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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Atiram na Chauí para acertar Lula

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

E de repente Marilena Chauí virou alvo de estimação da direita insipiente (passe a redundância). Tudo porque a filósofa ousou dizer que odeia a tal classe média. Ora, posso até achar excessivamente teatral a forma que ela usa para fazer a afirmação, mas o fato é que em termos de conteúdo teria pouco a discordar. Ah... para todos os efeitos, sou “classe média” e não me sinto ofendido.

Qual é o argumento de Marilena Chauí? A filósofa diz que essa tal classe média “é uma
abominação política porque é fascista, uma abominação ética porque é violenta e uma abominação cognitiva porque é ignorante”. Ela sabe de história e deve ter as suas razões. Aliás, a única coisa que eu talvez questionasse é a definição do objeto, porque prefiro a terminologia mais tradicional que define essas classes médias como “pequena burguesia”.

É fácil aceitar a tese, em especial quando Marilena Chauí traz a discussão para o plano do cognitivo. Porque para a pequena burguesia a ignorância é quase um investimento compulsório. Aliás, eu iria mais longe ao defender a tese de que ela pura e simplesmente rejeita o pensamento. Porque é objetivista, individualista e simplória. E, no caso do Brasil, anda perplexa com as mudanças na estrutura social do país e o surgimento da tal nova classe média.

Para evitar confusões, entendo ser incorreta a expressão "nova classe média". O que houve
nos últimos anos foi o ingresso de novos trabalhadores no mercado. Mas que não podem ser incluídos no pacote da tal classe média, uma vez que as suas visões de mundo são diferentes. No entanto, provocam o horror da pequena burguesia - a histórica e real - que teme perder o monopólio de privilégios mantido por décadas. 

Óbvio que as generalizações não ficam bem. E é claro que há gente da pequena burguesia que consegue ver um palmo à frente do nariz. A pequena burguesia repulsiva é aquela que tem sangue nos olhos e se deixa levar pelo ódio de classe. Aliás, esse ódio provoca-lhes uma certa esquizofrenia, porque não se encaixa nos seus próprios códigos morais. Os caras odeiam ao mesmo tempo em que os seus códigos rejeitam a ideia do ódio. Certo, anônimos?

Mas voltemos a Marilena Chauí. É evidente que ninguém está preocupado com ela pessoalmente. Até porque a maioria não faz a mais pálida ideia de quem seja a filósofa (e filosofia é coisa de fracassados que não conseguiram passar no vestiba de medicina). Encontrar uma alminha que tenha lido pelo menos duas míseras linhas dos escritos da pensadora é tão provável quanto saber os números da próxima Mega-Sena. 

O que interessa, então? O processo é simples: demonizar a professora e fazer com que ela apareça ao lado do ex-presidente Lula, de forma a contagiar a sua imagem. Pura semiótica. A pequena burguesia vive da imagem, não do fato. Mas, cá entre nós, esse argumento até ajuda a justificar a tese da abominação cognitiva defendida por Marilena Chauí: na sua indisfarçável insciência, a pequena burguesia ainda não se deu conta de que não é possível derrubar um ex-presidente. 

Bem ao jeito das redes sociais, o pessoal anda por aí a reproduzir vídeos editados de forma a passar a ideia de que o pensamento de Marilena Chauí representa o PT e também o ex-presidente Lula. E como a coisa não corresponde aos fatos, comete-se uma omissãozinha aqui e outra ali para esconder a história na sua totalidade. Eis um filme a mostrar o que aconteceu no mesmo evento... momentos depois.



segunda-feira, 21 de abril de 2014

Semeando odio

POR JORDI CASTAN


Pipoca nas redes sociais um vídeo de filosofa Marilena Chauí, promovido pelo PC do B, em que destila o seu ódio patológico contra a classe média brasileira e é aplaudida por uma corja de ignorantes raivosos, interessados em promover o ódio, o conflito, a divisão da sociedade. Aliás este é, provavelmente, o maior legado dos três mandatos do PT, o seu afã em dividir o país, em promover o ódio de uns contra os outros.

