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terça-feira, 6 de novembro de 2012

As profecias da “Mãe Dinah do Cachoeira”

POR JORDI CASTAN

Passada a emoção da eleição, fica o rescaldo. Há vencedores e há vencidos. No meio de tantas expectativas, pesquisas, vaticínios e comentários devemos destacar a feita na coluna semanal do prestigioso e prestigiado radialista e formador de opinião Beto Gebaili, na edição do dia 26 de outubro do Jornal da Cidade, que reproduzimos no final do texto e está disponível na internet no link Jornal da Cidade.

Uma surpresa para mim - e imagino que para a maioria dos leitores -  foi a sua capacidade para a adivinhação. As suas profecias exigem uma equiparação aos gênios da quiromancia, da astrologia e, me atrevo a dizer, a alguns dos nossos maiores economistas.  Beto Gebaili profetizou, dois dias antes o resultado das eleições municipais de Joinville, que o grande derrotado seria o candidato Udo Dohler. Não andou com meias palavras (aliás, nunca foi homem de meias palavras). Me permito colocar entre aspas algumas das frases pinçadas do seu texto, inclusive com o objetivo de poupar os leitores do Chuva Ácida de terem que enfrentar a leitura do texto original na sua totalidade.

- “Chega a ser um acinte a inteligência dos joinvilenses querer achar que com a renuncia do próprio salário, conseguirão mudar alguma coisa no resultado da eleição que acontecerá neste domingo 28 de outubro, revertendo o quadro, hoje, totalmente favorável ao candidato Kennedy Nunes (PSD)”

- “Foi o ato de menor inteligência estratégica- eleitoral que já tive oportunidade de ver na minha vida como radialista e formador de opinião.”

- “Cleonir Branco... não conseguia disfarçar o nervosismo e a tensão após um anuncio com grande teor de falta de massa cerebral, dado por quem, justamente é tido como grande líder empresarial!!!”

- “Os assessores do candidato do PMDB (Udo Dohler)...totalmente despreparados em como conseguirem resolver os problemas de rejeição aqui na região...em um ato de completa, temida e eminente derrota nas urnas...”

Aproveito o espaço e o momento para pedir adicional de insalubridade, porque ter que ler determinados textos, por dever de ofício e em prol dos nossos leitores, representa um risco elevado a saúde física e mental deste blogueiro.

Surpreendentemente, a profecia da nossa Mãe Dinah acabou não se cumprindo e o candidato Udo Dohler foi eleito por 55% dos votos válidos, contra todas as previsões. Independente do resultado das urnas contradizer os vaticínios deste "Oráculo do Cachoeira", acho sim que esta capacidade de adivinhação que o Beto Gebaili tem desenvolvido deve ser melhor aproveitada. Quem sabe na próxima semana, na sua coluna no Jornal da Cidade, ele informe os números da Megassena e faça novos milionários em Joinville.

Ou, quem sabe, na condição de adivinhador geral do paço municipal, consegue aumentar significativamente o orçamento municipal. É só fazer com que, a cada semana, o secretário da Fazenda coloque as suas economias na aposta ganhadora no jogo do bicho, na Loto, na Trimania, na Quina, em qualquer um dos jogos de azar a que o brasileiro é tão aficionado. Não faltará dinheiro em caixa para o novo prefeito para tocar obras, reformar prédios públicos e enfrentar os grandes desafios que Joinville tem.

Beto Gebaili uma vez mais, revela um potencial maior que aquele que aparenta. E mostra um desprendimento digno de elogio ao compartir com todos: os seus dotes de adivinhador. Deverá agora estar preparado para ser constantemente confrontado na rua e nos requintados ambientes que frequenta para que informe as dezenas sorteadas, quem ganhará a Sulamericana ou a final da UEFA Champions League, a próxima maratona e qualquer outro evento passível de receber apostas. Deverá com sacrifício conviver com este dom.

Em tempo: Nada me causa mais dor que ver talento desaproveitado. Quando alguém tem capacidade para mais e não consegue aproveitar todo o seu potencial, acho que a sociedade toda está perdendo. Se vemos a sociedade como a soma dos seus indivíduos, quanto melhor sejamos todos, melhor seremos como coletivo. Neste espaço já me manifestei oportunamente no post "Gebaili é o cara", quando defendi que o radialista Beto Gebaili tinha potencial para muito mais que para ser vereador de Joinville: clarividência, sabedoria e principalmente uma verborrágica oratória que o fazem merecedor de enfrentar desafios maiores. E não podemos nos conformar com menos que vê-lo na Assembleia Legislativa, talvez  na Câmara dos Deputados ou, quem sabe, inclusive promovido a ministro de estado.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Os fatores que levaram à vitoria de Udo

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

A vitória de Udo Dohler era pouco esperada, da mesma forma que a sua candidatura, um puro boato para muitos. Os meses foram passando, e seu nome conseguiu unir um partido que há anos estava rachado. O PMDB de Joinville não encontrava um norte desde que LHS saiu da Prefeitura e foi para o Palácio d'Agronômica. Esta foi a grande vitória de Udo, pois, sem isso, não seria eleito.

Conseguiu o apoio de um partido médio da cidade (o PDT) e alguns outros, formando uma coligação modesta, longe daquelas montadas por LHS nos anos 90. Mas, com um PMDB fortalecido como há tempos não se via. A campanha começou com Udo em quarto lugar, atrás mesmo de Carlito Merss e sua péssima gestão. Com uma chapa de vereadores consistente (a qual acabou elegendo quatro pessoas) e uma propaganda eleitoral diferenciada, mostrando propostas enquanto os outros se criticavam, subiu nos índices de uma hora para a outra, passando Carlito e assustando Clarikennedy e Tebaldi, os líderes intocáveis até então.

Com os ataques diretos a Tebaldi por parte dos adversários, Udo subiu e se consolidou como a segunda força ao fim do primeiro turno. E de fato era, junto com Clarikennedy, a candidatura que mais tinha vontade de chegar ao cargo de Prefeito. Tebaldi estava sonolento e Carlito apanhava nas cordas. Leonel era a surpresa, mas não encorpou a ponto de chegar.

Udo conseguiu não cair na armadilha de revidar os ataques, principalmente aqueles que surgiram após a sua ascensão (o vídeo da mulher "amarrada" vai ficar para a história). Ao não dar mídia para seus ataques, respondendo-as, sua candidatura se consolidou como um nome que estaria no segundo turno, pois continuou mostrando propostas, e apenas isto. 

O segundo turno mostrou a inversão de estratégia do empresário, atacando diretamente o seu opositor. E foi aí que Clarikennedy perdeu. Não foi nem no aceite dos apoios de Tebaldi e Carlito. O revide aos ataques prejudicou muito a sua imagem perante o eleitorado. E essa era a única arma que restou ao Udo e a sua competente equipe (ter uma campanha rica ajuda nessas horas...), revirando todo o passado documentado da vida do deputado, e espalhando através de sua militância. Como uma bola de neve, atingiu grande parte do eleitorado. Mais uma vez, o PMDB unido fez a diferença.

Como uma boa parcela do eleitorado de Clarikennedy ainda não estava decidida sobre o seu voto (aí que se encontra o grande erro dos institutos de pesquisa, pois estes não acompanham a maleabilidade do comportamento eleitoral das pessoas), e acabou invertendo sua intenção após o revide dos ataques, e da proliferação de todo o passado revirado. Udo pode não ter sido o candidato mais coerente, e com fatos estranhos (como o da renúncia de seu salário dias antes da votação) mas sabia que o pessedista iria cair na armadilha e "dar ibope" aos ataques, evidenciando-os. O feitiço persuasivo do deputado virou contra o feiticeiro, pois não conseguiu sustentar o seu discurso incoerente demonstrado através dos ataques.

O empresário Udo, um intruso no rachado ninho peemedebista, que falava com sotaque carregado, incomodado perante os belos discursos dos adversários nos debates (muitos deles desnecessários, tema para um post futuro), representante durante anos dos empresários, indicação do coronel urbano LHS, desconhecido do povão e sem apoios substanciais no segundo turno acabou levando. O seu sucesso deve-se muito também aos erros dos outros. Carlito teve tudo na mão para se reeleger, mas não soube aproveitar. Já Tebaldi sucumbiu após anos desastrosos.

