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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Eleição em Joinville virou guerra de bugio: um joga merda no outro
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O segundo turno das eleições para a Prefeitura de Joinville entrou no lodaçal. O nível do “debate” baixou tanto que já é possível prever o resultado: os dois candidatos sairão perdedores. A coisa virou uma autêntica guerra de bugio, na qual um joga merda no outro. O ponto alto do bang-bang foi na semana passada, quando as redes sociais se transformaram num campo de batalha, com tiros para todos os lados. Só não houve dedo no olho porque a coisa é virtual.

Teve soco abaixo da cintura, claro. Os acólitos de Udo Dohler fizeram circular um grampo no qual Darci de Matos é apanhado em claro tráfico de influência, a pedir um favor para uma amiga. Na outra trincheira, a trupe do deputado estadual ressuscitou uma história antiga, mas que colide com a imagem de mãos limpas de Udo Dohler: problemas no hospital Dona Helena, ao qual o prefeito é ligado, por suspeita de compra de ouro para esconder lucros. Quem sacou primeiro? Não importa. O estrago está feito.

Em termos de propostas a narrativa da propaganda eleitoral atingiu o nível “Belíndia”. Udo Dohler pinta a cidade com cores tão bonitas que Joinville fica a parecer uma Bélgica. Na versão do atual prefeito, os joinvilenses estão a viver num paraíso tropical com padrão de vida europeu. Darci de Matos mostra o lado Índia e insiste em bater nos pontos fracos do prefeito. Aliás, o deputado nem precisaria fazer promessas. É só deixar o microfone na mão do povo. O programa ideal é deixar as pessoas a falarem por 10 minutos... e a mensagem está passada.

A coisa respingou até para Raimundo Colombo, que saiu em defesa de Darci de Matos. Entrou com cara de quem queira pôr água na fervura, mas acabou jogar gasolina na fogueira. O verniz estalou entre o prefeito e o governador. Coisas desagradáveis foram ditas. Fica a dúvida: caso reeleito, como Udo Dohler vai pedir recursos a Raimundo Colombo? Só com muita cara de pau, claro. Mas o atual prefeito já está mais escolado nas manigâncias políticas e isso não deve causar engulhos.

Guerra é guerra. E não há que ter medo de torturar os números. Os dois candidatos divulgaram resultados de pesquisas e, com base nos números apresentados, só há uma conclusão possível: Joinville vai ter dois prefeitos. Darci de Matos apresentou números que o põem quase 10 pontos à frente do seu adversário. E Udo Dohler apresentou números que o põem quase 10 pontos à frente do seu adversário. É o Instituto Mandrake de Pesquisas a fazer escola?

Talvez o embate mais agressivo seja o que envolve os atuais comissionados, em defesa de Udo Dohler, e aspirantes a comissionados, que apostam o futuro na eleição de Darci de Matos. A coisa pega. Mas também revela. Se tomarmos as redes sociais como referência, a defesa do atual prefeito fica circunscrita ao núcleo de funcionários com cargos de confiança. Darci de Matos tem o seu próprio time, mas a sua comunicação recebe apoios em outros quadrantes. E isso quer dizer alguma coisa. 

Faz. Não faz. Muda. Não muda. Enfim, o próximo prefeito não será eleito pelos seus méritos, mas pelos defeitos do outro. Ah... seo Baço. É merda para todo lado e o senhor posando de moralista. Que nada. Até me divirto com o que está acontecendo. Porque a alegria do circo é ver o palhaço pegar fogo.

É a dança da chuva.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Os comissionados devem ter melhores salários?















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Eis a tese: os comissionados das prefeituras devem ter melhores salários. Ops! A afirmação pode causar algum ranger de dentes no eleitorado, mas faz sentido. Por quê? Porque as administrações públicas são incapazes de atrair profissionais de topo para os seus quadros. O resultado é que os postos-chave são ocupados pessoas que, na maioria dos casos, não são profissionais de primeira apanha. E isso emperra a máquina.

É só dar uma olhada para o perfil dos comissionados nas prefeituras. É gente que está lá por causa da carteirinha dos partidos. É a famosa boquinha. Ou teta. Ou mamata. O diabo é que são a maioria. Há também os que têm algumas aptidões técnicas, mas que por alguma razão não conseguem singrar na iniciativa privada. E há os comissionados profissionais: entra governo sai governo, os caras dão um jeito de ficar lá.

Generalizações são para evitar, porque há os que conseguem fazer a máquina andar. Mas são como os cometas e só aparecem de vez em quando. Enfim, a coisa é sofrível. O que temos são administrações de baixa competência, ausência de imaginação e incapacidade de produzir bons resultados. Mas, por ironia, isso poderia mudar com melhores salários, porque permitiria ir ao mercado captar gente melhor preparada.

