POR JORDI CASTAN
Em uma sociedade que
posta em Facebook, Instagram ou Twitter o que come, a que lugares vai, que
roupas compra, que carro tem ou de que festas e eventos participa é difícil
falar de invasão de privacidade. A tecnologia permite hoje saber muito mais do
que gostaríamos que os outros soubessem e este é um limite que foi
irremediavelmente superado.
Poucos são cientes do
elevado nível de controle que as autoridades têm sobre os cidadãos. O que vemos
em filmes e que já é uma realidade na China, onde cada cidadão é monitorado e
ganha ou perde créditos sociais é um pesadelo que forma parte do nosso dia a
dia. No Brasil as agencias de credito tem acesso ao perfil de cada um e define
o nível de risco que implica realizar operações financeiras e por tanto define
o custo de cada empréstimo a partir do coeficiente de risco.
No caso dos veículos
já é possível monitorar cada veiculo utilizando a tecnologia OCR, conhecida no
Brasil por LPR (Leitura de Placas e Reconhecimento de Caracteres) que permite
que o veiculo seja identificado e no caso de uma infração a multa chegue pelo
correio. Essa tecnologia é utilizada em alguns países para cobrança de pedágio,
sem necessidade de outros aplicativos, a fatura chega diretamente ao domicilio
do proprietário do veiculo que paga o pedágio ao final do mês.
Essa mesma tecnologia
permite também que a policia possa emitir uma ordem de busca para um
determinado veiculo e que seu itinerário seja conhecido pelos agentes de
segurança que podem rastrear em tempo real onde se encontra aquele veículo.
Joinville tem vários pontos de fiscalização com a tecnologia OCR e se o sistema
de controle de transito fosse integrado seria possível também fazer este
rastreio, toda a tecnologia tem mais de um lado e a mesma que permite seguir
veículos roubados ou assaltantes em fuga, permite seguir o veiculo de qualquer
particular, independentemente que seja suspeito ou tenha cometido algum delito.
É um fato que não há
mais privacidade, que em parte nós mesmos temos aberto mão dela ao fazer das
redes sociais parte do nosso quotidiano, mas também é verdade que a perda de
privacidade tem componentes perversos que permitem um maior controle de cada
individuo e da sociedade como um todo. George Orwell escreveu em “1984” sobre
uma sociedade controlada pelo Big Brother que conhecia e tinha poder absoluto
sobre as pessoas e suas vidas. A tecnologia que deveria estar ao serviço das
pessoas está cada vez mais sendo usada para controla-las e aprisiona-las. É
importante lembrar que toda esta tecnologia não esta segura e ninguém a
controla o que aumenta o risco que as informações que coleta possam cair nas
mãos erradas.