sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O Brasil avança firme para o século 20: rico é rico, pobre é pobre
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Faz pouco mais de 20 anos que saí do Brasil. Lembro que, naquele altura, o país vivia uma espécie de apartheid social. Ricos para um lado, pobres para outro. Quem me conhece sabe que sempre uso o exemplo do “elevador de serviço” e “elevador social” como metáfora daqueles tempos. É uma forma de duzer que não havia misturas, porque cada um sabia o seu papel na sociedade. Fico aqui a lembrar como era o fim do século 20.
-       Imaginem que naquele tempo as universidades eram coisa só para gente rica. Eu próprio só fui para a universidade porque o meu pai tinha alguns recursos, ainda que parcos. Quando era calouro na Faculdade de Engenharia de Joinville, a minha turma era toda de gente de classe média (para cima) e só tinha um cara que a gente podia chamar de “pobre”. É claro que o coitado não sentou nas cadeiras da faculdade por muito tempo, porque a faculdade era em período integral e ele tinha que trabalhar.
-       A saúde também era diferente. Quem dependesse dos serviços públicos estava palpos de aranha. Não havia um modelo como o atual SUS, que tem os seus defeitos mais vai atendendo. O antigo INPS não oferecia dignidade e era um recurso usado apenas pelos pobres. O pessoal com grana tinha planos de saúde privados ou apenas dinheiro para se defender nas emergências. Tem uma coisa que os mais novos nem sonham: o SAMU era uma miragem. Não existia.
-       A política era dominada pela plutocracia, que se confundia com os oligarcas e os seus acólitos. Ou seja, os donos do poder enquistavam os seus títeres nas estruturas de poder (Legislativo e Executivo) com o objetivo de proteger os interesses do topo da pirâmide. Quem não se lembra da expressão Belíndia? Uma parte do país era a Bélgica, onde viviam os ricos. A outra era a Índia, onde eram circunscritos os pobres. Nesse tempo, o Partido dos Trabalhadores ainda engatinhava e os seus militantes eram mesmo perseguidos. O partido era a voz dos mais desfavorecidos e propunha mudanças, o que incomodava os conservadores.
-       O Poder Judiciário era respeitado. Ou melhor, temido. Mas já naquele tempo os caras ligados a atividades judiciais (pelo lado do Estado) davam um jeito de tirar o máximo de proveitos do sistema. Os aumentos salariais e de benefícios foram sempre muito generosos. Os trabalhadores do Judiciário sempre formaram um elite intocável, que se destacava pelo elevado estatuto social.
-       A imprensa tinha alguns títulos combativos (a espasmos) e contava com jornalistas respeitáveis. Mas estiveram sempre sujeitos a interferências das leis do mercado e os humores do poder. No entanto, além de uma ou outra peitada esporádica, no frigir dos ovos a maioria esteve sempre alinhada com o poder. Podia dizer que as coisas eram muito parecidas com o que temos atualmente. Mas não. Hoje é muito pior.
Ops! Pensando melhor, parece que o golpe aplicado pela direita teve esse efeito: fazer o Brasil avançar para o século 20. E trazer aquela velha necessidade que a Casa Grande tem de pôr a senzala no seu devido lugar. Rico é rico, pobre é pobre. 

“O Brasil não é só de gente como nós (…) existe gente pobre”.
Michel Temer

“Se não tem dinheiro, não faz faculdade”.
Nelson Marquezelli

“A primeia vez que eu tentei carregar um pobre no meu carro eu vomitei por causa do cheiro“.

Rafael Greca

É a dança da chuva.

18 comentários:

  1. Universidade Pública é e sempre foi para a classe média (o rico vai estudar no exterior), aos pobres sobre a Universidade Privada graças as políticas de investimentos que, devido à crise, já estão escassas (mas disto vamos falar mais adiante...). Nos condomínios de classe média alta ainda existem os elevadores sociais e os de serviço (como na Zoropa – sim, já vi algo parecido aí também!). Moro num prédio que infelizmente só existe o elevador social. Por falta de um elevador de serviço, temos de dividi-lo com quem constantemente faz a mudança dos móveis ou leva o pet passear. Fazer o que. Sobre a faculdade de engenharia, ainda hoje é assim, Dorothy.

    Aposto que você nunca precisou dos serviços do SUS (claro que não, saiu há mais de vinte anos daqui...). O SUS, meu caro, nada mais é do que um INPS com três caracteres. Os serviços são ruins (como eram os do INPS) e, mesmo com o breve boom de crescimento econômico brasileiro, os governos petistas preferiram não gastar os dividendos com a saúde. Os governos petistas preferiram ENFIAR O DINHEIRO PÚBLICO NO CU DE BANQUEIROS E EMPRESÁRIOS CONSTRUTORES EM REPUBLIQUETAS DITATORIAIS BOLIVARIANAS E DA ÁFRICA ao invés de investi-lo em educação, saúde e segurança. Quanto ao SAMU, é bonito quanto funciona, quando não funciona sobra a van dos bons e velhos esquecidos bombeiros. Sem contar com os milhares de equipamentos do SUS largados em centenas de cidades brasileiras, como se a simples compra de automóveis sem a contratação de pessoal e pagamento de combustível, enfim, sem os custos de manutenção fosse suficiente. Sobra discurso e falta vergonha na cara dos petistas.

    O quarto parágrafo teu é um deboche! Plutocracia? Oligarcas e acólitos? Conservadores? E coloca o PT como salvador da pátria que não atingiu o seu intento por que os malvados CONSERVADORES (quem, os banqueiros e construtores que receberam bilhões dos recursos públicos?) não permitiram? Quem financiou os bilionários com dinheiro público que devolviam aos donos da PLUTOCRACIA? Quem eram os OLIGARCAS? Os ACÓLITOS eu desconfio...
    Quanta cara de pau!

