domingo, 31 de março de 2013

Só o Chuva Ácida é pouco


Um dia destes o Chuva Ácida foi citado no Facebook, fato que merece um comentário. Não pela citação, mas para reiterar que o blog surgiu como uma espécie de abre-alas para outras iniciativas do gênero. A ideia era valorizar a blogosfera e dar maior peso às ideias que não encontram espaço nos meios tradicionais. O Pierre Porto tem razão: pouca coisa surgiu ao longo deste tempo. E isso é mau. Porque a sociedade joinville precisa de mais meios de expressão de ideias. Porque o Chuva Ácida precisa de concorrência para melhorar. Porque comunicação é poder e esse poder tem que estar nas mãos dos cidadãos.




sexta-feira, 29 de março de 2013

Um ano de trevas?


POR CLÓVIS GRUNER

 Enquanto escrevo este texto, circula nos sites de notícia a informação de que o PSC – Partido Social Cristão – decidiu, à revelia de parcela significativa da chamada “opinião pública” e contrariando, inclusive, solicitação de alguns parlamentares, manter à frente da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o pastor Marco Feliciano. Não é exagero retórico: a sua eleição há algumas semanas, deixou-me envergonhado. Agora, sua confirmação na presidência, quando muitos de nós esperávamos pela sua renúncia, faz aumentar a sensação de derrota e impotência. No dia de sua eleição, um aluno me disse que é só um ano. Respondi que, se fosse um único dia, já seria demais. 365 dias é simplesmente intolerável.



E não se trata das convicções religiosas do deputado-pastor. A princípio, não há nenhum problema em se eleger um religioso à câmara dos deputados, que conta entre seus membros com ex-jogadores de futebol, empresários, latifundiários, negros, trabalhadores rurais, sindicalistas, feministas, gays, etc... É um pressuposto das democracias modernas que o poder legislativo seja, por assim dizer, uma amostra da diversidade de um país e de seus interesses. E se os gays, por exemplo, contam com Jean Willys como seu porta-voz, não haveria equívoco algum em Marco Feliciano ser, além de deputado, evangélico.


DISCURSO DE ÓDIO - O problema não são suas convicções religiosas, mas ele valer-se delas para justificar seu discurso de ódio contra as mesmas minorias das quais passou a ser, eleito presidente da CDH, o principal representante no poder legislativo. Oras, não há absolutamente como esperar de um deputado e pastor que já deixou claro seu asco e intolerância contra negros e gays, principalmente; não há como esperar de um deputado e pastor que em sua prática, seja legislativa ou missionária, propaga o ódio, reproduz o medo e legitima a violência contra minorias – notadamente contra os gays –, que ele seja capaz de representar estas mesmas minorias naquilo que lhes é fundamental: a garantia de seu direito mínimo, qual seja, o de simplesmente existir.


Aliás, o tom de como funcionará a comissão a partir da presidência de Feliciano já foi dado nas primeiras sessões, com a cassação ao direito de palavra, entre outros absurdos, entre eles a manifestação do deputado Jair Bolsonaro, defensor da ditadura e da tortura, e também ele notório homofóbico, agora maioria em uma comissão que, nos últimos anos, havia se tornado fórum privilegiado de discussão e defesa da diversidade: “Não assistiremos mais aqui seminário LGBT infantil, com crianças sendo estimuladas uma a fazer sexo com a outra.” E não, não vou lembrar aqui do cartaz infeliz que o mesmo deputado empunhou em pleno congresso: ele sintetiza o estado de coisas a que chegamos.


A RESPONSABILIDADE DO PT - Por outro lado, insisto em lembrar que grande parte da responsabilidade pela condução de Feliciano à presidência da Comissão é do PT. E não se trata apenas de ressentimento ou frustração – embora, admita, há um pouco de ambos quando faço o balanço dos frutos que estamos a colher das alianças que o partido vem fazendo desde a última década. Sim, porque não basta recordar que a presidência da comissão já foi do PT. Nem que as lideranças partidárias decidiram praticamente franqueá-la ao PSC – partido da base governista – porque, interessados em comissões certamente mais estratégicas do ponto de vista político-partidário (quiçá, eleitoral), não viram problema algum em lotear a penúltima comissão a ser escolhida entre as lideranças partidárias.

