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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Escolhas e neurônios



POR SALVADOR NETO


Uma declaração feita esta semana na mais poderosa rede social causou turbulência na província de Joinville, capitania de Santa Catarina. Rosane Bonessi, a secretária de Gestão de Pessoas do governo Udo Döhler (PMDB), recém-reeleito prefeito, no auge do seu ardor pelo chefe e no calor da disputa dos votos no segundo turno de uma eleição acirrada contra Darci de Matos (PSD) escreveu o seguinte: “Já reparou que quem tem neurônio vota no Udo? Vc (sic) conhece alguém inteligente que não vá fazer isso?”

No afã de puxar o saco do chefe, chamou a todos os pouco mais de 200 mil eleitores que decidiram votar em Darci, anular, votar em branco ou mesmo não votar, dos seguintes antônimos em relação a palavra "inteligente": ignorante, pacóvio, imbecil, idiota, tonto, parvo, estúpido, estulto. Ela, professora de cursos superiores (?!), já tem um histórico de declarações contra servidores (leia aqui), agora estendeu sua superioridade e suprema humildade também aos eleitores que não pensam como ela. Nada novo no jeito de governar e tratar as pessoas que foi a marca do primeiro governo Udo, e pelo visto, também o será no segundo.

Ocorre que é preciso ensinar a esta Secretária que em primeiro lugar ela ocupa por indicação política um cargo público, portanto, é paga regiamente com o dinheiro público que vem dos bolsos destes inteligentes que votaram em seu chefe – segundo ela – mas também dos idiotas, estúpidos e imbecis – que também segundo ela não tem neurônios, tampouco são inteligentes. Ou seja, ela é paga, é funcionária dos cidadãos joinvilenses. Ela deve satisfações, trabalho, e respeito a quem é seu verdadeiro chefe: o povo. E não há registros de que a digníssima secretária tenha se retratado, também é marca registrada do atual governo que jamais se redime dos seus erros.

É bom lembrar também à professora secretária de que nascemos com mais de 100 bilhões de neurônios e com eles vamos até o fim das nossas vidas. Neurônios são as células que impulsionam a atividade cerebral. Mas elas dependem de algo fundamental, muito importante: a qualidade do conteúdo que colocarmos nestes neurônios. Se o conteúdo for ruim, grosseiro, autoritário, é lógico o resultado que teremos. Se colocarmos informações como respeito, educação, humildade, boas informações teremos resultados muito melhores. Portanto, somente ter neurônios, um que fosse, nada significaria. Mas o que inserimos de conhecimento, educação, fará com que tenhamos algo de bom a nós mesmos e às pessoas que nos cercam, isso sim faz a diferença.

O fato é que as manifestações desastradas e desrespeitosas da secretária do prefeito Udo Döhler aos eleitores merecem ação rápida do chefe. No mínimo exigir retratação pública na medida e alcance da infeliz declaração. E claro, quem sabe uma demonstração de que realmente alguém manda na gestão, com a substituição da secretária. Ambas as coisas dificilmente acontecerão porque há traços inequívocos de autoritarismo nas informações contidas nos neurônios tanto do chefe quanto da sua subordinada. O resultado? É este que lemos nas redes sociais e vemos no dia a dia da gestão peemedebista.

Eleição, Secretária, nada tem a ver com neurônios e a quantidade que cada ser humano tem em seus cérebros. Tem a ver com escolhas que cada eleitor faz. E as faz com o que tem de informações contidas, e claro desenvolvidas, em seus cérebros. No caso a maioria dentro das regras eleitorais escolheu o seu chefe. Mas 200 mil cidadãos também deram outra mensagem, e merecem respeito. Tiveram outras escolhas que não as suas. A democracia nos oferece essas possibilidades. Neste retrato do momento, o conteúdo nos neurônios de parte da população escolheu a continuidade. Amanhã, pode escolher outra saída com base em outro retrato. É da vida e seus momentos.

