quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Espaço para outras vozes - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS



POR FELIPE CARDOSO


Quatro anos atrás era criado um espaço democrático para exposição e reflexão sobre Joinville. Com o objetivo de ser plural e abranger diversos temas que não são abordados constantemente pela imprensa local, o Chuva Ácida se destacou ao dar espaço para textos críticos, denúncias e, principalmente, pela participação da comunidade.

A partir de 2013, o blog deu mais espaço e representatividade para as questões dos negros, mulheres e LGBTs, trazendo pautas consideradas tabus por alguns conservadores da cidade e que, por isso, eram assuntos silenciados e escondidos de muitos joinvilenses. Graças ao espaço dado para expor e abordar esses temas, muitas pautas, matérias e reportagens a respeito de raça, etnia e gênero surgiram na imprensa local e até nacional, estimulando o debate e o estudo sobre cada caso.

Nesses 4 anos, a influência e o impacto do Chuva Ácida foi grandiosa.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Justiça lança um torpedo sobre a Lei Bentinho


POR JORDI CASTAN

O juiz Roberto Lepper  concedeu  liminar, suspendendo (afortunadamente) o art.3º da Lei Bentinho, que aumentava a farra da Lei Cardosinho para todos os empreendimentos irregulares construídos até 2011. A liminar deixa praticamente sem efeito a lei aprovada em primeira votação. É bom lembrar que o vereador Manoel Bento (PT) não está sozinho nesta empreitada, em que outros vereadores têm jogado um papel destacado.

O vereador Maurício Peixer é outro dos nomes que quase sempre acompanham este tipo de projeto. Não tem o menor constrangimento em participar de iniciativas como esta e não ruboriza mais quando surgem suspeitas sobre a lisura do processo. Houve, durante a primeira votação, insinuações suficientemente explícitas, entre os vereadores, para levantar suspeitas sobre os reais interesses por trás da urgência em aprovar o projeto de lei 41/2015.

Na última quarta-feira, a Câmara de Vereadores aprovou, em primeira votação, a Lei de Regularização dos Imóveis, uma nova reedição da antiga Lei Cardosinho. O trâmite foi no mínimo estranho. A proposta do vereador Bento ficou quase 11 meses adormecida na casa. De repente e aparentemente agoniado com a demora,  o vereador Manoel Bento pediu ao plenário que se desse Regime de Urgência* para seu projeto. Urgência? Por que será que o vereador Manoel Bento tem tanta pressa? Que fato novo motivou o repentino interesse?

O presidente da Comissão de Urbanismo, Maycon César, deu parecer desfavorável ao projeto, por julgá-lo inconstitucional, mas o parecer foi derrubado. Esquecem os vereadores - e este esquecimento é curioso, quando é de vereadores com anos de casa, como o caso dos Vereadores Manoel Bento e Mauricio Peixer - que os projetos relacionados ao zoneamento, ordenamento territorial, bem como parcelamento, uso e ocupação do solo devem partir do executivo.

Além de constar na Constituição Federal e na Constituição do Estado de Santa Catarina, a própria Lei Orgânica do Município é bem clara quanto a isso, nos Artigos 4º, 7º, 36 e 37. Nenhum vereador pode propor algo desta natureza, apenas propor modificações após o envio do projeto vindo do Executivo Municipal (por isso o projeto que está tramitando na Câmara, de iniciativa do vereador Cláudio Aragão, tampouco é válido).

Apesar da insistência na sua reedição, o tempo da Lei Cardosinho já foi. Quem tinha imóvel para regularizar já o fez nas primeiras edições desta lei. Ressuscitar a lei todo os mandatos é afirmar, a cada ano, que em Joinville o ilícito pode se tornar lícito mediante um singelo pedido a um vereador.

Já existem leis que regem o uso e ocupação do solo há muito tempo. Por que aprovar uma lei que abre exceções a aquelas leis? Esquecem ainda os nossos vereadores que só pagar não resolve os problemas ocasionados pelas construções irregulares que pipocam por Joinville, estimuladas por legisladores que agem para que a cidade se exploda, em troca de uns poucos caraminguás.