Aos aliados, cabe agora a realização de uma ótima gestão, sempre visando o melhor para a cidade. Aos adversários (principalmente Tebaldi e Carlito) é hora de repensar as atitudes E AS PESSOAS QUE OS CERCAM. Caso contrário, não terão sucesso em 2014. A cidade de Joinville tem um novo Prefeito (o primeiro nascido em Joinville desde Rolf Colin), eleito em uma campanha que entrará para a historia, duplamente: pelo baixo nível dos debates e ataques e também pela virada histórica de Udo Dohler. 

Prever a vitória de Udo: dá pra fazer!

POR GUILHERME GASSENFERTH

O Chuva Ácida foi um dos primeiros espaços a analisar e acreditar no fenômeno que foi a virada de Udo Döhler.

Além do mais, aqui criou-se um espaço democrático de participação do leitores, com praticamente todos os comentários liberados (à exceção dos ofensivos, caluniosos ou criminosos) e espaço (que continua) aberto ao envio de textos.

Não se pode também menosprezar o fato de que este blog foi unânime no combate ao Kennedy Nunes e suas promessas vãs, demagógicas e lunáticas. Daqui, saíram várias das armas de Udo e contra Kennedy ao longo do pleito – algumas forjadas ainda em 2011.

Foi o Sandro quem cunhou o termo KCT, que caiu nas graças do povo e foi pras redes sociais. Há um ano, o Charles escreveu sobre as diárias usadas pelo Kennedy para visitar a própria cidade, o que acabou tornando-se uma das principais armas de combate ao candidato deputado. Foi aqui no Chuva Ácida que o Baço alertou-nos da diferença entre o Udo gestor e o Udo político, e fez abrir os olhos para quem era o candidato do oba-oba. O Jordi escreveu o texto recordista em acessos, explicando motivos que levavam o eleitor a não escolher Udo Döhler – o que felizmente acabou por não acontecer. Amanda abriu os olhos dos leitores sobre os perigos da mistura da religião com política. Até mesmo a Gabriela, que escreve sobre esporte, conseguiu demonstrar que Udo era mais preparado e tinha propostas mais factíveis para o esporte. E eu consegui fazer a análise que se mostrou certeira: de que Udo sairia vencedor nestas eleições.

Devo confessar que me arrependo apenas de ter ajudado a contribuir para divulgar a canção A Jumenta Vai Falar. Foi um ataque ao Kennedy Nunes pessoa, não ao político. Ele tem o direito de acreditar no que quiser e criticar sua música foi algo que não considerei nobre nem bonito, pelo contrário. Mas são águas passadas.

Nestas eleições, atingimos a histórica marca de 70 mil visitas neste mês de outubro, marcado pelo período entreturnos. Sabemos que este número vai diminuir consideravelmente no pós-eleição, mas não podemos usar de falsa modéstia e ignorar a importante participação do Chuva Ácida como um novo player da política e cotidiano locais.

Na minha opinião, Udo não é o prefeito ideal, e o partido onde está abrigado é o pior do Brasil. Mas depositamos esperança em seu governo, principalmente se LHS se mantiver afastado das tetas (santa ingenuidade).

Agradeço a todos os nossos leitores pela visita e comentários, além dos convidados que enviaram textos. Continuem utilizando este espaço! E agradecemos também a quem acreditou em nosso improvável prognóstico de sexta-feira.

A Udo Döhler e Rodrigo Coelho, nossa saudação pela importante vitória e histórica virada. Saibam, no entanto, que este blog não deixará de fazer seu papel de crítica e haverá de posicionar-se contra quando entendermos necessário – para que sempre a grande vencedora seja Joinville e seu povo.

domingo, 28 de outubro de 2012

Em defesa do voto nulo


POR ÍCARO ENGLER

Sofro de esquizofrenia. Não teria doença melhor para definir a minha visão e divisão do mundo social. Por um lado,sou cientista político e esta profissão me responsabiliza de entender o campo político, suas práticas e leis; seus padrões e recursos; sua profissionalização e símbolos. Assim, entender o campo político como ele é, a realidade, e não como ele deveria ser, no sentido típico ideal (utópico).

A partir da teoria do campo político, construída pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, corrente na qual me filio como pesquisador (Sim, não sou marxista, como já fui acusado, por esquizofrenia – desta vez dos acusadores), compreendo que os profissionais da políticavivem mais da do que para apolítica, e uma vez que perdem seus mandatos, estão desempregados. E aí se basearia a explicação para várias atitudes na política que me deixam perplexo, como eleitor.

Pois nesta condição de cidadão, tenho ideologias, anseios, vontades! Procuro votar de forma consciente, analisar as propostas, partidos, pessoas e delegar meu poder a quemacredito que faria o que eu considero melhor para minha cidade, estado e país.

Por partir destas premissas, não delego o meu poder ao menos pior! Este é o discurso que vejo na cidade onde nasci efui criado. Nela moram meus familiares e amigos. Os sujos falando dos mal-lavados. Acusações de coligação enormes, em que numa temos seis partidos, desde o 1º turno, e na outra sete, com as alianças para o 2º turno. Falam de fisiologismo, onde todos são profissionais da política.

Daí vão me dizer: “Mas o Udo é empresário, nunca foi político. É renovação! Renovação aliada ao PMDB?! Com o seu padrinho Luiz Henrique da Silveira?! E se ele nunca foi político, como se enquadra ao argumento de “experiência”? O discurso de gestor esvazia a política de dentro da política e isso só serve pra legitimar uma lógica que simplesmente não se aplica a este campo. A prefeitura não é uma empresa! É um órgão político do poder executivo municipal (aqui opina ocientista político). Não considero um empresário o porta-voz dos meus interesses (aqui o cidadão). Clarikennedy Nunes, muito menos! Por todas as questões que estão aí, mais freqüentes nas redes sociais, concordando em boa parte com os textos com as críticas ao Kennedy, publicados aqui no blog nestas últimas duas semanas.

O que fazer? Voto nulo! Não vou delegar o meu poder ao menos pior. Vou anular meu voto conscientemente como forma de protesto. Como um recado que diz: vocês não me representam.” Alguns vão argumentar que 50% mais um de votos nulos não anulam as eleições. Verdade! Está bem claro isso na lei. Agora pense um minuto, 50% mais um dos eleitores de uma cidade votam nulo e uma lei é que vai dizer o peso e o significado que uma manifestação social como essa tem?

Meu voto nulo está muito longe de ser uma abstenção. Seria se eu fosse para a praia e justificasse, mas não. Vou sair da cidade onde moro atualmente para, no dia 28 de outubro de 2012, anular meu voto na eleição municipal de Joinville. Ademocracia me permite isso! O regime democrático é muito mais do que eleições a cada quatro (ou dois?) anos.

Não delegue o seu poder ao menos pior. Isto sim é se abster de propor um debate maior e uma mudança real.

Icaro Gabriel da Fonseca Engler – Joinvilense e doutorando em Ciência Política(UFRGS)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A vitória de Udo Döhler pode estar próxima

POR GUILHERME GASSENFERTH

Udo conta voto a voto :P
A estreia de Udo Döhler nas urnas, com de mais de 85 mil votos, calou muita gente. Para quem amargava o quarto lugar durante boa parte do processo, a votação de Udo foi surpreendente e demonstrou a força que possuem na cidade o PMDB, LHS e o próprio empresário.

Embora Colombo tenha vencido ainda no primeiro turno, foi da mesma forma nas eleições de 2010. Largou lá de trás e veio crescendo, até suplantar as duas candidatas favoritas ao título. Por que a comparação com o governador? Porque a capacidade de crescimento e de virar o jogo são aspectos que caminham juntos dos vencedores.

No primeiro turno, a campanha peemedebista foi Udinho Paz e Amor, numa louvável postura de evitar ataques e de apresentar propostas - o que deve ter sido um dos fatores do seu sucesso. Mas no início do segundo turno, Döhler estava muito atrás nas pesquisas. A maior parte delas apontava cerca de 65% para Kennedy e 35% para Udo, numa diferença gritante e que parecia carimbar o passaporte pessedista para o gabinete ocupado hoje pelo Carlito Merss. Ao perceber a disparidade, Udo partiu para o ataque, promovendo quase que táticas de blitzkrieg contra o seu oponente, que em muitas vezes ficou atordoado com a inesperada artilharia.

