terça-feira, 29 de abril de 2014

Trabalhar dá muito trabalho


POR JOSE ANTÓNIO BAÇO

Gente, estes últimos dias têm sido muito bons. É que aqui na terrinha tivemos dois feriados nas duas últimas semanas e amanhã vem outro (para todos nós). Que crise, que nada. Têm sido tempos de relax, de dolce far niente e de manter o cérebro a vadiar. Mas acontece que cabeça vazia é a oficina do diabo. Aliás, foi São Jerônimo quem avisou, por outras palavras:

       - Trabalha em algo, para que o diabo te                                encontre sempre ocupado.

Mas em meio a essa malemolência toda, Batman e Robin, os meus dois neurônios bêbados, ficaram a ter ideias estranhas. 
-       Huuummm. O trabalho é aquela coisa chata que acontece no meio da diversão.

Bem... a esta hora imagino que haja leitores e leitoras a torcer o nariz e a me chamar de vagabundo (pode ser, mas sou um vagabundo que trabalha muito). E não deixa de ser irônico que as pessoas nunca questionem o trabalho, que em outros momentos da história já foi visto como uma maldição, uma vergonha. É só lembrar que os nobres, antes da queda do feudalismo, tinham pavor a pegar no duro.

O leitor sabe, por exemplo, de onde surgiu aquele hábito dos ricos, que esticavam o dedo mindinho sempre que seguravam uma xícara? Era um forma de mostrar que eram diferentes dos trabalhadores que, por terem as mãos grossas e calejadas do trabalho, não conseguiam estender o tal dedinho. Viu? Cabo de enxada também é cultura.

UM DEFUNTO NA SOCIEDADE - Para que o leitor não fique aí a imprecar contra a minha pessoa, não sou apenas eu a questionar o trabalho. E apresento aqui um excerto de um texto de Paul Lafargue, genro de Karl Marx (o velho barbudo, por sinal, achava que a emancipação do homem viria justo pelo trabalho):

-       Uma estranha loucura se apossou das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista. Esta loucura arrasta consigo misérias individuais e sociais que há dois séculos torturam a triste humanidade. Esta loucura é o amor ao trabalho, a paixão moribunda do trabalho.

Aliás, Lafargue relembra que o trabalho foi um castigo de Deus, com aquela coisa do “suor do teu rosto”. Não concorda? Pois fique a saber que há opiniões piores. E atuais. O Grupo Krisis, por exemplo, diz que o trabalho é um defunto que domina a sociedade.

-       A produção de riqueza desvincula-se cada vez mais, na sequência da revolução microeletrônica, do uso de força de trabalho humano - numa escala que há poucas décadas só poderia ser imaginada como ficção científica. Ninguém poderá afirmar seriamente que este processo pode ser travado ou, até mesmo, invertido. A venda da mercadoria ‘força de trabalho’ será no século XXI tão promissora quanto a venda de carruagens de correio no século XX.

Os homens do Krisis pegam pesado. E dizem também que “quanto mais fica claro que a sociedade do trabalho chegou a seu fim definitivo, tanto mais violentamente este fim é reprimido na consciência da opinião pública”. Ooops!

Não adianta. Esqueçam essa coisa de pleno emprego, porque é sol de pouca dura. Quem viver verá.

domingo, 27 de abril de 2014

As tuitadas matinais do prefeito

POR JORDI CASTAN

A cada manhã, os seguidores de @UdoDohler recebem suas mensagens de autoajuda no Twitter. O prefeito de Joinville assume seu "alter ego" e se converte em um "Paulo Coelho" sambaquiano. Alguns temas são recorrentes. Não faltam conselhos, frases de pensadores conhecidos, agradecimentos e críticas mais ou menos veladas.

Ultimamente, o foco das suas críticas  tem sido "os de sempre", "os que não querem ver o desenvolvimento da cidade". O prefeito não identifica quem são "os de sempre" e isso tem dado pé a diversas teorias das mais curiosas. Há quem ache que ele esta se referindo aos partidos que, na última eleição, se agruparam na coligação KCT, aí se incluem o PSDB, o PT e o PSD. Outros acham que está a se referir às chamadas viúvas do PT. 

