POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Paris está em chamas. Um domingo de manifestações violentas que acabou com lojas destruídas, carros incendiados e monumentos vandalizados. Tudo começou com as ações, nas últimas semanas, dos chamados “Coletes Amarelos”, movimento surgido no seio de uma sociedade em que a classe média se diz sufocada por impostos. O estopim foi a taxa sobre os impostos dos combustíveis.
Na noite deste último domingo muitos foram dormir com um travo amargo na boca. As manifestações fugiram ao controle. O movimento - espontâneo, orgânico e legítimo - tem o objetivo de protestar, mas o uso da violência não estava no horizonte da maioria. Mas as coisas descambaram e o dia acabou com mais de 300 manifestantes e uma morte a registrar (a terceira desde o início do movimento).
As coisas são confusas. O movimento é espontâneo e não tem lideranças (se tiver institucionaliza-se). É tudo descentralizado. Por essa razão que as manifestações pipocam aqui e acolá, sempre convocadas pelas redes sociais. O governo de Emmanuel Macron tem dificuldades em encontrar interlocutores tem se limitado a falar com os partidos políticos que, vale salientar, não representam os “Coletes Amarelos”.
Mas tudo faz lembrar o Brasil de 2013. Por quê? Porque também é um movimento que começa de forma legítima, mas que acaba descambando para a violência, com a infiltração de grupos extremistas. No caso da França, o “Coletes Amarelos” teve a infiltração dos opostos, a ultra-extrema direita e a extrema esquerda anarquista. É só vestir o colete e está integrado. O resultado é o que se viu nas ruas de Paris no domingo.
Todos sabemos que a escalada de 2013, no Brasil, provocou a degradação política que acabou com Bolsonaro no poder. É quase o mesmo na França, onde todos pedem a queda de Macron. As instituições são mais sólidas na França, mas nunca se sabe onde o irracionalismo pode levar as nações. A última vez que tivemos algo parecido no continente o resultado foi um Berlusconi.
E sabem o que é mais irônico. É que o atual presidente está a pressionar os preços dos combustíveis fósseis para valorizar as energias limpas. Mas as classes médias não vão nessa cantiga. Nunca vão…
É a dança da chuva.
Tenho medo desses movimentos que se dizem autônomos e sem lideranças, acredito mais do que nunca agora na necessidade de reorganização dos movimentos sociais e da classe trabalhadora. Brasil em 2013 e França em 2018 aproximações passadas e futuras ainda poderão ser feitas. Provavelmente o que aconteceu em 2013 no Brasil voltará a acontecer em breve.
ResponderExcluirTrès bien!
ResponderExcluirSe é orgânico, não é espontâneo. Se não é espontâneo, é legítimo?
ResponderExcluirA última grande manifestação realmente espontânea e legítima, organizada através das redes sociais ocorreu justamente aqui no Brasil, nos anos 2013 e 2016 (quando o povo saiu em massa para pedir o impedimento daquela senhora).
Essa manifestação francesa é espontânea? Sério? Todos vestidinhos com “coletinhos amarelos” (oin!) a última moda!
Essas manifestações que ocorrem na França não tem nada de espontânea! Ela é financiada e organizada por sindicatos (tal qual ocorre aqui com os lanchinhos de mortadela), portanto a sua legitimidade é colocada em prova. A França, aliás, vem perdendo importância econômica nos últimos anos. Seu PIB já é inferior ao da Índia e até da arquirrival Inglaterra. Infestada por sindicatos, a França segue burocrática, engessada (a cada semana tem uma greve nos transportes de qualquer média cidade), e enxerga os países vizinhos, liberais, crescendo a passos largos.
Macron vem tentando acabar com estado paralelo governado pelos sindicatos franceses. Acho que um liberal somente não dará conta. Talvez a França deva mirar o exemplo do Brasil.
(foi bom você lembrar que no Brasil, em 2013, os movimentos se manifestaram de forma civilizada, mas grupos de extrema-esquerda, chamados black blocs, causaram destruição e caos – e depois o culpado pela vitória de Bolsonaro é o whatsapp...)
Os jornais precisando de comentaristas internacionais e esse talento desperdiçado.
ExcluirNossa... um festival de baboseiras desse anônimo. Vou me ater a acreditar que a pessoa escreveu de forma anônima como um mero exercício mental. Só pra mostrar como poderia haver alguém com um estereótipo elevadamente estúpido.
ExcluirBom era o governo do PT?
ResponderExcluirSério? Sabes que dia é hoje?
ExcluirEu nem sabia que o PT já governou a França. Vivendo e aprendendo.
ExcluirQue classe trabalhadora? O Bozo irá extinguir o Ministério do Trabalho e o povo tá nem aí.
ResponderExcluirPelo menos ele não enganou ninguém, sempre deixou claro: Vocês querem emprego ou direitos, então.
Qualquer coisa é só ir reclamar no Ministério da Mamadeira de Piroca. Nisso os eleitores do Bonossauro acreditam...