* Regime de Urgência pode ser solicitado quando o projeto expirou seu prazo dentro da Câmara e ainda não foi ao plenário. Após aprovado, este projeto tem 48 horas para voltar ao plenário para votação. Enquanto o projeto não for votado, os demais projetos de lei ficam trancados na casa. Não se pode discutir outro assunto.

O Chuva Ácida já abordou o tema com anterioridade nos posts:



http://www.chuvaacida.info/2015/07/o-inferno-sao-os-vereadores-certo.html

http://www.chuvaacida.info/2015/07/lei-340-solucao-tanto-para-o-municipio.html
http://www.chuvaacida.info/2015/07/treplica-vereador-bento-nao-convenceu.html


A semiologia dos buracos na rua*


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O leitor e a leitora não têm a obrigação de saber o que é semiologia ou semiótica**. Para resumir, eu digo: é a ciência que estuda os signos. Mas o que é o signo? É aquilo que está lá para significar alguma coisa. E há poucos significantes mais corrosivos para uma administração municipal do que os buracos na rua. Complicou? Então vamos simplificar.

Em termos semióticos, o buraco é mais do que uma simples cavidade no asfalto. Porque projeta outras coisas. Há quem veja desleixo. Há quem veja perigo. Há quem veja incapacidade dos administradores. O poder imagético do buraco é tão forte que se sobrepõe mesmo às grandes obras. Há mais camas no hospital? Perfeito. Mas se estourar um pneu do meu carro num buraco lá se foi a imagem positiva.

Que tal uma comparação? O poder público põe muita fé na força dos anúncios de televisão, por exemplo, para construir uma imagem. Mas não tenho dúvidas de que o buraco comunica muito mais – de forma negativa, claro – do que qualquer filme publicitário. Porque estão no dia a dia das pessoas e podem mesmo ser considerados armadilhas, como tem sido titulado pela imprensa.

Os buracos têm o poder de criar uma semântica própria. E os seus venefícios são transversais, porque atingem tanto o dono da Ferrari, que não consegue pôr o seu bólido a andar, como o dono do Fusquinha, que teme se endividar com o conserto de uma roda, ou mesmo os passageiros de ônibus, que são obrigados a aguentar o sacolejar nas suas deslocações.

E a coisa salta para o cotidiano, para a linguagem das ruas. É fácil introduzir a palavra “cratera” no léxico do cotidiano e aumentar a dimensão imagética do problema. O que dizer quando, numa forma rústica de sinalização, as pessoas põem galhos, para prevenir os motoristas mais incautos? E quando alguém diz que "tem uma rua nos buracos". Ou ainda quando a ideia dos buracos faz a diversão de humoristas mais corrosivos, como mostra a charge do Sandro Schmidt neste texto.

Dizem que o diabo está nos detalhes. E os buracos das ruas, parecendo detalhe, na verdade são essenciais para detonar a imagem de qualquer administração pública. E não adianta dizer que o material de pavimentação é bom e que o trabalho é feito de forma diária. Porque enquanto estiver lá, o buraco está a comunicar contra o prefeito. Vou extrapolar: 10 buracos comunicam mais que um jornal inteirinho.

Ok, admito que não entendo de asfalto, de lençóis freáticos ou de trânsito excessivo. Mas entendo de construção de imagem e não tenho dúvidas de que é preciso fazer mais e melhor. Os buracos são outdoors com publicidade negativa. E ter essa percepção não é culpa minha. É da semiologia.

É a dança da chuva.

* Adaptação de texto publicado originalmente no jornal AN em janeiro de 2014. A intenção é mostrar que pouca coisa mudou desde então.
** [Linguística Ciência dos modos de produçãode funcionamento e de recepção dos diferentes sistemas de
sinais de comunicação entre indivíduos ou coletividades. = SEMIÓTICA

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Rumo a 2016!


Pedalando em Joinville!