Leitores mais atentos identificam em "os de sempre" pessoas do seu próprio partido, o PMDB, algumas enquistadas na administração municipal desde antes de Joinville deixar de ser colônia. São eles os que, com sua incompetência, torpedeiam a gestão desde dentro. Atrasam a inauguração de obras públicas, cometem erros crassos nos projetos e ocasionam graves prejuízos à cidade. E têm perdido prazos para buscar recursos vitais para Joinville. Há os que chegam sistematicamente tarde às reuniões, marcadas ao alvorecer.

Outros vivem dando declarações desafortunadas e que a realidade e a luz do sol desmentem poucas horas depois. E, claro, acabam pondo em xeque toda a credibilidade da gestão, dizendo e desdizendo-se na mesma velocidade em que muda a forma das nuvens. Pior que isso tudo? Não há força humana capaz de fazer que concluam - no prazo e corretamente - qualquer das licitações em andamento, seja a do transporte coletivo, a do estacionamento rotativo, a dos móveis e equipamentos do restaurante popular, a dos parques do Fonplata e tantas outras que atrasam o desenvolvimento de Joinville.



"Os mesmos de sempre que não querem ver uma cidade melhor" podem ser também identificados entre os vereadores que votam qualquer projeto que venha do Executivo, sem cumprir prazos regimentais, sem analisá-lo adequadamente, sem promover o amplo debate com a sociedade e permitindo, com a sua torpeza, que a justiça conceda liminares, obrigando que todos os processos tenham que ser refeitos corretamente.

E não só os vereadores poderiam estar nesse grupo. Também poderíamos incluir os que prometeram ao prefeito aprovar a LOT antes dessa ou daquela data. Ou os que insistem em cometer reiteradamente os mesmos erros: marcam audiências públicas que não cumprem a lei, para ver aprovada, de forma expedita e sem permitir a efetiva participação da população, uma lei que se tivesse sido aprovada na sua redação original só traria benefícios para "os mesmos de sempre".

Erraria o prefeito se, ao se referir aos "mesmos de sempre", estivesse se referindo, mesmo que indiretamente, ao grupo de associações de moradores que, de forma sistemática, não pedem outra coisa a não ser que a lei seja cumprida. Que os joinvilenses tenham acesso a informações transparentes e precisas. Que sejam feitos - e apresentados no prazo -, os estudos técnicos a provar e justificar as mudanças que a LOT propõe. Que informem quem comprou áreas de terra em áreas rurais recentemente, com o objetivo de se beneficiar com a valorização pelo aumento do perímetro urbano, se há doadores de campanha nessa relação, a quem interessa permitir a instalação de indústrias e atividades de alto potencial poluidor ou de geração de trânsito junto a áreas exclusivamente residenciais.

De que forma espigões verticais de mais de 20 pavimentos impactarão na insolação e na ventilação dos imóveis próximos? Qual é o plano de mobilidade previsto para Joinville e como as Faixas Viárias previstas na LOT afetam a mobilidade atual e futura da cidade? Seria um erro grave! Porque são justamente estes os setores da sociedade que querem uma cidade melhor e lutam por ela. E o prefeito faria bem em começar a escutá-los. Ganharia ele, ganharia Joinville. E melhoraria muito a qualidade das suas tuitadas matinais.


sexta-feira, 25 de abril de 2014

The Walking Greve - O Retorno.


Leis para velhinhas, carolas e cretinos

POR FELIPE SILVEIRA

Algumas leis são criadas para agradar velhinhas e carolas. É o caso das leis Schroeder e Peixer. Uma proíbe o consumo de bebidas alcoólicas em logradouros públicos e a outra proíbe a venda de bebidas alcoólicas e não alcoólicas em latas e garrafas de vidro em eventos públicos. Leis que tem tudo a ver com a tradição de Joinville: retrógrada, conservadora, bisbilhoteira, frígida...

Em Joinville é praticamente proibido andar na rua. Exceto se for na tal da rua do lazer, “lugar da família”. Se está na rua, na rua de verdade, aqui pensam, é vagabundo. Exceto se for em algum evento como o stammtisch, onde todos vigiam todos, competindo pra ver quem pode ostentar mais.

