quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
E elas pararam o trânsito...
POR ET BARTHES
O texto de hoje do
Felipe Silveira fala da boa experiência de mobilidade nas ruas da Dinamarca. E
como as boas ideias merecem ser copiadas, trazemos outro exemplo lá da terra de Hamlet. O que você acha deste recurso – para lá de criativo – usado para
conscientizar os motoristas sobre os limites de velocidade? Ora, quando o assunto é o trânsito, não adianta ficar a lamentar: o negócio é meter o peito e resolver. Mas houve um problema: as moças não apenas diminuíram a velocidade, mas pararam o trânsito.
Diga NÃO aos elevados e SIM à mobilidade integrada
POR FELIPE SILVEIRA
Esse texto é uma continuação do texto de quarta-feira passada (Diga NÃO aos elevados) por dois motivos: 1) o assunto não se esgotou e rendeu alguns bons comentários; 2) meus queridos anônimos, sempre eles, não entenderam (ou fingiram que não) algumas coisas que serão esclarecidas neste texto.
Primeiro, vamos deixar claro que o texto não é a criminalização, "vilanização" ou “demonização” do uso do carro, como foi dito por lá. O texto é uma reflexão para que as soluções para o trânsito não sejam baseadas na construção de elevados, conseqüência da priorização do carro como principal – e praticamente único –, meio de transporte dentro das cidades. Para isso, sugeri pensarmos em soluções simples, como pequenas alterações nas vias que podem desafogar o trânsito, e também afirmei que é impossível melhorar a mobilidade urbana com tanto carro na rua. Assim, afirmei que é preciso DIMINUIR o número de automóveis. Antes que digam que eu estou negando o que escrevi na semana passada, o texto está lá, sem alterações, para quem quiser conferir.
Dito isto, vamos falar sobre a proposta deste texto, que é mostrar como é possível diminuir o uso do carro no cotidiano e assim melhorar a sociedade. O debate já teve início nos comentários do texto de semana passada e vamos continuar por aqui. Mas, desta vez, ao invés de falar sobre algumas idéias, vou mostrar como essa mudança já deu certo.
O exemplo de Copenhague
A jornalista Natália Garcia saiu a pedalar pelo mundo para saber como algumas cidades lidam com essa questão do transporte, experiência que ela conta no site Cidade para pessoas. O exemplo que mais me impressionou foi o de Copenhague, na Dinamarca. Lá, por causa de uma mudança de ponto-de-vista da gestão municipal, há cerca de 20 anos, o transporte que se encaminhava para ser caótico, hoje é dividido em aproximadamente 25% para cada modal. Ou seja, 1/4 das pessoas usa carro, outro usa ônibus, outro usa bicicleta e outro vai a pé mesmo. Deem uma olhada no vídeo e reparem no que um dos entrevistados falou sobre a postura das pessoas em relação ao poder público:
Depois de terem visto o vídeo, vamos debater como isso pode ser feito por aqui. Os principais argumentos para não andar de bicicleta em Joinville são as condições climáticas, a falta de segurança e a péssima qualidade das vias. Evidentemente, pedalar e andar a pé na Dinarmarca é mais seguro, mas isso não é por causa da natureza privilegiada. Mesmo no rigoroso inverno nórdico, com neve, as pessoas continuam a usar a bicicleta. Não com a mesma freqüência, mas continuam. Já a segurança e a conforto são resultados de políticas públicas para devolver as cidades às pessoas.
Outro ponto que sempre aparece neste debate é a afirmação de que o Brasil não é a Dinamarca e Joinville não é Copenhague. Bom, não preciso dizer que eu sei disso. No entanto, idéias são idéias em qualquer lugar e os bons exemplos estão aí para serem usados como referência para a construção de um novo modelo de transporte adaptado a nossa realidade.
Mas construir um novo modelo passa pela reformulação de uma maneira de pensar que já está consolidada. Essa maneira de pensar nos leva a crer que a bike é um ótimo instrumento de lazer, e não de transporte. Leva a pensar que andar a pé é muito cansativo e que andar de ônibus é horrível (e é mesmo, atualmente, mas nós podemos mudar isso e tornar uma coisa melhor).
Por isso tudo, acredito que a solução para o trânsito não é ser contra o carro e nem priorizá-lo. A solução é pensar em um sistema de mobilidade integrado, que ofereça segurança e opções a todos os interesses. Quem precisa mesmo, anda de carro. Quem pode pedalar, com certeza ganhará em qualidade de vida. Quem só pode andar de ônibus, que tenha conforto e condições para isso. Veja algumas lições que podemos aprender com Copenhague para chegar lá.
E, para quem quiser sonhar com um rio Cachoeira diferente, fica também a lição dos nórdicos. Só pra dar um gostinho de como pode ser:
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Saindo uma cervejinha, senhora Merkel
POR ET BARTHES
Quando o calor
aperta, nada mais refrescante que uma cerveja geladésima. Mas nem sempre o
refresco vem do jeito que a gente quer. É o que comprova esta inovadora maneira de dar uma arrefecida na senhora Merkel, a toda-poderosa chanceler
da Alemanha: um autêntico banho de cerveja. Merkel pode ter se refrescado, mas
quem parece estar numa fria é o garçom.
