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terça-feira, 24 de novembro de 2015

A publicidade e um prefeito com tomates






POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

De repente todo mundo desatou a falar nos gastos da Prefeitura de Joinville com publicidade. E tem para todos os gostos. Um vereador quer dar mais R$ 16 milhões, outro quer cortar R$ 12 milhões e até um pré-candidato a prefeito embarcou na onda, inundando as redes sociais com filmes para lá de oportunistas a dizer que vai investir essa dinheirama em outras áreas.

O problema é que pouca gente sabe do que está a falar, com exatidão. Porque os municípios precisam investir em comunicação. E aqui está o nó górdio: esse pessoal confunde “comunicação” com “publicidade”. Não é a mesma coisa, óbvio. Mas o hábito do cachimbo deixa a boca torta. Nunca houve, ao longo de décadas e décadas, um projeto de comunicação na Prefeitura de Joinville.

Qual o problema? É que o dinheiro tem sido historicamente investido em ações clientelistas. O toma-lá-dá-cá produz silêncios, submissões e omissões. E também faz falar (bem). Quem nunca ouviu a expressão “boca de aluguel”, por exemplo? Ou de gente da mídia que integrou comitivas oficiais à custa do dinheiro público? Ou de jornais sem leitores que têm sempre anúncios do poder público? E quem nunca usou a expressão “isso a imprensa não mostra”?

Tudo isso tem um preço. E desde os tempos do “yellow journalism”, que surgiu logo no início do capitalismo, sabemos que os meios de comunicação dependem das verbas publicitárias. Hoje calcula-se, por exemplo, que em média as publicações precisam obter 50% dos seus recursos através da publicidade. Ou seja, há silêncios e falas condicionados pelas verbas publicitárias.

Mas a questão deste texto é outra. As prefeituras precisam manter estruturas de comunicação e isso exige dinheiro. Aliás, vou cometer um atrevimento: é possível uma prefeitura ter um sistema de comunicação que seja, também, uma fonte geradora de recursos. Como? Não me perguntem. Há pessoas pagas para isso. Mas isso é possível desde que haja ideias. Pena que as administrações públicas sejam o deserto da criatividade.

A comunicação (entendida num plano mais lato) é necessária porque cumpre uma função social e comunitária. E isso é coisa que os anúncios autopromocionais não fazem. Aliás, anúncios não são publicidade... são propaganda. Qualquer pessoa com dois dedinhos de testa percebe a diferença conceitual entre os dois termos. Se houver alguma imaginação e vontade política é possível desenvolver um sistema de comunicação eficaz e que não deixe as administrações municipais reféns dos sanguessugas da mídia.

O que é preciso para isso? Muito pouco. Basta um prefeito com os tomates no lugar. Infelizmente esses são raríssimos.


É a dança da chuva.