A diversão do joinvilense sempre foi privada, vigiada, controlada. As empresas que cresceram no período da ditadura civil-militar, com o dinheiro do povo espoliado, construíram grandes espaços de diversão e lazer para os funcionários (com o dinheiro deles, é óbvio). Quadras esportivas, restaurante, parquinho para as crianças... tudo estava ali para o funcionário levar a família durante a hora de folga. Ali, onde o patrão poderia ficar de olho, e o cagueta também.

Certas práticas permanecem. A vigilância e a caguetagem, fortemente. A política voltada aos interesses da classe dominante também. Ora, se tomar uma cerveja já é razão para ser mal visto, imagina pensar diferente. Política para agradar velhinhas, carolas e interessados em manter as coisas como estão. Pobres velhinhas que entram de gaiato.

Em uma entrevista a um programa esportivo, um dos vereadores explicou a lei, deixando bem claro que ela se destinava a inibir o comportamento de um certo tipo de grupo que ele e os radialistas já conheciam. Acho, só acho, que alguém na avenida Hermann Lepper curte a ideia de higienização social...

Com o tempo a sociedade passa a ter vergonha de certos costumes e práticas passadas, como a escravidão e a ditadura. Certamente teremos vergonha de certos vereadores e suas leis para agradar velhinhas, carolas e certos tipos de cretinos.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A persistência dos vaga-lumes


POR CLÓVIS GRUNER

Revi esses dias “Febre do rato”, filme de 2011 do diretor pernambucano Claudio Assis. Quando do seu lançamento, o crítico Inácio Araújo afirmou tratar-se de um filme “feito porque tem algo a dizer, não porque tem um negócio a fazer”. A frase me parece sintetizar não apenas este, mas a breve e intensa filmografia de Assis, composta de alguns curtas e outros dois longas: “Amarelo manga”, de 2002; e “Baixio das bestas”, de 2006. À mesma época, li uma crítica comparado-o a Glauber Rocha, aproximação não me parece pertinente: Glauber Rocha e o Cinema Novo, Glauber principalmente, tinham uma dicção politizante, um indisfarçável tom messiânico em sua pretensão a fazer do cinema uma experiência conscientizadora.

O cineasta pernambucano está mais próximo do Cinema Marginal, contemporâneo do Cinema Novo mas, diferente deste, despretensioso, debochado, iconoclasta, sem por isso renunciar à sua dimensão crítica e incômoda. Aliás, arrisco dizer que Assis é, no cinema brasileiro atual, o principal herdeiro de Rogério Sganzerla, que soube como poucos transitar entre a erudição e o escracho, articular o exame crítico e o riso cínico. Na trilogia iniciada com “Amarelo manga” tais elementos se articulam atravessados por algumas características comuns: da paisagem pernambucana – a capital, Recife, em “Amarelo...” e “Febre...”, a Zona da Mata em “Baixio...” –; a alguns “atores fetiches”; passando pelo olhar que procura apreender as vidas em risco, experiências e vivências marginais, não são poucos os elementos comuns que corroboram para a sensação de que um filme se desdobra em outro, uma história encontra outra.

Por outro lado, cada película carrega especificidades. Em “Amarelo...” são as múltiplas realidades e possibilidades de sobrevivência em uma realidade urbana precária o foco de interesse. Os personagens, em sua maioria vivendo no ou em torno ao Texas Hotel, tem suas existências marcadas pela violência em suas muitas formas – institucional, econômica, social, simbólica, etc. –; se resistem e sobrevivem a ela o fazem mais por inércia e necessidade. Trata-se de um universo quase estático, praticamente imóvel, incapaz de se transformar e de autorizar qualquer mudança em suas personagens: da primeira à última cena, há uma pobreza, um desamparo, uma impotência que nada nem ninguém podem mudar.

Esta opção é radicalizada em “Baixio das bestas”, dos três o mais contundente, cru em sua violência desmedida e sem vergonha, mas que pouco tem a ver com a estetização da violência que é marca de parte significativa do cinema brasileiro recente, de “Cidade de Deus” a “Tropa de elite”. Ao longo de pouco mais de uma hora, somos confrontados com espancamento de mulheres, exploração de menores, pedofilia, sodomia, estupro... Em certo momento, o personagem de Matheus Nachtengaele nos provoca: “Tá sentindo um cheiro estranho? É a podridão do mundo”. Eis, em uma pergunta e sua resposta, aquilo que o filme se propõe mostrar.