O Bolshoi precisa se voltar mais para a comunidade local
POR CHARLES HENRIQUE
O Bolshoi, mais famosa companhia de balé do mundo, abriu uma filial em Joinville há mais de dez anos, atraída (dentre várias aspirações políticas) pelo nosso nickname de “Cidade da Dança”. A sensação de lá pra cá é de que as portas do Bolshoi poderiam estar mais abertas para a população num geral. No atual momento elas se encontram entreabertas para poucas apresentações e audições.
Tudo se justifica se levarmos em conta o dispêndio de dinheiro que as iniciativas pública e privada promovem para manter esta entidade, e compararmos com a contrapartida social da mesma:
“O repasse por isenção de impostos representa quase metade do orçamento total que a Escola do Bolshoi dispõe. A outra fatia - cerca de R$ 3,5 milhões - é completada pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte.” (ANotícia, 8/2/2012)
Aliás, este repasse do Governo do Estado é o maior investimento em políticas culturais aqui em Joinville. Encaram erroneamente o Bolshoi como uma política pública. Esta prática começou com o então Prefeito que trouxe esta escola de balé pra cá, e, quando ele se tornou Governador, só a ampliou.
Qual a contrapartida da Escola pelo investimento? Em 2011, mais de 50% dos selecionados são moradores de Joinville, e, com o lançamento do projeto “Bolshoi para Joinville” tivemos algumas apresentações aqui na cidade. Um avanço se compararmos a anos anteriores. Porém, quando a Casa da Cultura foi interditada e centenas de crianças ficaram sem as suas aulas de balé, o Bolshoi não foi solidário. Quando me refiro a “se voltar mais para a comunidade” é justamente sobre esse aspecto comunitário que o Bolshoi não tem: é uma escola comandada pelos russos (com sua metodologia mundialmente reconhecida) e que recebe muito dinheiro de investidores, sem diálogo com a sociedade.
Entretanto, como tem investimento público e é encarado como política pública, só apresentações e jovens locais selecionados para serem “alunos” não bastarão. O Bolshoi precisa usar de seu grande nome para difundir pela região a sua qualidade, somando mais ainda com a cultura já existente por aqui. Visitar as escolas da região com maior freqüência, promover intercâmbios com outras academias de dança, reverter os ingressos das apresentações para entidades beneficentes, e cobrar do Estado para a vinda de um curso superior gratuito em Artes na UDESC (universalização do acesso ao conhecimento) são alguns exemplos.
A Escola de Balé da Casa da Cultura, as outras companhias de dança, e todos os demais envolvidos com este segmento, por enquanto, assistem de camarote a centralização dos recursos do Governo do Estado aportados no Bolshoi, sem nenhum intercâmbio, ou troca de experiências. A cidade está perdendo uma grande oportunidade, pela falta de articulação de um lado e desinteresse do outro.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
É isso, Boris Casoy? Lula matou a dona da Daslu?
POR ET BARTHES
O governo Lula contribuiu para matar a dona da Daslu? É o que afirma o pessoal do canal
Ladrão de Minutos, no título deste filme, que está entre os mais vistos no
Youtube, com mais de 100 mil acessos. Na edição do último dia 24, no Jornal da Noite,
o jornalista Boris Casoy sugere que o governo Lula teria contribuído para a
morte da dona da empresa de produtos de luxo. Será? O que você acha? Lembre-se que ela morreu de câncer. Ah... e no final do texto, Casoy dá uma espirradinha. Será alergia a alguma coisa?
Vai faltar ventilador
Depois de um mês em Joinville, fiquei ansioso pelas próximas eleições. O leitor e a leitora sabem como é a vida de jornalista. A gente nem precisa procurar as pessoas, porque sempre aparece alguém louquinho para contar os podres dos políticos e jogar merda no ventilador. Então, é só anotar os depoimentos.
Mas tenho uma má notícia: pelo que pude ver e ouvir, vão faltar ventiladores. É merda a mais. Ou estou muito enganado ou as próximas eleições serão ricas em dossiers. Tem muita gente ocupada em compilar os podres dos adversários. Podres, podres e mais podres (com ou sem provas). E numa época em que as redes sociais não estão sob controle, a coisa pode ficar divertida.
Parece que há dossiers para todos os gostos. Tem laranja. Tem amante. Tem corrupção. Tem assessor que virou inimigo. Tem sacanagem. Tem desaparecido que pode reaparecer. Tem enriquecimento ilícito. Tem ostentação. Tem facada nas costas. Tem aliança por baixo do pano. Tem fariseu. Tem trairagem. Enfim, todos os ingredientes necessários para fazer um novelão. Só que é a vida real.
O leitor e a leitora devem estar a pensar que neste momento eu começo a dizer os nomes dos santos e os milagres. É claro que não. Não vou correr o risco de ser processado, mesmo sabendo (in off) que tem neguinho mais sujo do que pau de galinheiro. O meu negócio é esperar, assistir de camarote e me divertir com os acontecimentos. E acho que vem chumbo grosso por aí.
É claro que há muita boataria nesses dossiers. Mas em política muitas vezes os boatos viram fatos. Basta que os eleitores acreditem. E não adianta: fatos ou boatos, o certo é que se esses dossiers começarem a vir a público (repito: as redes sociais são incontroláveis) haverá reputações tão sujas que nem Omo Total vai conseguir lavar.
Ok... mas todos sabemos como é a política. Às vezes essa gente prefere dar os anéis para não perder os dedos. É possível que os tais dossiers de uns sirvam como moeda de troca para comprar o silêncio de outros. É a tal negociação política. Mas, em todo caso, hoje em dia a sociedade está mais vigilante - e com maior poder de expressão - e essa lógica pode sair furada.