A atitude, entre outras coisas, serviu para demonstrar a profunda indiferença que tem a maioria de nossos parlamentares, inclusive parte da bancada de esquerda, pelo tema dos direitos humanos e das minorias. Igualmente, não basta reafirmar que foi em grande parte graças ao PT que não apenas a presidência da Comissão foi assegurada a um partido que pouco ou nada tem a ver com ela. Ainda mais grave, foi conferir a PSC ampla e irrestrita autonomia para indicar um parlamentar de sua bancada para presidi-la.


TONS DE FARSA - Isto é muito, mas ainda não basta. A eleição de Marco Feliciano e sua agora permanência como presidente, coroa em tons de farsa o que começou como tragédia: em 2002, como parte da estratégia eleitoral que visava a eleição de Lula, tratou-se não apenas de amenizar-lhe a face e o discurso, mas de ampliar o leque de alianças, incluindo entre os que apoiavam o então candidato o Partido Liberal que, apesar do nome, era à época o principal braço parlamentar das igrejas evangélicas de matriz fundamentalista, entre elas a famigerada Universal do Reino de Deus. Mais recentemente, em 2010, enquanto a militância petista e demais eleitores de Dilma Roussef – eu inclusive – denunciavam, e com razão, a guinada conservadora do PSDB e de José Serra, a hoje presidenta rezava com Gabriel Chalita, beijava a mão de padres e bispos católicos, pedia e em alguns casos ganhou, o apoio de pastores evangélicos – entre eles, Marco Feliciano.

Mas a lamentável condução de Feliciano ao talvez único lugar no parlamento onde ele, definitivamente, não deveria estar, não apenas mancha ainda mais a já maculada reputação do congresso brasileiro: ela fere e corrompe um princípio caro às sociedades modernas e democráticas, que é o da laicidade do Estado. Em texto onde distingue o ‘laicismo’ de uma ‘cultura laica’, o pensador italiano Norberto Bobbio assim define a segunda: “El espiritu laico no es en sí mismo una nuevacultura, sino la condición para la convivencia de todas las posibles culturas. La laicidad expresa más bien um método que um contenido.”


SEDIAR A IDADE MÉDIA - A manutenção de Marco Feliciano na presidência da CDH, junto com a crescente influência que igrejas, principalmente evangélicas – embora não só – e suas lideranças tem exercido junto à instâncias partidárias e governamentais, coloca em risco “as condições para a convivência de todas as possíveis culturas” que é, ao concordarmos com Bobbio, elemento fundamental de um Estado e uma sociedade laicos. Já se disse, em tom de galhofa, que se o Brasil não for bem sucedido ao sediar, em 2014, a Copa do Mundo, pelo menos estaremos prontos para sediar a idade média. Já não consigo mais rir disso que, para mim, deixou de ser uma brincadeira. Não, certamente não acho que voltaremos ao medievo, tampouco acredito, como historiador, que se pode explicar dez séculos de história recorrendo a alguns chavões reducionistas, tais como os de que vivemos, no período, “mil anos de escuridão”.


O que me preocupa e amedronta é que estamos a assistir, impotentes e em alguns casos resignados, a escalada da intolerância, do ódio e do medo onde deveríamos experimentar, em pleno século XXI, uma sociedade mais plural e mais capaz de conviver na e com a diversidade. O que me preocupa e amedronta é assistir, praticamente imobilizado e impassível, o fundamentalismo religioso pautar a agenda política e usar o parlamento como espaço de legitimação do processo crescente de estigmatização e demonização do “outro” – o gay, principalmente, mas também o negro, o pobre, as mulheres feministas, etc... –, estigmatização e demonização de que o fundamentalismo religioso talvez não seja o único, mas é inegavelmente o principal artífice. O que me preocupa e amedronta não é o ano que passaremos com o deputado e pastor Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, mas o quanto retrocederemos neste ano no pouco que já conquistamos até aqui e, não menos importante, a obscuridade do depois.