RECUSA DO SERVIR – “Febre do rato” é diferente. Há a periferia recifense e os despossuídos que nela habitam. Mas há também uma disposição a afirmar a vida para além de qualquer risco. Zizo – interpretado por Irandhir Costa –, personagem central da história, não é apenas um poeta, mas um poeta que fez de sua vida uma obra de arte: vive intensa e plenamente o que pensa, sente e escreve. Em torno a ele, bebendo cachaça e cerveja, fumando maconha, trepando, orbitam personagens que experimentam, igualmente, modos alternativos de existência. Amigos e libertários, eles são “pobres, pontiagudos, anárquicos”, na feliz definição de Inácio Araújo. A seu modo, e porque vivem e experimentam cotidianamente uma violência que insiste em condená-los à marginalidade, ao risco, à precariedade, o coveiro Pazinho (Matheus Nachtengaele), sua namorada, a travesti Mariana (Tania Guanussi), Eneida (Nanda Costa), entre outros personagens que compõem o lúmpen que interessa ao olhar inquieto de Assis, sabem que a amizade é uma virtude que só se concretiza entre pessoas de bem, que ela não existe onde há crueldade, injustiça e deslealdade.

“Entre os maus há sempre uma conspiração, não uma companhia; eles não se entre-amam, mas se entre-temem; não são amigos, mas cúmplices”, escreveu o jovem Etienne de La Boétie, que foi amigo de Montaigne. Em seu “Discurso da servidão voluntária”, Boétie defende que a cumplicidade é baseada na desconfiança, desconfiança que é também renúncia da liberdade: para merecer a cumplicidade do tirano, é preciso, antes, servi-lo. A amizade, por sua vez, é baseada no amor, no respeito e na confiança, na igualdade entre os pares. Recusa do servir, ela é a condição da liberdade. Visto sob esta ótica, não me parece casual que seja a amizade, em “Febre do rato” – e em filme mais recente, “Tatuagem”,  sob muitas formas como que sua continuação –, a alternativa possível ao estado de exceção em que estamos, em maior ou menor grau, enredados. E ela transborda por todo a película: erótica, alegre, sensual, despojada, desbocada, chapada.

Em uma leitura a contrapelo de Giorgio Agamben, o historiador francês Georges Didi-Huberman critica, no filósofo italiano, a ênfase que este dá à destruição da experiência na modernidade, ao ponto de “estabelecer uma espécie de equivalência desencantada entre democracia e ditadura”. Recusando-se a ver, diz Didi-Huberman,  alternativa “à assustadora glória do espetáculo”, entendido este último como o equivalente, nas democracias contemporâneas, ao que foi em passado recente a submissão da massa aos regimes totalitários, não resta opção se não definir negativamente o povo e o que quer que ele represente. Contra a “cor sombria, cinzenta, de uma consciência infeliz condenada a seu próprio horizonte, a sua própria clausura”, Didi-Huberman opõem a claridade fugidia, o lampejo do vaga-lume.

Em “Febre do rato” as personagens vivem esta contraditória e corajosa experiência: marginalizados, eles fazem da sua existência, de seu cotidiano, uma experiência de recusa e negação – o de viver uma vida nua, desprovida de sentidos e significados simbólicos e reduzida à sua natureza biológica –, que se desdobra na afirmação de uma vida que quer ser plenamente vivida. Não se trata, por isso, de um filme otimista; mas de uma narrativa que coloca em cena a resistência, a insubmissão, a alegria e a poesia. Elementos que fazem de “Febre do rato” uma história que aborda ainda, sob uma perspectiva singular, a atualidade de nosso presente: poucas vezes carecemos tanto de resistências e insubmissões, de alegria e de poesia, como agora. “Febre do rato” é um filme sobre a necessidade, corajosa e incontornável, de viver. É um filme sobre o lampejo dos vaga-lumes a contrastar e desafiar a escuridão cega das muitas noites que nos desafiam e ameaçam.

PS.: Para quem já viu e quer rever, para quem ainda não viu, uma versão completa do filme está disponível no youtube.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Manifesto pelo parlamentarismo-viajandão

Traduzindo: next stop

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Bom dia, leitor-eleitor. Hoje tenho uma proposta política a fazer: quero o seu voto. Eu explico.