Todos têm seus neurônios, bilhões deles, e mais que isso são pessoas que merecem respeito por suas escolhas, opiniões, votos. Afinal elas pagarão por essas escolhas. Ao escolherem continuar com a buraqueira nas ruas, a falta de remédios, o abandono dos bairros, a falta de diálogo, etc, etc, preferindo a hipótese simplista do slogan mãos limpas, receberão o que decidiram. Simples assim.
Recomendamos mais conteúdo inteligente, cordial, respeitoso e educativo para seus neurônios Secretária, com a diversidade de ideias, opiniões. Seria ótimo enquanto continuar neste cargo público ao qual nos deve satisfações, um pedido formal de desculpas, e muito mais respeito com quem paga seus salários. Todos que escolheram e os que não escolheram o seu chefe, são os seus verdadeiros chefes. A estes, com neurônios e suas escolhas, deve prestar contas dos seus atos. 

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Não reeleja, renove geral!


POR SALVADOR NETO

Anote os nomes a seguir: Adilson Mariano (PSOL), Claudio Aragão (PMDB), Dorval Pretti (PPS), Fabio Dalonso (PSDB), Jaime Evaristo (PSC), James Schroeder (PDT), João Carlos Gonçalves (PMDB), Levi Rioschi (PPS), Lioilson Correa (PT), Manoel Bento (PT), Mauricinho Soares (PMDB), Mauricio Peixer (PSDB), Maycon César (PSDB), Odir Nunes (PSDB), Pastora Leia (PSD), Roberto Bisoni (PSDB), Rodrigo Fachini (PMDB), Rodrigo Thomazi - Suplente/Sidnei Sabel (PP) titular, Zilnety Nunes (PSD). Anotou? Agora fixe essa lista em sua geladeira, quadro branco, ou onde deixe suas anotações importantes do que tem a fazer. Já explico.


Essas pessoas listadas acima são os vereadores no exercício do cargo em Joinville (SC). Eleito em 2012 ainda pelo PSD, Patricio Destro, hoje PSB (é...) virou deputado estadual em 2014 abrindo a vaga para Zilnety Nunes. Rodrigo Thomazi assume quando Sidnei Sabel deseja ser secretário do Governo Udo. Temos mais nomes de suplentes – aqueles que ficam na fila para assumir caso um dos eleitos tenha de deixar o cargo por qualquer motivo -, mas isso fica para um exercício de casa para você eleitor. Sim, você quer uma cidade melhor, tem de fazer a lição de casa: pesquisar, saber quem é quem, de onde veio, para onde foi, quais negociações fez, se tem nome sujo (processos, acusações, etc), se trabalhou, se não. Coisas básicas para exercer de fato o seu direito de cidadão. E aí votar.

Esclarecido isso, faça o passo seguinte, claro, somente em 2016: não reeleja nenhum destes vereadores ocupantes das cadeiras no legislativo joinvilense. Renove geral. Somos quase 700 mil habitantes dos quais quase 400 mil tem direito a votar, e ser votado. Portanto, há muita gente que pode dedicar seu tempo, conhecimento, habilidades, estudo, formação, visão de mundo, para a coisa pública. Aliás, isso deveria ser uma missão de todo cidadão, alguma vez se candidatar, fazer política partidária, não partidária, se envolver nas associações de bairros, de classes, ser voluntário de instituições sociais e públicas, participar de diretorias de entidades sociais. Fazer política é isso, não é somente votar, ou reclamar diante da TV, dos noticiários.



Claro que na lista atual de vereadores, e de suplentes, há pessoas de bem, com bons serviços prestados. Mas como diz o ditado, o uso do cachimbo deixa a boca torta. Eleitos, começam a compreender a máquina, o os corruptores, lobbies, lobistas, achacadores, e outros, e a se influenciar, ou influenciar outrem. Com isso perde a sociedade. É só ver a quantas andam os projetos cruciais para o bem de Joinville como a Lei de Ordenamento Territorial (LOT), por exemplo. Começam a se acostumar com as benesses (carro, combustível, diárias, tudo livre), com o dia a dia da reclamação do povo, e sequer dão bola para os gritos das ruas e bairros. Portanto, se elegeu, teve seu tempo, realizou, não realizou? Troquemos na próxima!

Como os políticos legislam sobre o sistema político – a tal reforma política muda para nada mudar a anos – mudemos nós a nossa postura. Deixemos de atender ao coração porque o tio, o pai, o irmão, o primo, o amigo precisa... Abandonemos a tentação do aceno de cargo público, ajuda de custo, barro, saibro, máquina para limpar um terreninho... Vamos mudar, pois o poder está conosco, no voto, na nossa escolha! Se mudarmos todos, novos entram, sangue novo, renova-se o ar político. E quando falo de renovar não é a ideia de idade – até porque há nesta lista e em outras, novos bem velhos! -, mas sim de pessoas que nunca passaram pelo legislativo, não conhecem aquele mundo por dentro.

