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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Racismo nos dois lados do Atlântico



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Duas pessoas do campo da arte, Alfredo Costa e Robson Benta, um em Portugal e o outro no Brasil, conversam sobre a questão do racismo em diferentes latitudes. Uma análise intransitiva, feita na primeira pessoa. Uma excelente conversa que vai ser exibida em duas partes. A primeira está aqui.

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Joinville vista por "joinvilenses"... a partir de Portugal (2ª parte)


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

E para fim de conversa, eis a segunda parte. Uma troca de impressões entre Gustavo Castro, Luís Fernando Assunção e José António Baço sobre Joinville. Os três vivem atualmente em Portugal e falam sobre a cidade, os seus pontos fortes e pontos fracos. Sem script, é uma conversa descontraída.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Ministros que mentem no currículo - Chuva Ácida Debates



COLETIVO CHUVA ÁCIDA
Decotelli não é o primeiro, nem o segundo e nem o terceiro. Mentir no currículo é uma prática comum nos ministeriáveis de Bolsonaro. Mas quando acontece na Educação, a coisa assume proporções inaceitáveis. É o tema deste Chuva Ácida Debates, com o professor Clóvis Gruner e o jornalista José António Baço.

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Conversas à Chuva com o ex-prefeito Carlito Merss





POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O convidado do Conversas à Chuva é Carlito Merss, ex-prefeito de Joinville, que participa de um bate-papo descontraído com o jornalista José António Baço. Política, imprensa, memórias e o quotidiano dão o tom da conversa.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

A urucubaca e os heróis da direita brasileira



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

"Infeliz a nação que precisa de heróis". A frase de Bertolt Brecht, aqui num outro contexto, permite lançar uma discussão sobre o Brasil. O fato é que os brasileiros estão sempre à procura de heróis, de pessoas com poderes extraordinários que venham resolver todos os seus problemas.

O herói é, acima de tudo, alguém que estejamos prontos a seguir. E sob este aspecto o Brasil tem falhado profundamente. Tem seguido líderes vazios, despreparados e muitas vezes com problemas de caráter. É o caso de Jair Bolsonaro, por exemplo, que é considerado "mito" mais pelas sua falta de qualidades do que pelo mérito.

O tema de hoje são os heróis que o Brasil tem escolhido nos tempos mais recentes. E quase sempre no plano do bizarro, da deselegância e do vulgar, qualidades (ou falta delas) que não entram na pele de um herói. É muita urucubaca para cima do gado.

sábado, 18 de abril de 2020

Chuva Ácida volta e discute o coronavírus

POR CHUVA ÁCIDA

O Chuva Ácida voltou. E todas as semanas vai ter um debate mais alargado com todos os seus integrantes. Este é o primeiro, com Clóvis Gruner, Jordi Castan e José António Baço. Vejam e comentem.



segunda-feira, 7 de novembro de 2016

A sociedade deve tolerar os intolerantes?


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
E se fosse você, leitor e leitora, a apontar os “caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”, como propôs o tema da redação do Enem? Fico a imaginar a molecada a bater cabeça, porque a questão  não é de simples resolução. Pelo contrário. Aliás, imagino que a maioria tenda a focar a discussão na religião, quando o cerne do problema está na tolerância (apesar de haver entrecruzamentos).

O Brasil é um país com déficit democrático e isso abre caminho para a intolerância. Mas qual o perfil do intolerante? É a pessoa que, na relação social, vê as suas posições como "naturais". Portanto,  justas. E erra feio. A intolerância só vivifica num ambiente onde há uma concepção errada da história - ou onde a história for uma abstração completa. A intolerância faz a história evaporar-se, deixando apenas o “natural”, expresso num rastilho de frases feitas e certezas unívocas.

O intolerante é incapaz de reconhecer o Outro. Ele é, o Outro não é. Para o intolerante, o Outro atenta contra a essência do ser humano. A sociedade só faz sentido quando todos acabarem por se tornar o mesmo. Ou seja, quando a sociedade for a corporificação das suas projeções. O intolerante reconhece apenas um lugar na sociedade: o que julga ser seu e, por isso, natural. E esse lugar só pode ser ocupado pelo Outro quando o Outro se converter ao seu credo, seu sexo, sua cor. Mas há coisas inconvertíveis...

