POR FILIPE FERRARI
O projeto da “Escola sem Partido” continua com suas safadezas. Apesar de meio sumido da mídia, sabemos que as discussões ainda estão nos espaços públicos, e nas redes sociais há diversos incautos que continuam a defender o mesmo. A maioria desses, provavelmente nunca entrou numa sala de aula.
O projeto apresenta uma série de furos e bobagens. Há professores que fazem propaganda partidária? Sim. Há professores que tendem à esquerda? Sim. Entretanto, há professores que defendem a Ditadura Militar? Sim. Há professores que se comportam de maneira homofóbica, sexista, misógina e machista? Tem também! A sala de aula talvez hoje seja um dos ambientes mais plurais da sociedade, onde perfilam todos os tipos de ideologias. A questão principal é: quais discursos a “Escola sem Partido” cerceará?
Entretanto, não é do professor que quero falar, mas dos alunos. Os proponentes do projeto devem enxergar os alunos como meros receptáculos vazios, como se o professor fosse capaz de moldar os estudantes com as suas ideias e eles as aceitassem sem nenhum tipo de crítica. Bom, saibam que não é assim. O mais gratificante da vida de um professor é conseguir também aprender com os alunos. Certamente o professor molda, mas também é moldado. O que falta compreender nesse “projeto”, é que a educação é um processo dialético, onde há a troca de saberes em diferentes graduações.
Existem sim professores que entram em sala, despejam seu conteúdo e não ouvem os alunos (e são professores assim que a “Escola sem Partido” quer), mas esses são professores mortos, que entendem o educar como um fardo. Não vou ser romântico e dizer que ser professor é um mar de rosas. É cansativo, é pesado (especialmente pelas condições de trabalho e reconhecimento), mas em algum lugar reside a “cachacinha da educação”, que uma vez provada, vicia.
Tenho um exemplo prático disso. Durante toda minha adolescência e parte da vida adulta, execrei o Rap. Carregava comigo esse preconceito cultural e musical. Agora, fazem algumas semanas, tenho ouvido, por influência e insistência de alguns alunos, e hoje percebo o quanto tempo perdi ao não conhecer as rimas pesadas e poderosas de Brown, Criolo e Emicida. Estou me aventurando pelos latinos, e em breve quero chegar no Sabotage.
Parece bobagem, mas é um exemplo de como a transformação tem duas vias. Como querer professores “neutros”, se os alunos, graças a Deus, não o são? Que cada um tenha os seus partidos (e quem acha que eu estou falando de partido político, que vá procurar um dicionário), e que as transformações diárias estejam em todos os lugares.
O projeto apresenta uma série de furos e bobagens. Há professores que fazem propaganda partidária? Sim. Há professores que tendem à esquerda? Sim. Entretanto, há professores que defendem a Ditadura Militar? Sim. Há professores que se comportam de maneira homofóbica, sexista, misógina e machista? Tem também! A sala de aula talvez hoje seja um dos ambientes mais plurais da sociedade, onde perfilam todos os tipos de ideologias. A questão principal é: quais discursos a “Escola sem Partido” cerceará?
Entretanto, não é do professor que quero falar, mas dos alunos. Os proponentes do projeto devem enxergar os alunos como meros receptáculos vazios, como se o professor fosse capaz de moldar os estudantes com as suas ideias e eles as aceitassem sem nenhum tipo de crítica. Bom, saibam que não é assim. O mais gratificante da vida de um professor é conseguir também aprender com os alunos. Certamente o professor molda, mas também é moldado. O que falta compreender nesse “projeto”, é que a educação é um processo dialético, onde há a troca de saberes em diferentes graduações.
Existem sim professores que entram em sala, despejam seu conteúdo e não ouvem os alunos (e são professores assim que a “Escola sem Partido” quer), mas esses são professores mortos, que entendem o educar como um fardo. Não vou ser romântico e dizer que ser professor é um mar de rosas. É cansativo, é pesado (especialmente pelas condições de trabalho e reconhecimento), mas em algum lugar reside a “cachacinha da educação”, que uma vez provada, vicia.
