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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Comunicação Social é coisa séria e precisa marco legal para ser transparente












Por Salvador Neto

A última trapalhada da gestão (?!) Udo Döhler (PMDB) em Joinville (SC), com a divulgação de cortes de vagas para médicos residentes que causaria ainda mais caos na combalida saúde pública da maior cidade catarinense para economizar – dizem eles... vai saber... – R$ 1,3 milhão por ano me motivou a escrever este artigo.

Em várias palestras que proferi não canso de responder à demonização dos gastos em publicidade do governo. Deste e de outros que já passaram. Afinal, diante de previsão de gastos em propaganda e publicidade da ordem de R$ 15 milhões em 2016, anunciar corte ínfimo como esse só podia gerar desgaste, polemica e muita briga política. Merecida, por sinal.

Assim como o tempo todo há um movimento pensado, articulado e bem executado de negação da política, e assim da demonização dos agentes políticos eleitos – “todo político é ladrão, safado”, etc – que é péssimo para o fortalecimento da cidadania e da democracia, a demonização dos “investimentos” em comunicação social também são nocivos à sociedade.

Como sempre repete o filósofo, mestre e educador Mario Sergio Cortella, um ponto de vista é a vista a partir de um ponto, o ponto de vista colocado por esses interesses, via mídias de massa e alguns movimentos sociais, tenta reduzir o interesse da população por essas áreas, e até gera nojo, indiferença, descrença. Tudo para manter as coisas do mesmo jeito que hoje e sempre.

Enquanto a política partidária serve para debatermos ideias, projetos, horizontes para as cidades, estados e o país, e logicamente produzir lideranças politicas para a população escolher pelo voto popular para os mais diversos cargos, e tem leis para isso, a comunicação social é fundamental para encurtar distancias entre os poderes executivo, legislativo e judiciário visando “informar” a população sobre atos do governo, campanhas educativas permanentes, transparência dos gastos e outros.

Portanto, o setor de comunicação social em qualquer lugar é essencial. Sem comunicação não somos nada, não sabemos nada, não avançamos para outros patamares. Agora, é lógico que usar a comunicação social como “meio” apenas para propaganda, e irrigar conglomerados de comunicação e mídia sem qualquer norte, é reprovável.

O povo reclama, e com razão no caso do governo municipal, porque é incoerente a mensagem enviada (economia) com a realidade percebida (corte na saúde), causando confusão, enquanto deveria comunicar de fato. Comunicação Social é coisa séria por isso. Há que se ter preparo, experiência, dominar técnicas de gestão, ter uma equipe preparada, planejamento, etc, etc, etc.

E o fundamental para evitar um processo que acontece em todas as secretarias de comunicação em todos os níveis de governo, a pressão por verbas publicitárias por parte da mídia. Não é segredo para ninguém que a quase totalidade das empresas de mídia sobrevivem de fato das verbas públicas. Não é fácil aguentar os sinais velados de retaliações.

O remédio para isso? Criar um Marco Legal Municipal da Comunicação Social, ouvindo todos os atores envolvidos – proprietários de grandes grupos de comunicação, rádios, tevês, portais, blogueiros, jornais de bairros, e debater amplamente o tema.

Afinal, qual seria realmente o tamanho do orçamento da comunicação social (publicidade, propaganda, relações publicas, etc) para publicizar e realizar os eventos e ações necessárias ao bom andamento das atividades do governo, em porcentagem? Quais as regras para partilhar o bolo entre os atores, já que entre eles há gigantes, médios, pequenos, nacionais, regionais, locais? Que documentação seria necessária para receber os recursos? Quais os tipos de campanhas podem ser feitas com dinheiro público, evitando assim anúncios sem qualquer utilidade pública? Cito apenas estes, podem ser muitos outros.

Discutir o tema, debater a exaustão com a sociedade, certamente produzirá um marco legal forte, transparente, depois votado por vereadores e vereadoras, gerando credibilidade ao uso de dinheiro público para publicidade. Porque isso não é feito se temos há quase 20 anos uma faculdade de jornalismo, sindicatos, movimentos sociais, MP, e tantos outros? Porque falta criatividade, vontade política e imaginação, talvez. Joinville precisa sair do marasmo das discussões inúteis, e passar a outro patamar: o de verdadeiramente ser uma cidade inovadora, moderna e sustentável.