    O Poder Judiciário ainda é assim, no mundo! Talvez na Terra do Nunca ou em Portugal seja diferente.

    Pois é, a imprensa é tão alinhada ao poder que até há pouco tempo criticava insistentemente o próprio. A imprensa é a mesma, o que muda é a opinião de alguns sobre ela. Quando ela escreve coisas bonitas sobre o partidão do coração, a imprensa é boa, quando escreve a verdade, mostra a cobra morta e o pau, aí a imprensa é parcial. Mas não há problema quando se tem (tinha!) a máquina e dinheiro público a bancar brochuras esquerdóides e blogs sujos. Acabou a mamata!

    Por fim, não houve golpe. A retórica sem-vergonha do golpe serve para reunir a militância estúpida. Quanto a direita, sempre responsável, tem de limpar a MERDA que a esquerda fez nos 14 anos de desgoverno. Prefiro não subestimar a inteligência do povo, ele vai saber enxergar a boa gestão. O último bastião (podre) brasileiro da esquerda caquética latino-americana vai parar no xilindró antes mesmo das próximas eleições. Sim, graças ao PT estamos voltando ao século XX para recomeçar do zero.

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    1. Gostaria de viver no país desse anônimo...

      Os anônimos agonizam!

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    2. Anônimo. A ciência já inventou uma coisa chamada termômetro: vai medir a febre porque deves estar doente.

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    3. Zorak, você é bem criativo! Heim? Putz...

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  2. Com o golperno Temer teremos uma espécie real do filme De Volta para o Futuro. Marty Mcfly se vier ao Brasil e conversar com os coxinha e bolsofezes atualmente sob esse golperno se sentirá como em 1955, no que se refere à mentalidade reacionária, preconceituosa e tacanha.
    E como não há nada péssimo que não possa piorar, dê uma conferida Baço na última coxinfestação zumbi programada na Av. Paulista em 29/10, é tragicômico.

    Não é piada: grupo marca protesto na Paulista em apoio a Trump contra “Dilma americana”

    O Juntos pelo Brasil, com o apoio do Direita São Paulo e do Crítica Nacional , convida todos a participar do ATO DE APOIO A DONALD TRUMP, que realizar-se-á Sábado dia 29/10, às 14h, na Av. Paulista 1.111 (próximo ao metrô Trianon-MASP)!

    PARTICIPE! Vamos mostrar que o Brasil apóia os irmãos conservadores americanos, e que nós não queremos ver a Dilma Americana na Presidência!

    Algumas dicas para quem vai:

    ★ De preferência, venha de azul, branco e vermelho, e traga bandeiras e camisetas dos Estados Unidos.

    ★ Se quiser cartazes com o logotipo oficial da campanha de Trump, entre em contato pelo inbox do Juntos pelo Brasil .

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/nao-e-piada-grupo-marca-protesto-na-paulista-em-apoio-a-trump-contra-dilma-americana/

    Não há limites para a estupidez dos(das) coxinhas do Brasil, vergonhosa e lamentavelmente.

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    1. Trump = Conservador + Falastrão
      Hillary = Conservadora

      (comparar Hillary a Dilma é uma baita de uma ofensa...)

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  3. Baço, vc defende ladrão

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  4. Hehehe... Baço, você é daqueles que aplaude o discurso da Marilena Chaui?... aquele, em que ela diz odiar a classe média?

    A esquerda agoniza... e perde a noção das coisas!

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    1. É claro que aplaudo o discurso da Marilena Chauí, aquela que diz odiar a classe média.

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    2. A Marilena Chauí não é aquela atriz do “tapa na pantera”?

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  5. Fiquei satisfeito em Saber que ele foi embora do Brasil...

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  6. Vejamos:

    “O Brasil não é só de gente como nós (…) existe gente pobre”.
    VERDADE!

    “Se não tem dinheiro, não faz faculdade”.

    (Se não tem $, guarde mais um pouco, invista nos estudos e quando tiver $ suficiente não precisarás se endividar no FIES, e se estudar bastante ainda pode pleitear uma vaga numa universidade pública gratuita) A MAIS PURA VERDADE!

    “A primeira vez que eu tentei carregar um pobre no meu carro eu vomitei por causa do cheiro“.

    O pobre em questão era um sem-teto. Um sem teto não costuma tomar banho, e por causa disso fede pra car%&*#. Afirmo isso porque eu também já dei carona a um no acostamento. Descobri ser um sem-teto na metade da viagem quando ele confirmou o que o meu nariz já desconfiava. A MAIS CRISTALINA DAS VERDADES!

    (E vc, Baço, imaculado comunista, já deu carona a um pobre sem-teto no Brasil?)

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    1. Concordo contigo Anônimo, o amor de verdade é a mais rara das coisas. A virtude da esquerda não passa de vaidade. Como diria o Snoopy amo a humanidade, mas detesto as pessoas.
      Não que eu concorde com a direita mas ela na maioria das vezes é mais honesta com seus afetos.

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  7. Falar que o golpe está "fazendo o tempo voltar" se valendo dos exemplos citados no final do texto é balela. Esses cidadãos estão a bastante tempo no meio político e suas opiniões, estando ou não representados nos trechos desconexos inseridos em seu texto, não devem ter se formado apenas agora.
    Um deles, o vice decorativo que virou presidente, estava dentro do governo deposto durante todo o tempo e não sofria críticas até que conseguisse ter seus próprios holofotes. O que fazia alguém tão retrógrado e desalinhado com as ideias governistas como vice-presidente?
    Não seria esse o "golpe do golpe"? Pois, estando o poder com a presidenta ou com seu vice, o país continua avançando séculos e séculos para trás.

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