Tanto não gostou que escolheu outro candidato. Agora até parece que esse mesmo eleitor tampouco anda satisfeito com a gestão que o atual prefeito está fazendo. Pessoalmente acho que não está fazendo nada e essa é a maior crítica a fazer a esta gestão.

O eleitor da Vila vota com a sua simplicidade. A mesma que alguns preferem chamar de ignorância. É como se o conhecimento e a sabedoria fossem monopólio da minoria que andou tão atarefada, nestes dias, querendo que voltem aqueles envolvidos em corrupção. Os mesmos que aparelharam o estado, assaltaram os cofres públicos, apoiam ditaduras e destruíram a economia e os valores do país. São os mesmos que tem seu líder preso já faz uns meses.

Um político cearense, num ato do próprio PT, os chamou há poucos dias, de babacas, pela sua dificuldade em entender que as coisas estão mudando e que o cidadão comum, esse justamente que em Joinville representa 83,18% dos votos validos, acha que é hora de mudar e votou pela mudança.

Acredita o eleitor que se este capitão reformado tampouco der certo, em quatro anos teremos nova eleição e poderá votar num novo candidato. Até porque a democracia implica alternância, implica saber ganhar e perder. Implica aceitar a derrota. A democracia é mudança e isso. Para alguns, está custando mais do que deveria. O próprio Haddad precisou de mais tempo, que o prudencial, para entender que agora devemos pensar no Brasil e no seu futuro.

Os que estão mais preocupados são os que acumulam os privilégios e as benesses a que o sistema os acostumou, os que ficaram por décadas pendurados nos úberes do Estado. Entendo que estejam preocupados, alguns correm o risco de ter que trabalhar, quero dizer trabalhar de verdade.

Ah! E para não confundir brancos e nulos não são votos contra #ele. São votos que não se sentiram representados nem pelo 13, nem pelo 17. Querer capitalizar esses votos é deturpar a lógica e o bom senso. Ou é coisa de quem, depois de anos de péssima educação, anda com dificuldade tanto com as matemáticas, como com o português.

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Mudança ou morte!


POR JORDI CASTAN
Esta é uma eleição diferente. É certo que cada eleição é única e tem suas peculiaridades, mas esta, especialmente, tem características próprias. Seria ideal que tivéssemos a capacidade de nós abstrair um pouco da emoção, do fanatismo, do rancor, do que diz e mostra a imprensa e olhássemos além do que querem nos mostrar.

O eleitor, especialmente o menos educado politicamente - o que nada tem a ver com o seu grau de instrução - é facilmente manipulado pelas pesquisas, pelas fake news, pelos diversos jogos de interesses que envolvem cada eleição. O efeito manada tem um peso considerável na decisão de votar neste ou naquele candidato.

O brasileiro tem a ideia que não quer perder o voto e vota, muitas vezes, como se fizesse uma aposta. Muitos votam em quem tem mais chances de ganhar, ou em quem as pesquisas dizem que tem mais chances de ganhar. É como se de uma corrida de cavalos se tratasse. O resultado é, entre outros muitos, a baixa renovação dos legislativos, a reeleição dos mesmos de sempre, a baixa chance que tem as propostas e os candidatos menos conhecidos.
Para quem quiser ter uma visão mais clara ou menos deturpada do cenário político, seria bom que deixasse de ler jornais, ver televisão e de analisar pesquisas, porque todos mentem. Alguns mais deslavadamente que outros, mas todos mentem. Cada um tem seus próprios interesses e a verdade é a primeira vitima deste cenário.

Para piorar ainda mais, os meios e instrumentos de que partidos, marqueteiros, o sistema e os políticos dispõem para distorcer a realidade são cada vez maiores e mais sofisticados. É comum ver imagens de manifestações, comícios, carreatas que não condizem com a realidade e não sempre é fácil identificar a manipulação que se faz, ou o objetivo pretendido.
Imagens, frases fora de contexto, editadas são meias verdades, quando não são mentiras inteiras. Assim que o eleitor que não queira formar parte do rebanho precisa estar muito atento. Há dois pontos que me parecem importantes e que são uma novidade nesta eleição.

As imagens de candidatos a deputado federal ou senador discursando para multidões de 3 ou 4 pessoas, deveriam gerar uma análise profunda da consistência dos percentuais mostrados nas pesquisas para esses mesmos candidatos. É evidente que alguma coisa não está certa. Aliás, é oportuno lembrar que Hilary estava eleita antes de abrir as urnas e que Trump não tinha nenhuma chance. Ou que Aécio ganhava de Dilma com facilidade.

O primeiro é que as pessoas estão perdendo a vergonha de se assumir como sendo de direita. Verdade que depois de tantas décadas de péssimos governos de esquerda, o eleitor demorou muito. Mas ajuda a melhorar o processo democrático que haja mais alternativas que não sejam a extrema esquerda e a esquerda, representados aqui pelo PSOL e o PSDB como vértices do espectro politico brasileiro. Era lógico que depois de anos de governos militares o eleitor optasse por escolher candidatos e propostas de esquerda. Sem novidade, completamente previsível. Só a falta de formação política do brasileiro pode justificar que tenham sido necessárias mais de três décadas para surgirem alternativas de centro, centro direita e de direita viáveis e com amplo respaldo popular.