Udo, parklets, mãos limpas, Alemanha e árvores



POR JORDI CASTAN


PREFEITO VOLTA COM A PRIMAVERA - Chegou a primavera. E com ela celebramos a volta do prefeito Udo Dohler às redes sociais. Com as suas postagens matutinas, o alcaide voltou a alegrar a vida dos internautas locais. Mas continua o mistério. É ele mesmo quem escreve ou tem um dos seus fieis escudeiros como “ghostwriter”? E faço uma proposta para que o SIMDEC aprove a edição de uma coletânea das melhores tuitadas do prefeito. O livro já teria até uma sugestão de título: “Cursinho de Xestón e autoajuda em 140 toques”

DIA SEM CARROS - Foi um sucesso. Em Joinville, nenhum carro ficou na garagem e as ruas ficaram lotadas com a a colorida de carros de todas as cores, potências, tamanhos e marcas. Um êxito de organização e mobilização. A inauguração de um “parklet” foi o ponto alto da festa e o IPPUJ lançou o Plano Municipal Participativo de Parklets e Outras Intervenções Urbanas Aleatórias. O PMPPOIUA prevê a instalação de parklets em todos os bairros. Pela proposta do IPPUJ, os parklets serão implantados antes do início do período eleitoral. Mas com a dificuldade que o instituto tem para cumprir datas, é provável que a implantação de novos parklets seja postergada “sine die”.

QUEM COPIA QUEM? Difícil dizer quem copia de quem. Não há governo que não use cargos públicos para negociar apoios. A presidente Dilma inovou ao trocar a saúde pelo apoio do PMDB. No governo local, que era para ser de mãos limpas, trocar apoio por cargos é uma prática antiga. E ao encher secretarias, fundações e autarquias de apaniguados, a gestão pública fica cada dia mais ineficiente e mais custosa. O preço está ficando insustentável.

ENCONTRO BRASIL-ALEMANHA -  Quando se trata de fazer trapaças ninguém as faz melhor que o setor privado. A Volkswagen foi acusada de manipular o programa de computador de 400.000 veículos nos Estados Unidos, para burlar a legislação sobre emissão de poluentes. Os alemães negaram enfaticamente que fossem 400.000, e confirmaram que mais de 11.000.000 de carros utilizam os software que altera os resultados dos controles de emissão de poluentes. Na lista, os modelos Golf e Jetta, entre outros. Os alemães mostraram que não são só bons jogando futebol, se for para trapacear ninguém os supera.

DIA DA ÁRVORE - Em Joinville não planta nenhuma e ainda retoma a estulta ideia de cortar as figueiras da Hermann Lepper. Uma forma estranha de celebrar o dia. Mas já se sabe que esta administração e as árvores mantêm uma relação de amor e ódio. Sem plantar nenhuma árvore nova e aprovando leis que convertem as calçadas em espaço para carros, Joinville vê a sua arborização urbana desaparecer velozmente.

Falando em árvores, alguém viu o como estão as que sobraram nas praças que formam o Parque da Cidade? Se a referência de jardim em Joinville for a mesma da Prefeitura, estamos mal de jardim. Nem as flores se atrevem a passar perto, não seja que as capinem ou as rocem. Porque jardim em Joinville passou a ser sinônimo de área com brita. O verde sendo substituído pelo cinza do concreto, mais de acordo com a Joinville do futuro que o prefeito sonha e da que tanto fala.

domingo, 27 de setembro de 2015

Acaso e necessidade - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS














POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

A tese é de Jacques Monod e aponta para o plano da biologia. Mas há quem, como eu, ache que pode ser transposta para o social: ou seja, os eventos resultam do acaso e da necessidade. É o que serve para explicar a criação do Chuva Ácida. Há quatro anos, numa troca casual de impressões pelas redes sociais (o acaso), houve uma conclusão: Joinville necessitava de um meio moderno de comunicação - digital, claro - e alternativo (a necessidade).

Um convite aqui, outro ali e nasceu o coletivo. E o projeto trouxe um frescor à comunicação em Joinville. Houve momentos altos em termos de acessos, como nas últimas eleições para a Prefeitura. Também houve momentos de intervenção comunitária, como na campanha pela manutenção da Cota 40. E, claro, muitos momentos de denúncias relevantes, daquelas que são deixadas de lado pela velha mídia.

A intenção inicial era de que o formato do coletivo estivesse sempre aberto e capaz de se adaptar às necessidades. A linha editorial pretendia cobrir todo o espectro ideológico (descobrimos que há poucos conservadores dispostos a se expor) e abrir espaços de expressão para os que não têm voz na velha mídia. Com maior ou menor sucesso em termos pontuais, não há dúvidas de que esse objetivo foi cumprido.