Tenho pensado em voltar a viver no Brasil. É uma mudança que, claro, traria perdas e ganhos. A maior perda, com toda a certeza, seria deixar de viajar pela Europa com certa frequência. Porque aqui as viagens para os países vizinhos são muito comuns. E com o surgimento das empresas aéreas low-cost, até pobres como eu podem andar por aí.

E nem é preciso ser de avião. Imagine, leitor-eleitor, que se neste momento eu decidir pegar no meu carro e andar 160 quilômetros, vou a Espanha tomar uma cerveja e comer gambas. Atenção, eu disse gambas e não gambás. Fique ligado, porque gambas por estas bandas são inocentes camarões. 


O fato é que, depois de muito refletir, encontrei a solução para o meu problema. Volto para o Brasil e entro para a política. Se conseguir me eleger deputado, governador ou o escambau, tenho a certeza de que continuarei a viajar à grande e à francesa. Os políticos brasileiros são os campeões mundiais de viagens aéreas, os paladinos dos programas de milhas.


Só não decidi o cargo a que vou concorrer e nem o partido. O cargo pode ser qualquer um, porque os políticos brasileiros ganham muito bem em qualquer nível (hummm… palavra mal escolhida, porque a falta de nível é evidente). E só não aceito ir para o DEMo, porque não estou disposto a vender a minha alma ao diabo. Se bem que os caras devem precisar de mim. Um partido que decide se chamar DEM de livre vontade está mesmo a precisar de uns conselhos publicitários. Porque se você tem que afirmar que é democrata, então é porque há dúvidas.


Mas voltemos às viagens, a descoberta mais genial dos nossos políticos. Os caras andam aí pelo mundo feito saltimbancos com o dinheiro público… e muitos eleitores acreditam que eles estão a trabalhar a sério. É uma teta. E é para isso que eu conto com essa forcinha do leitor-eleitor: você vota, eu viajo.


PARLAMENTARISMO-VIAJANDÃO - Mas não se pense que parto para essa candidatura sem um programa de governo. Bem… na verdade é mais um programa de viagens, o que vai dar no mesmo. Para começar, proponho a mudança na forma de governo. A idéia é implantar um novo sistema: o parlamentarismo-viajandão.


Traduzindo. É um sistema onde há os chefes de governo e os chefes de estado. Os chefes de governo ficam no país a governar. O chefe de estado viaja (é aqui que eu entro). E vou abrir escritórios de trabalho em alguns pontos estratégicos do planeta. Na Côte D’Azur, nas Seichelles e nas Bahamas.


Ahá… o leitor-eleitor mais antenado já percebeu a diferença. É que os nossos políticos tradicionais, em especial em Joinville, são breguésimos e têm um péssimo gosto. Só viajam para lugares chatos, cinzentões e sem charme como a China, a Rússia e todos os cus-de-mundo dos EUA. Morons!


Ah… e a grande inovação. Não vou fazer como fazem os políticos tradicionais, que convidam certos “jornalistas” amigalhaços do poder para as viagens. Eu explico. É que esses caras tornam a viagem um desassossego, porque a gente precisa estar sempre de olho na carteira. Aliás, leitor-eleitor, não parece estranho levar para os EUA um “jornalista” que não fala inglês? E nem o português… Pior é que já aconteceu.


A boa notícia, caro leitor-eleitor, é que todos os meses eu pretendo sortear uma viagem entre os meus eleitores e eleitoras, com direito a todas as mordomias com o dinheiro público. Isso é corrupção? Perfeito. Quer dizer que já estou pegando o jeito.


Cruzcampo, olé!

terça-feira, 22 de abril de 2014

O mundinho de Joinville

POR CHARLES HENRIQUE VOOS 

Há alguns anos, durante minha adolescência, eu acreditava ser (e era mesmo) um bairrista. Um jovem que aplaudia várias situações locais, discutia pelo JEC, e defendia cegamente o indefensável. Após alguns anos, vejo que muita coisa mudou para mim, mas para minha cidade num geral nem tanto. Existem milhares de pessoas em Joinville que não gostam de se abrir para o diferente, para o novo, e até mesmo para o correto.