Vamos esperar e ver o que acontece. É tudo uma questão de dar tempo ao tempo. Porque cochilou, o cachimbo cai.
P.S.: Se você sentiu falta de nomes e fatos, não se preocupe. Porque muitos estão na boca do povo e mais cedo ou mais chegarão até você. O povo é sábio. Não esqueça: vox populi, vox dei.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
O ateísmo não é uma religião
POR ET BARTHES
Tem gente que ainda discute religião. Mas tão chatos quantos os religiosos são os ateus que fazem do ateísmo uma religião. É o tema deste excerto do comediante Bill Maher, apresentador do programa Time With Bill Maher, na rede norte-americana HBO. O filme tem cinco minutos de duração, mas é legendado e a diversão é certa.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Cinemark em Joinville
POR JULIANO REINERT
Constantemente ouço pessoas chiarem: “O Cinemark é melhor! Deveria ter Cinemark em Joinville!”. Me pergunto: por quê?
Espere! Deixe-me tentar compreender as razões: com um concorrente, o preço da entrada do cinema seria mais barato, certo? É... isso até é um bom motivo. Mas não penso que o Cinemark, uma exibidora multinacional, viria a Joinville cobrar um preço mais acessível para assistir a um filme na sala escura. E mesmo que cobrasse, há poucos anos tínhamos uma concorrente do GNC – que hoje monopoliza este serviço: o Arco-Íris, no Shopping Cidade das Flores, que fechou as portas por falta de público. Tá que o Arco-Íris deixava muito a desejar. Mas se a preocupação das pessoas era pagar mais barato, não aproveitaram a chance.
Então, se não for isso, é porque teremos sessões de cinema alternativo, e não somente os blockbusters hollywoodianos. Ok. Mas então por que o Ciclo de Cinema da Fundação Cultural de Joinville (que acontecia no Complexo Antarctica) e aqueles promovidos pelo IELUSC e pela UNIVILLE nunca vingaram? Tudo bem que o local para exibição de filmes lá na Antarctica parecia mais uma cozinha (vergonhoso improviso), mas o SESC também promove exibições de filmes em um ambiente excelente. E de graça! E cadê o público?
Se cinema alternativo gratuito não dá público, porque pagar para isso no Cinemark?
Deve haver mais razões para essa necessidade (inexplicável) de muitos joinvilenses (por motivos estapafúrdios) justificarem que a melhoria na qualidade de exibição cinematográfica em Joinville está diretamente ligada à vinda de uma nova grande rede exibidora à cidade.
Circula-se um boato pelos corredores do Cidade das Flores que o cinema de lá, em breve, será reativado. Especulações, apenas.
O fato é que Joinville não tem cultura para o cinema. E, se algum dia quisermos que isso aconteça, é necessário educar as pessoas para respeitarem essa arte. E isso não tem nada a ver com o Cinemark.
Aquele filme joinvilense “As Estrelas Me Mostram Você” não pode ser gravado aqui porque precisaria interditar ruas (!). Nem de grande parcela da população, nem do poder público existe esse respeito com a sétima arte por aqui.
A antiga sede da prefeitura deveria se tornar um estúdio de cinema, colocando Joinville na rota de cidades conhecidas por desenvolver este tipo de trabalho. Não me surpreende que o local esteja abandonado e o projeto não tenha vingado.
O prédio – tombado – do Cine Palácio, hoje, como todos sabem (será que sabem?) é uma igreja. E está alterado, além de, atualmente, não servir em nada para que joinvilenses e turistas o usufruam como patrimônio municipal. Alguém se importa com isso?
É... infelizmente Joinville tem o que merece: a cerimônia do Oscar pela metade, na Globo, depois do Big Brother Brasil.
Juliano Reinert é jornalista, mantém um blog sobre cinema e outro sobre assuntos gerais. É escritor e cinéfilo.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Repentistas trocam poemas em Joinville
Em 17/02, o Guilherme Gassenferth publicou aqui no Chuva Ácida o poema "Joinville em Poemas e Problemas", a primeira postagem em forma de poesia do blog. Fomos surpreendidos com um leitor, que publicou nos comentários seu poema de resposta à postagem.
Na opinião do autor Guilherme Gassenferth, o poema do leitor ficou melhor que o que havia sido postado. Então, ele resolveu utilizar o espaço "Com a palavra... o leitor", homenageando ao autor (cuja identidade conhecida infelzimente é apenas o apelido 'Nelson Jvlle').
O convite também foi formulado como um poema, bem como a aceitação do convite. Confira a troca de poemas (texto em azul é do leitor Nelson Jvlle).
Com a palavra... o leitor!
[POEMA ORIGINAL] POR GUILHERME GASSENFERTH
Joinville é uma cidade
lotada de problemas.
Vou sem dó nem piedade
falar sobre alguns temas.
A biblioteca, coitada,
se a visse Rolf Colin
deste jeito abandonada
choraria sem ter fim.
Biblioteca sem teto
Museu interditado
Não posso ficar quieto
Muito triste tenho achado.
E falando em interdição
lembrei-me das escolas:
descaso, decepção!
Como pode, oras bolas?
E da Câmara, que falar?
Os nossos maus vereadores
ao invés de legislar
só nos causam dissabores.
Além disso é só olhar,
com os carros do Odir,
não precisam trabalhar,
basta apenas dirigir.