Aliás, sob este aspecto vale uma palavra sobre o prefeito Udo Dohler. O homem chegou à Prefeitura com o discurso de gestor, mas se afastou rapidinho desse perfil. O prefeito tem o velho ditado em sua defesa: não se faz omeletes sem ovos. E não há como disfarçar: os comissionados estão na gênese dessa incapacidade intrínseca que as prefeituras têm de resolver os problemas com competência. A competência é exígua.

Há uma leitura política a fazer. Por serem cargos políticos, a democracia fica comprometida. Quem não tem visto, nas eleições, comissionados transformados em cabos eleitorais? É ilegal? Não sei. Mas é imoral. Os caras podem até alegar fé num determinado projeto, mas só os distraídos não verão uma luta pela manutenção do “emprego”. Aliás, há casos que beiram o escárnio: tem muito pretendente a comissionado a dar o ar da graça por aí.

Enfim, os caras lutam pela sobrevivência num ambiente facilitador. Porque o mundo real é exigente e as empresas privadas não são albergues para impreparados (ao contrário das prefeituras). O eleitorado pode até reagir à ideia, mas com outro nível de salários seria possível encontrar gente melhor preparada. Sem clientelismos a coisa só pode andar melhor. Afinal, se só temos profissionais meia-boca os resultados serão sempre meia-boca.


É a dança da chuva.

quinta-feira, 10 de março de 2016

O prefeito de Joinville ganha mais que os presidentes da Colômbia, da Croácia, da Bulgária...















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Na segunda-feira, o Chuva Ácida publicou um texto de Jordi Castan a falar nos salários do prefeito, secretários e quetais. Houve um bom número de entradas no blog, o que é compreensível, já que o tema desperta a curiosidade das pessoas. Eu próprio não resisti e decidi fazer uma pesquisa: comparar os salários dos políticos joinvilenses (e os seus acólitos) com os de outras cidades ou países. Os resultados são de pasmar.

Os catarinenses, no geral, e joinvilenses, no particular, ganham muito bem. Muitas vezes mais que políticos com responsabilidades muito superiores, como presidentes da república ou um primeiros-ministros. O salário de Udo Dohler serve como referência. É óbvio que o atual prefeito não tem culpa (o valor já estava estipulado quando ele ganhou as eleições), mas há uma enorme assimetria entre o seu salário e os vencimentos de políticos de outras latitudes.

O prefeito de Joinville, não importa quem ocupa a cadeira, ganha pouco mais de 25 mil reais, como informou Jordi Castan. É grana, amigo. Se formos fazer uma comparação com Lisboa, por exemplo, fica evidente a diferença. O prefeito da capital portuguesa ganha cerca de 17 mil reais brutos. No entanto, não resisto a fazer uma comparação entre os salários mínimos: em Portugal é de 2.200 reais, no Brasil é de 880 reais. E isso faz muita diferença.

Querem comparações entre o salário de Udo Dohler e políticos de outras partes do mundo?
- O prefeito de Joinville ganha mais que o dobro do primeiro-ministro da Croácia (9.737 reais), do presidente da Bulgária (10.868) e do primeiro-ministro da Eslovênia (12.430 reais).
- Ganha quase o triplo do primeiro-ministro da Bulgária e do presidente da Índia (ambos com cerca 8.430 reais).
- Ganha um pouco mais que o presidente da Colômbia (20.800 reais).
- Ganha quase o mesmo que o primeiro-ministro de Portugal e o primeiro-ministro da Espanha (ambos com cerca de 29.900).

Mas as disparidades não ficam por aqui. Um caso gritante é o do presidente do Paquistão, que recebe perto de 3.200 reais. Portanto, a metade do que ganha um secretário municipal. É uma tremenda diferença. Ou seja, compensa mais ser comissionado do que ser presidente de um país que exige decisões difíceis. Com esses valores, não admira, portanto, que prefeituras como a de Joinville, o maior empregador do município, se vejam a braços com dificuldades para conseguirem honrar a folha de pagamento.

E que tal uma virada no foco? Um prefeito, pelas suas responsabilidades executivas, tem uma carga de trabalho muito grande. Portanto, vamos pensar nos deputados estaduais, em especial os eleitos por Joinville. Ninguém duvida que eles levam uma vida mais sossegada, assegurada por um polpudo salário de 25.322 reais. Que tal comparar? Um deputado português recebe menos de 15.000 reais, um sueco 19.900 reais, um francês 21.000 reais. Os deputados alemães ganham melhor, mas nem tanto: 29.000 reais. Ah... e na maioria dos casos europeus não verbas suplementares.