Eis a questão: devemos tolerar os intolerantes? O Brasil é um caso de estudo. Protegidos pela tolerância, muitos grupos religiosos não disfarçam a sua intolerância. É um fato que remete para aquilo que Karl Popper chamou “paradoxo da tolerância”. O que é? Diz Popper: “se formos de uma tolerância absoluta, mesmo para com os intolerantes, e se não defendermos a sociedade tolerante contra seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados, e com eles a tolerância”. Parece ser uma aporia.

Em que pese a minha rejeição a Popper (por outras razões), acho que esse aviso merece ser levado em conta. Tolerar os intolerantes é um risco. Mas o Brasil está incubar uma espécie de cripto-teocracia, onde as igrejas adquiriram um peso político que nenhum partido do arco do poder ousa enfrentar. Pelo contrário, nenhum projeto de poder passa ao largo da bênção desses religiosos. 

É exagero? Claro que não. Há poucos dias uma pesquisadora lançou o aviso de que a estratégia evangélica é ocupar o Executivo para chegar ao Judiciário. Há dúvidas? Melhor não dormir de touca. Porque esses movimentos religiosos estão a tomar posse dos aparelhos de Estado e inauguraram um novo modo de produção: o teocapitalismo selvagem, onde a sacanagem é feita em nome de Deus. E nem é preciso falar de nomes, porque todos sabemos quem são e os métodos que usam.

O crescimento da presença dessa gente na política nacional está a dar-lhes poder e a transformar a sociedade numa espécie de cripto-teocracia. E já se vê, aqui e acolá, muita gente a tentar talibanizar a vida dos brasileiros. O que esperar desse fenômeno? Coisas boas não serão, com certeza. Afinal, para onde os fundamentalistas podem levar a sociedade? Para o fundo, claro. Melhor não esquecer, em hipótese alguma, que a intolerância é parteira do ódio.

É a dança da chuva.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Eleição em Joinville virou guerra de bugio: um joga merda no outro
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O segundo turno das eleições para a Prefeitura de Joinville entrou no lodaçal. O nível do “debate” baixou tanto que já é possível prever o resultado: os dois candidatos sairão perdedores. A coisa virou uma autêntica guerra de bugio, na qual um joga merda no outro. O ponto alto do bang-bang foi na semana passada, quando as redes sociais se transformaram num campo de batalha, com tiros para todos os lados. Só não houve dedo no olho porque a coisa é virtual.

Teve soco abaixo da cintura, claro. Os acólitos de Udo Dohler fizeram circular um grampo no qual Darci de Matos é apanhado em claro tráfico de influência, a pedir um favor para uma amiga. Na outra trincheira, a trupe do deputado estadual ressuscitou uma história antiga, mas que colide com a imagem de mãos limpas de Udo Dohler: problemas no hospital Dona Helena, ao qual o prefeito é ligado, por suspeita de compra de ouro para esconder lucros. Quem sacou primeiro? Não importa. O estrago está feito.

Em termos de propostas a narrativa da propaganda eleitoral atingiu o nível “Belíndia”. Udo Dohler pinta a cidade com cores tão bonitas que Joinville fica a parecer uma Bélgica. Na versão do atual prefeito, os joinvilenses estão a viver num paraíso tropical com padrão de vida europeu. Darci de Matos mostra o lado Índia e insiste em bater nos pontos fracos do prefeito. Aliás, o deputado nem precisaria fazer promessas. É só deixar o microfone na mão do povo. O programa ideal é deixar as pessoas a falarem por 10 minutos... e a mensagem está passada.

A coisa respingou até para Raimundo Colombo, que saiu em defesa de Darci de Matos. Entrou com cara de quem queira pôr água na fervura, mas acabou jogar gasolina na fogueira. O verniz estalou entre o prefeito e o governador. Coisas desagradáveis foram ditas. Fica a dúvida: caso reeleito, como Udo Dohler vai pedir recursos a Raimundo Colombo? Só com muita cara de pau, claro. Mas o atual prefeito já está mais escolado nas manigâncias políticas e isso não deve causar engulhos.