Tenho um exemplo prático disso. Durante toda minha adolescência e parte da vida adulta, execrei o Rap. Carregava comigo esse preconceito cultural e musical. Agora, fazem algumas semanas, tenho ouvido, por influência e insistência de alguns alunos, e hoje percebo o quanto tempo perdi ao não conhecer as rimas pesadas e poderosas de Brown, Criolo e Emicida. Estou me aventurando pelos latinos, e em breve quero chegar no Sabotage.
Parece bobagem, mas é um exemplo de como a transformação tem duas vias. Como querer professores “neutros”, se os alunos, graças a Deus, não o são? Que cada um tenha os seus partidos (e quem acha que eu estou falando de partido político, que vá procurar um dicionário), e que as transformações diárias estejam em todos os lugares.
“A questão principal é: quais discursos a “Escola sem Partido” cerceará?”
ResponderExcluirParece que quem faltou às aulas foi você. Não ler o projeto e escrever bobagens, OK! Agora não saber interpretar uma frase?
ESCOLA SEM PARTIDO!
PAR-TI-DO!
Entendeu ou quer um desenho?
Sem PT, sem PC do B, sem PSOL, sem PSDB, sem PMDB. Sem partidarização dentro das salas de aula. Sem diminuir as horas aulas de história contemporânea substituindo-as pelas conversas de boteco sobre “as injustiças que estão aplicando no filho do Brasil” ou no "golpe" contra a “mãe dos brasileiros”. Sem diminuir as horas das aulas de português, geografia ou matemática para doutrinar os alunos no “nazimarxismo” do PC do B, no “socialismo libertário” do PSOL ou no “socialismo-marxista-histórico-dialético-ecológico” da REDE.
EU EN-TEN-DI!
ExcluirE a escola deve mesmo sem ser partido, agora, professores e alunos não. Larga mão de ser cavalo.
ExcluirNÃO EN-TEM-DEU!
Não existe “escola petista”, “escola marxista”, “escola libertária” ou “escola peemedebista”, existem professores com essas ideologias ou ligados à partidos que usam da desonestidade intelectual para pregar suas PAIXÕES aos alunos. Quando os professores conseguem colocar essas mentiras nas cabecinhas ocas de ALGUNS alunos, assistimos meia dúzia adolescentes invadindo escolas sem saberem o motivo.
Fico admirado com a hidrofobia da neodireita.Nao sabem discutir sem xingar. Escola sem partido na verdade, e eu li todo o projeto, é escola sem ideologia. Isso nao existe, pois quem dá a aula é um ser humano e como ser humano tem sua ideologia e ela jamais poderá ser cerceada. Alias, essa escola sem partido exiatiu sim.Foi na Alemanha no periodo do nazismo. Por falar em nazismo, seria bom o PMDB parar de obrigar diretores de escola (escolhidos por eles) a fazerem campanha para o Udo. Só um conselho, pois ficou feio para alguem que se diz maos limpas...
ExcluirPerfeito Alexandre!
ExcluirQuanto ao anônimo, é isso que está escrito no meu texto, mas a baba da raiva deve tapar os olhos e a capacidade de compreensão.
Primeiro educação não muda ninguém, em termo morais. Ela muda o tipo de crime que cometeremos. Mais ou menos elaborados.
ResponderExcluirSegundo a politica matou a melhor discussão que tínhamos que vinha da idade média sobre a graça divina. E como diria Nelson Rodrigues a paixão politica , é unica paixão sem grandeza é unica paixão a cretinizar os homens.
Terceiro Rap não é musica- é ritmo e poesia. Como musica é execrável, mas quem sabe como poesia pode ser admirável.
Quarto a politica não é feita com boas intensões, é isso que vc querem ensinar na escola? deixar as pessoas restartadas ? Pq vc acha que o principe de maquiável é um clássico? A politica não é para principiantes na vida. O estudo politico sério começa por se estudar o lodaçal da alma humana. E entender como diria Terêncio que nada que é humano me é estranho, ou seja Adolf hitler esta em mim tb.
A educação politica morreu quando deixamos de ter famílias numerosas, e a vivermos numa época de multidões de filhos únicos, que se relacionam sem sair de casa. Famílias numerosas sabiam exatamente que a paz não é possível. A educação politica real deixou de existir para essa geração de mimados.
Temer "o Golpista" não é bobo, nem santo. Ele sabe que a situação politica é complexa e tem que satisfazer a parte do povo que o apoia, ele sabe que essa parte apoia a escola sem partido, ele só esta distraindo os coxinhas.
