terça-feira, 4 de outubro de 2016

Os comissionados devem ter melhores salários?















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Eis a tese: os comissionados das prefeituras devem ter melhores salários. Ops! A afirmação pode causar algum ranger de dentes no eleitorado, mas faz sentido. Por quê? Porque as administrações públicas são incapazes de atrair profissionais de topo para os seus quadros. O resultado é que os postos-chave são ocupados pessoas que, na maioria dos casos, não são profissionais de primeira apanha. E isso emperra a máquina.

É só dar uma olhada para o perfil dos comissionados nas prefeituras. É gente que está lá por causa da carteirinha dos partidos. É a famosa boquinha. Ou teta. Ou mamata. O diabo é que são a maioria. Há também os que têm algumas aptidões técnicas, mas que por alguma razão não conseguem singrar na iniciativa privada. E há os comissionados profissionais: entra governo sai governo, os caras dão um jeito de ficar lá.

Generalizações são para evitar, porque há os que conseguem fazer a máquina andar. Mas são como os cometas e só aparecem de vez em quando. Enfim, a coisa é sofrível. O que temos são administrações de baixa competência, ausência de imaginação e incapacidade de produzir bons resultados. Mas, por ironia, isso poderia mudar com melhores salários, porque permitiria ir ao mercado captar gente melhor preparada.

Aliás, sob este aspecto vale uma palavra sobre o prefeito Udo Dohler. O homem chegou à Prefeitura com o discurso de gestor, mas se afastou rapidinho desse perfil. O prefeito tem o velho ditado em sua defesa: não se faz omeletes sem ovos. E não há como disfarçar: os comissionados estão na gênese dessa incapacidade intrínseca que as prefeituras têm de resolver os problemas com competência. A competência é exígua.

Há uma leitura política a fazer. Por serem cargos políticos, a democracia fica comprometida. Quem não tem visto, nas eleições, comissionados transformados em cabos eleitorais? É ilegal? Não sei. Mas é imoral. Os caras podem até alegar fé num determinado projeto, mas só os distraídos não verão uma luta pela manutenção do “emprego”. Aliás, há casos que beiram o escárnio: tem muito pretendente a comissionado a dar o ar da graça por aí.

Enfim, os caras lutam pela sobrevivência num ambiente facilitador. Porque o mundo real é exigente e as empresas privadas não são albergues para impreparados (ao contrário das prefeituras). O eleitorado pode até reagir à ideia, mas com outro nível de salários seria possível encontrar gente melhor preparada. Sem clientelismos a coisa só pode andar melhor. Afinal, se só temos profissionais meia-boca os resultados serão sempre meia-boca.


É a dança da chuva.

15 comentários:

  1. Baço não é a questão de salário que vai resolver isso. A PMJ é a maior empregadora de Joinville, se dentro dos seus quadros não houver funcionários hábeis para ocupar essas vagas, e eu creio que há, então fecha essa p0rr@ e devolve pros índios. Além do que, sai mais barato, pois não se paga um salário novo, simplesmente completa-se a diferença. E só pra lembrar isso vale para governo estadual, federal, empresas estatais e públicas.

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    1. Não ponho as ideias em absoluto. Tudo pode ser questionado e há nuances. Mas pega o exemplo prático do planejamento na Prefeitura de Joinville. Dali não sai nada e é um setor da maior relevância para definir o rumo da cidade.

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    2. Baço rola umas coisas estranhas às vezes, tipo você colocar uma liderança num departamento para que certas coisas andem e outras estacionem. Não me surpreenderia se isso acontecesse no IPPUJ. Não conheço ninguém lá, mas um setor guiado por um gestor mal intencionado não vai apresentar resultados.

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  2. Entendo que deveria diminuir ao máximo hj temos perto de 500 e fora funcoes gratificadas que fazem lutarem pelo gestor. Nós servidores fazemos a função independente pois prestamos o concurso para tal. Outra pergunta qual a qualificação que a prefeitura dá ao servidor? Só comissionados tem acessos a cursos. E o resto? Aquela parte silenciosa que se dedica? Fica mais uma pergunta por que comissionado não bate ou ponto?

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    1. É um bom ponto de vista. Mas a tua opinião referenda o meu ponto de vista. Tu questionas os comissionados porque têm regalias e essas coisas todas. A pergunta é: os caras oferecem boas soluções?

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    2. Régis e Baço, realmente diminuir os comissionados e salário é fundamental.
      Vocês já pararam para estudar o join.lab ou join.valle?

      Eles querem voluntários para fazer de graça o trabalho que os comissionados estão sendo pagos para fazer... politicagem puta

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    3. O sistema parece quinado. E pelo que sei os caras ganham muito bem quando comparados à maioria dos trabalhadores. Parece ser um saco sem fundo...