Creio que existam muitas coisas boas na cidade em que nasci e moro, mas os absurdos diários me fazem ficar doente, por quase sempre. O mundo em que Joinville vive - e principalmente os joinvilenses - chega a ser tão frágil e lunático que dá pena. A sociedade joinvilense quer conservar algo, mas não sabe o quê. Quer enaltecer seu DNA quando falta vida. Quer se sobressair perante o nada. É uma sociedade sem alma, presa em um mundinho só dela. Quem se arrisca a sair, dificilmente volta por reconhecer o suplício que o espera na volta. Sem contar os rótulos postos por aqueles que ficam e vivem em um cabresto pré-moldado por uma mídia parcial, empresários catalisadores de plutocracias e gestores públicos que pouco abrem as portas da cidade para o estrangeiro.

Viver em Joinville é um martírio quando se sabe o que existe fora dela. As outras cidades onde a democracia é respeitada, e os cidadãos colocados em primeiro lugar, são sinônimos de um sonho que jamais será vivido. É percorrer caminhos cíclicos, onde as mentes andam por ruas que terminam na mesma praça, no mesmo banco, e no mesmo jardim. Digo, na mesma fábrica, na mesma recreativa, e no mesmo concreto.

Neste mundinho não há celeiros de mentes humanas, ao mesmo passo que as universidades públicas e abertas para todos não são de todos, mas somente para aqueles com mentes exatas e que vislumbram empregos exatos. Náo há cidade para pessoas, mas sim para empreiteiros, LOTeadores e lobistas. Não há adensamento, há espraiamento. Não há ônibus, trem, metrô ou VLT decentes, como em qualquer mundo que não se fecha em si mesmo. Entretanto, só encontramos planejadores com a mesma postura de 20 anos atrás.

Mundos abertos se desenvolvem, e não crescem. Joinville parece só querer crescer. Crescer para quem? Para que? Justiça social e urbana parecem não existir. Em outros lugares existe tudo isto, mas é um conceito vendido como ilusão. Joinville é uma cidade com extremo potencial (morros praticamente preservados, rios com água farta, média quantidade de moradores, grandes potenciais em todos os cantos da cidade, gente querendo fazer a diferença...) mas muitos vão embora por faltar uma coisa: a cidade reconhecer que precisa mudar, se abrir, pensar diferente e saber que o atual modelo vai falir mais cedo ou mais tarde. Ou isto acontece, ou Joinville irá se apequenar em sua pequenez.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Semeando odio

POR JORDI CASTAN


Pipoca nas redes sociais um vídeo de filosofa Marilena Chauí, promovido pelo PC do B, em que destila o seu ódio patológico contra a classe média brasileira e é aplaudida por uma corja de ignorantes raivosos, interessados em promover o ódio, o conflito, a divisão da sociedade. Aliás este é, provavelmente, o maior legado dos três mandatos do PT, o seu afã em dividir o país, em promover o ódio de uns contra os outros.

A estupidez dessa política alcança seu ápice no discurso verborrágico e raivoso da professora da USP. O vídeo publicado em youtube A maldição da Classe media - Marilena Chaui [1] não é um ato isolado, é só um a mais dos muitos discursos e  peroradas que esta senhora usa quando tem oportunidade e o público adequado. Marilena Chaui e a classe media [2] , A abominação da classe media - Marilena Chaui [3]. O seu alvo preferido é a classe media, a quem acusa de ser reacionária, conservadora, ignorante, petulante, arrogante e até de ser terrorista. Ao atacar a parcela do Brasil que trabalha, produz e promove o desenvolvimento comete uma asneira supina, ainda que asneira e Marilena Chauí numa mesma frase seja redundância. Seu ódio cego a impede de ver e entender o papel e a importância que a classe media tem no fortalecimento do tecido social, na construção da estabilidade, na distribuição de renda e no desenvolvimento do país.

É a classe média o motor gerador de riqueza e prosperidade. O comunismo, que ela defende com tanta veemência, errou ao destruir sistematicamente essa classe social e aniquilar a sua capacidade de promover e gerar riqueza. Quando se ataca ao empresário explorador, esquece-se que mais de 98% de todas as empresas não só no Brasil, também na maioria de países desenvolvidos são micro, pequenas e medias empresas. Justamente esses empresários de todos os setores econômicos, aos que ataca com raiva furibunda, são que formam o tecido econômico e social que desenvolve um país, são os maiores pagadores de impostos, os que mais empregos geram. Mais importante ainda: são os que junto com os profissionais liberais, os autônomos, os prestadores de serviços das mais variadas categorias garantem a estabilidade da sociedade. É a classe média que, com seu trabalho, seu esforço, sua dedicação e seu espírito de superação, estuda, poupa, melhora o nível do país e movimenta a economia, produz riqueza e contribui a que gire a roda que faz avançar o Brasil.