O que torna o Chuva Ácida diferente da velha mídia? Simples. O blog é feito por empenho de pessoas que não recebem pela escrita. Há uma piada interna: o salário é zero, os xingamentos dos anônimos são incontáveis. Aliás, acho que cumprimos aqui também um papel social: o Chuva Ácida serve como terapia para os anônimos aliviarem os traumas das suas almas atrapalhadas. E olhem que a gente não publica comentários com um certo nível de ofensas.

Mas há um ponto no qual o blog falhou. A intenção era abrir caminho para outras iniciativas similares – no mínimo capazes de manter a regularidade de publicação -, mas não aconteceu. Hoje sabemos que é quase utópico. É difícil haver quem esteja disposto a correr o risco de escrever numa publicação independente e de forma crítica. Os tentáculos do poder são muito extensos na cidade e ninguém está imune. Há riscos pessoais.

Mesmo assim o futuro parece prometedor para o Chuva Ácida. Porque apesar de algumas oscilações, o blog tem conseguido manter a regularidade, ao ponto de estar muito perto de atingir o primeiro milhão de acessos. O projeto, agora, é chegar ao segundo milhão em menos tempo. Há um fato importante a considerar: estamos numa cidade de pouco mais de 500 mil habitantes e num ambiente com forte infoexclusão.


Mas para a frente é que se anda. Que venham os próximos quatro anos. E o próximo milhão, claro.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Um estranho no ninho.


Nem só de parklets vive uma cidade








POR SALVADOR NETO

Parklets. A maior cidade do estado de Santa Catarina, que ainda não tem um parque municipal de respeito, mal mantém suas poucas e pequenas praças, expõe seus ciclistas ao perigo em ciclofaixas que tentam se adequar ao planejamento urbano voltado aos veículos, sem continuidade, ligação e interligações seguras, e briga para desviar dos buracos que insistem em se multiplicar diante da inércia da administração Udo Döhler (PMDB), tem agora uma novidade americana. Vagas que anteriormente eram para estacionamento de carros agora poderão se transformar em espaços de convivência, lazer e até cultura.

Meritória a iniciativa que se espelha e faz uma espécie de benchmarking urbano da administração petista de Fernando Haddad em São Paulo, pioneira na implantação dos tais parklets no Brasil. A diferença da maior daqui para a maior de lá e do país é que lá há um movimento planejado de mudança cultural liderado pelo Prefeito e Governo.

Estão em mudança, dura inclusive, a velocidade máxima nas vias, implantação de corredores de ônibus, ciclovias imensas, sinalizadas, e junto os agora famosos parklets, entre outras medidas. Algo sinérgico, compreendido primeiro pela administração, e depois em esforço monumental de convencimento e comunicação. Algo ousado, novo, articulado.


Os parklets são uma grande ideia, assim como seriam – e podem vir a lançar em breve já que temos eleições ano que vem – os pocket parks, pracinhas que diferentemente dos parklets, que são criados na via pública, aproveitam espaços vazios no nível da calçada.

São Paulo também já tem estes espaços ainda em início de implantação como no caso da pracinha Oscar Freire.
Ela foi feita numa antiga rampa de estacionamento de carros e hoje é uma área de convivência de 200 metros quadrados com lugar para sentar, trabalhar, fazer projetos culturais, entre outras coisas para fazer a cidade viva. Mas é preciso que ano sejam apenas instrumentos de marketing. E que comecem pelos bairros, tão lembrados nas promessas, e tão esquecidos depois, e até na hora dos parklets.

O desejo da cidade, um ser vivo que pulsa e espera motivação e empenho de seus líderes, é não viver somente de ideias copiadas, douradas como a novidade, sem um projeto que a sustente, para todos.

Joinville precisa é de um novo conceito para crescer e se desenvolver. É comum que os lideres políticos se sucedam lançando factoides, modernismos, jogando para o imaginário popular uma cidade que se transforma num piscar de olhos pelas mãos de um messias.