Agora, tudo isso feito certamente não salvaria um governo que se elege com propostas mirabolantes, imagem de gestor testado, que resolveria a saúde em um toque de mágica, as ruas seriam todas perfeitas, sem buracos (?!), remédio não faltaria jamais, enfim, um governo como o de Udo Döhler (PMDB) que chega ao seu ano final sendo avaliado como o pior prefeito da história da cidade.

Está ganhando do falecido Luiz Gomes, o Lula, que é lembrado pelo povão como um governo ruim, e de Carlito Merss, guindado a essa má fama mais por seus erros de comunicação e campanha difamatória do que pelo trabalho feito. Comunicação Social é coisa séria, mas não faz milagres.


É assim nas teias do poder...

terça-feira, 24 de novembro de 2015

A publicidade e um prefeito com tomates






POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

De repente todo mundo desatou a falar nos gastos da Prefeitura de Joinville com publicidade. E tem para todos os gostos. Um vereador quer dar mais R$ 16 milhões, outro quer cortar R$ 12 milhões e até um pré-candidato a prefeito embarcou na onda, inundando as redes sociais com filmes para lá de oportunistas a dizer que vai investir essa dinheirama em outras áreas.

O problema é que pouca gente sabe do que está a falar, com exatidão. Porque os municípios precisam investir em comunicação. E aqui está o nó górdio: esse pessoal confunde “comunicação” com “publicidade”. Não é a mesma coisa, óbvio. Mas o hábito do cachimbo deixa a boca torta. Nunca houve, ao longo de décadas e décadas, um projeto de comunicação na Prefeitura de Joinville.

Qual o problema? É que o dinheiro tem sido historicamente investido em ações clientelistas. O toma-lá-dá-cá produz silêncios, submissões e omissões. E também faz falar (bem). Quem nunca ouviu a expressão “boca de aluguel”, por exemplo? Ou de gente da mídia que integrou comitivas oficiais à custa do dinheiro público? Ou de jornais sem leitores que têm sempre anúncios do poder público? E quem nunca usou a expressão “isso a imprensa não mostra”?

Tudo isso tem um preço. E desde os tempos do “yellow journalism”, que surgiu logo no início do capitalismo, sabemos que os meios de comunicação dependem das verbas publicitárias. Hoje calcula-se, por exemplo, que em média as publicações precisam obter 50% dos seus recursos através da publicidade. Ou seja, há silêncios e falas condicionados pelas verbas publicitárias.

Mas a questão deste texto é outra. As prefeituras precisam manter estruturas de comunicação e isso exige dinheiro. Aliás, vou cometer um atrevimento: é possível uma prefeitura ter um sistema de comunicação que seja, também, uma fonte geradora de recursos. Como? Não me perguntem. Há pessoas pagas para isso. Mas isso é possível desde que haja ideias. Pena que as administrações públicas sejam o deserto da criatividade.

A comunicação (entendida num plano mais lato) é necessária porque cumpre uma função social e comunitária. E isso é coisa que os anúncios autopromocionais não fazem. Aliás, anúncios não são publicidade... são propaganda. Qualquer pessoa com dois dedinhos de testa percebe a diferença conceitual entre os dois termos. Se houver alguma imaginação e vontade política é possível desenvolver um sistema de comunicação eficaz e que não deixe as administrações municipais reféns dos sanguessugas da mídia.

O que é preciso para isso? Muito pouco. Basta um prefeito com os tomates no lugar. Infelizmente esses são raríssimos.


É a dança da chuva.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Operários digitais e o poder

POR SALVADOR NETO
A moda agora é ler rápido, textos curtos, não pensar, pesquisar no google e outras ferramentas, tudo em uma espécie de fast food intelectual. O resultado? Uma sociedade crescentemente mal informada, mal formada, e por consequência, facilmente arrebanhada por ferramentas de marketing.

Bom, você deve estar questionando, quando ele vai falar sobre o tema do artigo! Calma.
Esta semana estive em uma escola estadual da zona oeste de Joinville (SC), a convite de um professor amigo. Falei, e interagi, com cerca de 120 alunos do ensino médio. Na grande maioria haviam saído do trabalho e ali estavam para estudar.