E falando aqui de carro
nosso trânsito tá horrível.
Isto tudo é bem bizarro
pois o imposto está incrível.
De bicicleta nem pensar
não dá para ser feliz
se ninguém te atropelar
então foi por um triz!
De busão fica difícil
desconforto e lotação
além de tanto sacrifício
o preço é deste tamanhão!
Se eu não vou com a Transtusa,
"opto" pela Gidion
esta escolha é obtusa
porque como tá não está bom.
E nem mesmo de avião
é possível ter conforto
porque ali no Cubatão
já tá pequeno o aeroporto.
E agora vou dizer:
obrigado, seu Carlito
mais espaço pro lazer
nosso parque tá bonito
Mas não posso me furtar
a falar com sinceridade:
É preciso batalhar
por um parque de verdade!
Não esqueçamos da saúde
muito menos do Zequinha
vemos cada vez mais amiúde
superlotado na telinha.
Vendo assim até dá pena
e a toda hora, o tempo inteiro
entoam a mesma cantilena
"Isto é falta de dinheiro!"
Mas não se engane, não Senhor
quando ouvir este bordão
digo isto sem temor
O problema é de gestão
O Carlito até tentou
melhorar a administração
E onde foi que ele errou?
Foi na comunicação.
Mas até gosto no geral,
da gestão deste Carlito.
Se tá errado eu meto o pau,
mas se tá bom eu admito!
Acredite, Joinville ficará boa!
mas pr'isso se concretizar
e não ter sido tudo à toa
pense muito bem na hora de votar.
[PRIMEIRA RESPOSTA] POR "NELSON JVLLE"
Tem razão o escrevente
de sobrenome tão complicado
Mostrou a Joinville recente
mas esqueceu a do passado
Nisso não há impedimento,
mas lembro sempre a grande verdade.
Aquele que semeia vento,
Só pode colher tempestade.
Portanto não me surpreendo
ao ver Joinville ir a pique.
Nenhuma cidade inteira resiste
a oito anos de Luiz Henrique
Que agora em Brasília é senador
mas anda dizendo sandices
à noite puxando o cobertor,
diz despachar com Ulysses...
Ora vejam o que diz nosso ex-prefeito
Num recente discurso esquisito
Ao ver que agora não tem mais jeito
Botou toda a culpa no Carlito.
Ora nosso querido Senador
como sempre ardiloso e astuto
quando prefeito deixou de fazer
e agora diz que falta viaduto.
Enquanto isso o povo sofrido
o assistiu manso, calado e mudo
deixar o Mariani rendido
e hoje nos empurrar o Udo
Sem contar que o Tebaldi foi feito
Sucessor para cuidar do inventário
Primeiro fez dele prefeito,
E depois o impôs Secretário
Mas seu reinado pouco durou.
No estado o prejuizo foi enorme
Dona Lia muitas escolas lacrou
e as crianças estão sem uniforme
E diante de todo esse dilema
Ao invés das escolas consertar
Fazia churrascos em Itapema
Pra depois à Lia processar
Bem, espero que não me levem a mal
Porém insisto e repito
Vamos brincar o carnaval
E não culpar tanto o Carlito.
[O CONVITE] POR GUILHERME GASSENFERTH
Nelson Joinville, caro amigo
Ora só me cabe dizer
"Concordo plenamente contigo"
Permita-me o porquê esclarecer.
Durante anos Joinville penou
Nas mãos do hoje Senador
Mas que tanto mandou e desmandou
Que mais parece Imperador!
E se hoje nosso asfalto
Está todo esburacado
É preciso falar bem alto
Carlito não é o culpado!
Confesso que tenho medo
Do que pode acontecer
Um sete de outubro bem azedo
Que tenhamos de viver.
Ao seu Udo sou simpático
Mas não gosto de seu mentor
Que parece ser fanático
Por causar-nos dissabor
Luiz Henrique em Brasília
Cuide agora do Senado
Pois quando esteve lá na Ilha
Não olhou pra este lado!
Digo, olhar até olhou
Mas só olhou pela política
Da cidade tanto sugou
Que hoje encontra-se raquítica!
Para Joinville dar-se bem
Parar hoje é preciso
De só dizer amém
Ao Senador que é bem liso.
Nelson, deixe-me propor:
Aceitarias meu convite
De teu poema aqui expor
Para aquele que nos visite?
Quero fazer uma postagem
E publicar este teu texto
Pro joinvilense ter coragem
De tirar este cabresto
E parar de achar que Luiz Henrique
Grande algoz desta cidade
Ainda é nosso cacique
E o será por toda eternidade!
De todo modo, obrigado
Por dar sua contribuição
Melhor que o que eu tinha postado
Foi esta sua criação!
[RESPOSTA AO CONVITE] POR "NELSON JVLLE"
Meu caro amigo escritor
de texto tão prazeiroso.
Nos prova sem tirar nem por
o quanto é generoso.
Pela gentileza que me concedeu,
só posso ficar honrado.
Mas...meu post melhor que o teu?
acho um tanto exagerado.
Quanto a tua proposta e convite
Não se faça de rogado
Se o texto algo transmite
Use-o bem, mas com muito cuidado
Porque todos sabemos de sobra
Não é novidade na praça
Pois quando criticam sua obra
O Senador nunca acha graça...
Sorte e sucesso, amigo.
E que suas lutas sejam exitosas
Mas por certo irá enfrentar
Muitas viúvas raivosas.