Udo 'kennedyzou' no segundo turno. Usou os mesmos expedientes que seu adversário, lançando mão de vídeos acusativos (pelo menos sem denúncias anônimas), ataques diretos e bombardeando as redes sociais. Quem não curtiu, compartilhou ou pelo menos viu alguma das ilustrações da cômica série "Dá Pra Fazer"? É uma alusão às sandices que Kennedy promete mesmo sem qualquer nível de realidade maior que a do "mundo de Bobby". Teve também o vídeo que mostra Kennedy afirmando: "isto é compromisso, nós vamos baixar o valor da água em Joinville". Alguns meses depois, o mesmo Kennedy diz: "eu nunca disse que iria baixar o valor da água em Joinville". Pegou mal e certamente tirou votos do Kennedy e deu pra Udo.

Além disso, a postura de Udo passou a se aproximar da demagogia que parece encantar o povo. Abrir mão do salário é uma dessas iniciativas. Embora o cardápio sirva política a la Kennedy, parece que é neste restaurante que os eleitores gostam de comer. E talvez Udo tenha acertado nas estratégias. Doar seu salário de prefeito significará um milhão de reais no bolso de entidades beneficentes da cidade. O povo, que acha que os políticos emprestam suas carinhas para as fotos da urna eletrônica só em troca de altos salários e poder, vê com bons olhos um candidato que abra mão de um salário polpudo como este. Mais um pontinho na caderneta do 15.

Há de se considerar o inesperado - pelo menos por mim - apoio dos sindicatos de trabalhadores à campanha de Udo. Invalidou o discurso de que Udo é o candidato dos patrões, uma vez que quase 30 sindicatos aderiram à sua candidatura, inclusive o sindicato dos trabalhadores em indústrias têxteis. Este apoio é o mais simbólico de todos, porque demonstra que a relação de Udo (presidente do sindicato patronal) com o sindicato laboral é, no mínimo, respeitosa. "São pelegos", alguns dirão. Pode ser, acredito que há sindicatos pelegos. Mas 29 pelegos? Aí dificulta um pouco. A propósito, o vice do Kennedy é de uma das quatro associações empresariais mais importantes da cidade, a ACOMAC. Ele não é patrão?

Outra fonte de votos importante para Döhler é a coligação-ornitorrinco formada na cidade, por Kennedy, Carlito e Tebaldi. Assim como Tebaldi saiu de mais de 40% dos votos para 15%, a população não ficaria impassível diante dos programas de TV que mostram que votar Kennedy representa fazer voltar Tebaldi e continuar Carlito, os dois candidatos mais rejeitados. Tem gente de que tanto nojo desta súcia junção resolveu abandonar a orientação partidária e votar Udo.

Não se deve deixar de considerar as pessoas que estavam inclinadas a anular o voto mas, diante das circunstâncias e do medo da vitória do Kennedy, sufragarão Udo para evitar o mal maior. Não é em quem gostariam de votar, mas entendem que um dos dois vencerá as eleições de qualquer forma e pretendem passar a atuar para que o PSD não vença. Disse Max Weber: "neutro é quem já se decidiu pelo mais forte". 

Todos estes fatores somados mostram que o número de eleitores de Döhler está crescendo muito. Informações extraoficiais recebidas na noite passada demonstram que Udo e Kennedy entraram num empate técnico, o que corrobora esta tese. Mas se antes Kennedy e Udo tinham uma diferença gritante e agora colaram, é porque há forte viés de queda de Kennedy e ascensão de Udo. Desta forma, diferentemente do que vinham pensando algumas pessoas, Udo não só está no páreo como é possível que neste momento já tenha ultrapassado Kennedy e esteja a dois dias de sagrar-se prefeito da maior cidade de Santa Catarina!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Por que Kennedy virou Clarikennedy

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Estamos na última semana desta memorável campanha eleitoral. Os preconceitos que permearam os debates e conversas de botequim nos últimos noventa dias esconderam as reais propostas dos candidatos e as visões de cidade de cada um. Porém, desde o ano passado eu já tinha bem definido em quem não votar, e este é o deputado estadual Kennedy Nunes. Após meses comentando na rádio Mais FM, e acompanhando o dia-a-dia do cenário político local, cheguei à conclusão que as ações e ideias de Kennedy são extremamente fantasiosas, sofistas e vão na contramão do que se faz fora das terras joinvilenses. E desde então passei a chamá-lo de Clarikennedy (seu nome de batismo), para tentar demonstrar a todos como suas atitudes são incoerentes da mesma forma que precisa de um nome artístico para se apresentar ao povo.

Nunca passei a chamá-lo assim por menosprezo ao seu nome de batismo, ou algum tipo de preconceito, muito menos por ser cabo eleitoral de outro candidato (não consigo ser simpatizante de uma ideia pró-Udo, por exemplo). Fiz isto pela simples necessidade de criar um fato novo em torno de seu nome e demonstrar tudo o que não concordo sobre sua atuação. Cada um tem sua opinião e eu tenho a minha. Inclusive, é a primeira vez que falo aqui no blog sobre o surgimento do "apelido" (que ironia!), o qual pegou nas redes sociais a ponto de todos os internautas saberem que Kennedy, na verdade, é Clarikennedy.

***Algumas de minhas opiniões estão neste link: http://www.chuvaacida.info/search/label/Clarikennedy%20Nunes

Agora Clarikennedy está no segundo turno e com ótimas chances de ser eleito. É óbvio que ele não terá o meu voto, ainda mais depois de aceitar o apoio de Carlito Merss e Marco Tebaldi. Faz parte do jogo fazer alianças em um segundo turno, eu sei, mas passou anos batendo nas últimas gestões e agora se alia a elas. Porém, para refrescar a memória dos esquecidos ou incrédulos em minhas palavras, reforçarei aqui meus pensamentos sobre três ideias centrais da campanha do Clarikennedy:

1 - A política de planejamento urbano do candidato resume-se em abaixar a tarifa de ônibus (com subsídios da Prefeitura, ou seja: os usuários pagarão pelo transporte coletivo duas vezes, e sem saber) e construir elevados. É cada vez mais consenso que, quanto mais espaço dermos para os automóveis, mais automóveis teremos nas ruas, em um ciclo perigoso. Além disso, o candidato se esquece do preço absurdo de uma obra destas, pois, se lembrasse, preferiria propor investimentos no transporte coletivo e outras formas não-motorizadas, diminuindo o problema de circulação intra-urbana. Quando vai para a Europa em feiras de mobilidade adora andar de ônibus, mas quando chega no Brasil propõe elevados. Isso é muito Clarikennedy!

2 - O uso de diárias da Assembleia Legislativa para "visitar" Joinville, em um escândalo denunciado pelo Chuva Ácida. Preciso falar mais? E o deputado nem estava na cidade, em desacordo com o relatório apresentado. Isso é muito Clarikennedy!

3 - A transferência das obrigações da Prefeitura para a iniciativa privada, através do "cheque-consulta" ou do "vale-creche". Se ele for eleito Prefeito, é para criar mecanismos públicos que atendam os cidadãos, e não transferir o problema para empresários ou profissionais que visam lucro com suas atividades. Isso é uma falsa social-democracia travestida de "resolução dos anseios das pessoas". Isso é muito Clarikennedy! A minha visão de Estado não é a mesma dele. Simples assim.

Por estas e outras que milhares de pessoas fazem questão de sempre chamá-lo de Clarikennedy. O fato dele ser pastor e utilizar-se da igreja para seminários de lideranças, cantar no seu grupo dedos de david, sair do PP e ir para o PSD em um projeto essencialmente pessoal, ter um vice representante de uma entidade empresarial e ser um dos principais defensores do trágico governo Raimundo Colombo não influenciou diretamente em minhas opiniões. As propostas pesaram mais. Salvo melhor juízo, é assim que deveria ser construída a rejeição ou a intenção de voto, por mais que o preço de uma câmera de vigilância ou a renúncia do salário de Prefeito pareçam ser mais importantes.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Por que Udo Dohler não será o próximo prefeito? (reedição)


POR JORDI CASTAN
A possibilidade de que Udo Dohler seja o próximo prefeito de Joinville é cada dia menor. Não porque ele não seja a melhor opção, mas porque não gostamos de alguém que ponha ordem e faça as coisas andarem direito. Preferimos a bagunça, a desordem, a procrastinação e, principalmente, a politicagem.