Aos questionamentos que sempre faço, para ilustrar a fala, sobre quem tem celulares inteligentes, tablets, notebooks, e outros, também a grande maioria afirma os ter. Quando pergunto quantos gostam de ler livros, físicos, ou até digitais, a resposta também amplamente majoritária: não lemos.

No jogo que tracei em nossa conversa – três turmas individualmente, e depois as três mais uma em um auditório – falava sobre o jornalismo, a profissão, a importância da formação profissional para ocupar e compreender o seu espaço no mundo. Com minhas obras "Gente Nossa" e "Na Teia da Mídia", provocava-os a entender o processo que é ter poder sobre o que se pensa, e não pensar somente sobre o que a grande mídia espalha por todos os meios disponíveis. 

Ao final, arrematava que ou eles estudam, lendo muito e muitas obras importantes, e também jornais e blogs alternativos de notícias, ou eles e mais jovens que virão depois deles, até filhos deles mesmos, se tornarão operários digitais.

Não trabalharão mais em fábricas sujas, engraxados, empoeirados talvez, mas ganharão o mesmo tocando telinhas mágicas, arrastando dedos por sobre tablets. E comprando tudo a um toque. Sem pensar, sem tocar o que compra. Simples massa de manobra, modernas, equipados com tecnologia de ponta. Mas apenas operários a serviço do poder.

Em quase todas as palestras que faço em escolas, faculdades, entidades de classe e outros, tenho abordado o tema da comunicação e literatura em tempos digitais. Minha experiência ao longo do tempo tem mostrado que a quantidade/qualidade da leitura dos jovens tem caído muito.

Com a curiosidade aguçada – afinal, operários digitais? – ilustrei o futuro com base neste cenário de avanço geométrico do digital, da tecnologia.

Afirmei: neste caminho vocês não passarão de operários digitais, idênticos aos operários criados pela Revolução Industrial, de chão de fábrica, que por falta de oportunidade, estudo e condições de vida, ficavam somente no pesado, depois apertando botões de maquinas, robôs, até se tornarem obsoletos ao meio capitalista que vivemos.


Claro, tudo isso causou um debate acalorado. Questionaram-me sobre o impeachment da Dilma. Respondi. Burrice e luta pelo poder. Mas tem de mudar tudo que está aí! Respondi: mudar o que? Não sabemos! Respondi. Mudar o combate à corrupção após décadas de roubo escondido por ditaduras e elites arraigadas ao dinheiro do Estado?

Falta comida, falta oportunidade de estudo a vocês? Não. Afirmei que é preciso pensar, pensar e se informar, ler, ler, ler, mas não posts curtíssimos. Ler, ler muito, mas não 170 toques de WhatsApp e se achar informado adequadamente. Ler, ler, mas obras que fazem queimar neurônios, como "O Tempo e o Vento", "Cem Anos de Solidão", "Os Miseráveis", "Grande Sertão Veredas", "Vidas Secas"... Claro que não foi a maioria, mas uma amostra significativa não soube dizer, afinal, o que devia mudar. Pensam como as mensagens bombardeadas pelo concentrado poder da mídia em poucas famílias brasileiras, desejam.


Constato, ao longo de vários anos e palestras que fiz, esse avanço da tecnologia sendo vendida como o Santo Graal da humanidade, a libertação dos povos mais longínquos pelo acesso fácil aos smartfones, televisões, tablets, redes sociais, e muito mais que virá.

O poder, econômico, entrelaçado ao de estado, conduz nossa sociedade a um corredor que nos conduz apenas para um fim: o consumo sem questionar, seja ele de produtos, ideias, ideologias ou culturas. Produzem-se ao longo de alguns anos já milhões de operários digitais. E por outro lado, promovem a redução gradativa dos formadores de boas cabeças pensantes. Professores, filósofos, educadores.


Eles nos querem simples operários digitais para nos mobilizar por causas que são somente deles, os poderosos. Nos empoderam de produtos mágicos que nos comunicam (?) instantaneamente, falseando em nossa mente que somos seres de primeira grandeza. Não. Somos consumidores de primeira grandeza. Sem pensar. Sem questionar. 


Apenas, digitar, clicar, comprar, inclusive ideias absurdas, burras, inconsequentes, como pedir a volta da ditadura militar, a demonização de pessoas por pensarem diferente, serem diferentes. Ou promovemos um retorno à luz do pensar, ou vamos inexoravelmente, como os bois que vão ao matadouro, para o corredor da morte como seres humanos. Pensemos, pois.