Joinville pode ser a cidade turística do Brasil!
POR GUILHERME GASSENFERTH
Calma, não aconteceu nada de diferente. Nenhuma notícia nova. É apenas uma constatação... O potencial turístico é enorme, e vou enumerar reivindicações na área aos candidatos a prefeito de Joinville. São apenas coisas que eu, um leigo, percebo. Há muito mais coisas.
Provavelmente eu escutarei: “não é viável”, “não dá voto”, “não tem dinheiro”. De desculpismo eu já estou farto. Quero ver nossos gestores pensando com criatividade, inovação, fora da caixa e pensando em como fazer, não em porque não vai dar certo.
Segue a lista de ideias e sugestões:
1. Mais atenção pro litoral joinvilense. A Vigorelli é alvo de chacota, mas mesmo sem infraestrutura alguma apresenta opções muito bacanas de comer frutos do mar – e com deslumbrante visual. É igual no Morro do Amaral. Comer um camarão ou filezinhos de peixe-espada, bebendo uma cerveja gelada, olhando a baía da Babitonga ladeada pela Mata Atlântica é um prazer que não tem fim.
1.1 Vocês sabiam que tem um bar flutuante em Joinville, onde você pode deliciar-se bem no meio da baía (em verdade, no meio do Rio Palmital, que confunde-se com a Baía)? Veja que beleza:
1.2 Não dá pra pavimentar o acesso? Asfalto, paver, lajota, sei lá. Fazer uma calçadinha? Colocar decks que respeitem a Natureza? Iluminação pública decente? Mais linhas de ônibus? Levar água encanada, esgoto e energia elétrica pros moradores e estabelecimentos? Melhorar o atendimento nos restaurantes?
2. Mais atenção pra Baía da Babitonga e Lagoa do Saguaçu. Vamos aproveitar melhor nossas águas? Uma vez eu vi o campeão mundial de jet ski, Alexander Lenzi, fazendo manobras e piruetas ao lado do Iate Clube de Piçarras, num espaço de água minúsculo. Isto despertou em mim a possibilidade de investirmos em esportes náuticos na Babitonga. Competições esportivas como remo, canoagem, jet ski, esqui aquático, entre outros, poderiam acontecer na nossa bela Babitonga. Dá pra construir uma arquibancada? Passeio de pedalinho?
2.1 E que tal incentivar as marinas do rio Cubatão e da Lagoa do Saguaçu? Fazendo com que gente de todo o país guarde suas embarcações por aqui?
3. Aproveitar a maior biodiversidade do Brasil. Será que não tem como aproveitarmos para explorar turisticamente (e ajudar a conservar e preservar) a maior biodiversidade do Brasil, representada pela combinação da mata atlântica, manguezais e baía da Babitonga?
3.1 Um parque do mangue, intermunicipal, com trilhas suspensas sobre o mangue, educação ambiental, quem sabe aquários naturais submersos, oceanário, demonstração do trabalho com as espécies marinhas – como no projeto Tamar, mergulho, incluindo manejo sustentável da pesca e do extrativismo marítimo, entre tantas outras possibilidades.
4. Mais atenção pro interior joinvilense. Os turistas e os joinvilenses adoram fazer coisas diferentes, e ressentem-se que tem poucas opções na cidade. Pouca opção uma ova! Nossas estradas rurais são um convite ao encantamento, principalmente para quem é de grandes centros e não conhece.
4.1 A Estrada Bonita é um exemplo, onde é possível conhecer as propriedades, verificar o processo produtivo e comprar produtos coloniais (turistas adoram estas coisas), andar de trator, ver como é um peru, uma vaca, uma galinha, um pato (sim, tem gente que não conhece estes animais)... Tudo emoldurado pela bela Serra do Mar, exuberante e verdejante.
4.2 Vamos incluir passeios de carroça!
4.3 Vamos incentivar a agricultura orgânica e abrir as fazendas pra visitação!
4.4 Vamos incluir a colheita turística, onde o turista ou visitante pode ele próprio colher das culturas produtivas dos sítios!
4.5 Vamos mostrar as lindíssimas pontes cobertas, especialidade da minha querida amiga Brigitte Brandenburg.
4.6 Vamos levar o turista pra gastronomia rural. Tante Berta, Serra Verde, Rio da Prata, Max Moppi, Hübener, entre outros.
4.7 Vamos dar estrutura para nossas belas estradas: Blumenau, Anaburgo, Piraí, Quiriri, da Ilha, Mildau, do Pico, entre outras.
4.8 Como aproveitar os saltos do Cubatão e do Piraí? Tem muita cidade ganhando em cima de cachoeiras bem menores.
4.9 Nosso interior é lindo, bucólico, cheio de rios, cachoeiras, bonitas paisagens, mas é abandonado.
5. Mais atenção pra serra joinvilense. Que cidade abençoada! Tem litoral, serra, interior e cidade. A subida pro Castelo dos Bugres, agradabilíssima, serve para todas as idades, são duas horas de caminhada tranqüila e a vista é deslumbrante. Vamos explorar isto (com respeito ao meio-ambiente, é claro!).
5.1 Vamos mostrar pro turista de aventura o nosso Monte Crista (reitero, com controle e usando isto como mais um recurso de preservação e proteção ambiental).