Comecemos, pois esse movimento social pela renovação total do legislativo municipal pela nossa cidade. Não reeleja ninguém, renove geral! A ideia pode parecer utópica, mas é preciso retomar as utopias para que a sociedade volte a ter crença nela mesma, e na política! Acabe com o carreirismo político. Renove tudo, e vejamos como aí sim a juventude voltará a acreditar na política como instrumento de transformação social, que de fato é. A provocação está feita. Comecemos aqui em nossa cidade. Em 2016, não reeleja, renove geral.


É assim, nas teias do poder...

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Quem tem medo do voto impresso?


POR JORDI CASTAN
O veto da Presidente Dilma à impressão do voto é um retrocesso preocupante. Confesso que não passa um único dia sem que me decepcione um pouco mais, mas deixei de me surpreender já faz tempo. Os princípios mais elementares de transparência exigem que não paire dúvida sobre a lisura do processo eleitoral. E hoje há cada vez mais dúvidas.

Passado o encantamento com o brinquedo tecnológico, surgiram as primeiras dúvidas. Aqui e acola surgiram denúncias, muito antes da eleição de Lula, de que as urnas eram passíveis de violação. Professores de algumas universidades públicas e especialistas em informática alertaram sobre a fragilidade do sistema - que, é bom lembrar, já tem mais de 20 anos, uma eternidade no mundo da informática.

As eleições de 2010 já foram motivo de questionamentos. Menos pelo resultado, porque não houve, naquele momento, dúvidas sobre a legitimidade da eleição da candidata do PT, mas sim sobre a segurança e vulnerabilidade do sistema. Em tempo hábil se iniciou um movimento que solicitava a adoção do voto impresso, para ser utilizado, como contraprova, em caso de dúvida, questionamento ou de falha nas urnas, como, aliás, acontece em todas as seções.

Hoje se uma urna estraga durante o dia da votação, aqueles votos não são contabilizados e são perdidos. O TSE tem se negado sistematicamente a considerar a possibilidade de adotar o voto impresso. A sua recalcitrante posição contraria sempre me pareceu estranha. Hoje me parece suspeita.

Novamente antes das eleições de 2014 houve várias iniciativas em favor do voto impresso. O presidente do TSE, o juiz Dias Toffoli, curiosamente, tem sido absolutamente contrário à sua adoção. Curiosamente ele. A proposta do voto impresso como contraprova é simples, barata e fácil de implantar. Quando o eleitor vota na urna eletrônica, um terminal imprime o voto, num equipamento equivalente a uma impressora de cartão de credito. O eleitor confere a papeleta e verifica que corresponde ao que ele votou. Feito isto coloca o impresso numa urna lacrada frente a mesa eleitoral.

Ao encerrar a eleição um número de urnas é sorteado para ser “auditado”. Os resultados da urna são conferidos com os das papeletas impressas. Sem erro, 100% devem ser idênticas. Feita a conferência não há duvidas e o sistema se prova confiável. As outras papeletas são destruídas. Final da historia.

Sem deixar de usar as urnas eletrônicas e se beneficiar de um sistema que permite uma apuração rápida. O voto impresso segue os principios mais elementares de contabilidade, permitindo a produção de uma contraprova que possibilite um controle. Hoje não há nenhuma prova. A adoção do voto impresso não representa nenhum retrocesso, como se os seus defensores propusessem a volta da máquina de escrever ou ao Brasil anterior ao descobrimento, como alguns querem fazer nos fazer acreditar. 

Há perguntas que não querem calar. Quem tem medo da contraprova? Porque se opor ao voto impresso? Há outras alternativas que garantam a transparência e a segurança? A quem interessa alimentar a teoria da conspiração? Se a tecnologia das urnas brasileiras é tão boa e tão segura, por que não tem sido adotada por nenhum outro país? 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Jordi Castan

POR JORDI CASTAN







Meus votos para presidente serão para Eduardo Campos, no primeiro turno, e para quem enfrente a Dilma e a máquina do governo, no segundo. O mais provável, hoje, é ser Aécio Neves, que não é o candidato dos meus sonhos mas tampouco dos meus pesadelos.