É assim, nas teias do poder....

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A culpa é das estrelas?

POR SALVADOR NETO




Talvez você ria, talvez você chore, talvez você queira saber mais, estudar mais. Mas é possível também que atire meu texto na lixeira, imediatamente.  Ou, quem sabe, faça uma marca no jornalista para que seja rapidamente identificado como um "diferente". Veremos em breve. Comecemos por Goebbels. Não, este artigo não tem nada a ver com o livro de John Green, tampouco com o filme. Mas tem a ver com duas estrelas famosas, conhecidíssimas da nossa sociedade. 


Joseph Goebbels foi o ministro da propaganda de Hitler, o responsável pela criação do mito “Führer”. Cineasta, jornalista, literato e filósofo, possuía uma retórica única. Produzia filmes emocionantes divulgando o nazismo. Seus filmes estimulavam o preconceito étnico, a xenofobia, o patriotismo e o heroísmo e condenavam os judeus, alegando que eram culpados de acumular riquezas, explorando o povo. Junto a isso, o governo nazista decidiu que todos os judeus deveriam andar com a estrela de David em suas roupas, no peito ou no braço esquerdo.

A propaganda de Goebbels surtiu efeito. Milhares de alemães filiaram-se ao partido e contribuíram para o Holocausto de Hitler, torturando e matando seus próprios compatriotas, e entre eles cerca de seis milhões de judeus. A repetição da mentira várias vezes a torna verdade, dizia o propagandista preferido de muita gente até hoje, como políticos, líderes de partidos políticos, e até em muitos meios de comunicação. Afinal, a receita surtiu os efeitos desejados. Judeus foram marcados e podiam ser humilhados e agredidos em público. Seus bens eram confiscados, e ao final, foram escravizados e mortos em campos de concentração. Só não chegaram à solução final porque os aliados acordaram a tempo.

Processo de propaganda parecido, mas velado, tem se dado com o PT, partido político brasileiro nascido no meio do operariado no final da década de 1970 no ABC paulista. Antes identificado com lutas da esquerda e ao socialismo, foi tachado por várias vezes como sendo um criadouro de comunistas. Após conquistar o poder central a partir de 2003, sua estrela, marca que chegou até os jardins do Palácio da Alvorada, está lentamente sendo alinhada via investigações e noticiários à marca da corrupção, do banditismo, dos desvios de conduta que a sociedade contesta com os escândalos midiáticos do Mensalão e agora o chamado Petrolão. Não há aqui nenhum juízo de valor sobre se os fatos são realidade ou não. Há sim uma análise comunicacional.

Está em andamento um novo modelo de propaganda, com requintes do ideólogo nazista Goebbels. A ideia ao que parece é criminalizar a estrela petista, e por consequência quem a utilize ou faça parte deste grupo. A luta pelo poder tem resvalado no limite da insensatez, buscando pregar os sentidos da antiga estrela de David para os nazistas, à estrela petista do século 21. Não deixa de ser uma estratégia de comunicação visando o poder, mas que ao assumir proporções em alta escala levam ao perigo de voltarmos às atitudes violentas e antidemocráticas nas ruas. Vimos isso entre 1933 e 1945. Vimos isso nas eleições de 2014.

Para os incautos e não afeitos ao acompanhamento da grande e poderosa mídia tupiniquim, francamente aliada às forças conservadoras, ao capital internacional, e controlada por poucas famílias ligadas às forças políticas e empresariais, isso pode ser imperceptível. Sim, este movimento, esta mensagem, dirigida, pensada pacientemente, e executada parcimoniosamente. Mas é fato. Lembre: o nazismo levou 10 longos anos para se tornar forte e matar milhões na Segunda Guerra mundial. Repetição, massificação. Lenta, gradual, mas firme.