O segundo ponto é o surgimento de movimentos horizontais, sem lideranças claramente identificadas, que não respondem a uma hierarquia tradicional. Num primeiro momento parecem desorganizados, mas rapidamente ganham o respaldo de uma parte significativa da população, o que em muitos países se chamava até faz pouco tempo de “maioria silenciosa”.
Frente à algaravia barulhenta que tradicionalmente era característica da esquerda, há agora uma mudança significativa. Os eleitores que se identificam com programas e candidatos de direita não têm mais medo de mostrar a cara, de sair à rua e de dizer aos quatro cantos que fazem isso livremente, sem precisar de pão com mortadela.

Escrevi, na semana passada, que esta eleição tinha se convertido num Fla-Flu ou num Barça- Madrid e esta sensação tem aumentado a cada dia. Nós e Eles, Corruptos e Honestos, Esquerda e Direita, Norte – Sul, Homo – Heteros, Brancos e Pretos, Altos e baixos, Machistas e Feministas, e todas as outras tribos em que estamos querendo dividir o Brasil. Espero só que a impunidade perca, que não ganhe a violência, que não nos deixemos levar pelos cantos de sereia dos que ante o risco de perder o poder que detém desde faz décadas queiram agora entregar os anéis para não perder os dedos.

Em tempo, só eu achei que a festa de posse do presidente do STF foi uma reedição cafona e fora de época do baile da Ilha Fiscal? O que mais me preocupou é que ninguém tenha ficado revoltado, nem envergonhado. Pode ser que porque boa parte dos brasileiros teriam gostado de ter sido convidados. Em quanto os que não achem nada de errado numa festa como aquela sejam maioria, a corrupção vencerá.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

A vaca está indo para o brejo


POR JORDI CASTAN
Quanto mais nos aproximamos do dia 7 de outubro, mais os ânimos vão se radicalizando. O extremismo toma conta de todo o espaço do debate político. Os longos anos de governos de esquerda deixaram o país em frangalhos. Faz décadas que o Brasil não cresce, que a insegurança aumenta e que a uma crise que se alastra de ponta a ponta do Brasil e da sua sociedade.

Há uma radicalização maior na eleição presidencial, que transformou a arena política partidária num gigantesco Fla–Flu. Ou num Grenal. Ou naquilo que na La Liga, que organiza o futebol espanhol, se denomina “el clássico”: jogos de mais rivalidade que futebol, para voltar ao eterno paralelismo entre futebol e política.

É evidente que qualquer um dos extremos será uma péssima alternativa, que o resultado das urnas será um país dividido, rachado, dividido ainda mais entre “nós e eles”. Não há alternativas de centro, nem de centro direita, nem de centro esquerda, há só um aglomerado de políticos que utilizam os partidos e a política para alcançar os seus objetivos pessoais. O resultado não tem como ser bom. Fora os fanáticos de sempre, há uma grande maioria do eleitorado que não votará nem a favor de este ou daquele candidato, mas contra este ou aquele.

O resultado de uma eleição que se resolva com os votos contra isso ou aquilo não tem como ser bom. A última eleição em Joinville é um bom exemplo. Aqueles que não queriam eleger Darci de Matos elegeram Udo Dohler. Não precisamos dizer nada, o resultado está ai para quem o quiser avaliar. A cidade está sem rumo, nas mãos de uma gestão inepta e arrogante. Darci de Matos teria sido melhor? Difícil ser pior, mas a Lei de Murphy assegura que não há nada tão ruim que não possa piorar.

A maioria dos eleitores com quem tenho conversado não sabe em quem votar. Nenhum dos candidatos ao governo do Estado convence e todos são oriundos da velha política. Pessoalmente acho que o termo velhaca seria mais apropriado. Os nomes apresentados para o Senado ou para o Congresso não são melhores. Há poucos nomes realmente novos que tenham possibilidades reais de se eleger. Para complicar ainda mais a renovação, o sistema há desenvolvido um emaranhado legal direcionado a perpetuar no poder os mesmos de sempre. O resultado é um eleitor desiludido, desencantado e descrente. Descrente dos candidatos, do resultado das urnas eletrônicas, receoso da lisura do processo, desconfiado das pesquisas e, principalmente, revoltado com o Brasil atual.

Qualquer resultado é possível e nenhum deles parece convincente para que o país saia do lodaçal em que anos de péssimos governos o tem jogado. Que a maioria dos candidatos a reeleição responda a processos por corrupção, lavagem de dinheiro, caixa 2, prevaricação e ainda haja eleitores defendendo e votando nesse tipo de gentalha mostra que há algo de muito podre em Pindorama. Até porque os políticos que elegemos não foram trazidos por nenhuma nave alienígena, são os representantes da sociedade que os vota e os elege.

Para não esquecer: não reeleja nenhum dos que aí estão. É hora de mudar, de mudanças profundas. Até porque se não mudarmos o próximo congresso será ainda pior que o atual, mesmo que isso possa parecer impossível.