6. Equipar os equipamentos. Os camarins e os banheiros do Centreventos não têm chave. Imaginem receber palestrantes internacionais e ter que ficar cuidando na porta do banheiro para ninguém entrar. Desagradabilíssimo. Nossos grandes equipamentos foram feitos às pressas, sem muito cuidado com acabamento e qualidade de obra. É por isso que a acústica do Centreventos é horrível, é por isso que tem goteira nas feiras realizadas no Expocentro Edmundo Doubrawa, é por isso que espaços para feiras e eventos como o Megacentro Wittich Freitag e o Expocentro não tenham climatização.
6.1 A proposta é investir uma parte do faturamento obtido pelo aluguel na própria estrutura, mantendo-a e, principalmente, melhorando-a.
6.2 Será que ainda precisa pegar alvará pra fazer evento no Centreventos? Isto é ridículo.
6.3 E eu estou falando apenas de coisas simples, quem organiza eventos tem uma série de reivindicações mais técnicas que eu desconheço. Se queremos ser uma cidade de eventos, vamos fazer por merecer.
7. Cuidar de nossos museus. O Museu do Sambaqui é referência internacional em arqueologia. Tá fechado! Poderia oferecer além da visitação no Museu, um passeio por algum sambaqui, para que as pessoas conheçam ao vivo. É muito mais divertido. Já pensaram que legal? Pode ser no Parque Caieira, o do Parque da Cidade ou até no Parque do Mangue que eu proponho no item 3.1. Ou em qualquer um, desde que tenha estrutura.
7.1 O Museu de Arte tem uma das construções mais antigas da cidade... vamos reativar o antigo bar do Museu, transformá-lo num café? E que tal realizar mais exposições?
7.2 No Museu da Imigração, é possível criar um espetáculo de som e luz, que em algumas noites conte a história da imigração por meio de projeção de imagens, ou sombras, combinadas com som, e quem sabe até atores de verdade, num bonito espetáculo ao ar livre, onde se poderia usar a própria Rua das Palmeiras e todo o espaço do Museu. Algo no estilo que há no Museu Imperial, um museu-primo do nosso, uma vez que o nosso além de também ser nacional, divide com o de Petrópolis parte da mobília da família real brasileira. Hoje em dia, museu bom é o museu interativo. E passeios de charrete nas quadras em volta da do Museu? Não seria bacana? Pelo menos aos fins de semana. Sabiam que o Conde D’Eu, marido da Princesa Izabel, da sacada do Museu discursou aos joinvilenses? Não, né? O Museu poderia abordar isso, mas se omite.
(A maior parte destas ideias é de autoria do amigo Paulo Roberto da Silva).
7.3 E o Museu de Bicicleta poderia atrair bastante gente, se fosse interativo. E, claro, se tivesse uma sede. E ainda tem o dos Bombeiros... na cidade com a corporação mais antiga de bombeiros voluntários do Brasil, com 120 anos a se completarem em 2012. Isto também atrai.
7.4 Eu até pensei em sugerir a criação do Museu da Cerveja na Antarctica, mas propor novos museus nessa cidade pode parecer piada. O Baço tem ainda a ideia do Museu da Chuva. É inusitado, mas não tem lugar melhor neste país pra este Museu. Parece não ser muito palpável, mas se o melhor museu do Brasil é o da Língua Portuguesa, em SP (recomendo!), por que não da chuva? E eu tenho uma ideia de um grande museu por aqui, mas que vou manter em segredo. Mas é bem legal!
8. Investir mais no embelezamento da cidade. Enterrar a fiação das vias de acesso e do Centro.
8.1 Plantar flores por todas as vias de acesso e as principais do centro.
8.2 Incentivar melhor o “Adote o Verde” ou como se chame o programa atualmente.
8.3 Investir na Rua do Príncipe, promovendo em conjunto com os lojistas a despoluição visual da via, a exemplo de Casa Sofia e Lojas Salfer.
8.4 Cuidar da Rua das Palmeiras (não ia ser um boulevard?).
8.5 Mais arborização.
8.6 Mais flores.
9. Consolidar a polarização regional. Temos diversas opções turísticas em cidades como São Francisco do Sul, Garuva (turismo de pesca muito promissor), Campo Alegre e São Bento do Sul. Joinville poderia aproveitar a condição de cidade com mais estrutura de turismo receptivo e promover passeios para estas cidades, durante o dia, mas com o turista baseado por aqui. É uma estratégia inteligente, que ajuda as cidades vizinhas e aumenta o tempo de permanência do turista por aqui.
10. Transformar os pontos em atrações turísticas. Turista adora qualquer coisa que você disser que é bacana, importante, histórico. Mas qual é o aproveitamento que nós fazemos disto?
10.1 Cadê o café colonial no nosso Moinho? O que dá para incrementar na Expoville?
10.2 Vamos potencializar a visitação no Bolshoi!
10.3 Vamos informar para os visitantes que no nosso Mercado Municipal, ali naquela praça, houveram combates da Revolta Federalista, com vários mortos! E me parece que dali saíram nossos combatentes para a Guerra do Paraguai. É isto, Paulo Roberto da Silva? E ninguém informa isso no Mercado Municipal, que, aliás, tem um bolinho de arraia que é uma atração por si só.
10.4 Por que na Estação Ferroviária não tem uma menção ao presidente Afonso Pena, o primeiro a visitar Joinville, que declarou então que “Joinville é o jardim do Brasil”, em 1906? Não tem nada, absolutamente nada. E turista gosta disto.