Não amigos, a culpa não é das estrelas. A culpa é da luta dos homens pelo poder, o controle das riquezas nacionais, seja aqui ou no outro lado do mundo. Cabe a nós como seres pensantes acompanharmos os fatos, aprendermos com a história, antes que ela nos leve novamente ao absurdo da violência. Nada pior do que ser estigmatizado por suas escolhas, e pior, ser perseguido, agredido e impedido de uma vida normal. Não podemos e nem devemos repetir os erros do passado, que aqui e acolá teimam em reaparecer. Tenhamos muita cautela, pois a democracia é o nosso bem maior.



domingo, 1 de setembro de 2013

Comunicação nos tempos da cólera

POR FABIANA A. VIEIRA



Assisti um vídeo nesta semana que me chamou a atenção. Acho que ele nem é recente, mas só tive a oportunidade de ver agora. Trata-se de um depoimento do cantor e compositor Chico Buarque sobre o comportamento das pessoas nas redes sociais. No vídeo (que você pode assistir aqui), ele diz que sentiu um certo espanto ao ver tanta raiva nas redes. "O artista geralmente acha que é muito amado. Mas hoje ele abre a internet, e ele é odiado das piores formas possíveis. Existe muita raiva". E num momento de reflexão ele solta a máxima "Não ter raiva de quem tem raiva". Eu achei essa frase genial.

É sobre essa raiva (de quem tem raiva nas redes), que quero falar, pois não é lá muito fácil você, que trabalha com comunicação, lidar com isso. Eu mesma já fui motivada a escrever textos sentindo raiva de quem tem raiva. Na real, a gente acaba se equiparando no calor de tanta raiva e a tema principal pode acabar se perdendo. O pior é quando uma pessoa destila raiva protegida pelo anonimato que a rede proporciona. Daí o jeito é mesmo minimizar a janela da internet e maximizar um bom livro. Garanto que a leitura será muito mais saudável. E olha que não estou falando de debates. Debates nas redes sociais é a comunicação do presente/futuro. Um bom debate dá a oportunidade de você aprender, ensinar, mostrar convicções, contradições e até pode fazer você mudar de ideia, ou olhar a ideia de outra forma. O problema é quando o debate, ou a crítica, é raivosa demais. Daí não tem jeito. Você vai ser contaminado e o debate pode ir por água abaixo. 

Para quem trabalha em assessoria de imprensa, seja de que área for, a proposta é saber lidar com essa raiva e focar no profissionalismo. Pois você não vai abrir mão de comunicar algo na rede, com o receio de ser alvo dos internautas raivosos. Mesmo porque na rede há vida inteligente também, certo? Pra mim, que trabalho na área política, essa tarefa parece complexa, mas a gente acaba aprendendo um pouco a cada dia. Seja na relação que você ou seu assessorado tem com a sociedade, seja na relação que você leva com os opositores. Só pra começar, não é porque seu assessorado tem opositores, que você precisa ter raiva deles, ou vice-versa, ou ainda abraçar esse sentimento todo para você. Parece tão óbvio, mas tem muita gente que confunde isso. Já vivi situações que os tal opositores foram muito mais "parceiros" do que muita gente que estava ali do lado. Mas esse jogo de cintura aqui será conteúdo de outro texto - não trata especificamente dessa raiva virtual de hoje.

Para a raiva virtual de hoje, a dica é respirar fundo e rever seus conceitos. Se o seu texto está ficando muito raivoso, escreva de novo. Melhores seus argumentos. Tente deixá-lo mais ácido, talvez.  Eu mesma desconfio de textos raivosos demais e já estou num momento de seguir mesmo o conselho do Chico: dar risada é o melhor antídoto.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Tirando o pé do acelerador

POR FABIANA A. VIEIRA
Depois de uma semana instalada em Brasília já aprendi a primeira lição: atenção ao limite de velocidade. A cidade está repleta de pardais e em alguns trechos a velocidade permitida é 40 km/h. Ainda não presenciei nenhum acidente, mas já ouvi falar de coisas bárbaras originadas pelo excesso de velocidade aqui. Coincidentemente hoje saiu uma reportagem de Joinville dizendo que o número de multas por excesso de velocidade cresceu 15,18% de 2011 para 2012, segundo dados do Ittran, originando 63.178 multas aos apressadinhos.

Não sei até onde a aplicação de multas educa a sociedade para a conscientização da paz no trânsito. Na real, não educa. Em Brasília, por exemplo, são mais de 800 equipamentos de fiscalização eletrônica instalados, o que dá uma média de um para cada 1.698 carros. O número de pardais é maior do que o estado de São Paulo, que possui uma frota cinco vezes maior. Em Joinville são 40, com expectativa de aumentar para 100.