Entre as muitas críticas que o candidato Udo Dohler recebe, não há questionamentos nem à sua capacidade de trabalho nem à sua competência como gestor ou empresário. Mas a maioria do eleitorado não parece considerar que sejam virtudes ou pré-requisitos para o próximo prefeito. Há entre o quadro de funcionários públicos um grupo de gente avessa ao trabalho duro e, evidentemente, Udo Dohler não deve esperar os votos deste segmento.Outro grupo que não deve apoiar a sua candidatura é formado pelos eleitores que vendem o seu voto por cestas básicas, carradas de barro, algum emprego de terceiro escalão ou qualquer tipo de benefício semelhante. Mas o segmento em que menos votos deverá angariar é aquele composto pelos crédulos, ingênuos, ignaros e estultos que parecem formar a maior parte do eleitorado local, se considerarmos os resultados do primeiro turno. Esse eleitor que ainda acredita em soluções fáceis, em alcançar o sucesso sem trabalho, em prosperar sem esforço. Aqueles que acreditam na fala mansa e no discurso emotivo. São os mesmos que na escola ou na faculdade não gostavam do professor que dava tarefa, que exigia que o aluno estudasse, que dava notas baixas para quem não se esforçava.




A nossa sociedade insiste em acreditar que é possível melhorar, crescer e desenvolver só torcendo, sem suar, sem que haja compromisso. Há sempre quem vende esta ideia e  quem a compra. A última vez que um candidato gerou uma esperança descabida no eleitorado e fez promessas que não foram cumpridas, o resultado foi um elevado índice de rejeição. E o candidato, lembremos, nem chegou ao segundo turno.

Agora de novo o eleitor parece estar se deixando encantar pelo canto das sereias. É mais fácil escutar a música eufônica e a conversa fiada do que acreditar no discurso carrancudo e sem graça que oferece só trabalho, esforço e economia na forma de administrar a cidade. 

Neste quadro, Udo Dohler não tem a menor chance.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A coligação KCT e a merda

POR GUILHERME GASSENFERTH

Fisiologismo. Você sabe o que é, leitor joinvilense? É o nome chique para se falar de troca de favores, ações e projetos para benefício de interesses individuais (sempre em detrimento dos coletivos), nepotismo e oferta de cargos a apoiadores sem competência.


Nosso maravilhoso idioma deu-nos a possibilidade de juntar todas estas porcarias sob um só substantivo: fisiologismo. Não é à toa que nos remete a necessidades fisiológicas, que associamos ao que, coloquialmente, conhecemos por MERDA. 

Perdoem-me os bem educados e os recatados, mas é de merda mesmo que vamos falar. O que é esta aliança que se formou nas eleições de Joinville? O papel de fisiologista que, nos últimos anos, coube ao PMDB, local e nacionalmente, agora mudou de mãos radicalmente. Kennedy Nunes, um lunático que viveu a sua vida às nossas custas e nunca trouxe benefícios aparentes de seu “trabalho” (doeu escrever isso!) como legislador em 24 anos, juntou-se a dois candidatos que outrora (semanas atrás) desprezava: Carlito Merss e Marco Tebaldi.

Bem, de Tebaldi o que poderíamos esperar? Não bastasse ter feito merda no governo municipal (que ironia para um engenheiro sanitarista!), ter cometido o maior crime ambiental da história de Joinville e ter destruído a educação pública estadual, Marco Tebaldi se achou no direito de sair candidato de novo. Bem, pelo menos agora a população deu o troco: 4º lugar nas urnas. Volta, Tebaldi, pra Erechim!

De Carlito Merss eu gosto. Não acho que tenha feito um ótimo governo, mas o julguei satisfatório e acredito que, num segundo mandato, corresponderia às expectativas dos quase 200 mil eleitores que votaram nele, em 2008. Mimimis à parte, não deu pra ele! Vítima de uma imprensa alimentada a jabá, da impopularidade de obras como saneamento básico e da incompetência de vários de seus liderados, Carlito amargou a derrota e não conseguiu o visto da população para continuar no gabinete da Hermann Lepper, 10.

Parece que a derrota não lhes caiu bem, fazendo mal não só pro fígado, mas, principalmente, pra cabeça. Em menos de 10 dias, após a eleição, estes dois candidatos, derrotados, declaram apoio a Kennedy. Juntos, formam a sigla KCT, cunhada brilhantemente pelo nosso coblogueiro Sandro. Essa sigla é perfeita.

A coligação oportunista pra KCT seria inadmissível num sistema político sério. Bem, como falamos em seriedade, já dá pra tirar Tebaldi e Kennedy. Não tínhamos como esperar coerência ou bom senso destes dois: coerência e bom senso versus Tebaldi e Kennedy são como água e óleo. Kennedy rasgou todo o seu discurso (tão frágil que deve ter lhe bastado um peteleco) e recebeu apoio de seus alvos favoritos. Como é lindo o divino poder do perdão!

Mas Carlito Merss e o PT apoiando Kennedy Nunes? Foi um golpe duro na artéria da moralidade. É tão incompreensível quanto a galinha associar-se à raposa. Quando assumiu, Carlito foi vítima dos verborrágicos e teatrais lamentos de Kennedy Nunes, o qual retirou o apoio que ajudou Carlito a ser eleito. Mudando de lado num passe de mágica - como é próprio dos pessedistas - digo, oportunistas. Kennedy manteve relação beligerante com nosso ainda atual prefeito. Por quatro anos, Carlito foi bombardeado nas páginas do jornaleco de risível credibilidade que dá suporte ao deputado-cantor e foi corroído pela ironia destilada, como veneno, por Kennedy.

A união de PT e Kennedy seria cômica, não fosse trágica. Não é apenas pelo esquecimento das diferenças de dias atrás, mas, principalmente, pela incompatibilidade de posicionamentos, crenças e ideologias (foi duro escrever esta palavra). Na história, PT é esquerda e PSD é direita. O PT combatia o PSD. O PT tratava o PSD como o diabo! O PSD torturava e o PT buscava anistia. Como pode o PT do Lula, que ali, na praça Dario Salles, mandou extirpar os Bornhausen de nossa política, estar quatro anos depois, associado ao partido deles?

PT e PSDB, ambos nascidos do MDB, lutaram juntos pela redemocratização, pelos direitos humanos, pela anistia, pelas diretas, pela liberdade. Hoje, PT e PSDB juntaram-se à ex-ARENA não para defender ideais, mas cargos; não por um projeto político, mas por um projeto de poder; não pelo povo, mas contra o povo. É a tetodependência, como disse o Baço.

O asco que sinto neste momento é tanto que eu rasgo o que escrevi na última sexta-feira e tomo partido publicamente: anti-KCT. Eu não posso apoiar esta composição esquisita que estão fazendo debaixo dos nossos narizes, diante dos nossos olhos. Dar meu voto a eles é legitimar o ilegítimo e dizer sim ao fisiologismo. Pelo menos, juntaram-se as moscas sobre a merda. Fica claro de que lado é preciso ficar. À política nojenta, eu digo um claro e sonoro NÃO! Fica declarado, em alto nível e bom tom, meu voto em Udo Döhler.

Espero que, no dia 28, a população joinvilense (em quem eu vi alguma esperança após o quarto lugar do Tebaldi) faça, nas urnas, o papel que Lee Harvey Oswald fez nas ruas e mate, politicamente, Kennedy Nunes. 

RECOMENDO A TODOS QUE ASSISTAM À COERÊNCIA DO KENNEDY NUNES NESTE VÍDEO: http://www.youtube.com/watch?v=fPzXseuxvco

CENSURADO PELO FACEBOOK - aproveito também para mandar o link da imagem que foi censurada pelo Facebook e tirada do ar (deve estar incomodando), que mostra o deputado usando diárias de R$ 670,00 para prestigiar seus filhos no colégio. https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/c0.0.403.403/p403x403/578559_375584732521078_167615277_n.jpg 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Charlatões messiânicos

POR JORDI CASTAN

Nestes dias, circula na rede um vídeo que mostra um conhecido político local ocupando o microfone durante horas a fio. A capacidade que este pessoal tem para falar durante horas sem dizer nada de novo é extraordinária.  Mas a insanidade é tanta que por vezes fica difícil, para o espectador, separar a realidade da alucinação.

