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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Conversas à Chuva - Arno Kumlehn



POR JORDI CASTAN

Nosso convidado é o Arquiteto e Urbanista Arno Kumlehn. O tema é como o COVID19 impactará nossas cidades, seu impacto na mobilidade, no mercado imobiliario, na forma como as pessoas moram e como os negocios mudarão e o efeito que estas mudanças terão sobre nossas vidas.

A pandemia só acelerou mudanças que já estavam a caminho. A velocidade com que as mudanças se produzirão nos afetará muito mais e de forma mais rapida do que poderiamos prever. As mudanças irão além e impactarão as relações de trabalho e sociais.  O trabalho como o conhecemos também será impactado e haverá uma redução na demanda por mobilidade com a redução dos deslocamentos. 
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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Uma gestón tão boa que pôs Joinville na Europa


POR JORDI CASTAN
Joinville ganhou prêmio de mobilidade na Europa. #sqn
A Cidade de Joinville ganhou na Iniciativa Civitas como subcampeão do prêmio CIVITAS "Categoria I". E o melhor: a Comissão Europeia reconhece a cidade como uma das melhores da Europa para fazer uma verdadeira diferença para o bem-estar do cidadão europeu. É espantoso.

Tudo por causa da realização excepcional no campo do transporte urbano e representação ativa da Iniciativa CIVITAS. E ficou assim: através de uma clara liderança política e continuação da consulta com especialistas e partes interessadas locais, a cidade planejou, implementou e avaliou suas medidas de política de transportes com sucesso. Desta forma, a cidade provou ser um paradigma de excelência, inspirando e servindo de modelo para orientar e estimular o desenvolvimento de iniciativas de mobilidade sustentável na Europa. Entenderam?

E vai mais longe. “O Prêmio Civitas é uma oportunidade para destacar os esforços mais ambiciosos, inovadores e bem sucedidos no campo da mobilidade urbana sustentável. Os vencedores são apresentados como exemplos de excelência perante a imprensa com a esperança de que eles possam orientar e estimular cidades na busca da mobilidade sustentável”. Ainda estou tentando entender qual o mérito de Joinville e seu fantasioso PlanMOB para ganhar essa premiação. É claro que não podemos estar falando da mesma Joinville.

Primeiro. Porque esta Joinville daqui não está na Europa. Até pode ter uma pequena população de europeus que aqui chegaram, mas estamos localizados ao sul do Equador e somos parte do Brasil. Portanto, não somos nós.

Segundo. Porque mobilidade não é um quesito que dominemos ao ponto de merecer alguma premiação ou reconhecimento. Ainda menos europeu. Se o quesito avaliado fossem buracos, aí poderíamos ganhar fácil qualquer concurso de queijos, porque temos mais buracos nas ruas que num queijo suíço. Se o quesito avaliado fosse a imobilidade, aí também teríamos mais chances de levar algum prêmio ou menção. Porque aqui as coisas estão paradas. Olhe por onde olhar, não há nada que se mova, exceto as datas de entrega das obras públicas, que mudam sempre para a frente. E que nunca são entregues no prazo.

Terceiro. Porque dizer que o prêmio foi pelo estacionamento rotativo é pura ilusão. Os europeus que avaliaram as propostas, provavelmente estavam acreditando que o projeto apresentado era real. E o julgaram pelo que foi dito e não pelo que de fato acontece nestas terras. Faz uns cinco anos que Joinville não tem estacionamento rotativo. Premiar algo que não existe é premiar a ficção, a fantasia, a propaganda. Mas era só ter mandado aqui um avaliador independente e logo teriam percebido o engano.

Quarto. Fiquei horas tentando entender de que forma o plano de mobilidade joinvilense pode ter contribuído a fazer da cidade uma das melhores da Europa e, o mais interessante, para fazer uma verdadeira diferença para o bem-estar do cidadão europeu. Neste capítulo solicito a sua colaboração, porque me declaro incompetente. Alguém ajuda?