Fico feliz porque a maioria dos meus companheiros do Chuva Ácida tem a sólida convicção de que num país como o Brasil e possível fazer política partidária, ideológica. E que há espaço para o idealismo e os idealistas. O Clóvis e o Baço já parecem ter passado um pouco desta fase.

Num país em que o único ponto em comum de todos os partidos é chegar ao poder, se manter no poder e usar o poder - e para isso são capazes de fazer as mais espúrias alianças -, para mim, como eleitor, é impossível o voto partidário ou o voto em programas que mudam de acordo com os objetivos do momento. E assim, mesmo podendo provocar ataques de urticária nos meus co-bloggers, voto em pessoas. É o resultado de uma democracia imperfeita e à deriva.

Dilma declarou abertamente que vai "fazer o diabo". Não voto em quem pensa e age assim. Acredito que esta eleição será em dois turnos e acho salutar que assim seja. Estou curioso para saber como votarão os demais membros do blog num eventual segundo turno. Quem sabe podemos repetir a experiência e fazer uma nova declaração de voto. Se a candidata do PT conseguir de fato "fazer o diabo", pode até ser que nem haja segundo turno. Mas até lá temos tempo para pensar antes de tomar uma decisão. A minha, como eleitor, está tomada. Votarei em qualquer candidato que represente uma opção real de mudança frente à corrupção institucionalizada, à amoralidade instalada no governo e que não aplauda corruptos presos e condenados como se fossem heróis.

Sobre o discurso do combate à pobreza, as bolsas, o assistencialismo e todas essas histórias, tenho uma visão muito simples (e talvez curta): o melhor programa de combate a miséria é um bom emprego.

terça-feira, 22 de julho de 2014

José António Baço



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Dilma é a minha escolha. Poderia elencar uma série de razões, mas tem peso decisivo o argumento da legítima defesa: o temor de que, em caso de vitória da oposição, o Brasil possa recuar aos tempos da privataria, quando as coisas eram feitas a pensar exclusivamente nos interesses dos poderosos e as políticas sociais eram bruma. Enfim, não se pode esperar "amanhãs" a partir de "ontens" de má memória.

O problema dos países menos desenvolvidos é tomarem como novidade o que já está a cair em desuso nos países mais evoluídos. É uma armadilha que o Brasil deve evitar. O ideário neoliberal já demonstrou que nada tem a oferecer além da precariedade, da concentração da riqueza e da falta de solidariedade para com os mais fracos. No entanto, é uma tentação à qual a direita se entrega levianamente.

A realpolitik levou o PT a se afastar de um certo ideário de esquerda - em especial por compor governo com partidos fisiológicos e conservadores -, mas o partido ainda representa a possibilidade de uma sociedade mais solidária. É claro que isso desagrada os que vivem a repetir o mantra do Estado mínimo, do individualismo e do endeusamento do mercado. E desperta os ódios irracionais que vemos todos os dias.

Outro fato é que os dois principais opositores – Aécio Neves e Eduardo Campos – parecem ter meros projetos de poder, mas nenhum projeto de governo ou de país. Aliás, esse é o grande dilema dos eleitores antiDilma: querem votar contra a presidente mas não conseguem ver estatura de estadistas nos opositores. Arrisco a dizer que teremos o voto silencioso e envergonhado: votarão contra Dilma, mas nunca a favor de qualquer um deles.

É claro que a minha visão é de quem vive fora e passa apenas um mês por ano no Brasil. Mas talvez seja exatamente essa posição a dar uma “frieza” de julgamento que muitas vezes falta no dia a dia. O Brasil mudou muito nos últimos anos. E para melhor. Tanto que a proposta dos opositores passa por "melhorar" o que o atual governo está a fazer. Ou seja, a oposição propõe fazer mais do mesmo. Não há proposta de valor.

E, para finalizar, deixo registrado que acredito na alternância no poder. O problema é que não se faz alternância sem alternativa.