ExcluirTexto por Arthur Morrison
ResponderExcluirUm resumão do caos na França:
A França é um país de política notoriamente socialista que abraçou o multiculturalismo.
O país se entupiu de imigrantes muçulmanos refugiados, atitude essa defendida pela enorme maioria dos franceses.
Com as cidades cheias de imigrantes, a quantidade de mendigos e gastos com refugiados aumentou vertiginosamente.
O lixo triplicou e o turismo diminuiu.
O governo assumiu todo o assistencialismo, e refugiados com mais filhos acabavam recebendo maiores "benefícios"
O povo francês começou a bancar os imigrantes que, a medida que tinham o benefício garantido, ficavam perambulando pelas ruas na vagabundagem.
Macron, um típico social-democrata, teve que subir os impostos (nos combustíveis) para a conta fechar.
Só que, pra piorar a situação, o governo mentiu alegando que o aumento era em prol do meio ambiente e dos problemas climáticos.
O povo, com ampla mentalidade de esquerda, ficou puto, mas não com as atitudes de um governo social-democrata, e sim com a figura do presidente.
Ao invés de perceberem de onde sai a grana para bancar o todo assistencialismo, consideraram que Macron governa pra uma elite e continuaram clamando por mais estado intervindo diretamente na economia.
Das principais reivindicações dos coletes amarelos estão:
-volta do imposto sobre grandes fortunas
-fim da política de austeridade fiscal, ignorando a dívida considerada ilegítima
-manutenção de jornadas de trabalho de 35h semanais
-ir contra qualquer reforma previdenciária e trabalhista
-aumento do salário mínimo para 1300 euros
-nenhuma pensão abaixo de 1200 euros
-aumento do assistencialismo
-sindicato manterem privilégios
-aumento do protecionismo para favorecer o comércio interno
-mais estacionamentos gratuitos nos centros das cidades
-sistema de segurança social para todos
-fim do trabalho desvinculado
-limitar contratos em grandes empresas
-criação de centros de acolhimento para refugiados e asilos
-implementação de uma política de integração real com curso obrigatório de francês, história da França e educação cívica
-criação de empregos
-serviços mais baratos para estudantes
-mais meios para a psiquiatria
-nacionalização do setor elétrico
-que as grandes corporações com Amazon, McDonald's, Google, Carrefour paguem mais impostos
Ou seja, querem um estado mais paternalista e esperam que isso não encareça seu custo de vida.
É como tirar o PSDB do poder e colocar o PSTU.
Meu anjo, eu também quero ser um galã gostoso e milionário, casar com a Gal Gadot num iate em Punta del Este com Terry Crews como mestre de cerimônias, mas não é assim que funciona...
Caray... pensei que o Arthur Morrison já tivesse morrido...
ExcluirBacana isso dos anônimos psicografarem seus comentários. Será que vira tendência em 2019?
ExcluirTexto de um autor falecido em 1945 sobre a situação da França em 2018. Essa é a credibilidade de um anônimo. Só rindo mesmo!
ExcluirJustificar hoje, o sufixo da palavra "presidenta", através da obra de Machado de Assis (1839 - 1908), também me faz rir muito Zorak!
ExcluirO problema do povo contra a Dilma era ela querer se chamada de "presidenta". O resto é fichinha... incrível como a Dilma não entendeu que esse era o único problema. Chega a ser risível isso...
ExcluirBaço entende tudo de problemas alheios, quanto mais distante, mais ele sabe “de fato” o que está acontecendo. É tudo isto de casa sem sair do sofá... realmente é um gênio ignorado pelo sistema.
ResponderExcluirPor acaso eu estava em Bordeaux na semana passada.
ExcluirMotorista de Uber?? Parabéns!!
ExcluirNá. Eu lavo pratos. Não te contei?
ExcluirEntender os acontecimnwtos é soltar essa pérola: " está a pressionar os preços dos combustíveis fósseis para valorizar as energias limpas. ". O que adianta ir a Bordeaux e falar uma besteira dessa. Pq ele não propôs insecao fiscal as energias limpas por exemplo, se era sua vontade. Mas claro isso não ia aumentar a arrecadação de impostos.
ExcluirComo esquerda gosta de falar que em 2013 tudo se precipitou por alguns centavos nas passagens. Mas alguns centavos todos os dias se transformam em alguns reais no fim do mês. E para as classe pobre e média baixa o custo do com transporte mensal chega às vezes há 20 % de seu orçamento.
Idiotas falam de tudo e nada entendem. O problema, Fábio, é que a UE quer acabar com os carros a diesel. Ou seja, chegar a um ponto em que eles não existam. E depois mesmo os carros a gasolina. Ah... e sobre Bordeaux... noto aí um certo ressentimento.
ExcluirSimples achar uma alternativa economicamente viável ao diesel, pq ela então nao subsidia essas alternativas. Fazer os outros pagarem por nossas vontades muito ético e moral isso.
ExcluirCredo!
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