Quinto. Outorgar o prêmio porque “a cidade planejou, implementou e avaliou suas medidas de política de transportes com sucesso” é coisa de gente que não tem a menor noção do que é, como é e onde está Joinville. Mas a melhor de todas guardei para o final.

Sexto. O motivo pelo qual o prêmio não pode ter sido outorgado para esta vila. “A cidade provou ser um paradigma de excelência, inspirando e servindo de modelo para orientar e estimular o desenvolvimento de iniciativas de mobilidade sustentável na Europa”. Só alguém que não estivesse na plenitude das suas faculdades mentais ou que fosse estulto  poderia acreditar numa sandice destas.

Para não passar mais vergonha, o prefeito - ou quem quer que tenha ousado apresentar a candidatura ao prêmio -, devolva o certificado e tentemos esquecer quanto antes este triste episódio de parolagem e empulhação.

Ainda me atreveria a sugerir aos organizadores da Iniciativa Civitas que escolham um bom professor de geografia, porque estamos longe demais da Europa. Em termos geográficos mas, principalmente se olharmos para os aspectos excelência, referência, valores. Ou para servir de modelo. O único modelo que se me ocorre é como modelo de como não fazer.s




sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Nem só de parklets vive uma cidade








POR SALVADOR NETO

Parklets. A maior cidade do estado de Santa Catarina, que ainda não tem um parque municipal de respeito, mal mantém suas poucas e pequenas praças, expõe seus ciclistas ao perigo em ciclofaixas que tentam se adequar ao planejamento urbano voltado aos veículos, sem continuidade, ligação e interligações seguras, e briga para desviar dos buracos que insistem em se multiplicar diante da inércia da administração Udo Döhler (PMDB), tem agora uma novidade americana. Vagas que anteriormente eram para estacionamento de carros agora poderão se transformar em espaços de convivência, lazer e até cultura.

Meritória a iniciativa que se espelha e faz uma espécie de benchmarking urbano da administração petista de Fernando Haddad em São Paulo, pioneira na implantação dos tais parklets no Brasil. A diferença da maior daqui para a maior de lá e do país é que lá há um movimento planejado de mudança cultural liderado pelo Prefeito e Governo.

Estão em mudança, dura inclusive, a velocidade máxima nas vias, implantação de corredores de ônibus, ciclovias imensas, sinalizadas, e junto os agora famosos parklets, entre outras medidas. Algo sinérgico, compreendido primeiro pela administração, e depois em esforço monumental de convencimento e comunicação. Algo ousado, novo, articulado.


Os parklets são uma grande ideia, assim como seriam – e podem vir a lançar em breve já que temos eleições ano que vem – os pocket parks, pracinhas que diferentemente dos parklets, que são criados na via pública, aproveitam espaços vazios no nível da calçada.

São Paulo também já tem estes espaços ainda em início de implantação como no caso da pracinha Oscar Freire.
Ela foi feita numa antiga rampa de estacionamento de carros e hoje é uma área de convivência de 200 metros quadrados com lugar para sentar, trabalhar, fazer projetos culturais, entre outras coisas para fazer a cidade viva. Mas é preciso que ano sejam apenas instrumentos de marketing. E que comecem pelos bairros, tão lembrados nas promessas, e tão esquecidos depois, e até na hora dos parklets.

O desejo da cidade, um ser vivo que pulsa e espera motivação e empenho de seus líderes, é não viver somente de ideias copiadas, douradas como a novidade, sem um projeto que a sustente, para todos.

Joinville precisa é de um novo conceito para crescer e se desenvolver. É comum que os lideres políticos se sucedam lançando factoides, modernismos, jogando para o imaginário popular uma cidade que se transforma num piscar de olhos pelas mãos de um messias.