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  3. Os atuais cargos comissionados já recebem um salário diferenciado às vezes maior do salário de funcionário concurso do e com qualificação. Essa disparidade é o que desanima quem muito lutou para uma qualificação sendo subordinado de alguém que muitas vezes mal sabe ler.

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    1. Sim. Há muitas distorções no sistema. Mas a minha proposta vai no sentido da profissionalização. Ou seja, evitar os que "muitas vezes mal sabe ler" e trazer que sabe pensar as questões.

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    2. Se não fossem os comissionados essa m... estaria falida. Que os “de carreira” aprendam a trabalhar com quem sabe. Digo isso por experiência própria. Quando pedi auxílio à PMJ, o único que me atendeu corretamente foi um funcionário que não é de carreira.

      “...muitas vezes não sabem ler.”

      Sério?

      Por acaso o sr. José Camargo fez concurso público para ser efetivado?

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  4. Mais um Anonimo meu Deus. Sim meu caro "não tenho coragem de dizer meu nome". Sou concursado e continuo melhorando minha formação. Não se pode julgar o todo pelas excessões. Procure saber antes de falar principalmente minha pessoa que não se esconde no anonimato.

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  5. Só um adendo/remendo...

    Não se faz omeletes sem ovos. E ainda precisa quebrá-los.

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  6. Um ponto fundamental é que o comissionado literalmente cai de paraquedas. Leva tempo até compreender o tramite administrativo e os procedimentos adotados pela PMJ ao longo dos tempos (é lamentável que essa história funcional vá indo junto com os servidores aposentados). Quando o comissionado tem interesse e profissionalismo, quando muito, implanta uma ou outra mudança pontual que pode até trazer avanço, mas não chega a alterar sistematicamente o modus operandi de modo o tornar a gestão eficiente. E o ciclo se repete a cada eleição. Tenho mais de 10 anos de serviço público e é inegável que se profissionaliza com o passar do tempo. Mas a mudança é lenta. Meu ponto é que o servidor efetivamente não participa da gestão do seu próprio serviço, não lhe é dado espaço, os governos o tratam como coadjuvante do processo, um "fazedor de procedimentos". As decisões ainda são tomadas "pelas cabeças" a portas fechadas, com mínima participação do servidor. Tem muito servidor competente, que se capacita, que se profissionaliza. Porém sua expertise não é devidamente aproveitada. As gerências (no mínimo as coordenadorias) deveriam ser ocupadas somente por servidor de carreira, capacitado e membro efetivo da equipe. Um olhar mais atento para o pessoal de carreira que tem muito a contribuir.

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  7. “É só dar uma olhada para o perfil dos comissionados nas prefeituras. É gente que está lá por causa da carteirinha dos partidos. É a famosa boquinha. Ou teta. Ou mamata. O diabo é que são a maioria.”


    De facto isso é um problema... Por outro lado, trabalhei como comissionado no governo Tebaldi (não tenho partido, me chamaram por sou bom no que faço mesmo!), ocupava um cargo de coordenação e, modéstia parte, fizemos um bom trabalho no departamento. Com a vitória do PT, havia a vontade de meus colegas concursados para para que eu ficasse, mas essa ideia não era compartilhada pelo novo secretário. Haviam conversas sobre “alguém” ligado ao partido (diziam ser o motorista, o panfleteiro ou alguém de outro Estado) que ocuparia o meu lugar. Não pensei duas vezes. A convite de uma empresa privada pedi a minha exoneração e, mesmo com os resultados positivos do nosso trabalho na coordenação, o secretário não pestanejou em conceder. Saí da cidade e, meses depois, soube que quem ocupou o meu lugar na coordenação viera de longe e sem formação específica para o expediente.

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  8. É bom esclarecer. O nome cargo comissionado se refere aos postos de Secretário, de Presidente de Fundações, de Diretores, de Gerentes e Coordenadores, Supervisores, e por aí vai. Segundo o Estatuto do Servidor estes cargos deveriam ser ocupados PREFERENCIALMENTE POR CONCURSADOS. Esta escrito lá, mas nunca é respeitado tal indicação. Se parte dos concursados são medíocres ou coçadores, existe (ou deveria existir) aferição por parte de avaliações de desempenho. Agora sustentar que estes cargos continuem sendo poleiros de parasitas e políticos de segunda sob o argumento que os funcionários de carreira não os merecem é de um maucaratismo impar. Estes cargos pertencem ao Plano de Cargos e Salários da PMJ, que é a unica forma que um servidor tem de ser valorizado e subir alguns degraus em reconhecimento a sua dedicação e capacidade. Utilizar deste instrumento para finalidade puramente politica é desviar recursos públicos, é prevaricar das suas funções. Está mais do que na hora do MP apurar estas questões, já que o principal fiscal desta matéria, que é o Legislativo, se transformou no principal beneficiado disto.

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