Eita terceiro mundão! E não é que a eleição para prefeito criou uma refrega esquisitona entre o Sargento Lima e Adriano Silva? E adivinhem: a peleia é para reivindicar qual dos dois é o mais bolsonarista. Num filme da sua campanha, o militar tenta provar a sua condição de bolsonarista raiz, dando a entender que Adriano não tem pedigree para tal posição. Mas fico a perguntar: quem, com dois dedinhos de testa, quer ser herdeiro de Bolsonaro?
Pense nisto. Por que uma pessoa iria reivindicar para si mesma uma imagem de racismo, misoginia, homofobia, reacionarismo, negacionismo, iliteracia, golpismo, apologia da tortura e defesa da ditadura? O que seria uma vergonha em qualquer democracia... em Joinville é motivo de disputa no espaço público. É um atraso de dar pena. Mas que até faz sentido. O bolsonarismo produziu esse efeito: destruiu a ideia de intelligentsia e instaurou a burritsia.
Mas não há segredo. O filme é uma estratégia desesperada para atrair os eleitores de Jair Bolsonaro. Uma péssima estratégia, por sinal. Numa eleição municipal, o eleitor está mais preocupado com os buracos nas ruas do que com mamadeiras de piroca. O bolsonarismo só funciona no plano dos costumes e se do outro lado estiver o inimigo “comunista” e libertário, na maioria das vezes representado pelo Partido dos Trabalhadores.
Eis a tese: o eleitor comum não é fiel a Bolsonaro, uma figura deplorável, mas ao discurso que expressa o próprio azedume. Não seguem Bolsonaro, mas o nefasto discurso bolsonarista. Duvidam? É só ver a performance do coach Pablo Marçal na disputa da prefeitura de São Paulo. O tipo elevou o besteirol bolsonarista a outro nível. Benza Deus! E está a complicar a vida de Ricardo Nunes, candidato apoiado por Bolsonaro.
Enfim, não adianta Lima se atirar para cima de Adriano com um discurso “ideológico”. Afinal, entre dois candidatos de extrema direita, os eleitores conservadores preferem conservar quem está lá. Aliás, Adriano passou os últimos quatro anos a trabalhar para a reeleição. E o sargento tem um problemão: Bolsonaro não deu as caras em Joinville. Porque não é bobo. Se os candidatos bolsonaristas começam a perder, o “mito” de puxador de votos se esboroa.
O fato é que Bolsonaro não parece tão infalível nos apoios. Os exemplos abundam. Há o sanfoneiro Gilson Machado, em Recife, que não consegue decolar. Ou Fred Rodrigues, que tem um mau histórico com contas de campanha, em Goiânia. E Alexandre Ramagem, que deve ser atropelado por Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, reduto do próprio Bolsonaro. E o caso já lembrado de Pablo Marçal, que ameaça ser o novo Bolsonaro no lugar de Bolsonaro.
É a dança da chuva.
Uma briga entre reacionarios, um assumido, outro travestido de liberal, mas não passa de ultra-direita radical.
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