Clóvis Gruner é historiador e professor universitário

Um idiota entrevistando outro


POR FELIPE SILVEIRA

Danilo Gentili é um idiota. Não é recalque, não é falta de interpretação da piada e muito menos uma tentativa de censurar certo tipo de humor. Sou favorável a todos. O problema é que não é humor. É algo sem graça e que, quando arranca risadas, é pelo preconceito, pelo ódio, pelo racismo. A definição perfeita, pra mim, é a que li em um texto do Leandro Fortes publicado no site da Carta Capital:

“Não é um programa de humor, porque as risadas que eventualmente desperta nos telespectadores não vem do conforto e da alegria da alma, mas dos demônios que cada um esconde em si, do esgoto de bílis negra por onde fluem preconceitos, ódios de classe e sentimentos incompatíveis com o conceito de vida social compartilhada.”

Bom, ele falava do CQC, mas cabe bem ao Gentili e ao Rafinha Bastos, que eram as estrelas do programa no seu início e partiram pra projetos solos por razões distintas. Um pelo sucesso, outro pela “rejeição”.

Danilo Gentili tem, agora, um programa de entrevista. Imitação do Jô, que também é ruim, diga-se de passagem. E, assim como o Jô, faz política com seu microfone. Política travestida de piada, de comentário “inocente”, de espaço privilegiado e bolas levantadas para uns e perguntas difíceis para outros. Sustentando, assim, o status quo do poder, do privilegio, do preconceito, da violência.

Na noite de quinta-feira (28), Gentili entrevistou o deputado federal e pastor Marco Feliciano, alvo de protesto de todo o mundo civilizado por presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Sendo que essa comissão luta, justamente, para que a opinião de Marco Feliciano sobre tudo não prevaleça. Porque a opinião de Marco Feliciano faz mal.

Contrariando o velho conselho, deu-se ouvidos aos idiotas. Assim como o CQC sempre deu espaço ao Bolsonaro. Não é sem propósito. Não é à toa que programas de “humor” sejam a plataforma ideal para esses sujeitos. O programa de humor não tem o compromisso do jornalismo. Ele pode perguntar se o deputado é gay, pode tirar o deputado do sério com trocadilhos, porque ele não tá nem aí para a resposta do deputado. Ele quer a piada, e não a resposta.

Para o jornalismo o que importa é a resposta, e por isso é preciso fazer a pergunta certo. Para o humor o que importa é a piada, e ela se encerra no momento da pergunta. Pode dizer que é jornalismo, que só eles têm coragem de certas coisas, mas não é. E tá muito longe de ser.

Enquanto Gentili faz a pergunta-piada, InFeliciano dá a resposta que quer. Dá a sua tola versão para justificar o seu preconceito, o mal que faz. O público ri, ainda sob efeito da piada.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Secos e Molhados


O cão matou a criança. Vamos matar o cão?


O cão Zico está à espera do abate
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Hoje proponho um teste à sua capacidade de encarar dilemas e vou usar um caso que está a dividir opiniões aqui em Portugal. E sem mais delongas, vamos logo à apresentação dos fatos.

A coisa aconteceu na cidade alentejana de Beja. No início do ano, um cão pittbull matou uma criança de 18 meses. O cão pertence à família e o avô disse que a criança entrou na cozinha com a luz desligada e, ao tropeçar, caiu sobre o cão, provocando a agressão do animal. A família não apresentou qualquer queixa às autoridades.

Mesmo assim a polícia decidiu intervir e, segundo a lei, nesse tipo de situação o pittbull deveria ser abatido. As autoridades pegaram o bicho e levaram para um canil, onde ficaria até o momento do abate. Só que nesse ínterim os defensores dos direitos dos animais entraram em campo para impedir o abate do pittbull, que atende pelo nome de Zico.

O pessoal lançou uma petição online, que hoje tem mais de 60 mil apoiantes, e surgiram páginas de apoio ao cão no Facebook. Além de evitar o abate, também é pedido um tratamento digno para o aminal: “Sabemos que até ao final do processo, provavelmente o Zico não poderá sair do canil. No entanto, vamos tentar que ele possa pelo menos ser passeado e conviver com pessoas e animais (dentro do canil)”, diz a autora de uma página no Facebook.