Enganam o povo com as bravatas e algumas novidades importantes e bacanas como essa, mas que não tem em seu bojo um processo verdadeiro de continuidade, de planejamento, de crença coletiva no sonho de uma cidade com melhor qualidade de vida. Um prefeito deve ser o grande motivador, maestro desse sonho, desse projeto. Infelizmente, não temos tal maestro. E pelo que vemos para 2016, ainda não teremos.

As promessas e frases de efeito como “não falta dinheiro, falta é gestão”, “vamos pavimentar 300 km de ruas”, “os bairros serão prioridade”, “a ponte do Adhemar Garcia vai sair”, feitas pelo atual alcaide, brincam com o futuro da coletividade porque projetam apenas miragens. Produzem na população a descrença na política, nos políticos, espantando novos líderes, e promovendo a mesmice que mantém a cidade paralisada. De nada adiante termos indústrias de ponta se não temos a infraestrutura urbana, a mobilidade, a cultura, andando na mesma toada.

Uma cidade não pode ser um mero brinquedo nas mãos dos gestores de plantão. Ela pertence aos seus cidadãos, com seus filhos e filhas. Eles têm sonhos de andar em ruas pavimentadas, serem atendidos com brevidade nas unidades de saúde, obter os remédios sem falta de continuidade, passear com seus filhos em praças e parques cuidados, pedalar por ciclovias, e ciclofaixas, seguras, interligadas, ou mesmo transitar pela cidade em ruas bem cuidadas e sinalizadas.

Nem só de parklets, anúncios e peças publicitárias de aprendizes de Goebbels vive uma cidade. É preciso mais, muito mais.

É assim, nas teias do poder...

quinta-feira, 19 de março de 2015

(I)mobilidade Urbana

POR MÁRIO MANCINI

Com muita honra aceitei o convite para ocupar este espaço quinzenalmente e, sendo assim, inauguro com o assunto da moda em Joinville (o reino dos manguezais), que, com certeza, deveria ser mais debatido, mas virá por decreto, a (i)mobilidade urbana.

Vivemos uma crise de mobilidade que atinge a maioria das cidades com mais de 300 mil habitantes, bem ou mal, a “qualidade” de vida melhorou, facilitou o acesso aos automóveis, às motocicletas, etc. O que, de maneira direta, aumentou de maneira exponencial a quantidade de veículos circulantes, muitas vezes por ruas dimensionadas no século XIX.

A maioria das cidades nasceu em volta de uma igreja e se expandiu, sem planejamento algum, o que era comum para a época e formou, de certa forma, um centro histórico de difícil locomoção.
Muitas destas cidades atentas a este detalhe desviaram e/ou limitaram o acesso “motorizado” a este bairro central, planejando o entorno e investindo em mobilidade urbana.

Infelizmente existe uma grande maioria que não o fez e pensa que transporte coletivo é sinônimo de ônibus circular, que o mesmo deve disputar espaço com bicicletas, motocicletas, automóveis e, até, pedestres.

Nestas cidades planejamento para longo prazo não existe, vivem o momento, algo do tipo, “vamos fazer para ver o resultado, se não der certo mudamos”, mesmo que isto decorra em custos e retrabalho, pois ao menos a população vê que estão trabalhando.

Existe um exemplo bem próximo de nós, que colocou na cabeça que o ônibus é a solução para o transporte de massa e deve ter prioridade sobre os demais, ideia mais que ultrapassada; inclusive defenestrado qualquer ideia contrária; mesmo se o sistema fosse eficiente, de baixo custo e confortável, o que não é.

Por isso afirmo, neste caso choque de gestão não chega a lugar algum , precisamos de um choque de ideias, de mudanças de paradigmas, e isto em todas as áreas, não só na “gestão” da mobilidade urbana.