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Você e as eleições

POR GUILHERME GASSENFERTH


Eu havia começado a versar um texto sobre o resultado das urnas na campanha eleitoral de Joinville. Estava prestes a tecer críticas aos eleitores pelo desempenho de alguns candidatos os quais considero muito ruins e inadequados à Câmara de Vereadores. Quase escrevi um texto falando sobre as questões religiosas que influenciam na escolha dos cidadãos e de como se vota errado na cidade. Ia dizer que estava começando a torcer pro mundo acabar mesmo dia 21 de dezembro. Mas aí, refleti sobre minhas ideias e cheguei a duas conclusões às quais compartilho com vocês, leitores.

Primeiramente, assustei-me com a minha carga de egocentrismo e arrogância. Então, quer dizer que EU sei o que é o certo pra cidade, e milhares de eleitores é que estão errados? Mais humildade, Guilherme! OK, não posso desconsiderar o fato de que, além de eu ter feito faculdade de ciências políticas por um ano, leio e pesquiso muito sobre o assunto. Também é verdade que tenho provavelmente mais instrução e acesso à informação que os eleitores daquele vereador que diz que “creche não precisa de professor”, por exemplo.

No entanto, as pessoas têm as suas razões. Pode que sejam razões desprezáveis, como uma prótese dentária nova ou uma cesta básica (ou ainda um poste, moeda de troca de um vereador joinvilense que não foi reeleito). Há gente que vota sem qualquer critério válido, como aparência do candidato ou carisma. Existe também o eleitor que imbuído dos mais questionáveis interesses pessoais, como cargo, favorecimento ou status, sufraga o candidato que será melhor pra si, pouco importando a cidade. Mas há pessoas que, legitimamente, acreditam que candidatos os quais eu desprezo sejam o melhor pra cidade. Como poderia eu julgá-las?

Há pessoas que votam em quem é da sua religião. Particularmente, eu jamais votaria em algum candidato kardecista simplesmente por também sê-lo. Para mim, é tão fundamentado quanto votar pra vereador em alguém cujo prato favorito também é aquele cachorro-quente ao lado da DPaschoal (não é tão bom quanto o teu, Simone, mas aquele eu como a hora que eu quiser!).

A segunda conclusão, que mais me chamou a atenção, foi o fortíssimo pensamento de eximir-se de responsabilidade. Eu já estava pensando: “como podem votar em fulano, aquele candidato pilantra” ou ainda “povo burro, vota no fulano e depois vem reclamar”, sem falar no clássico “cada povo tem o governo que merece”. Neste meu pensamento arrogante veio à tona não só o egocentrismo de achar que o meu ponto de vista é sempre o que deve balizar o pensamento alheio, mas também a ideia de que OS OUTROS é que estão errados. OS OUTROS que votaram no candidato ruim. OS OUTROS fazem a sociedade pior.

Epa, peraí! Você (e eu) faz sua parte? Paga TODOS os impostos, sem mencionar um curso de faculdade inexistente na sua declaração de IR só pra restituir mais? Você pensa sempre na coletividade antes de pensar em si? Você é um cidadão que respeita todas as leis de trânsito? Será que devolve o troco dado errado? Você nunca colava na escola? Será que nunca votou num candidato corrupto porque ele seria melhor para sua empresa, para o seu emprego, para o seu bairro, para a sua rua, para a sua família, mas não necessariamente para todos?
Vamos adiante: você cobra seus políticos ou acha que eleger é sua única responsabilidade? Você clama por mais educação, por mais transparência, pela aplicação correta dos impostos que paga, por justiça social, por saúde preventiva? Você faz trabalho voluntário por entender que sociedade somos todos e, com esforços combinados, faremos nossas sociedades serem o que queremos? Você dá condições para que seus colaboradores estudem? Incentiva o filho da empregada doméstica a ir bem na escola? Você educa os seus filhos, ensinando-os desde crianças a não passarem por cima dos outros? Incentiva-os a estudar, a ler, a opinar, a não obterem vantagens ilícitas, a serem cidadãos, a respeitarem os outros, a amarem o próximo, a darem bom dia, dizerem obrigado ou a serem gentis?

A pergunta que resume tudo é: VOCÊ DÁ O EXEMPLO? Se alguém pudesse saber TUDO o que você faz, mesmo aquelas que você faz em segredo, e expor num outdoor ao lado de sua foto, você teria orgulho de si?