Tem se instalado no Brasil um grupelho que promove os conflitos sociais. São disseminadores do ódio que buscam dividir a sociedade em grupos antagônicos, que estimulam os conflitos de uns contra os outros. Gente incapaz de administrar uma lojinha de R$ 1,99, que quebraria uma quitanda, uma barbearia, uma marcenaria ou qualquer outra atividade econômica a que se dedicassem. Gente que nunca tem gerado um único emprego, que não seja a indicação de apaniguados e companheiros para ocupar cargos públicos. Incapazes que são de gerar outro capital que não seja o originário dos recursos públicos dos que são dependentes e devoradores famintos. São predadores, parasitas do dinheiro público, saprófitos do esforço e da riqueza alheios que têm tomado de assalto o estado em todos os níveis e que fazem da promoção e disseminação do ódio e do racismo a sua estratégia para manter-se no poder a qualquer custo.

Atacar a mais da metade da sociedade brasileira acusando-a de fascista, de abominação ética é uma prova de que a ignorância e o ódio superam o bom senso. E que vale tudo para quem não tem nenhum escrúpulo. Combinamos aqui e agora, atacou a classe media, sinto-me atacado e nesse caso revidar não será mais que legitima defesa.

A maldição da Classe media - Marilena Chaui [1]
Marilena Chaui e a classe media [2]
A abominação da classe media - Marilena Chaui [3]

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Olha a COSIP aí gente...

POR JORDI CASTAN

Lembram do post em que questionávamos o valor arrecadado pela COSIP em Joinville? Aquele que tinha por titulo "Se o problema não é a falta de dinheiro..."

Pois tem mais gente preocupada com os recursos da COSIP. no A Notícia de hoje, na coluna do jornalista Jefferson Saavedra há a nota seguinte:






quarta-feira, 16 de abril de 2014

Base de apoio forte!


Os midiots e os 174 jornais


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Lembro de ter lido, em um livro qualquer, que uma única edição de fim de semana do “The New York Times” trazia mais conteúdos do que Emmanuel Kant teria recebido de informação ao longo de toda a vida. É difícil de acreditar, mas, de qualquer forma, estamos a falar na era do impresso e da pouca mobilidade geográfica. Pode explicar.
Um dia destes, fiquei a saber de um estudo realizado pela Universidade da Califórnia (publicado na revista Science) que apresentava este cálculo: nos dias de hoje, numa sociedade moderna, uma pessoa recebe um volume de informação que se equipara a 174 jornais por dia. Há pouco mais de duas décadas, antes da internet, esse número era de 40 jornais diários.
É claro que estamos a falar dos infoincluídos, das pessoas que têm acesso à internet e a todas as suas vantagens, em especial as redes sociais. Aliás, acho divertidas as pessoas que não têm Twitter ou Facebook, quando estamos à frente de dois dos maiores negócios do nosso tempo (somente o Facebook faturou US$ 1,6 bilhão só no ano passado).
Mas o que essa gente faz com tanta informação? Despreza. Desperdiça. Desaproveita. Como é possível ter acesso a um volume de informação correspondente a 174 jornais e permanecer na iliteracia? É só passar uns cinco minutinhos no Twitter ou no Facebook para perceber que esses meios representam a democratização da estupidez. O problema não é o volume de informação, mas a capacidade de gerir essa informação.
Há um diferença: comunicar é uma coisa, informar é outra. Não basta ter acesso à informação. É preciso dispor de instrumentos mentais que permitam interpretá-la e ler o mundo. Quer dizer: essa gente vive soterrada em informação, mas não entende patavina. É a alienação (palavra de outros tempos).
É uma geração de “midiots”. Ou seja, idiotas da mídia. Os caras estão ligados à internet, têm acesso à informação e conseguem comunicar em tempo real por meio de engenhocas cada vez mais sofisticadas. Mas continuam idiotizados. Entenderam, anônimos?