Guerra é guerra. E não há que ter medo de torturar os números. Os dois candidatos divulgaram resultados de pesquisas e, com base nos números apresentados, só há uma conclusão possível: Joinville vai ter dois prefeitos. Darci de Matos apresentou números que o põem quase 10 pontos à frente do seu adversário. E Udo Dohler apresentou números que o põem quase 10 pontos à frente do seu adversário. É o Instituto Mandrake de Pesquisas a fazer escola?

Talvez o embate mais agressivo seja o que envolve os atuais comissionados, em defesa de Udo Dohler, e aspirantes a comissionados, que apostam o futuro na eleição de Darci de Matos. A coisa pega. Mas também revela. Se tomarmos as redes sociais como referência, a defesa do atual prefeito fica circunscrita ao núcleo de funcionários com cargos de confiança. Darci de Matos tem o seu próprio time, mas a sua comunicação recebe apoios em outros quadrantes. E isso quer dizer alguma coisa. 

Faz. Não faz. Muda. Não muda. Enfim, o próximo prefeito não será eleito pelos seus méritos, mas pelos defeitos do outro. Ah... seo Baço. É merda para todo lado e o senhor posando de moralista. Que nada. Até me divirto com o que está acontecendo. Porque a alegria do circo é ver o palhaço pegar fogo.

É a dança da chuva.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

O êxito do brexit, o fracasso da União Europeia

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Tudo começou com uma manobra do primeiro-ministro David Cameron para tentar salvar a sua posição no próprio partido e no governo britânico. Em teoria, a ideia de convocar um referendo sobre a saída ou a continuidade do Reino Unido na União Europeia não tinha como dar errado. O primeiro-ministro fazia a vontade dos eurocéticos, que defendiam a saída, e no final os britânicos votariam pela permanência. Mas...

Deu errado. E os fatos de hoje trazem uma enorme ironia. David Cameron usou o referendo para manter o poder e hoje, depois de anunciada a vitória do brexit, acaba por anunciar a sua saída do governo, que deve acontecer até outubro. E o pior. O sim ao brexit teve reflexos imediatos nos mercados , que reagiram muito mal. As bolsas abriram caindo a pique e os principais bancos britânicos tiveram quedas de até 30%.

Há algum pânico (escrevo no momento de abertura das bolsas europeias) porque os mercados são temperamentais. Mas à medida em que a carroça da economia andar as melancias se ajeitam. A vitória do brexit indicia duras consequências para Reino Unido e União Europeia, mas vai sobrar para todos. Podem tirar o poneizinho da chuva os brasileiros que acham nada ter a ver com isso. Porque de uma forma ou de outra, com mais ou menos intensidade, todos serão afetados.

A questão política parece ser a mais delicada e o grande abacaxi ficou nas mãos da União Europeia. Hoje Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, veio dizer que as consequências do brexit serão dramáticas, mas que a integridade da Uniãpo Europeia. E está garantida. O problema é que o discurso não mobiliza. Os homens que mandam em Bruxelas são tecnocratas que não foram eleitos e isso não ajuda a passar a mensagem.

O fato é que União Europeia tem agora novos desafios à frente. Os partidos de direita na Holanda e França - países de proa no projeto europeu - já há algum tempo falam em referendos nos moldes do britânico. A vitória do brexit servirá de tônico para os nacionalismos e populismos de outros países. E vejam a ironia. A Escócia quer um referendo que proponha a sua independência do Reino Unido. Em caso de vitória, os independentistas propõem integrar a União Europeia. A Irlanda do Norte já mostrou a pretensão de ser independente e juntar-se à República da Irlanda. Ambos na União Europeia.

O que vai acontecer de imediato? Passado o dramatismo do momento, do ponto de vista econômico as coisas devem acalmar e tudo vai se reacomodar. Mas há um fato político ao qual os líderes europeus não conseguem escapar: a vitória do brexit abriu fendas na fortaleza-Europa. Outros virão depois dos britânicos. E pedra após pedra, o castelo pode ruir. É preciso dar um novo rumo para a carcomida Europa. 