É um delírio. Na sua homilia, o pregador cita uma das epístolas de Mateus aos Corintianos (ou seria aos Coríntios?). Nem lembro direito, mas tenho memória de estar escrito que, caso o outro candidato fosse eleito, cairiam sobre Joinville todas as pragas bíblicas, de forma simultânea. Desde uma chuva de meteoritos até à conversão dos rios em sangue, passando pela pior de todas: a volta dos dois turnos na prefeitura. 

Ante o olhar de estupor do público, o pregador se anima e cita outra epístola, esta de João aos Fluminenses (ou seria aos Filipenses?). Desculpem, mas tenho uma verdadeira dificuldade para lembrar alguns nomes. Brada o pregador,  convertido de vez num charlatão messiânico, que se o nome do outro candidato fosse pronunciado de trás para frente representava em aramaico clássico o nome de Lúcifer. Quem o pronunciasse estaria convocando o demo em pessoa. 

Chegando neste ponto uma senhora da terceira fileira desmaia e é rapidamente atendida. Os gritos de aleluia, proferidos ao uníssono por alguns membros da plateia, são o disparador para que todos simultaneamente iniciem a declamação do mesmo mantra:  “aleluia, irmãos, aleluia”. E a plateia, formada principalmente por crédulos e fanáticos em transe, criam o momento propício para entrar na fase seguinte do discurso. 

Qual a  nova Joinville que surgiria caso o pregador fosse eleito? Seria a versão terrena do jardim do Éden. Frutas maduras cresceriam nas árvores de ruas e praças. Haveria um transporte público econômico e de qualidade. Quem não quisesse usar o ônibus, poderia usar o VLT, bicicletas ou simplesmente levitar. Elevados pipocariam como cogumelos e todos os gargalos do trânsito serão resolvidos como por milagre. 

As filas na saúde iriam desaparecer, porque as pessoas nesta nova administração não adoeceriam mais. Nas creches, vagas disponíveis para todos. Os salários dos professores  equiparados aos dos senadores da República e ainda com o décimo quarto e décimo quinto salário, para que não falte dinheiro no bolso. Nossas praças teriam mais flores e nossos rios mais peixes.

Uma nova Joinville surgiria desta administração que conta, desde já, com a proteção do Senhor, com a benção de Deus e com a colaboração dos anjos, dos arcanjos e até dos querubins. Seriam justamente os arcanjos os encarregados de fechar todos os buracos das ruas da cidade e de deixá-las horizontais como canchas de bolão.

Mas esta Joinville dos milagres só seria possível se todos os participantes do culto, seus amigos e parentes votarem no candidato que, tendo comunicação direta com o Senhor, poderia operar o milagre de voltar a fazer de Joinville uma cidade próspera, feliz e dinâmica.

O problema é que há cada vez mais gente que acredita nesses milagreiros e estão dispostas a embrenhar-se de novo numa aventura de alto risco.

Fim.

Em tempo: a irrupção na política das chamadas bancadas evangélicas não é um fenômeno restrito ao Brasil. Nos Estados Unidos também é conhecida a força retrógrada da bancada pentecostal. A direita ultrarradical encontra nela seus maiores expoentes. Em nada divergem do radicalismo islâmico ou dos talibãs, porque os extremos radicais se unem em torno de um único objetivo. A tomada do poder político através do uso da religião e da exploração da ignorância e a crendice.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Hora de se manifestar de novo

E agora? Qual é a sua escolha para prefeito no segundo turno? Prefere Kennedy ou acha que Udo será a melhor opção?
Opine, todos queremos saber qual é a sua opção.
Coloque na forma do comentário o seu palpite.
Agora melhoramos o prêmio e vamos sortear entre os apostadores, a oportunidade de saborear uma (1) empada do Jerke e uma (1) cerveja. O nosso tesoureiro decidiu abrir a mão.
Não aceitaremos palpites de anônimos  Dê seu apelido, aliás, nick, aceitamos inclusive o seu nome verdadeiro.

Participe. Pode opinar quantas vezes quiser.

Você e as eleições

POR GUILHERME GASSENFERTH


Eu havia começado a versar um texto sobre o resultado das urnas na campanha eleitoral de Joinville. Estava prestes a tecer críticas aos eleitores pelo desempenho de alguns candidatos os quais considero muito ruins e inadequados à Câmara de Vereadores. Quase escrevi um texto falando sobre as questões religiosas que influenciam na escolha dos cidadãos e de como se vota errado na cidade. Ia dizer que estava começando a torcer pro mundo acabar mesmo dia 21 de dezembro. Mas aí, refleti sobre minhas ideias e cheguei a duas conclusões às quais compartilho com vocês, leitores.

Primeiramente, assustei-me com a minha carga de egocentrismo e arrogância. Então, quer dizer que EU sei o que é o certo pra cidade, e milhares de eleitores é que estão errados? Mais humildade, Guilherme! OK, não posso desconsiderar o fato de que, além de eu ter feito faculdade de ciências políticas por um ano, leio e pesquiso muito sobre o assunto. Também é verdade que tenho provavelmente mais instrução e acesso à informação que os eleitores daquele vereador que diz que “creche não precisa de professor”, por exemplo.

No entanto, as pessoas têm as suas razões. Pode que sejam razões desprezáveis, como uma prótese dentária nova ou uma cesta básica (ou ainda um poste, moeda de troca de um vereador joinvilense que não foi reeleito). Há gente que vota sem qualquer critério válido, como aparência do candidato ou carisma. Existe também o eleitor que imbuído dos mais questionáveis interesses pessoais, como cargo, favorecimento ou status, sufraga o candidato que será melhor pra si, pouco importando a cidade. Mas há pessoas que, legitimamente, acreditam que candidatos os quais eu desprezo sejam o melhor pra cidade. Como poderia eu julgá-las?

Há pessoas que votam em quem é da sua religião. Particularmente, eu jamais votaria em algum candidato kardecista simplesmente por também sê-lo. Para mim, é tão fundamentado quanto votar pra vereador em alguém cujo prato favorito também é aquele cachorro-quente ao lado da DPaschoal (não é tão bom quanto o teu, Simone, mas aquele eu como a hora que eu quiser!).

A segunda conclusão, que mais me chamou a atenção, foi o fortíssimo pensamento de eximir-se de responsabilidade. Eu já estava pensando: “como podem votar em fulano, aquele candidato pilantra” ou ainda “povo burro, vota no fulano e depois vem reclamar”, sem falar no clássico “cada povo tem o governo que merece”. Neste meu pensamento arrogante veio à tona não só o egocentrismo de achar que o meu ponto de vista é sempre o que deve balizar o pensamento alheio, mas também a ideia de que OS OUTROS é que estão errados. OS OUTROS que votaram no candidato ruim. OS OUTROS fazem a sociedade pior.

Epa, peraí! Você (e eu) faz sua parte? Paga TODOS os impostos, sem mencionar um curso de faculdade inexistente na sua declaração de IR só pra restituir mais? Você pensa sempre na coletividade antes de pensar em si? Você é um cidadão que respeita todas as leis de trânsito? Será que devolve o troco dado errado? Você nunca colava na escola? Será que nunca votou num candidato corrupto porque ele seria melhor para sua empresa, para o seu emprego, para o seu bairro, para a sua rua, para a sua família, mas não necessariamente para todos?
Vamos adiante: você cobra seus políticos ou acha que eleger é sua única responsabilidade? Você clama por mais educação, por mais transparência, pela aplicação correta dos impostos que paga, por justiça social, por saúde preventiva? Você faz trabalho voluntário por entender que sociedade somos todos e, com esforços combinados, faremos nossas sociedades serem o que queremos? Você dá condições para que seus colaboradores estudem? Incentiva o filho da empregada doméstica a ir bem na escola? Você educa os seus filhos, ensinando-os desde crianças a não passarem por cima dos outros? Incentiva-os a estudar, a ler, a opinar, a não obterem vantagens ilícitas, a serem cidadãos, a respeitarem os outros, a amarem o próximo, a darem bom dia, dizerem obrigado ou a serem gentis?