10.5 Vamos aproveitar melhor nosso lindo Morro do Boa Vista. Nosso Zoobotânico poderia ser muito melhor explorado. Vejam o parque Unipraias, em Balneário. Não tem como construir uma daqueles brinquedos que parece uma montanha russa pelo meio da mata? É demais! E o mirante, não pode ter um teleférico? Se o teleférico fosse pros dois lados, ligando o terminal do Boa Vista ao Centro, poderia ser até um meio de transporte. E um restaurante panorâmico lá em cima?
11. Investir em cabeças pensantes. Esta cidade provinciana carece de gente que saiba pensar fora da caixa. Que tenha sacadas brilhantes. Que resolva as coisas com criatividade. Contratem um profissional qualificado para transformar Joinville num pólo turístico de primeira qualidade. Que construa o que me refiro no item 13.
12. Treinamento, pelo amor de Deus! Nossos atendentes são muito mal treinados. Garçons, recepcionistas, taxistas, PMs, atendentes em geral. Cada joinvilense deve saber ser um guia turístico, mas estes em especial. É preciso investir maciçamente em treinamento, não só pelos turistas, mas também – talvez principalmente – por nós joinvilenses.
13. Investir na marca Joinville. O que é a marca Joinville? Eu não sei, mas tem quem possa ajudar melhor nisso. O Baço tem umas ideias muito bacanas a esse respeito. E outros também.
13.1 Temos que associar o nome Joinville ao que queremos. Eventos? Joinville. Turismo? Joinville. Serra e mar na mesma cidade? Joinville. Dança? Joinville. Bons museus? Joinville (doeu escrever isso). Cidade bonita, limpa e organizada? Joinville. Uma bela baía? Joinville. Biodiversidade? Joinville. Comida típica? Joinville. Arquitetura enxaimel? Joinville. Produtos coloniais e turismo rural? Joinville. Cachoeiras? Joinville. Turismo de bicicleta? Joinville. Trilhas na mata? Joinville. Mangue? Joinville. Arqueologia? Joinville.
13.2 É isto, precisamos associar nosso nome a coisas que queremos. Só que previamente é preciso investir tempo, recursos e – principalmente – criatividade nos itens 1 a 12 acima. Marca é tudo. Pensem em Gramado e Canela. Potencial nós temos muito mais. Mas eles investiram, dedicaram tempo, recursos e criatividade e hoje são um dos maiores destinos do Brasil. Lá, você paga 5 reais para entrar no Parque do Pinheiro Grosso e ver... um pinheiro grosso. Ou 10 reais para andar num trenzinho que faz um trajeto de 300 metros dentro do Parque da Cascata Caracol. E estes são preços de 1997, a última vez que fui pra lá. É a força da marca, meus caros. E pra não dizer que eu exagerei no negócio do Pinheiro Grosso, sim, isto existe, taí a foto.
Nosso potencial é gigante. Precisamos de uma Joinville mais turística para os visitantes da cidade e os de fora. Turismo é a indústria limpa. Gera empregos, aumenta a arrecadação, melhora a cidade. Precisamos pensar e trabalhar muito, mas é possível chegar lá.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Aberta a temporada de caça
POR JORDI CASTAN
Antes mesmo que a campanha eleitoral dê início, sem que os candidatos tenham sido homologados pelas convenções partidárias, os pré-candidatos se lançam à busca dos votos. Mais que à busca, se lançam à caça do eleitor. No Brasil, ao contrário da maioria das democracias, o voto é obrigatório. Nem os partidos e nem os candidatos precisam se esforçar para convencer o eleitor a votar. A estratégia de campanha tem como foco exclusivo direcionar os votos para o candidato.
O Brasil tem ainda outras peculariedades que fazem da caça ao voto um esporte único. A primeira é o elevado nível de analfabetismo funcional. A segunda é a geléia ideológica em que os partidos tem se convertido - isso faz com que, em nome da governabilidade, se juntem em coligações os inimigos de ontem para derrotar os amigos de anteontem. Resulta uma situação que, para qualquer eleitor medianamente informado, é difícil de compreender e seguir.
É mais fácil para um político em campanha se concentrar na caça dos votos dos menos esclarecidos. Além de serem mais influenciados por discursos inflamados e grandiloqüentes, representam hoje no Brasil a maior parcela do eleitorado. No país, o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população. Se somados os 7% da população que é totalmente analfabeta, resulta que 75% da população não possuem o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas. Ou seja, apenas um de cada quatro brasileiros (25% da população) é plenamente alfabetizado. O candidato não precisa se expor em debates frente a platéias melhor informadas, mais esclarecidas e em geral mais críticas. Pode se concentrar em pescar nos cardumes em que os votos são mais fáceis de convencer.
Os partidos políticos, por outra parte, tampouco contribuem muito para que o eleitor possa escolher melhor. Em geral só o confundem ainda mais. Ao compartilhar o mesmo palanque com os mesmos que ontem ou anteontem eram seus inimigos mortais, ao aparecer lado a lado em santinhos e outdoors, o eleitor vai construindo a imagem que são todos iguais, que são todos farinha do mesmo saco, e que, portanto, é a mesma coisa votar em um ou em outro. Sem outra proposta ideológica além de chegar ao poder e conseguir empregar o maior número de companheiros e apaniguados, os partidos hoje atuam mais como agências de emprego que como verdadeiros foros de debate político. E o resultado é este que aí está.