Enganam o povo com as bravatas e algumas novidades importantes e bacanas como essa, mas que não tem em seu bojo um processo verdadeiro de continuidade, de planejamento, de crença coletiva no sonho de uma cidade com melhor qualidade de vida. Um prefeito deve ser o grande motivador, maestro desse sonho, desse projeto. Infelizmente, não temos tal maestro. E pelo que vemos para 2016, ainda não teremos.

As promessas e frases de efeito como “não falta dinheiro, falta é gestão”, “vamos pavimentar 300 km de ruas”, “os bairros serão prioridade”, “a ponte do Adhemar Garcia vai sair”, feitas pelo atual alcaide, brincam com o futuro da coletividade porque projetam apenas miragens. Produzem na população a descrença na política, nos políticos, espantando novos líderes, e promovendo a mesmice que mantém a cidade paralisada. De nada adiante termos indústrias de ponta se não temos a infraestrutura urbana, a mobilidade, a cultura, andando na mesma toada.

Uma cidade não pode ser um mero brinquedo nas mãos dos gestores de plantão. Ela pertence aos seus cidadãos, com seus filhos e filhas. Eles têm sonhos de andar em ruas pavimentadas, serem atendidos com brevidade nas unidades de saúde, obter os remédios sem falta de continuidade, passear com seus filhos em praças e parques cuidados, pedalar por ciclovias, e ciclofaixas, seguras, interligadas, ou mesmo transitar pela cidade em ruas bem cuidadas e sinalizadas.

Nem só de parklets, anúncios e peças publicitárias de aprendizes de Goebbels vive uma cidade. É preciso mais, muito mais.

É assim, nas teias do poder...

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Proteção.


Um rompimento necessário - CHUVA ÁCIDA 4 ANOS

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Alguns momentos de nossas vidas são marcantes, mas não se comparam aqueles que rompem com algo pré-determinado. A cidade de Joinville, tão acostumada a ler um tradicional jornal no café da manhã e assistir ao telejornal diário local passou a conviver com o blog Chuva Ácida à fórceps. Não havia até então uma plataforma online que rompesse com as tradições de uma sociedade inteira, diferentemente dos grandes centros, acostumados com o online.

O início do fim de uma era começou em setembro de 2011, quando alguns formadores de opinião se juntaram para debater aquilo que não era mostrado no dia-a-dia do vilarejo. Agora, quatro anos depois, é hora de fazer uma necessária comemoração. Pude fazer parte do projeto por, aproximadamente, três anos e meio. Emiti opiniões contundentes sobre vários assuntos que me custaram amizades, empregos e até mesmo o corte de relações sociais consolidadas de anos anteriores.

Ao longo dos quase 200 textos escritos consegui ajudar, junto aos colegas, na formação de algo jamais visto por aqui. Não me arrependo do que fiz neste espaço. Só pude aprender a crescer como pessoa e aceitar que o pensamento diferente do outro (seja esse um ataque pessoal sem motivo de um anônimo, ou uma crítica bem construída) solidifica o meu entendimento sobre as coisas, o qual mudou muito, felizmente, desde então.

Só tenho a agradecer aos amigos José Baço, Jordi Castan e Felipe Silveira pelo convite lá no início. Creio que, a partir de agora, a mídia tradicional da cidade passou a valorizar a troca de informações fora do seu espaço cercado-editado-censurado. O que as pessoas pensam, sentem e precisam saber nem sempre estampou as principais manchetes dos grandes grupos de comunicação, que viram no Chuva Ácida a ruína do modelo de monopólio (da expressão de uma cidade inteira) via poder financeiro.

Quantas pautas deles surgiram após denúncias de nosso blog? Ou, ainda: analistas políticos da TV, rádio e jornais não alcançaram tantos eleitores de forma direta como a nossa equipe nas eleições de 2012. Só pra citar alguns exemplos dentre tantos cases passíveis de lembrança.


O caminho que iniciamos lá atrás é bem aproveitado por todos atualmente. Movimentos sociais, subalternos e excluídos identificaram na internet um modo barato de atingir o maior número de pessoas possível. O elo definitivamente foi rompido, e há 1 milhão de motivos para comemorar, independente de qual margem do Cachoeira você estiver (ou no meio da poluição dele, como uns por aí).

* O Chuva Ácida está a completar 4 anos e convidou antigos integrantes do coletivo e pessoas que já colaboram com o blog para comentarem a data.