A estupidez dessa política alcança seu ápice no discurso verborrágico e raivoso da professora da USP. O vídeo publicado em youtube A maldição da Classe media - Marilena Chaui [1] não é um ato isolado, é só um a mais dos muitos discursos e  peroradas que esta senhora usa quando tem oportunidade e o público adequado. Marilena Chaui e a classe media [2] , A abominação da classe media - Marilena Chaui [3]. O seu alvo preferido é a classe media, a quem acusa de ser reacionária, conservadora, ignorante, petulante, arrogante e até de ser terrorista. Ao atacar a parcela do Brasil que trabalha, produz e promove o desenvolvimento comete uma asneira supina, ainda que asneira e Marilena Chauí numa mesma frase seja redundância. Seu ódio cego a impede de ver e entender o papel e a importância que a classe media tem no fortalecimento do tecido social, na construção da estabilidade, na distribuição de renda e no desenvolvimento do país.

É a classe média o motor gerador de riqueza e prosperidade. O comunismo, que ela defende com tanta veemência, errou ao destruir sistematicamente essa classe social e aniquilar a sua capacidade de promover e gerar riqueza. Quando se ataca ao empresário explorador, esquece-se que mais de 98% de todas as empresas não só no Brasil, também na maioria de países desenvolvidos são micro, pequenas e medias empresas. Justamente esses empresários de todos os setores econômicos, aos que ataca com raiva furibunda, são que formam o tecido econômico e social que desenvolve um país, são os maiores pagadores de impostos, os que mais empregos geram. Mais importante ainda: são os que junto com os profissionais liberais, os autônomos, os prestadores de serviços das mais variadas categorias garantem a estabilidade da sociedade. É a classe média que, com seu trabalho, seu esforço, sua dedicação e seu espírito de superação, estuda, poupa, melhora o nível do país e movimenta a economia, produz riqueza e contribui a que gire a roda que faz avançar o Brasil.

Tem se instalado no Brasil um grupelho que promove os conflitos sociais. São disseminadores do ódio que buscam dividir a sociedade em grupos antagônicos, que estimulam os conflitos de uns contra os outros. Gente incapaz de administrar uma lojinha de R$ 1,99, que quebraria uma quitanda, uma barbearia, uma marcenaria ou qualquer outra atividade econômica a que se dedicassem. Gente que nunca tem gerado um único emprego, que não seja a indicação de apaniguados e companheiros para ocupar cargos públicos. Incapazes que são de gerar outro capital que não seja o originário dos recursos públicos dos que são dependentes e devoradores famintos. São predadores, parasitas do dinheiro público, saprófitos do esforço e da riqueza alheios que têm tomado de assalto o estado em todos os níveis e que fazem da promoção e disseminação do ódio e do racismo a sua estratégia para manter-se no poder a qualquer custo.

Atacar a mais da metade da sociedade brasileira acusando-a de fascista, de abominação ética é uma prova de que a ignorância e o ódio superam o bom senso. E que vale tudo para quem não tem nenhum escrúpulo. Combinamos aqui e agora, atacou a classe media, sinto-me atacado e nesse caso revidar não será mais que legitima defesa.

A maldição da Classe media - Marilena Chaui [1]
Marilena Chaui e a classe media [2]
A abominação da classe media - Marilena Chaui [3]

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Satisfeita, Chauí?



POR CLÓVIS GRUNER

A filósofa Marilena Chauí não gosta dos Black Blocs. Em palestra proferida na Academia da Polícia Militar do Rio de Janeiro, em agosto, Chauí afirmou que o grupo tem “inclinações fascistas”: “Temos três formas de se colocar. Coloco os blacks’ na fascista. Não é anarquismo, embora se apresentem assim. Porque, no caso do anarquista, o outro [indivíduo] nunca é seu alvo. Com os blacks’, as outras pessoas são o alvo, tanto quanto as coisas”.