O mais provável é que ao conhecer o resultado das próximas eleições, a máxima de Ulysses Guimarães, que pior que este congresso só o próximo, será verdadeira uma vez mais. Se você leu até aqui e entendeu o texto, definitivamente não forma parte do grupo alvo.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Diga NÃO aos elevados!
POR FELIPE SILVEIRA
Quero começar uma campanha aqui no Chuva Ácida contra uma proposta que vamos ouvir com cada vez mais freqüência até as eleições de outubro. “Diga NÃO aos elevados!” Se concordar, espalhe a ideia.
Antes de qualquer coisa é preciso esclarecer que esta é a opinião de um leigo. Gostaria que tal explicação não fosse necessária, já que o blog não é formado por especialistas, mas por gente que tem algumas opiniões sobre alguns temas. Infelizmente, algumas pessoas que comentam anonimamente neste espaço têm dificuldade pra entender coisas simples e por isso a gente se obriga a mastigar.
Continuando...
Não nego que elevados e viadutos sejam soluções para alguns problemas. Há pontos tão críticos que tais obras podem mesmo ser necessárias. No entanto, elevados e viadutos, na minha opinião, devem ser a última solução quando falamos de mobilidade. Antes de pensar em grandes – e caras – obras desse porte, é necessário pensar em diversas outras.
A primeira delas é diminuir o uso do carro. Como fazer isso? Simples, com um transporte público que tenha qualidade e seja barato (ou gratuito) e com boas condições para que os ciclistas possam usar a “zica” para as mais diversas finalidades. Ou seja, ciclovias e ciclofaixas caprichadas (e não aquelas que acabam no meio da rua), estacionamentos seguros para as bicicletas, entre outros incentivos. A própria iniciativa privada poderia pensar em promoções para quem usa o coletivo ou a bicicleta. Empresários poderiam gratificar seus funcionários e os setores de comércio e serviços poderiam fazer promoções.
Mas, claro, o processo descrito acima é mais complicado. Não é impossível, é apenas mais complicado. Por isso, vamos continuar trabalhando com a lógica do carro. Assim, acredito que a solução para o caos no trânsito é investir em soluções simples. Por exemplo, a obra que vi na semana passada em uma rotatória da avenida Beira-rio, perto da lanchonete do Gordão. Veja na foto:
A passagem que ligava a rua Padre Antônio Vieira ao Gordão foi fechada - olha ali o monte de barro! - e eu vi algumas pessoas chiarem por causa disso. O que não elas notaram, porém, é que apenas o fato de fechar aquela passagem, eliminou um ponto onde o trânsito parava. Como era necessário esperar a vez para passar ali no horário de pico, formava-se uma fila que travava o restante da Padre Antônio Vieira. Aí essa fila ia até a rótula no fim da rua Iririú. Com a obra, além de eliminar aquele ponto que causava a fila, foi alargada a saída da Padre Antônio Vieira para a Beira-rio. Com isso, onde só passava um carro que tinha três opções, agora passam dois com duas opções de caminho, direita ou esquerda.
Essa foi uma obra que não custou praticamente nada e vai agilizar o trânsito no local. Não vai resolver, claro, porque os carros que passam mais rápido ali vão parar lá na frente, em outro ponto crítico. Mas de solução em solução as coisas vão melhorando. Assim como essa, podem haver centenas de pequenas soluções para grandes problemas em toda a cidade. Outro exemplo disso são as “mãos inglesas” que também resolveram problemas pontuais.
O problema disso tudo é que tem muita gente com mania de desmerecer essas obras. Preferem implorar por elevados, por grandes gastos. Eu, sinceramente, não sei se gostam de falar por falar ou se falta consciência mesmo do estrago que um elevado vai fazer no meio da cidade.
Para finalizar a minha pequena listinha de alternativas aos elevados, vou falar de um tipo de obra tão cara quanto um elevado, mas muito mais útil e necessária para a cidade: abertura de vias. Praticamente todo o fluxo da cidade passa pela região central e assim fica complicado mesmo. A cidade precisa de mais ligações entre suas regiões para desafogar o centro.
O binário da Vila Nova é o caso mais emblemático. É impossível haver apenas uma ligação entre uma região tão populosa e o resto da cidade. Aliás, duas vias será pouco. O binário da rua Tenente Antônio João com a Santos Dummont é outro caso. É maluquice querer um elevado por ali antes de saber qual será o efeito do binário.
*
Enfim, eu acredito que não há solução para o trânsito enquanto tiver essa quantidade de carro na rua. É necessário trabalhar para que as pessoas usem o carro, a bicicleta, o ônibus, o barco, o skate, o patinete. E trabalhar significa dar condições e educação para que as pessoas encarem o trânsito e a mobilidade de outra forma. Enquanto isso não for feito, pode fazer 30 elevados na cidade e nada vai adiantar.
Para encerrar a postagem, deixo uma sugestão de leitura e um convite:
Sugestão: A jornalista Natália Garcia percorreu o mundo para ver como alguns cidades-referência (Paris, Copenhague, Amsterdam) lidam com essa questão do trânsito. As impressões estão no site Cidade para pessoas.
Convite: Um grupo de ciclistas organizados de Joinville vai promover, nesta sexta-feira (24), às 18 horas, o evento Massa Crítica, “que acontece mensalmente em centenas de cidades ao redor do mundo e é aberto a todos que queiram promover as condições necessárias para o uso da bicicleta como meio de transporte no espaço urbano.” Apareça para conhecer e debater o assunto.
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