Como isto não ocorrerá, ao menos no próximo ano e meio, são só divagações, simples divagações.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Plan MOB: entre o pobre e o paupérrimo

JORDI CASTAN

Plan Mob. O nome escolhido pelo IPPUJ soa estranho. Uma olhada rápida no sufixo MOB e a tradução assusta: inclui de máfia até turbamulta, passando por ralé e canalha, isso só nos sustantivos. Se formos para verbos aí encontraremos de atacar a tratar mal, passando por reunir-se em grupo, fica a dúvida se o nome é só uma escolha infeliz ou um surto de sinceridade do IPPUJ, que quer nos avisar do que vem pela frente.


O questionário disponível no site do IPPUJ não decepciona. A proposta toda do Plano de Mobilidade está dentro do padrão que o joinvilense tem aprendido a esperar do IPPUJ. Na falta de que venha algo mais (pelo informado até agora, não parece), a proposta pode ser classificada entre pobre e paupérrima. Transparece que foi concebida e executada de forma apressada, porque a pressa continua a estar presente nessa ânsia de fazer o que faz anos já deveria ter sido feito.

Pessoalmente, faz tempo que não espero qualquer coisa vinda da Fundação IPPUJ e assim dificilmente me decepciono. Porque já se sabe que de onde menos se espera é de onde nada sai. É verdade que conseguem me surpreender quase sempre, mas já não me decepcionam mais.

O questionário colocado à disposição dos joinvilenses não é só pobre na sua concepção. Pior que pobre é ofensivo, porque trata o tema da mobilidade e da contribuição do cidadão de forma estulta. A simplificação a que reduz o debate desconsidera uma abordagem completa da mobilidade e converte o debate num grande varejo. As nove perguntas predefinidas misturam elevados com o horário do comércio ou das escolas e colocam lado a lado binários com comportamento dos motoristas. Uma verdadeira salada mista em que tudo cabe.

O debate que o IPPUJ e a Prefeitura continuam devendo é estratégico. Quais temas não podem ficar fora do debate é qual será o nosso modelo de mobilidade? Para onde a cidade irá adensar ou crescer? Quais os modelos e os pros e os contras de cada um deles? E, principalmente, como se complementam ou integram os diversos modais e o ordenamento físico? Seria interessante se o Plano de Mobilidade explicasse como a mobilidade da Joinville do futuro lidará com a imobilidade que representarão as Faixas Viárias, essa genial criação sambaquiana enquistada na LOT, que pretende colocar, num único lugar, mobilidade, pólos geradores de tráfego, indústrias, prédios com mais pavimentos e comércio de grande porte. Mas para isso será preciso elaborar os estudos técnicos que falta apresentar ainda.

Será interessante poder participar das consultas públicas "a jato" ou express, uma após a outra, com horário fixado e que não permitem mais que uma participação semântica da sociedade. O que no Brasil denominamos "para inglês ver". Como é possível que, depois de ter cometido os mesmos erros na condução do processo da LOT, esses senhores ainda não tenham aprendido a fazer as coisas direito? E insistam em voltar a cometê-los. Será que, por acaso, a inépcia e a inoperância são contagiosas e se espalham como uma epidemia, desde o primeiro andar da Prefeitura até todos os demais andares e gabinetes?

A ideia que parece permear o dito plano de mobilidade é a de que se façam milhares de propostas, se sugira, se contribua, assim legitimar o processo. Por baixo devem aparecer umas 100.000 respostas, contando os 20.000 questionários que serão distribuídos na rede municipal, não menos de 50.000 contribuições devem vir, via o site do IPPUJ. Depois uma bela tabulada dos resultados, "abracadabra": o plano esta pronto com ampla participação cidadã. O debate ficará para as futuras audiências públicas, com horário exíguo para perguntas e respostas. E todos felizes. Todos não, né? É bom lembrar que já tentaram montar essa pantomima "democrática" com a LOT e não tem dado certo.

Plano de mobilidade é muito mais que responder nove perguntinhas com respostas predeterminadas. Fazer bem feito exige seriedade, conhecimento, competência e trabalho. E esses elementos parecem cada dia mais escassos nas margens do Cachoeira. O pior ainda é que tudo isso é pago com o nosso dinheiro.