Mas o que me levou a escrever este texto foi o fato de ter lido os comentários lá no Facebook. A discussão está acesa entre os que querem o abate e os que pretendem salvar o cão. Os argumentos são quase sempre os mesmos, mas tem muita gente a dar o seu pitaco.

O QUE VOCÊ ACHA? Você é a favor ou contra o extermínio do animal? Sendo de uma raça considerada perigosa, talvez essa fosse a solução mais sensata. Mas também devemos considerar o argumento de que não há cães violentos, apenas donos irresponsáveis. E isso permitiria poupar a vida do animal para reeducá-lo.

E agora passo a bola para o seu lado, leitor e leitora. Ah... mais um argumento para interferir na sua decisão. A mãe do menino morto disse que há mais de um ano pensava no abate do animal, por não ter condições de o sustentar. E você, leitor e leitora, de que lado está? 



quarta-feira, 27 de março de 2013

Por onde andam as humanas?


POR DOUGLAS LANGER

É com facilidade que ouve-se falar de Joinville como uma cidade industrial.

Boa parte dos moradores da cidade dedica sua vida às empresas do ramo presentes na região.

Aos estudantes, aqueles futuros filósofos, sociólogos, etc, sinto informar que, infelizmente as universidades da região buscam oferecer cursos que saciem os desejos da indústria.

Tudo é uma grande dialética, as universidades de carácter particular (que têm em sua essência a busca pelo lucro, o que é inegável) oferecem cursos que lhe tragam capital. As grandes empresas por sua vez, necessitam de força de trabalho capacitada para seu melhor funcionamento.

Como resultado, está lá o cadáver das ciências humanas em Joinville.

A sua possível salvação, o ensino público, mais precisamente, a esplendorosa universidade federal, vem a galope montada em uma tartaruga (provavelmente manca).

A consequência é a cidade afundada em um abismo de descaracterização do operário, do próprio estudante, enfim do cidadão enquanto ser humano e o seu travestir de ferramenta descartável, de número, de estatística. Ainda neste abismo está o desinteresse pela cultura, pela ética, pela política, e afinal, por si próprio.

Seria digno de piada (e de inocência), o fato de esperar que alguma universidade privada decida implementar na sua grade de curso, esta pobre vítima da falta de reconhecimento, a filosofia.

Seria um grande salto, se por um devaneio de uma destas instituições de ensino superior, em meio a essas matérias exatas, algumas interesseiras, positivistas, oferecessem a filosofia, tímida, porém presente, amedrontadora, desafiadora, presunçosa, disponível aos cidadãos.

Aos que veem um horizonte melhor, uma realidade melhor, que se recusa a participar da eternização da realidade atual (ajudando aos que deveras gostariam da realidade pausada no agora ou no século XVIII).

Aos que se recusam a aceitar esse entretenimento como arte. Aos que estão inquietos pelas constantes questões levantadas explicitamente ou ocultamente em si, em seus atos, ao seu redor, em fim, em todas as coisas e lugares.

Enquanto o momento da volta da filosofia, sociologia, não chega, aconselho a seus filhos, os pensadores, a lutarem por elas, pela sua valorização, pela sua construção aqui, em Joinville, ou comodamente, calar-se e ouvir o ranger de dentes, frequentes já hoje.

Douglas Langer é estudante de filosofia por insistência, rebelde com causa e mais um desses madrugas (segundo o liberalismo e seus familiares).

Tirando o pé do acelerador

POR FABIANA A. VIEIRA
Depois de uma semana instalada em Brasília já aprendi a primeira lição: atenção ao limite de velocidade. A cidade está repleta de pardais e em alguns trechos a velocidade permitida é 40 km/h. Ainda não presenciei nenhum acidente, mas já ouvi falar de coisas bárbaras originadas pelo excesso de velocidade aqui. Coincidentemente hoje saiu uma reportagem de Joinville dizendo que o número de multas por excesso de velocidade cresceu 15,18% de 2011 para 2012, segundo dados do Ittran, originando 63.178 multas aos apressadinhos.

Não sei até onde a aplicação de multas educa a sociedade para a conscientização da paz no trânsito. Na real, não educa. Em Brasília, por exemplo, são mais de 800 equipamentos de fiscalização eletrônica instalados, o que dá uma média de um para cada 1.698 carros. O número de pardais é maior do que o estado de São Paulo, que possui uma frota cinco vezes maior. Em Joinville são 40, com expectativa de aumentar para 100.