Mas como resgatar a confiança no projeto de uma União Europeia? O ponto de vista pessoal pode ser ilustrativo. Se alguém perguntar hoje, enquanto cidadão europeu, quero sair da União Europeia, a resposta é sim. Porque as políticas claramente neoliberais de Bruxelas estão a levar os europeus à exaustão. Aliás, ao contrário do que muitos pensam, ao saírem da União Europeia os britânicos não ganham mais soberania. Porque o neoliberalismo continua...


É a dança da chuva.

David Cameron anunciou a demissão logo pela manhã

terça-feira, 21 de junho de 2016

Bang! Bang! Como matar a civilização a tiros...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Orlando, 12 de junho, perto das 3 horas da madrugada. Um homem armado entra na boate Pulse, frequentada por um público LGBT, e dispara de forma indiscriminada contra os frequentadores. Os números da tragédia apontam para a morte de 50 pessoas, com outras tantas feridas. Ainda persistem alguns contornos nebulosos, mas o massacre serviu para trazer de volta a velha discussão sobre a insanidade da posse de armas nos EUA.

Os brasileiros têm o hábito atávico da pagar pau para gringo. De lá para cá é apenas um saltinho. A discussão chegou ao Brasil e abriu as portas para um chorrilho de besteiras que não tem hora para acabar. E como sói acontecer nesses casos, a sensatez é sempre a primeira vítima no bang-bang dos argumentos. O lamentável – mas não inesperado – é que os defensores das armas abusam das falácias e da mistificação.

Um dia destes topei com um “argumento” de fazer subir a mostarda ao nariz. Dizia o seguinte: “Você acredita que os criminosos irão obedecer leis de desarmamento? Você deve ser um tipo especial de idiota, não?!”. A frase trazia uma imagem do ator Clint Eastwood, um conhecido defensor da indústria do armamento (e arquétipo do “macho” para os pouco abonados de cérebro). Aliás, a autoria da fala é atribuída ao ator Sam Elliot e não a Eastwood. Mas quem se importa com pequenos falseamentos?

Os armamentistas apostam na má-fé e no logro. Nenhum crítico das armas espera que os criminosos obedeçam a lei. Caramba! É uma lapalissada: se os caras seguissem a lei não seriam bandidos. É evidente que os defensores das armas têm dificuldade em operar com neurônios, o que torna assustadora a perspectiva de vê-los com armas nas mãos. Nada de bom pode vir daí. Se o cara advoga soluções violentas – e não venham dizer que são de paz – como vai agir quando estiver na posse de uma arma? Perigo.

Ninguém tem dúvidas de que a questão da segurança é o problema mais sério no Brasil. Mas é com mais armas a circular que se resolve o problema? Pelo contrário. Que tal ver o exemplo do Japão, onde não há armas e os homicídios praticamente inexistem. O processo civilizacional pede uma sociedade cada vez mais desarmada, o que implica tirar as armas das mãos dos que não respeitam a lei. Essa é uma das funções dos aparelhos repressivos do Estado.

Eis o nó górdio. O problema da violência nunca vai ser ultrapassado sem uma mudança cultural. E as armas apontam no sentido contrário. Tomemos a Europa ocidental como exemplo. A ideia de possuir uma arma não faz parte do mindset de um europeu. Há um grau civilizacional que torna difícil falar em liberar as armas. Isso fica refletido no baixos índices de crimes contra a vida... e até na própria língua. Em Portugal, por exemplo, poucos conhecem a palavra latrocínio. Não se mata para roubar.

Ah... e antes de terminar, é provável que os defensores das armas não percebam, mas estão na mira da poderosa indústria do armamento. As indústrias vivem da venda dos seus produtos e o mercado interno brasileiro é bastante apetecível. Não são apenas as armas, é o capitalismo. Aliás, em que outro país as pessoas aceitariam como natural uma esdruxularia chamada Bancada da Bala, com deputados financiados pela indústria do armamento?


É a dança da chuva.


terça-feira, 26 de abril de 2016

O cheiro da podridão chegou aqui*

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Houve um tempo em que a imprensa europeia – e mesmo a norte-americana – projetava uma imagem favorável ao impeachment de Dilma Rousseff. Mas há alguns meses houve uma mudança de agulha. E a razão é simples. Num primeiro momento, a comunicação social internacional reproduziu a versão dos veículos da velha mídia no Brasil. Ou seja, Globo, Veja, Estadão, Folha, Época e assemelhados.