A pergunta que resume tudo é: VOCÊ DÁ O EXEMPLO? Se alguém pudesse saber TUDO o que você faz, mesmo aquelas que você faz em segredo, e expor num outdoor ao lado de sua foto, você teria orgulho de si?

Meus amigos, a menos que algum de vocês (infelizmente não é o meu caso) tenha respondido “sim” para TODAS as questões acima, pare de condenar os outros e canalize suas energias para sua reforma íntima. Se a sua resposta pra qualquer pergunta acima tiver sido “não”, lamento informar que os candidatos eleitos são responsabilidade nossa, que a corrupção é responsabilidade nossa e que tudo o que há de ruim, imoral e ilegal na prefeitura, na Câmara, na Assembleia e no Congresso e em toda a sociedade é culpa NOSSA.

PS: obrigado à competente e querida Jozi Elen pela revisão no texto :)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Os leitores do Chuva Ácida votaram

É 25,24% dos nossos leitores votaram num segundo turno entre Kennedy e Udo Dohler,
23,60% acreditaram que o segundo turno seria entre Udo Dohler e Marco Tebaldi,
e ainda 21,28% votaram na possibilidade que o segundo turno fosse entre Carlito Merss e Udo Dohler.

Um quarto dos leitores que responderam a enquete indicaram a opção certa.

As próximas batalhas

POR JORDI CASTAN

Acabado o primeiro turno das eleições, todos os olhares se voltam para os próximos embates. Enquanto todos estão mais atentos à movimentação dos dois candidatos que estarão no segundo turno, é bom acompanhar com atenção os bastidores da nossa Câmara de Vereadores.

Um dos temas que deveria merecer toda a atenção são as reuniões a serem realizadas pelos vereadores que ainda compõem as poderosas Comissões de Urbanismo e de Legislação. Os vereadores que formam estas comissões, acrescidos dos que tampouco se reelegeram, tem se convertido, desde o dia 7 de outubro, em autênticos mortos vivos, zumbis políticos, que gozam de uma confortável maioria na
Câmara.  Se não houver um forte controle da sociedade, este grupo de 12 vereadores não reeleitos poderia, hipoteticamente, aprovar leis impopulares, numa forma de "dar o troco" aos eleitores que não os reconduziram. Numa forma de vingança ou de desforra.

Não é casualidade que os eleitores tenham dado uma resposta tão contundente. Em rigor, os únicos vereadores não escrutinados pela população foram Lauro Kalfels e Dalila Leal, que optaram por não se recandidatar. Os demais perderam a eleição. A sua atual situação política faz que seja mais necessária a atenta vigilância da sociedade organizada, para identificar qualquer iniciativa que tenha como objetivo aprovar, de forma intempestiva ou até truculenta, a LOT - Lei de Ordenamento Territorial.

Vale lembrar. Se aprovadas, as mudanças inicialmente propostas alterariam, de forma substancial, tanto o perímetro da cidade como a capacidade para construir e especialmente verticalizar áreas onde hoje não é permitido. Desnecessário dizer que há muita gente interessada em colher dividendos financeiros por conta destas mudanças de zoneamento. Aliás, quando sejam divulgadas as contas de campanha será possível identificá-los como doadores. Permanecerão em muitos casos dúvidas sobre a quantidade de cavaletes, placas, material de campanha, a equipe contratada e os valores declarados, e pode até ser que estas dúvidas nunca fiquem suficientemente esclarecidas.

A nova composição do Conselho da Cidade, que surgirá da próxima conferência da cidade, permitirá corrigir os erros cometidos na sua edição anterior e ainda garantirá uma maior participação da sociedade civil. Joinville terá, a partir deste momento, uma nova oportunidade para debater a LOT, de forma democrática e participativa, realizando as audiências públicas exigidas pela lei e outorgando a nova proposta uma legitimidade que a atual não tem, como foi destacado pelo Ministério Público e reconhecido pelo próprio prefeito Carlito Merss, que precisou anular os decretos 18007 e 18008 de 12.07.2011 para corrigir os erros e desatinos cometidos.

Neste quadro político, não há a menor condição de legitimidade aos membros da comissão de urbanismo para tentar impor a aprovação de uma lei tão importante sem que sejam cumpridos todos os trâmites e etapas legais. O fato de não terem sido reconduzidos pela soberana decisão do eleitor quer dizer, entre outras coisas, que a gestão da Câmara de Vereadores não foi referendada pelo voto.

Como cidadãos não podemos permitir, de novo, que leis que interferem diretamente sobre nossas vidas e patrimônio sejam aprovadas no apagar das luzes do  mandato legislativo e executivo municipal, como desejam fazer com a LOT.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Os Carlitos, Leonéis, Bisonis e Maycons deste 1º turno

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

As pessoas até podem achar que é imaturidade, ou simplesmente uma ignorância. Entretanto, comemorar a não-eleição de uma pessoa que você acredita ser a pior opção para esta cidade, também é um ato de cidadania, pois você teoricamente sabe qual é a melhor. Lamentar, caso algum dos "ruins" tenha alcançado sucesso, é a antítese do voto. Simples assim. Ao final deste primeiro turno, estes são os sentimentos mais fortes em cada coração que pulsa a cidade, que sente o chamado para seu dever.

Apesar da reeleição de apenas nove dos atuais dezenove vereadores, Joinville acompanhou muita gente boa ficando de fora, muita gente ruim no seu merecido lugar (longe de uma cadeira na Hermann Lepper), ou, como no caso de alguns, péssimos e espertos o suficiente para serem eleitos. Falar de Bisonis e Maycons da vida é falar destes ruins e/ou espertos que entristecem a política e faz sentirmos nojo (mesmo que por alguns segundos) da tal democracia e do sistema de eleição para o legislativo. Cabe agora aos cidadãos de bem aumentarem a pressão pra cima destes.

Os que comemoram e lamentam, também podem ser os aliviados. Sentir que aquele candidato, extremamente eficiente no que fazia antes de sua atual atribuição, poderá voltar ao seu lugar, o qual faz sentir-se em casa. A cidade poderá ter uma voz ativa em outros níveis, novamente. Falar de Carlitos da vida é assim. O alívio pode vir também pelo "cala a boca" que alguns levaram, por não acreditarem em pesquisas ou por desfazerem amizades, desqualificarem profissionalmente e todos os outros argumentos fúteis que surgem como confronto perante a antítese do voto. Alguns, como sintomas deste alívio, soltam o grito que estava por tanto tempo entalado na garganta, juntamente com uma onda de risos. Do jeito que andam as coisas por esta cidade, faltará garganta para tanto grito, e boca para tantos risos. 

Outra impressão: ter um posicionamento político diferente, apenas por convicção, sem se vender, é pior que qualquer cerceamento da participação popular, e talvez mais escandaloso que um homicídio, para uma boa parte das pessoas. O lugar de quem pensa assim deve ser a ala psiquiátrica do hospital mais próximo. Quem comemora, lamenta e fica aliviado sabe o que é melhor para si e para os outros. Aquele que vota, e acha que cumpriu com suas obrigações por quatro anos... finge que sabe!

Este cidadão que vive a cidade e sabe as reais necessidades do todo, também fica esperançoso. Sabe que existem vários Leonéis espalhados por Joinville e que fazem a diferença. Na urna, ou fora dela. Esta esperança é a responsável pelo funcionamento da caneta de um professor, da pá de um pedreiro ou da defesa de um advogado. É o mesmo sentimento de quem espera pela liberdade de expressão e participação nos rumos da cidade ou pelo fim da fila em um PA. É o sentimento que move as vidas em uma cidade, principalmente daqueles que comemoram, lamentam; sentem nojo ou alívio, e têm esperança. É a vergonha na cara de quem sabe dizer, antes de tudo, o que não quer para si e para os outros.

sábado, 6 de outubro de 2012

Política é assunto chato?


POR FERNANDA POMPERMAIER

A eleição próxima a acontecer e eu ainda vejo joinvilense reclamando nas redes sociais que "política é assunto chato".

Não vou me esforçar para diferenciar política de politicagem ou falar da irritação do brasileiro com seus políticos corruptos porque esses o mundo inteiro conhece.

Vou, é expressar o meu descontentamento com a falta de receptividade para a discussão. Parece que a maioria já está convencida, tem opinião formada sobre tudo, não tem nada mais para aprender ou repensar.