Mas já que a indústria existe, façamos a limonada. Como prevê o artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro, parte do dinheiro arrecadado deve ir para programas de educação (o código obriga que a verba deve ser aplicada exclusivamente em sinalização, engenharia de tráfego, policiamento, fiscalização e educação no trânsito). Em Joinville essas campanhas estão geralmente voltadas às crianças, como o programa Aluno-guia, por exemplo. Na minha opinião o Aluno-guia é um belo programa, mas há de se planejar novas campanhas educativas focando principalmente no público alvo, que são os motoristas. Taí uma boa tarefa para o pessoal da comunicação pensar, porque fala sério, fazer campanha para criancinhas é muito bonito, mas pouco eficiente para a solução do problema.

Talvez uma ideia seja ampliar o programa para adolescentes que estão prestes a fazer a carteira de habilitação e que veem na velocidade e no automóvel a identificação de poder, habilidade e status. A campanha deve envolver mais esses jovens, seja em debates, palestras, filmes, outdoors, propagandas na TV, peças de teatro e o que a criatividade permitir. Mesmo dentro da escola seria legal um bom bate-papo com os alunos para desmistificar a cultura do Carro x Poder na nossa sociedade. Outra alternativa é pensar mecanismos de comunicação para interagir efetivamente com os adultos. Conforme o diretor de trânsito de Joinville, a educação de adultos é mais complexa, difícil de mudar o comportamento. Ou seja, a tarefa não é mesmo fácil.

Pesquisando pela internet dá pra conferir belas campanhas educativas que ajudam a refletir sobre a paz no trânsito. Essa abaixo é do Rio Grande do Sul e foi veiculada no ano passado. Eu não sei qual o percentual do montante é destinado para essas campanhas, mas eu sei que elas são importantes e devem ser melhor aplicadas para sensibilizar os motoristas a tirar o pé do acelerador.





Os valores se inverteram: o que é errado agora é certo e o que é certo agora é errado!

POR GABRIELA SCHIEWE

Domingo, 24 de março de 2013, acordei bem cedo para assistir a F1. Confesso que hesitei um pouco, pensei em voltar a dormir. Mas aí pensei: "sabe de uma coisa, vou assistir". E valeram muito a pena estas horas a menos de sono.

Quem assistiu o GP da Malásia e que gosta de esporte e, principalmente do automobilismo, se deliciou com as disputas acirradas durante toda a corrida e, principalmente, entre companheiros de equipe.

Eu bradei aos quatro ventos que foi uma corrida sensacional, uma das melhores dos últimos tempos. Verdade que eu não tenho tantos tempos assim, molhados (rsss).

Ficamos com a certeza de que a esportividade estava prevalecendo sobre a vitória a qualquer custo. As jogadas de equipe apostando no que é correto e que o melhor piloto naquele momento tem que vencer, independente de quem seja o primeiro da equipe. Que as ordens para que o Felipe Massa desse passagem para o Alonso, de maneira ultrajante e vergonhosa, não faziam mais parte. Que maravilha!

É, mas nem tudo são flores. Por que hoje não pode vencer aquele que está melhor e vimos o Vettel, que ganhou na pista, sem mutreta, sem ordens de passagem, vencer e se envergonhar disto. Sim, isto mesmo, ele está envergonhado de ter vencido o GP da Malásia e ter realizado uma ultrapassagem no seu colega de equipe e está tendo que se desculpar em todas as línguas e através de todos os meios de comunicação.

- "Gostaria de vir aqui com uma boa desculpa ou uma história legal, mas não posso. Essa é a verdade. Tenho que pedir desculpas a Webber. Ele estava poupando o carro e os pneus, e eu assumi um grande risco em ultrapassá-lo. Cometi um grande erro hoje. Eu ouvi e ignorei. Não deveria ter feito isso. Com certeza não é uma vitória que me deixa muito orgulhoso, porque deveria ter sido de Mark. Não posso mudar isso agora. Mas espero que haja uma situação no futuro que eu possa", disse Sebastian Vettel.