Em resumo: os políticos brasileiros vivem de uma mamata histórica. E fica fácil entender porque tanta gente briga por um lugarzinho nas administrações públicas. Mas como bem lembrou Jordi Castan no seu texto, será que teriam capacidade para ganhar salários assim na iniciativa privada?

É a dança da chuva.

Link para o texto de Jordi Castan aqui

P.S.1 - Antes que algum assessor do prefeito tome as dores, um aviso: o texto não é sobre Udo Dohler. É sobre o salário do prefeito de Joinville, seja ele quem for.

P.S.2 - A tabela abaixo é em reais e as conversões foram feitas no www.financeone.com.br. 



segunda-feira, 7 de março de 2016

Comissionados e afins: quantos são, quanto ganham?

POR JORDI CASTAN

A Prefeitura Municipal de Joinville passou a divulgar, no Portal da Transparência, a relação dos salários de todos os servidores públicos municipais. É bom lembrar que esta iniciativa só aconteceu por conta de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) entre a Prefeitura e o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina). Não é hora de sair colocando medalhas e batendo no peito falando de transparência. Ainda estamos muito longe do ideal. Mas convenhamos que é um avanço.

Há quem não tenha gostado que os salários fossem divulgados. É um direito. O meu direito, como contribuinte, e portanto como quem paga os salários de todos eles, é ter essas informações. Saber quem são. Quanto ganham. Quantas horas trabalham. Há ainda mais por saber. Mas nada faz tão bem e fortalece tanto a democracia como a transparência. Luz, água e sabão fazem milagres. O debate está servido.

Os dados colocados no portal são parciais, pois se referem apenas ao mês de janeiro de 2016. Por eles é possível saber que o prefeito abriu mão de um salário de pouco mais R$ 25.000. Valores que supostamente estariam sendo entregues mensalmente a alguma entidade beneficente de Joinville. Não há razão para duvidar que a sua promessa de campanha esteja sendo cumprida, mas seria bom conhecer a relação, os critérios e os valores que cada uma tem recebido.

Quem sabe um dia estas informações também estejam disponíveis. Agora podemos saber que há 21 secretários, fora os presidentes de fundações e assemelhados, cada um deles recebe, em média, mais de R$ 13.000 por mês. Vendo a relação e avaliando o seu desempenho, surgem dúvidas. Quantos deles ganhariam este salário em alguma empresa local? Seriam capazes de gerir o seu próprio negócio e retirar este valor como pró-labore? São dúvidas interessantes.

O portal informa, parcialmente, quantos e quem são os comissionados em cada uma das fundações e autarquias. Parcialmente porque há nos quadros da Prefeitura mais de 500 comissionados. Mais que em todo o governo inglês. Mas essa é outra historia. Dos mais de 500, menos de 150 aparecem na listagem. Há que melhorar o nível de transparência da planilha. 

Agora é possível conhecer os salários, por exemplo, que um Gerente de Unidade comissionado no IPPUJ recebe cada mês mais de R$ 8.000.  Fica mais fácil de entender a importância da aguerrida militância partidária de algumas figuras carimbadas, que permanecem penduradas nas tetas da administração por décadas. Entra administração, sai administração é há os que conseguem se manter em algum emprego público. Na hora de comparar salários é bom lembrar da carga horária, que no serviço público é menor que na iniciativa privada para boa parte dos funcionários.

Um filtro muito útil seria o que permitiria identificar quem foi o padrinho que indicou cada comissionado. Assim seria mais fácil entender o porquê alguns vereadores de oposição votam sistematicamente com o governo, mesmo contra a diretriz do seu partido. Quem sabe acrescentar uma coluna: "padrinho político" ou "filiado a...". Também seria aconselhável acrescentar na planilha a relação sequencial, pois assim facilmente seria possível saber quantos funcionários há em total, em cada órgão ou em determinada situação. 


Até hoje a Prefeitura não tem conseguido implantar um único processo de gestão certificado, como poderia ser uma norma ISO, para colocar como exemplo. E assim vemos com a maior empregadora do município incapaz de atender a maioria das demandas básicas dos munícipes que pagam os seus salários. Eficiência, eficácia e efetividade devem ser palavras de baixo calão em determinados ambientes públicos.

Mas para quem precisou de quase uma década para concluir a obra do mirante do Boa Vista, ou não tem data prevista para concluir a duplicação da Santos Dumont, dá para entender que seja vista com preocupação que os valores recebidos sejam feitos públicos. Vai que alguém começa a questionar o quanto custa a maior empregadora de Joinville.