Quando foi que discutir política virou assunto chato? Esses escolhidos vão tomar decisões que influenciarão diretamente nossa rotina. Isso não é importante?

Eu bem lembro da reação das pessoas quando você exige seus direitos em Joinville: é a chata do tudo certinho. O comportamento superior é aquele do “deixa pra lá”, “mas naquela loja eu não piso mais”.
E aí as coisas não melhoram nunca, né. Como vão melhorar?

Aqui na Suécia, direito do consumidor é coisa séria. Reclamou? Recebeu o dinheiro de volta ou outra mercadoria nova. Silêncio na vizinhança? Sempre. NUNCA ouvi música alta na rua nem vinda de casas, nem de carros, raramente ouço buzinas, faixa de pedestres é sagrada, os serviços públicos funcionam 100% e são iguais para todos: saúde, educação, bons asfaltos, transporto coletivo que funciona...Enfim, não é de graça que a sociedade sueca é assim. Ela foi construída com muito envolvimento do povo nas decisões. As pessoas não tem vergonha de discutir política, de expor suas opiniões, de elogiar esse ou aquele partido ou de reclamar. Para se ter uma ideia votar não é obrigatório, mesmo assim o índice de participação fica sempre entre 80 ou 85% da população. Esse é um assunto tão sério que é incentivado desde a infância. As crianças crescem tomando decisões importantes nas escolas, elegendo representantes , sugerindo mudanças ou fazendo passeatas.

De qualquer forma, a minha torcida é pelo debate, pela discussão, pelos questionamentos, pela mudança de opinião. É assim que a gente muda cabeças que vão mudar nossa sociedade. E todos queremos algumas mudanças, não é?!

Fernanda é joinvilense, professora de educação infantil e mora na Suécia há quase 2 anos. Escreve o http://vivernasuecia.blogspot.com.br/

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Meu sonho de Joinville


POR GUILHERME GASSENFERTH

Há algumas semanas, li um manifesto do eminente artista joinvilense Juarez Machado, versando sobre seus desejos para Joinville. Embora eu seja comparável ao filho ilustre da cidade somente na minha paixão pela cidade que nos acolhe, também quero escrever uma carta aos candidatos. Melhor, uma carta a todos os joinvilenses, porque não apenas os políticos fazem Joinville, pelo contrário. Sem a pretensão de ser bela como a dele.

Caro joinvilense, quero dividir alguns dedos de prosa com você. Assim como a maioria dos joinvilenses, eu não sou nascido aqui, mas amo minha cidade. Mesmo quando viajo por poucos dias, logo sou tomado por uma nostalgia de Joinville. É a saudade do que só se vive aqui. Saudade da minha cidade cercada por área verde e água. Saudade do hábito de parar tudo pra tomar um café na padaria mais próxima. Saudade de ver a bandeira do Brasil tremulando na praça Nereu Ramos. Saudade da cor dos ônibus, do éééééégua, da limpeza das ruas, das flores dos jardins. Mas mesmo com este mal-acabado ensaio de canção do exílio à Dona Francisca, não me furto de perceber que a cidade tem enormes desafios.

Joinvilenses candidatos, eis aqui o que sonho pra Joinville e compartilho com vocês. Disse o poeta Raul Seixas que  “Um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. Vamos sonhar juntos?

O que acham de cidade com mais praças arborizadas, com coretos ou palcos para apresentações culturais espontâneas? Penso também em um parque, enorme, lindo, arborizado, com lago, com trilhas, com uma concha acústica, com choupanas, com banheiros, com acessibilidade, com uma lanchonete, com brinquedos pras crianças e pros adultos que não envelheceram, com quadras e muita contemplação à natureza, à vida e às pessoas que ali circulam. É difícil, né? E se uma empresa assumisse a bronca, criando um parque aberto com seu nome, tipo “Parque Tigre”, ou “Parque Tupy”, ou ainda “Parque Docol”? Ou qualquer empresa que seja, que possa comprar uma área verde e dar à cidade, ganhando com o marketing mas também com o desenvolvimento da cidade onde está instalada? O Haroldo concordou comigo!

Sonho com uma Joinville onde seja valorizado o futebol, porque todos nós gostamos de ver nosso tricolor campeão, mas onde também sejam valorizados esportes menos tradicionais. Tivemos agora a Tamiris de Liz nas Olimpíadas, tivemos bravos atletas paralímpicos, temos os Jogos Abertos de SC (que vem pra cá em 2013)... mas temos pouco apoio. Dia desses atletas de um time de vôlei ou basquete vendiam rifas a R$ 2,00 para poderem representar Joinville num campeonato, porque ninguém lhes apoiava. E volto a lembrar do potencial turístico mas também esportivo da nossa Lagoa do Saguaçu, que poderia ser palco de competições de remo, jetski, canoagem, vela, entre outras. E lembro do Felipe Silveira falando de que as praças precisam de outros esportes além do skate.

Na minha cidade ideal, as calçadas são bem feitas, acessíveis, padronizadas, com meio-fio elevado e rebaixado onde precisa ser, possuem canteiros com flores e são limpas, muito limpas! Um espaço onde possam caminhar com tranquilidade a senhora idosa, o cego, a trabalhadora, o pai empurrando o carrinho do seu bebê, a cadeirante e o jovem com sua mochila a caminho da escola. Certo, amigo Mario Silveira?

Joinville com mais árvores! Árvores, caros governantes, nunca são demais, pelo contrário – sempre estarão faltando, sempre caberá mais. Quero uma praça cheia de ipês-amarelos. Já pensaram que lindo espetáculo seria descortinado uma vez por ano? Beleza efêmera mas intensa. E uma praça com jacatirões, emanando sua beleza tricolor. E uma outra praça cheia de bougainvilleas. E uma cheia de azáleas. Quero nossa cidade das flores abarrotada de flores para todas as estações! Quero a cinza João Colin com árvores nas calçadas. Quero as ruas dos bairros com mais cores, flores e verde, e menos sujeira e menos poluição visual. Dá ou não dá, Jordi?

Se você for eleito, candidato, prometa que irá trabalhar dia e noite para que Joinville seja uma cidade pra todos. Uma cidade onde seu sobrenome germânico não te faça melhor que ninguém, e onde um paranaense seja tão importante quanto um joinvilense ou um gaúcho. A cidade que a mulher, o gay, o negro, o pobre, o ateu e os deficientes são respeitados, mas onde também há respeito para o homem, o hetero, o branco, o rico, o evangélico e os que têm seu corpo e mente plenos. Quero que todo joinvilense, de nascimento ou de adoção, seja tratado como semelhante não só pelo governo, mas por toda a sociedade. Você concorda, Emanuelle?

Gostaria de ver um enorme teatro municipal, lindo, glamouroso, grande, com qualidade europeia. E ver o Libração, a Dionisos e outros grupos lá! Mas também quero ver espaços de cultura nos bairros, com salas de cinema, teatro, música. Quero a Casa da Cultura restaurada funcionando cheia! Gosto de imaginar ver a cidade com os museus vivos, interativos. Já pensaram que beleza o nosso Museu da Imigração com um espetáculo de som e luz diário, à noite, mostrando o cotidiano dos imigrantes? Meu amigo Paulo da Silva já pensou! Já imaginaram que lindo você poder sair do Museu do Sambaqui com uma visita guiada a um sítio arqueológico onde você pode pisar e tocar em tudo? Conseguem imaginar o visitante indo no Museu do Bombeiro e vestindo um galé e apagando um incêndio simulado? Ideia do amigo Adriano. E o Museu da Chuva, hein, Baço? Sonho junto contigo este sonho! Penso na Joinville onde há espaço para a arte urbana, para o hip hop e pra música erudita, para a cultura germânica, pra italiana, pra africana e pra brasileira! Vejo uma Joinville com festivais de música nos bairros, com apresentações em todo o lugar.

Joinville pode ser uma cidade que é referência em dança não só por dez dias, mas no ano inteiro.  Como já disse o Pavel, Joinville só será a cidade da dança quando os joinvilenses dançarem. É por isso que iniciativas como o Dança nas Empresas, do Laboratório Catarinense, devem ser disseminadas. Dança nas empresas, nas escolas, nas ruas, nas casas, nos bailes. Germânicas, ballet, populares, gaúchas, urbanas, clássicas. O Maycon que o diga. E quando toda a cidade estiver dançando, aí sim, uma universidade de dança! Dança, Joinville!