Um pouco de história nunca é demais mesmo para quem já recebeu título honoris causa pela Sorbonne. Tanto os estudantes franceses que tomaram de assalto o bairro latino em Maio de 68 tinham, sim, “demandas institucionais ao poder” – a reforma universitária, por exemplo –, como os blacks não são uma invenção brasileira nem tampouco recente. Eles estão por aí desde o final dos anos de 1980, e já atuaram em eventos e lugares tão distintos como os protestos antinucleares em Berlim, ainda no fim da Guerra Fria, a reunião de 1999 da OMC em Seattle, e o encontro do G-20 em Toronto. Mais recentemente, estiveram presentes em manifestações na Grécia, Turquia e Egito.

Pode-se questionar e criticar as táticas utilizadas pelos Black Blocs. O recurso à violência – que, ao contrário do que diz Chauí, não mira as pessoas, mas instituições e patrimônios públicos e privados, bancos principalmente – é sempre controverso. Ainda que historicamente ela seja parte dos movimentos que, por razões e com finais distintos, provocaram alguns deles rupturas significativas e necessárias – a conquista do voto feminino e os direitos trabalhistas, por exemplo –, seu aparecimento é sempre intempestivo e, no limite, incontrolável. Mas chamar o grupo de fascista é de uma estultice que beira à irresponsabilidade e denuncia, uma vez mais, a incapacidade de Chauí – outrora referência à esquerda brasileira – de compreender os novos movimentos e manifestações sociais, que escapam do convencionalismo à gauche da filósofa uspiana.

ADESISMO E FALÊNCIA DA CRÍTICA Ela não está sozinha. Ante o incompreensível, alguns pensadores – no plano internacional, Zizek e Badiou, por exemplo – optaram por reafirmar sua profissão de fé em uma esquerda revolucionária e messiânica. Inatuais, ainda que contemporâneos, desqualificam os novos movimentos sociais cobrando-lhes justamente o que eles não pretendem oferecer: um futuro. No Brasil, a perplexidade de Chauí ou de um Emir Sader, entre outros, pode ser explicada também pelo compromisso militante. Alçados indiretamente à condição de governo, não foram poucos os intelectuais que tiveram minada sua capacidade crítica em função do adesismo.

Sob este ponto de vista, tudo o que pode colocar em risco, mesmo que apenas hipoteticamente, o projeto de governo e de poder hoje vitorioso, precisa ser duramente criticado, combatido e, se necessário, desqualificado – como foram as manifestações de junho e, agora, os Black Blocs. Não é casual que a tagarelice contra o “fascismo” dos blacks caminhe pari passu com um silêncio vergonhoso sobre as incômodas permanências, quando não o simples retrocesso, em setores como os direitos humanos e a segurança pública, áreas onde os governos petistas se limitaram basicamente a dar continuidade às inconsistentes (ou inexistentes)políticas anteriores.

Penso que mais pertinente que tratar por “fascista” quem não é, seja tentar apreender o que de significativo, para além da violência e dos chavões anticapitalistas, as manifestações recentes tem a dizer à esquerda. Entre outros, há dois elementos  fundamentais. De um lado, a necessidade de abandonar as pretensões messiânicas e encarar o mundo e a política a partir do presente. Isso implica, obviamente, uma revisão de discursos e práticas cristalizados entre muitos militantes e intelectuais, desatentos à miudeza das reivindicações cotidianas porque empenhados em fazer o parto do futuro.

Há ainda o desgaste dos modelos tradicionais de política. Particularmente no Brasil, a chegada ao governo de um partido de esquerda, se tornou possível principalmente progressos em alguns de nossos indicadores sociais, representou igualmente um esvaziamento dos movimentos e movimentações sociais, inclusive com a criminalização de alguns deles. Este afastamento lento, gradual e seguro, que se fez em parte para atender as alianças espúrias firmadas entre o governo e suas bases aliadas – a bancada evangélica, os ruralistas, etc... – teve seu ápice nas lamentáveis cenas presenciadas no último 7 de setembro: cidadãos, nem todos mascarados, sendo violentamente agredidos e humilhados; enquanto policiais militares – provavelmente, entre eles, alguns a quem Chauí se dirigiu semanas antes – protegiam-se atrás do anonimato de suas máscaras ou da segurança do corporativismo e do aparato estatal.

Dos blacks pode-se dizer que eles são violentos, equivocados ou ingênuos. Mas certamente não são fascistas. Pode-se dizer o mesmo do Estado e sua polícia?