Deu chabu. Mais recentemente, os jornalistas estrangeiros perceberam que essas fontes eram duvidosas e passaram a usar outros meios para a averiguação dos fatos. E a tese do golpe contra a presidente ganhou força. A machadada final foi o espetáculo deprimente na votação do impeachment na Câmara dos Deputados. O mundo viu um país a caminhar alheadamente para a putrefação.

Há um ponto a destacar. Uma pessoa que viva numa democracia a sério (definitivamente não é o caso do Brasil) só pode ficar estarrecida com o comportamento promíscuo da imprensa brasileira. É certo que a comunicação social estrangeira também tem lado. Há projetos editoriais que alinham com visões mais ou menos liberais, progressistas ou conservadoras. Mas não se perde o pudor, como acontece no Brasil.

Fazer a comparação entre a imprensa do hemisfério norte e a brasileira leva a uma obviedade. Apesar de terem posição ideológica, os meios de comunicação europeus e norte-americanos não vão ao ponto de comprometer o rigor da informação (não quer dizer que não possa acontecer). Desgraçadamente, essa lógica não serve para a velha mídia brasileira, onde a mentira, a distorção e a ausência de contraditório são quase regra.

O golpe contra Dilma Rousseff ficou evidente e já não dá para disfarçar. O Brasil virou motivo de piada e o cheiro de podridão chegou a outras latitudes. Mas também caiu a máscara de uma certa imprensa, useira e vezeira de métodos inaceitáveis em democracia. Exemplos? O jornal português Diário de Notícias definiu a Veja com “conservadora, de direta e obstinadamente antigoverno”. O Le Monde pediu desculpas por ter feito uma matéria tendenciosa, a partir de imprensa brasileira.

Enfim, hoje o mundo todo sabe que a imprensa brasileira não é parte da solução, mas parte do problema.


É a dança da chuva.

* José António Baço vive em Portugal.


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A amnésia é o melhor cabo eleitoral de Udo Dohler

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Foi interessante (e nada inesperado) ver, nos últimos dias, o anúncio de obras da Prefeitura de Joinville. Fica a sensação de que há mais trabalho em duas semanas do que houve em três anos. Estacionamento rotativo. Pavimentação da rua Tenente Antônio João. Novos pontos de ônibus. Patrolamento e ensaibramento de ruas pelas subprefeituras. Ambulâncias, motos e carros.

Enfim, a comunicação da Prefeitura tem se esforçado para pintar um quadro em cores mais suaves e, com isso, convencer os eleitores de que o trabalho está a ser feito. Mas há um problema: o timing é mais que tardio. A escassez de realizações ao longo de toda a gestão não ajuda. Aliás, é conhecida, no anedotário político, a lógica de uma gestão de quatro anos, que deve ter as seguintes fases:

Ano 1 – pôr a culpa dos problemas na gestão anterior.
Ano 2 –  anunciar grandes obras e, para isso, falar em projetos.
Ano 3 – reclamar da falta de verbas, mas ainda assim dizer que há obras em licitação.
Ano 4 – transformar a cidade num canteiro de obras, destacar a eficiência da administração e preparar a reeleição.

Alguém tem dúvidas de que a atual administração está empenhada em seguir esse roteiro? Em ano de eleições, parece ter entrado na quarta fase com franca volúpia. Será suficiente? A ineficácia foi tanta ao longo dos anos anteriores que só a fraca memória e pouca convicção política pode fazer mudar a percepção dos eleitores. Ou seja, a amnésia política é o principal cabo eleitoral de Udo Dohler.

A situação é difícil para o atual prefeito, mas (porque há sempre um "mas") talvez seja cedo demais para anunciar o fim político de Udo Dohler. Quem morre na véspera é peru. Todos sabemos que uma campanha regada a muitos cifrões pode mudar o rumo das coisas. E se há alguém com cacife para investir forte é o atual prefeito. Portanto, quando os reais começaram a falar, muita coisa pode mudar. Melhor esperar para ver.


É a dança da chuva.