Minha Joinville platônica está em todas as agências turísticas do Brasil, como uma opção para os visitantes que queiram conhecer a cidade fantástica que somos! Né, Serginho? Joinville tem um belíssimo potencial turístico. A linda baía da Babitonga, a Lagoa do Saguaçu e o Rio Palmital subaproveitados. Nossas montanhas e serra, deslumbrantes, com mata atlântica intocada, com cachoeiras lindas, com florada de hortênsias, com trilhas místicas... e ninguém faz nada. A zona rural, única, fantástica, pronta pra ser desvendada. Falta mobilização nossa, não é dona Mery? Equipamentos de eventos mais adequados, como defende o Kobe e outros, para Joinville receber mais eventos, captados pelo amigo Giorgio e sua equipe. Candidatos joinvilenses, invistam no turismo, pois nós temos muito potencial por aqui.

No embalo do turismo, vem a gastronomia. Nossas empadas, nossa cerveja artesanal, o strudel de maçã, a gastronomia molecular do Poco Tapas, a experiência de participar do Lírica Kneipe na última quarta-feira do mês... tudo são atrações turísticas, para os joinvilenses e para os visitantes! Com um pouco mais de criatividade e investimento podemos fazer uma revolução na nossa cidade. E pra criatividade gastronômica, taí o Setter!

Caros candidatos, não esqueçam que Joinville não é uma ilha. Temos cidades à nossa volta, e como maior cidade da região, temos a obrigação de chamá-los para planejarmos juntos nosso crescimento e desenvolvimento. Não dá pra pensar em saúde, desenvolvimento econômico ou transporte coletivo sem sentar com Araquari. Não se deve pensar em turismo sem envolver São Chico! Ou educação superior sem conversar com todos os vizinhos. É preciso capitanear e liderar o processo de integração regional. Tenho certeza que o Charles concorda!

Na área da saúde, eu gostaria de ver Joinville atuando preventivamente. Pelo menos dobrando a cobertura do Programa de Saúde da Família, investindo ainda mais em saneamento básico (que é bem mais que esgoto, como me informou o Gollnick), melhorando a alimentação nas escolas, prosseguindo no investimento em fitoterápicos que a Prefeitura iniciou, incentivando a saúde na educação e informando a população. Mas quando a saúde reativa for necessária, que os órgãos todos conversem e estejam preparados para atender melhor o cidadão. Nós, cidadãos, é que temos que ser a prioridade de qualquer sistema de saúde. Se o Regional tem quatro aparelhos de qualquer coisa funcionando e o São José está sem, o cidadão não pode pagar por isso. Cabe aos governantes articularem o atendimento para que a sociedade seja mais saudável. Não é tão difícil, não precisa investir um centavo a mais, é só gerir bem o recurso e pensar bastante.

Não só eu, todo o joinvilense quer um sistema de mobilidade melhor. Sonho com um transporte coletivo tão bom que eu nem precise pensar em deixar o carro na garagem pra sair de ônibus. E tem gente boa pra ajudar a pensar neste assunto, olha o Romney aí. Ônibus confortável, sem solavancos, sem ruídos excessivos, com temperatura adequada, que ande sem chacoalhar os ocupantes como o Norte Sul na Rua Blumenau. Quero um transporte integrado com bicicletas, que eu possa descer no terminal, emprestar uma bike pra fazer o que eu quero. E falando em bikes, queremos ciclovias descentes, com início, meio e fim! Se não dá pra fazer nas avenidas, escolham as ruas mais calmas pra implantar a ciclovia. Mas façam! E concordo que a prioridade deva ser o coletivo, mas não esqueçam da estrutura viária. Felizmente vão duplicar a Santos Dumont, mas vejam também a zona Sul, que está com sérios gargalos, principalmente na Monsenhor Gercino e na Guanabara. Na XV já estão mexendo.

Não devemos esquecer do transporte intermunicipal. Integração com Araquari já passou da hora! E quando a viagem é mais longa, queremos o aeroporto decente, com pista mais comprida, ILS e boa frequencia de voos. E a rodoviária mais confortável, com mais facilidades aos usuários.

Queremos uma cidade sustentável, e sustentabilidade é social, econômico e ambiental, juntos! Uma cidade aberta ao empreendedorismo, para empresas que nascem aqui e para as que vêm de fora. Como seria legal criar aldeias colaborativas nos bairros, espaços multiuso que serviriam para incubadoras de microempresas e empreendedores individuais, aquecendo a economia e gerando empregos. Do ponto de vista ambiental, que tal incentivarmos a produção orgânica nos agricultores? E implantar já tratamento de esgoto nas bacias hidrográficas? E cuidar muito para que os 60% de área de mata atlântica preservada permaneçam assim?

Embora tenha ligação com o parágrafo anterior, que trata da sustentabilidade, até pulei uma linha pra dar ênfase nas questões sociais. Joinville tem muita pobreza, muita miséria e muita gente passando sérias dificuldades. São quase 5 mil pessoas que vivem à custa de bolsa família, além de outras situações de vulnerabilidade social grave. É preciso fazer um pacto entre o governo, as entidades do terceiro setor e a sociedade para amenizar a situação terrível a que alguns joinvilenses estão expostos.

Mas sem sombra de dúvida, meus caros joinvilenses, nossa maior luta, nossas energias e nosso esforço devem ser canalizados para a educação. Falamos de saúde, e a saúde começa na escola, com ensino de higiene e asseio, além da conscientização sobre assuntos relacionados. De que adianta limpar os rios se os estudantes não estiverem conscientizados a partir da educação ambiental? Como melhorar o turismo sem qualificação das pessoas que operam os bares, hotéis, restaurantes, equipamentos, taxis? De que adianta falar de cultura se não ensinarmos nossos pequenos a gostarem de teatro, música, cinema, artes plásticas? Como falaremos de respeito ao agricultor sem ensinarmos a cultivar uma horta?

A educação é a chave pro progresso, pro desenvolvimento, pro caminhar rumo à sociedade equilibrada e justa. É preciso valorizar a carreira do professor, tanto para retribuir o que eles fazem por nós, quanto para atrair profissionais ainda mais qualificados. Temos que estruturar melhor as bibliotecas e estimular seu uso, para que nossos cidadãos adquiram o gosto pela leitura. É preciso buscar uma educação não voltada para o vestibular, mas para a vida. Isto exige inserir disciplinas como direito, economia básica, preparação para o trabalho, ética, administração, além do fortalecimento do ensino de idiomas e de matérias ligadas à cultura. Disse Nelson Mandela: “a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo”.

Gostaria de ver nossas escolas municipais sendo referências nacionais de ensino não só porque as escolas brasileiras são ruins, mas porque as nossas são de fato boas. Escolas com arborização, com estrutura adequada, com conforto para os estudantes, com bom ensino, com apoio técnico-pedagógico eficaz, com proposta pedagógica inovadora. Escolas onde ocorrem debates, onde se ensina a aceitar as diferenças e a tolerar, onde a vida comunitária inicia. Uma escola onde os pais também participam do processo não só nas reuniões de pais, mas aprendendo junto, usando a biblioteca, os laboratórios, debatendo junto.

Quero que a escolinha lá do Cubatão ou do Quiriri tenham o mesmo ensino que a escola do Paranaguamirim ou do Jardim Iririú. Que os projetos especiais de ensino integral sejam disseminados por todas as escolas. E antes que tablets, queremos professores motivados, dispostos a compartilhar seu conhecimento com os estudantes! Queremos ensino que seja interessante para o estudante da geração Y, e que a escola entenda este processo!


Nossa Joinville precisa de professores e estudantes melhores para que os candidatos do amanhã sejam qualificados, mas principalmente para que os eleitores sejam qualificados.

Este é um pedaço do meu sonho de Joinville. Nossa cidade igualitária, educada, sustentável, limpa, com qualidade de vida, motivo de orgulho pra sua gente, com oportunidades para todos e a melhor cidade para se viver no Brasil. Joinvilense candidato, deixe seus interesses pessoais de lado e faça o melhor por nossa cidade. Joinvilense eleitor, demonstre seu amor por Joinville e vote com consciência e qualidade, escolhendo quem representa de fato o melhor pra nossa cidade!