POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
E de repente Marilena Chauí virou alvo de estimação da direita insipiente (passe a redundância). Tudo porque a filósofa ousou dizer que odeia a tal classe média. Ora, posso até achar excessivamente teatral a forma que ela usa para fazer a afirmação, mas o fato é que em termos de conteúdo teria pouco a discordar. Ah... para todos os efeitos, sou “classe média” e não me sinto ofendido.
Qual é o argumento de Marilena Chauí? A filósofa diz que essa tal classe média “é uma
abominação política porque é fascista, uma abominação ética porque é violenta e uma abominação cognitiva porque é ignorante”. Ela sabe de história e deve ter as suas razões. Aliás, a única coisa que eu talvez questionasse é a definição do objeto, porque prefiro a terminologia mais tradicional que define essas classes médias como “pequena burguesia”.
É fácil aceitar a tese, em especial quando Marilena Chauí traz a discussão para o plano do cognitivo. Porque para a pequena burguesia a ignorância é quase um investimento compulsório. Aliás, eu iria mais longe ao defender a tese de que ela pura e simplesmente rejeita o pensamento. Porque é objetivista, individualista e simplória. E, no caso do Brasil, anda perplexa com as mudanças na estrutura social do país e o surgimento da tal nova classe média.
Para evitar confusões, entendo ser incorreta a expressão "nova classe média". O que houve
nos últimos anos foi o ingresso de novos trabalhadores no mercado. Mas que não podem ser incluídos no pacote da tal classe média, uma vez que as suas visões de mundo são diferentes. No entanto, provocam o horror da pequena burguesia - a histórica e real - que teme perder o monopólio de privilégios mantido por décadas.
abominação política porque é fascista, uma abominação ética porque é violenta e uma abominação cognitiva porque é ignorante”. Ela sabe de história e deve ter as suas razões. Aliás, a única coisa que eu talvez questionasse é a definição do objeto, porque prefiro a terminologia mais tradicional que define essas classes médias como “pequena burguesia”.
É fácil aceitar a tese, em especial quando Marilena Chauí traz a discussão para o plano do cognitivo. Porque para a pequena burguesia a ignorância é quase um investimento compulsório. Aliás, eu iria mais longe ao defender a tese de que ela pura e simplesmente rejeita o pensamento. Porque é objetivista, individualista e simplória. E, no caso do Brasil, anda perplexa com as mudanças na estrutura social do país e o surgimento da tal nova classe média.
Para evitar confusões, entendo ser incorreta a expressão "nova classe média". O que houve
nos últimos anos foi o ingresso de novos trabalhadores no mercado. Mas que não podem ser incluídos no pacote da tal classe média, uma vez que as suas visões de mundo são diferentes. No entanto, provocam o horror da pequena burguesia - a histórica e real - que teme perder o monopólio de privilégios mantido por décadas.
Óbvio que as generalizações não ficam bem. E é claro que há gente da pequena burguesia que consegue ver um palmo à frente do nariz. A pequena burguesia repulsiva é aquela que tem sangue nos olhos e se deixa levar pelo ódio de classe. Aliás, esse ódio provoca-lhes uma certa esquizofrenia, porque não se encaixa nos seus próprios códigos morais. Os caras odeiam ao mesmo tempo em que os seus códigos rejeitam a ideia do ódio. Certo, anônimos?
Mas voltemos a Marilena Chauí. É evidente que ninguém está preocupado com ela pessoalmente. Até porque a maioria não faz a mais pálida ideia de quem seja a filósofa (e filosofia é coisa de fracassados que não conseguiram passar no vestiba de medicina). Encontrar uma alminha que tenha lido pelo menos duas míseras linhas dos escritos da pensadora é tão provável quanto saber os números da próxima Mega-Sena.
O que interessa, então? O processo é simples: demonizar a professora e fazer com que ela apareça ao lado do ex-presidente Lula, de forma a contagiar a sua imagem. Pura semiótica. A pequena burguesia vive da imagem, não do fato. Mas, cá entre nós, esse argumento até ajuda a justificar a tese da abominação cognitiva defendida por Marilena Chauí: na sua indisfarçável insciência, a pequena burguesia ainda não se deu conta de que não é possível derrubar um ex-presidente.
Bem ao jeito das redes sociais, o pessoal anda por aí a reproduzir vídeos editados de forma a passar a ideia de que o pensamento de Marilena Chauí representa o PT e também o ex-presidente Lula. E como a coisa não corresponde aos fatos, comete-se uma omissãozinha aqui e outra ali para esconder a história na sua totalidade. Eis um filme a mostrar o que aconteceu no mesmo evento... momentos depois.
