POR EDUARDO RODRIGUES
O direito à greve, garantido na Constituição, existe por uma única razão: é uma forma legítima dos trabalhadores se organizarem para conseguir melhorias nos salários, benefícios e resistir a imposições do poder que, somente por interesse econômico, tenta reduzir os direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras.Só para refrescar a memória, todos os direitos que hoje consideramos imprescindíveis, como o voto, a representação democrática, aposentadoria, limitação da jornada de trabalho, licenças, férias e etc. tiveram greves como importantes ferramentas de combate. Vale reforçar que em nenhum momento da história as melhorias na condição de vida dos trabalhadores foram meras concessões. Foram conquistas originadas através de muita luta, combatendo repressões e perseguições, oriundas de interesses muitas vezes distantes da democracia e da liberdade.
Estamos vivendo em um estado de exceção. O plano econômico e político aplicado pelo governo golpista de Michel Temer não foi eleito nas urnas. É um plano de governo desenhado pela classe patronal do país, com o interesse reduzir gastos com a contratação de funcionários e garantir o dinheiro do Estado para o pagamento da dívida pública. Uma conta que beneficia rentistas milionários e despreza os trabalhadores brasileiros. Destrói os direitos que asseguram garantias mínimas à população e transforma as relações de trabalho numa terra sem lei, retrocedendo décadas em nossa história democrática.
É um direito sair às ruas, entrar em greve, fazer pressão popular sobre o governo para manter nossos direitos conquistados através de uma história de muito sofrimento e luta. A greve geral marcada para este dia 28 de abril será a grande retomada de mobilizações populares no Brasil. Faz parte do jogo. É uma das poucas ferramentas de controle do poder que temos. Precisamos de unidade e da clareza de que, neste momento, a classe trabalhadora está por si só. E ninguém está por nós.
Os brasileiros foram às ruas não apenas por R$ 0,20. Foram contra a corrupção, pela saúde e pela educação. Esse agora é mais um passo, é pela democracia, para se fazer ouvir. Não é coisa de vagabundos, é uma ação direta do povo que trabalha, que faz a máquina econômica girar. Se preciso paramos o Brasil. Por isso, estamos em greve!