Mas já que a indústria existe, façamos a limonada. Como prevê o artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro, parte do dinheiro arrecadado deve ir para programas de educação (o código obriga que a verba deve ser aplicada exclusivamente em sinalização, engenharia de tráfego, policiamento, fiscalização e educação no trânsito). Em Joinville essas campanhas estão geralmente voltadas às crianças, como o programa Aluno-guia, por exemplo. Na minha opinião o Aluno-guia é um belo programa, mas há de se planejar novas campanhas educativas focando principalmente no público alvo, que são os motoristas. Taí uma boa tarefa para o pessoal da comunicação pensar, porque fala sério, fazer campanha para criancinhas é muito bonito, mas pouco eficiente para a solução do problema.

Talvez uma ideia seja ampliar o programa para adolescentes que estão prestes a fazer a carteira de habilitação e que veem na velocidade e no automóvel a identificação de poder, habilidade e status. A campanha deve envolver mais esses jovens, seja em debates, palestras, filmes, outdoors, propagandas na TV, peças de teatro e o que a criatividade permitir. Mesmo dentro da escola seria legal um bom bate-papo com os alunos para desmistificar a cultura do Carro x Poder na nossa sociedade. Outra alternativa é pensar mecanismos de comunicação para interagir efetivamente com os adultos. Conforme o diretor de trânsito de Joinville, a educação de adultos é mais complexa, difícil de mudar o comportamento. Ou seja, a tarefa não é mesmo fácil.

Pesquisando pela internet dá pra conferir belas campanhas educativas que ajudam a refletir sobre a paz no trânsito. Essa abaixo é do Rio Grande do Sul e foi veiculada no ano passado. Eu não sei qual o percentual do montante é destinado para essas campanhas, mas eu sei que elas são importantes e devem ser melhor aplicadas para sensibilizar os motoristas a tirar o pé do acelerador.





quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Comunicação no momento de crise

POR FABIANA A. VIEIRA

Acompanhando as notícias sobre o desastre na boate Kiss, de Santa Maria/RS, desde domingo, fiz algumas constatações sobre a comunicação em vários aspectos. No domingo mesmo, a posição da presidente Dilma surpreendeu muitos e posso usar isso como referência. A comunicação foi positiva. Ela não só saiu da reunião que participara no Chile, ainda pela manhã, como acionou os principais representantes do governo federal para dar suporte in loco no município gaúcho. O anúncio foi realizado para a imprensa, no hotel em que estava hospedada. Comunicação, antes de tudo, é tomar conhecimento, tirar uma decisão e anunciá-la.

Já a comunicação do poder público local patinou um pouco. Ainda no domingo, o prefeito de Santa Maria compareceu ao Centro Desportivo Municipal para acompanhar as famílias das vítimas e, questionado sobre o alvará de funcionamento da boate, disse não ter conhecimento se a mesma estava ou não em dia com a documentação. Essa postura mostrou uma fragilidade que se comprovou ainda mais na quarta-feira, três dias depois da tragédia, quando a prefeitura se isentou da responsabilidade, deixando a "batata" da fiscalização no colo dos Bombeiros. Onde estava a assessoria do prefeito que deixou ele dar uma entrevista dessas?

Na mesma linha, o governo do Estado agiu rápido, mas também mostrou fragilidades. A principal foi proibir o Corpo de Bombeiros a se manifestar publicamente. O motivo, segundo a imprensa, é para não atrapalhar o inquérito policial, que deve ser concluído em breve. Comunicação é não deixar a política truculenta falar mais alto.

Os proprietários da Kiss também erraram feio ao emitir uma nota oficial na noite de domingo defendendo o quadro de funcionários, visto que, conforme vítimas sobreviventes, alguns seguranças barraram a saída da boate exigindo o pagamento das comandas. Comunicação também é assumir erros.

Com a repercussão da tragédia, várias cidades pelo país correram atrás de mais rigor nas fiscalizações em bares e casas noturnas. Em Joinville não foi diferente. Ainda no domingo o prefeito Udo Dohler anunciou um comunicado de pesar sobre o incêndio de Santa Maria e, ao mesmo tempo, nomeou uma comissão fiscalizadora para inspecionar todos os locais. Eu acho que a ação foi certeira e a comunicação bem eficiente. A medida em Joinville já apontou problemas em vários estabelecimentos comerciais, porém a fiscalização deve ser constante.