Meus amigos, a menos que algum de vocês (infelizmente não é o meu caso) tenha respondido “sim” para TODAS as questões acima, pare de condenar os outros e canalize suas energias para sua reforma íntima. Se a sua resposta pra qualquer pergunta acima tiver sido “não”, lamento informar que os candidatos eleitos são responsabilidade nossa, que a corrupção é responsabilidade nossa e que tudo o que há de ruim, imoral e ilegal na prefeitura, na Câmara, na Assembleia e no Congresso e em toda a sociedade é culpa NOSSA.

PS: obrigado à competente e querida Jozi Elen pela revisão no texto :)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Quanto vale o seu voto?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sabe quanto vale o seu voto, eleitor joinvilense?

A imprensa local divulgou, faz alguns dias, alguns dados interessantes sobre a campanha para a Prefeitura de Joinville: a declaração de bens dos candidatos e o valor que cada um pretende gastar nas eleições. E, logo à partida, chama a atenção a dinheirama que vai rolar na campanha: somando os cinco candidatos, a coisa vai chegar a R$ 13,65 milhões. Já imaginaram, leitor e leitora, o que dava para fazer com essa grana toda? Até obras para a cidade...

Aliás, ao dar uma olhada para os números, em especial no que se relaciona aos rendimentos, fica a sensação de que o Pinóquio deve ser o contabilista de alguns candidatos. Ou o Mandrake. Não concorda? Ora, é só dar uma olhada naquela coisa chamada "sinais exteriores de riqueza". Mas podemos ficar descansados porque a vida parece correr bem à maioria, uma vez que todos têm um patrimônio no mínimo razoável, à exceção de Leonel Camasão (aliás, jornalista sem dinheiro é pleonasmo).


Tem outro dado interessante. Se formos comparar a declaração de bens de Udo Dohler com a de Marco Tebaldi, por exemplo, fica fácil perceber que a carreira política é muito mais vantajosa que a empresarial. Afinal, ao longo de uma vida de trabalho como empresário, Dohler amealhou R$ 5,9 milhões. E Marco Tebaldi, um funcionário público que virou político, em muito menos tempo conseguiu obter quase metade desse patrimônio. 

É uma coisa que leva a pensar, leitor e leitora. Eu, por exemplo, passei a vida toda na iniciativa privada e continuo pobre de marré. Fico aqui a imaginar que talvez devesse seguir o exemplo de Tebaldi e ingressar no serviço público. Parece que é mais fácil fazer o pé de meia. E não é uma crítica. Pelo contrário, é um elogio: talento é talento, temos que respeitar. 

Outro dado curioso. Todos os candidatos, à exceção de Udo Dohler, pretendem gastar mais do que possuem. É óbvio que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas não resisto ao raciocínio: será que os caras iriam concorrer se tivessem que tirar o dinheiro do próprio bolso? Ok... mas isso não vem ao caso, porque todos sabemos que a grana vem de doações de empresas, de pessoas físicas ou dos próprios partidos.

Ooopa! Mas também não deixa de despertar curiosidade. Todos sabemos que nem mesmo os loucos rasgam dinheiro. E se há empresas e pessoas dispostas a largar a grana, é legítimo que o eleitor pense que em contrapartidas. Afinal, para uma mão lavar a outra é preciso que alguém as molhe. E, no Brasil, investir em rabos presos sempre foi um negócio lucrativo. Afinal, todos sabemos que a política é a segunda mais antiga profissão.

No frigir dos ovos, e usando a matemática simples, você já sabe quanto vale o seu voto: o maior valor é de R$ 15,4. É pouco, se tivermos em conta os tempos em que a moeda eram as carradas de saibro. Se formos olhar bem com essa grana não dá nem para tomar umas cervejinhas. Então, o melhor mesmo é votar em consciência. Porque essa não deve ter preço.

P.S.: a maioria dos candidatos afirma que os valores são estimativos e que provavelmente os gastos serão menores. Sim, Pinóquio, a gente acredita.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Eu, cidadã, confio


 POR AMANDA WERNER
Em época de eleições todo o cuidado é pouco. O assédio vem de todos os lados. Como conseguir confiar em um candidato depois de tanta frustração política acumulada? Como qualificar o voto? Eis algumas atitudes que me inspiram confiança:

Confio naqueles que desde a tenra idade são sensíveis às causas sociais. Que atuaram na escola como representantes de classe, participaram do Diretório Acadêmico, ou com causas do seu bairro. Confio nas lideranças naturais. Bem mais do que nas fabricadas.