Sexto o socialismo exclui vários tipos de discussão da escola e da sociedade(censura),e até países não socialista como frança obrigaram alunos a não expressarem suas opiniões religiosas no ambiente escolar(uso de Burca). Toda cultura hegemônica realizará censura de fato.
Eu acho que pode se estudar politica na escola mas sempre de maneira neutra, assim como a maioria deve achar isso da religião? ou não? Pode haver proselitismo religioso na escola?
Não sou a favor da escola sem partido,e tb acho que isso é um tiro que vai sair pela culatra se direita parar pra pensar.
Aí que está Fábio, não existe neutralidade. Eu posso oferecer diversos pontos de vista, mesmo os que eu não concorde (como busco fazer), e ainda ter o confronto (sadio) dos pontos de vista dos alunos, e aí a transformação vai que vai.
ExcluirE, onde eu falei de socialismo? Gente, vocês são muito bitolados.
E precisa falar em socialismo? pois ele esta subentendido.
ExcluirSerá nós os bitolados? Basta usar um pensador da própria esquerda o Zizek que faz uma critica a própria esquerda dizendo que hj ela se encontra recalcada frente as experiencias socialista. Dizendo de outro modo : hj a esquerda encontra-se num estado de isolamento afetivo frente essas experiência fracassadas,e como não tem uma alternativa frente ao capitalismo desvia o discurso ou melhor suas pulsões pra outras questões.
A esquerda não agoniza, ela se encontra num estado histérico.
E aí eu concordo Fábio, pois faz algum tempo que tenho colocado algumas questões importantes para os meus colegas que se posicionam à esquerda.
ExcluirNo mínimo, isso é triste.
Quando tínhamos EMC e OSPB, impostos pelos governos ditatoriais,... tínhamos escolas COM partido?
ResponderExcluirSe um professor, em sala de aula, pregar que o Bolsonaro é "mito",... é escola COM partido?
Se outro professor pregar que ele é homofóbico, estuprador, racista, etc... também é escola COM partido?
Mas, se um outro professor promover debates em aula, e alguns* alunos chegarem a conclusão que o Bolsonaro não é "Nem tanto terra, nem tanto mar!"; que é completamente insano atribuir a ele a alcunha de mito ou de estuprador? Que ele falha feio em várias questões, mas tem certa razão em outras? Isso seria escola SEM partido?
*Eu disse "alguns", visto que, em política, toda unanimidade é burra!
E se um professor, com um prisma político de extrema direita, conseguisse mobilizar os alunos de uma escola a invadirem e paralisarem as aulas, numa manifestação de apoio a volta da ditadura?... seria isso, escola COM partido?
A esquerda agoniza!...
Ou podemos discutir o contexto histórico-social e os discursos do Bolsonaro, e deixar os alunos chegarem às suas próprias conclusões. Os "partidos" estão ali, dos professores, dos alunos, de todo mundo. Construindo e desconstruindo conceitos.
Excluir"Ou podemos discutir o contexto histórico-social e os discursos do Bolsonaro, e deixar os alunos chegarem às suas próprias conclusões. Os "partidos" estão ali, dos professores, dos alunos, de todo mundo. Construindo e desconstruindo conceitos."
ExcluirQue bom que é simpático ao projeto "escola sem partido". Seja bem vindo!
Não, o nome disso é "escola". O dia que você mostrar a cara, e entrar numa sala de aula, aceito as refutações.
ExcluirO maior mérito desse projeto foi na escolha do nome.
ResponderExcluirTodo mundo quer escolas sem partido, é evidente.
Mas o que o texto do projeto de lei prevê não é bem isso.
E infelizmente a maioria continua preferindo julgar o livro pela capa. É mais cômodo...
Rodrigo, essa é minha maior crítica ao projeto, concordo integralmente contigo.
ExcluirAbraços!
Olha, Nunca gostei do Felipe, acho ele um escroto. Porém o texto escrito por ele é fenomenal. Parabéns pela crítica. Continue sendo esse escroto que você é.
ResponderExcluirObrigado. Ao menos, eu tenho a coragem de apontar a escrotidão na cara alheia com meu próprio nome. Certamente se esconder no anonimato é coisa de gente honrada e certa de suas ideias.
Excluir