Em um momento de crise, a participação de um profissional de comunicação pode ser tão ou mais eficaz quanto numa situação confortável. Preserva a imagem, mostra transparência e, acima de tudo mantém a sociedade informada e esclarecida. A isso se chama comunicação e gerenciamento de crise.

sábado, 8 de outubro de 2011

Para pensar criticamente a comunicação: um convite

POR MARIA ELISA MÁXIMO

Para alguns, este post poderá soar como "auto-jabá". Realmente, com ele quero promover ou dar visibilidade a uma atividade para a qual tenho dedicado minhas melhores e mais preciosas energias. Mas, tendo em vista que este blog destina-se à reflexão e ao debate crítico sobre os acontecimentos que tocam, em maior ou menor grau, a nossa cidade, este post surge como um convite oportuno. Trata-se de um convite a todos aqueles interessados em pensar a comunicação de forma abrangente, crítica, transformadora. Um convite a todos aqueles que acreditam que falar em comunicação não é a mesma coisa que falar de "meios de comunicação", mas é, provavelmente, falar da mais complexa atividade que nos define enquanto "humanidade".

Nos dias 20, 21 e 22 de outubro, o curso de Comunicação Social do Ielusc irá sediar o 3o Encontro Discente da Rede Amlat. A rede temática Comunicação, cidadania, educação e integração na América Latina foi criada em 2009, a partir do Edital Prosul/CNPq 2008 (voltado à formação de redes de pesquisa), sob coordenação do Processocom da Unisinos e, particularmente, do Prof. Dr. Alberto Efendy Maldonado. Integram a rede 8 instituições latino-americanas: o Centro de Estudos Avançados da Universidad Nacional de Córdoba; o CEPAP da Universidad Experimental Simon Rodríguez da Venezuela; a FALCSO da Universidad Central do Ecuador; o Dep. de Comunicação da UFPB; o Dep. de Comunicação da UFRN, o Necom do Ielusc que, neste caso, figura em parceria com o GrupCiber da UFSC; além do Processocom da Unisinos.

Desde 2009, a rede vem funcionando através de encontros semestrais nas sedes das instituições integrantes, sendo que 5o e último encontro aconteceu em São Leopoldo, na Unisinos, em agosto de 2011. Cada um destes encontros se constituiu de dois eventos: um encontro metodológico, restrito à participação dos integrantes da rede para o compartilhamento de experiências de pesquisa, e um seminário aberto, contando com a participação de estudantes de mestrado e doutorado e representantes de movimentos sociais e da sociedade civil interessados no debate sobre os eixos articuladores da rede: cidadania comunicacional, educomunicação e tecnoculturas digitais.

Além dos encontros e seminários, três encontros discentes estavam previstos no projeto original da rede. Estes encontros têm por objetivo principal mobilizar os estudantes das instituições que integram a rede, ampliando nosso debate e fomentando a iniciação e produção científica de alunos de graduação e pós-graduação. Mais do que isso, a rede tem um propósito profundamente pedagógico e provocar a reflexão crítica sobre as temáticas comunicacionais e, principalmente, sobre as formas de pesquisa em comunicação, considerando a importância de experiências que transcendam métodos e objetos "tradicionais" desse campo e conhecimento. Incentiva-se, nesse sentido, a transdisciplinaridade, trazendo para o centro do diálogo a antropologia, a sociologia, a psicologia, o cinema, a literatura, a poesia, entre outras áreas de conhecimento e modalidades expressivas.

É com este espírito que o Núcleo de Estudos em Comunicação do Ielusc está organizando o 3o Encontro Discente da Rede Amlat, que acontecerá entre os dias 20 e 22 de outubro, na sede central da instituição. Para a conferência de abertura, teremos a participação do Prof. Dr. Alberto Efendy Maldonado (Unisinos), que irá refletir sobre a pesquisa em comunicação na América Latina. Na sexta-feira e sábado, seguiremos com as apresentações de projetos em andamento dos estudantes das instituições que integram a rede. A programação completa do evento será divulgada na semana que vem, mas fica desde já o convite para que todos participem e divulguem.