Confio nos que têm vocação para a política. Nos que têm dedicação apaixonada pela causa. E nos que têm senso de responsabilidade e proporção.

Confio nos que tomam partido. Nos que ao serem indagados sobre temas cabeludos, como aborto, pena de morte e eutanásia assumem a sua opinião. Mesmo que a opinião seja contrária à minha. Confio naqueles que não escorregam como sabão. Confio nos candidatos que não procuram agradar a todos, mantém-se firme em suas convicções, mesmo que isso signifique perder alguns votos.

Confio naquele que não faz crítica vazia. Naquele que propõe ideias para resolver a situação, e confio mais ainda naqueles que fazem acontecer.

Confio em quem não fica só a tecer elogios.

Confio em quem não é onipresente. Confio naquele que considera mais importante ficar com a família do que participar de várias feijoadas em um mesmo final de semana, ou marcar presença em cultos religiosos diversos, e confio mais ainda naquele que, como eu, acredita que ter trânsito livre de festas a enterros não é a melhor forma de fazer política.

Confio em quem faz, infinitamente mais, do que em quem fala que vai fazer se for eleito.

Confio no marketing pessoal obtido com realizações e não com o dinheiro.

Confio em quem pensa que se fazer algo pelos idosos é mais do que dançar com eles em bailes de terceira idade.

Confio no político de uma palavra só. Não naquele que tem uma palavra no atacado e outra no varejo. Creio ser a votação secreta a madrinha da corrupção. Confio nos que não defendem os interesses públicos com palavras, e os próprios, com o voto.

Confio nos humildes, e que não costumam se autoproclamar virtuosos.

Nunca voto em alguém que está no poder por mais de dois mandatos. Pois acredito que as raízes criadas pelo poder são as mais difíceis de extirpar.

Pesquiso o comportamento pregresso e valores do candidato.

Confio no candidato que não financia a mídia.

Lembro, que a legislação, tão somente, permite a propaganda eleitoral a partir do dia 06 de julho do ano da eleição.  Entrevistas de rádio ou televisão são permitidas pela lei, mesmo as anteriores à esta data. Nessas entrevistas, os candidatos podem falar de propostas, desde que não peçam votos. 

Reflito apenas,  se, quando ocorre superexposição, esta é por conta da significância das ações do candidato, ou, por causa do seu poder econômico.

Ainda, lembro que  a lei não permite propaganda eleitoral em outdoor. Contudo,  felicitações ao dia das mães, pais, ou ao dia do trabalhador são permitidas. Pois são consideradas  apenas marketing pessoal. Confio, como você poderia imaginar, no candidato que não se utiliza desse meio. 

É caro (e)leitor. O candidato que possui essas qualidades conseguiria facilmente me conquistar. É bem provável que o meu voto vá para alguém assim. Só desconfio de uma coisinha... desconfio que terei dificuldades para encontrar candidato na próxima eleição. Eu devo ser mesmo muito exigente.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Carlito

Foto Pena Filho
Por JORDI CASTAN


Conheço Carlito Merss há muitos anos. Desde a época em que coincidíamos no mesmo ônibus a caminho de Campinas, ele para estudar na Unicamp, eu empenhado em viabilizar o Ibraflor, que foi criado aqui em Joinville mas cuja sede estava - e continua a estar - no eixo Campinas/Holambra.  

Também tivemos a oportunidade de nos encontrarmos – não poucas vezes – nas  reuniões e audiências que concluíram a elaboração da versão final do Código Municipal do Meio Ambiente, vigente ainda hoje. Ele, no papel de vereador de oposição; eu, do outro lado, como vice-presidente da ACIJ, defendendo uma proposta que não inviabilizasse o desenvolvimento e que não tratasse o cidadão como um criminoso. 

Desta época, lembro da capacidade de diálogo e de negociação do atual prefeito. Compartilhei sempre a opinião que era melhor negociar com ele do que com os vereadores da situação, a maioria obtusos demais para entender a diferença entre tirar ou colocar uma vírgula numa frase. Verdade seja dita, aquela Câmara tinha um nível de vereadores bem diferente do atual. Havia então uma maior facilidade para buscar as melhores propostas para a cidade. Era impensável que os interesses particulares fossem tratados como são tratados hoje. O interesse coletivo ainda prevalecia.