Por favor, isso é ridículo! Quer dizer que não vence mais quem é melhor, por que isso é errado. O certo é vencer aquele a quem o diretor de equipe escolhe, como vimos o Rossberg ter que se contentar em chegar em 4º lugar, pois não podia ultrapassar seu companheiro de equipe Hamilton e ouvi que ele fez o correto.

Como diz o meu colega Felipe Silveira, vamos aplaudir e de pé!

Gente, o que está acontecendo com o mundo, com o Brasil, com Joinville? Tudo que é errado agora é certo. Até pastor que achincalha negros e gays está presidindo a Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Joinville, a maior cidade do Estado, abre mão de sediar os JASC alegando não ter condições. O cara que vence pela sua capacidade esportiva é tachado como errado e sacana.

Não sei, mas eu acho que alguma coisa não está certa. Ou será que eu estou louca?

terça-feira, 26 de março de 2013

Jogador de golfe dá tacada em cima da árvore

POR ET BARTHES
O filme mostra como o golfista Sergio Garcia tirou a bola de cima da árvore. Só não sabe como a bola foi parar lá em cima.



Secos e Molhados


Pílulas de sabedoria

POR JORDI CASTAN


Neste momento, quando as práticas da Comissão Preparatória da Conferência da Cidade vêm sendo legitimamente questionadas por muitos e destemperadamente defendidas por poucos, abstenho-me de responder às diatribes e invectivas dos que defendem seus métodos pouco ortodoxos, falsamente democráticos e muito pouco transparentes. Como resposta, valho-me apenas da sabedoria acumulada ao longo dos séculos.

Entre outros sábios conselhos, Nelson Rodrigues brindou-nos com este: "Deve-se sempre desconfiar dos veementes, pois eles estão sempre a um passo do erro e da obtusidade”.

Um dos fundadores da psicologia, William James, ensinou-nos: "Muitas pessoas pensam que estão pensando quando estão apenas a rearrumar os seus preconceitos".

O escritor inglês William Hazlitt revelava a alma de muitos dos lacaios modernos: "O homem é um animal que finge - e nunca é tão autêntico como quando interpreta um papel".

O iluminista Voltaire denunciava: “É muito perigoso ter razão em assuntos sobre os quais as autoridades estabelecidas estão completamente equivocadas”. Sobre os pusilânimes de sempre, revelava: “Só se servem do pensamento para autorizar as suas injustiças e só empregam as palavras para disfarçar os pensamentos”.
Sobre a inutilidade de debater com fanáticos, Voltaire indagava: "Para quê discutir com os homens que não se rendem às verdades mais evidentes? Não são homens, são pedras".

O enciclopedista Diderot, preso por expor suas opiniões, ensinava: "Há homens cujo ódio nos glorifica".

O filósofo anglo-irlandês Edmund Burke considerava: “Aquele que luta contra nós fortalece nossos nervos e aprimora nossas qualidades. Nosso antagonista trabalha por nós”. E sugeria aos independentes das benesses estatais "... ousar ter dúvidas quando tudo é tão cheio de presunções e audácias”.

Outro sábio avant la lettre, Roberto Campos profetizava o que hoje vemos campear por nossas plagas: “No Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor"

Proust ironizava os convictos e fundamentalistas de sempre: "Cada um chama de claras as idéias que estão no mesmo grau de confusão que as suas próprias".

Alexis de Tocqueville, o mais sábio de tantos quantos me socorro, denunciava: “Nações existem na Europa onde o habitante se considera como uma espécie de colono, indiferente ao destino do lugar que habita (...) A fortuna da sua aldeia, a política da sua rua, a sorte da sua igreja e do seu presbitério, em nada o afetam; pensa que nenhuma dessas coisas lhe diz respeito de maneira alguma, e que pertencem a um estrangeiro poderoso a que chama de governo. Goza de tais bens como que em usufruto, sem espírito de propriedade e sem idéias de qualquer melhoria”.

Pois é exatamente por não sermos colonos, indiferentes ao destino do lugar em que habitamos, que insistimos em exercer nosso direito de cidadãos. Ainda que isso possa parecer exótico para alguns ou ousadia indevida e pretensiosa para outros.