Dentro da lógica Marxista do materialismo histórico poderia se fazer uma interpretação do governo Lula. O governo Lula ao patrocinar a inclusão pelo consumo do quinto escalão, pelas Casas Bahia (rs), o governo Lula esta patrocinando um processo alienante de docilização das injustiças por um consumo que antes não existia e com isso desmobilizando a luta de classe, a consciência de classe e a revolução do proletariado. Portanto o governo Lula, apesar da sua origem sindical, é um governo burguês, de burgueses, para burgueses, como todos os outros. Não é comentário meu, mas como percebi, existem muitos amantes do Marx e relacionam isso ao PT equivocadamente. Só colaborando um pouco, ou tentando, valeu.
ResponderExcluirPerfeito, Marco.
ExcluirO problema é que Marx viveu no período inicial da revolução industrial e não conheceu o consumidor e a sociedade de consumo como a temos hoje. A hermenêutica de Marx deve deve feita a partir das ideias e das circunstâncias da época. Aliás, o consumidor das sociedades de "massa" surgiu na passagem do século 19 para o século 20 (principalmente nas primeiras décadas dos anos 20), mas só teve esse "estatuto" reconhecido (nominado oficalmente pelo poder) em 1962.
ResponderExcluirCom hermenêutica ou sem, usar uma obra do século IXX para tentar explicar o sistema capitalista tal qual sua evolução é uma perda de tempo.
ExcluirNão necessariamente. Marx empreendeu uma das mais bem realizadas análises do capitalismo. As bases estão lá. Mas era filósofo e não profeta. Do meu ponto de vista, por exemplo, acho que errou ao anunciar a emancipação do homem pelo trabalho, porque não previu a tecnologia.
ExcluirPerfeito Baço a sua distinção de classe média, nova classe média e pequena burguesia. O fato de centenas de milhares de brasileiros terem acesso ao primeiro carro zero, à primeira viagem de avião, aos supérfluos de supermercado justamente neste período petista parece ter um efeito contrário aos que emanam ódio nas redes sociais. Identifico justamente esta nova classe média papagaiando mentiras contra o governo, justamente os responsáveis por proporcionar isto, inclusive o acesso à internet. Será que o sonho do oprimido realmente é se tornar opressor? Será que o complexo de vira latas pode se sobrepujar à um sintoma de inclusão social e economica? Com a resposta sociólogos, antropólogos, astrólogos e pais-de-santo...
ResponderExcluirEu espero que você esteja ganhando alguma coisa em troca, Manoel. Porque não é possível tamanha cegueira.
ExcluirE eu espero que vc compre aquela picanha e cerveja, engula tudo e durante o jogo do Brasil mande mais uma vez a Dilma para aquele lugar, com o sentimento do dever cumprido.
ExcluirSe eu quiser fumar, eu fumo
ResponderExcluirSe eu quiser beber, eu bebo
Eu pago tudo que eu consumo
Com o suor do meu emprego
Confusão eu não arrumo
Mas também não peço arrego
Eu um dia me aprumo
Pois tenho fé no meu apego
Eu só posso ter chamego
Com quem me faz cafuné
Como o vampiro e o morcego
É o homem e a mulher
O meu linguajar é nato
Eu não estou falando grego
Eu tenho amores e amigos de fato
Nos lugares onde eu chego
Eu estou descontraído
Não que eu tivesse bebido
Nem que eu tivesse fumado
Pra falar de vida alheia
Mas digo sinceramente
Na vida, a coisa mais feia
É gente que vive chorando
De barriga cheia
É gente que vive chorando
De barriga cheia
Maneiras
Zeca Pagodinho
Respeito seu comentário Baço, mas reitero que esse governo foi o governo das empresas, ou a quem você acha que interessou o estimulo ao consumo? Tivemos com isso mais concentração de riquezas e consequentemente ricos sendo mais ricos e em menor número. E o ódio não é particular da direita, a esquerda tem o DNA ofensivo, tanto é que o PT era muito melhor oposição do que governo. O problema do governo de esquerda é gostar de um estado pesado, grande para seus "colaboradores" e de interferir na economia, isso atrai muito mais interesseiros do que um estado mais leve e liberal. Não acredito nessas correntes que dizem que o PT é socialista, ele é muito capitalista, mais do que os outros, e convenhamos, um governo com tão baixo capital gerencial não conseguiria ter a competência de instalar outro regime.
ResponderExcluirO PT é tão capitalista como o mundo que gira ao seu redor. Não há problema algum nisto, e tão pouco ele nega. Qual o problema de distribuir melhor renda num sistema capitalista? Qual o problema de incluir mais pessoas neste meio, seja através de bolsas, cotas ou geração de empregos? O que os míopes não vêem (ou se negam a ver) é que de 12 anos para cá isto se tornou mais possível.
ExcluirPerfeitamente Sérgio, defendo essa ideia também, é a melhor maneira de distribuir renda. A crítica maior é quanto ao tamanho e ineficiência do estado.
ExcluirTudo bem, Marco Mattiola. Mas o meu comentário era sobre Marx e não citei o PT.
ResponderExcluirParabéns Mattiola! Mais um mito detonado!
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