Depois coincidimos em aeroportos, em um ou outro voo e, fora disto, muito eventualmente. Acompanhei sua carreira política de perto e segui seu crescimento de vereador a deputado estadual, primeiro, e depois alcançar a Câmara Federal. Mantinha as características que fizeram que se ganhasse o meu respeito: trabalhador incansável, esforçado, estudioso dos temas em pauta e com capacidade quase infinita para o diálogo. Ser escolhido como relator do orçamento nacional é a maior prova desta sua capacidade.

Não vejo o prefeito faz tempo, apenas as fotografias nos jornais e uma ou outra vez em algum programa de televisão local. E fiquei triste ao ver como o poder desgasta e envelhece. Vi a imagem de um homem abatido, encanecido  pelo enorme desgaste que o cargo de prefeito representa (e representaria para qualquer um de nós). Um homem que, depois de ter tentado, por anos a fio, vencer o desafio de chegar à Prefeitura, quando conseguiu não pode realizar tudo a que tinha se proposto.

Estou convencido que o Carlito assumiu a prefeitura com a melhor das intenções e que, no seu íntimo, acreditava ser possível compatibilizar o projeto de poder do seu partido com a ambição pessoal de ser um bom prefeito. Ou seja, fazer uma gestão que deixasse a sua marca na história de Joinville.

Na medida que o tempo avança inexoravelmente e o seu mandato se aproxima do fim, a frustração, a crispação e a desilusão se fazem mais patentes. Desejo firmemente que esta sua passagem pelo executivo não seja a sua tumba política e possa voltar a ser eleito para defender os interesses de Joinville no legislativo, num ambiente em que suas virtudes e habilidades produzirão melhores resultados para todos. Poderá inclusive ter o meu voto.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Aberta a temporada de caça


POR JORDI CASTAN

Antes mesmo que a campanha eleitoral dê início, sem que os candidatos tenham sido homologados pelas convenções partidárias, os pré-candidatos se lançam à busca dos votos. Mais que à busca, se lançam à caça do eleitor. No Brasil, ao contrário da maioria das democracias, o voto é obrigatório. Nem os partidos e nem os candidatos precisam se esforçar para convencer o eleitor a votar. A estratégia de campanha tem como foco exclusivo direcionar os votos para o candidato.

O Brasil tem ainda outras peculariedades que fazem da caça ao voto um esporte único. A primeira é o elevado nível de analfabetismo funcional. A segunda é a geléia ideológica em que os partidos tem se convertido - isso faz com que, em nome da governabilidade, se juntem em coligações os inimigos de ontem para derrotar os amigos de anteontem. Resulta uma situação que, para qualquer eleitor medianamente informado, é difícil de compreender e seguir.  

É mais fácil para um político em campanha se concentrar na caça dos votos dos menos esclarecidos. Além de serem mais influenciados por discursos inflamados e grandiloqüentes, representam hoje no Brasil a maior parcela do eleitorado. No país, o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população. Se somados os 7% da população que é totalmente analfabeta, resulta que 75% da população não possuem o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas. Ou seja, apenas um de cada quatro brasileiros (25% da população) é plenamente alfabetizado. O candidato não precisa se expor em debates frente a platéias melhor informadas, mais esclarecidas e em geral mais críticas. Pode se concentrar em pescar nos cardumes em que os votos são mais fáceis de convencer.

Os partidos políticos, por outra parte, tampouco contribuem muito para que o eleitor possa escolher melhor. Em geral só o confundem ainda mais. Ao compartilhar o mesmo palanque com os mesmos que ontem ou anteontem eram seus inimigos mortais, ao aparecer lado a lado em santinhos e outdoors, o eleitor vai construindo a imagem que são todos iguais, que são todos farinha do mesmo saco, e que, portanto, é a mesma coisa votar em um ou em outro. Sem outra proposta ideológica além de chegar ao poder e conseguir empregar o maior número de companheiros e apaniguados, os partidos hoje atuam mais como agências de emprego que como verdadeiros foros de debate político. E o resultado é este que aí está.

O mais provável é que ao conhecer o resultado das próximas eleições, a máxima de Ulysses Guimarães, que pior que este congresso só o próximo, será verdadeira uma vez mais. Se você leu até aqui e entendeu o texto, definitivamente não forma parte do grupo alvo.