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domingo, 1 de setembro de 2013

Comunicação nos tempos da cólera

POR FABIANA A. VIEIRA



Assisti um vídeo nesta semana que me chamou a atenção. Acho que ele nem é recente, mas só tive a oportunidade de ver agora. Trata-se de um depoimento do cantor e compositor Chico Buarque sobre o comportamento das pessoas nas redes sociais. No vídeo (que você pode assistir aqui), ele diz que sentiu um certo espanto ao ver tanta raiva nas redes. "O artista geralmente acha que é muito amado. Mas hoje ele abre a internet, e ele é odiado das piores formas possíveis. Existe muita raiva". E num momento de reflexão ele solta a máxima "Não ter raiva de quem tem raiva". Eu achei essa frase genial.

É sobre essa raiva (de quem tem raiva nas redes), que quero falar, pois não é lá muito fácil você, que trabalha com comunicação, lidar com isso. Eu mesma já fui motivada a escrever textos sentindo raiva de quem tem raiva. Na real, a gente acaba se equiparando no calor de tanta raiva e a tema principal pode acabar se perdendo. O pior é quando uma pessoa destila raiva protegida pelo anonimato que a rede proporciona. Daí o jeito é mesmo minimizar a janela da internet e maximizar um bom livro. Garanto que a leitura será muito mais saudável. E olha que não estou falando de debates. Debates nas redes sociais é a comunicação do presente/futuro. Um bom debate dá a oportunidade de você aprender, ensinar, mostrar convicções, contradições e até pode fazer você mudar de ideia, ou olhar a ideia de outra forma. O problema é quando o debate, ou a crítica, é raivosa demais. Daí não tem jeito. Você vai ser contaminado e o debate pode ir por água abaixo. 

Para quem trabalha em assessoria de imprensa, seja de que área for, a proposta é saber lidar com essa raiva e focar no profissionalismo. Pois você não vai abrir mão de comunicar algo na rede, com o receio de ser alvo dos internautas raivosos. Mesmo porque na rede há vida inteligente também, certo? Pra mim, que trabalho na área política, essa tarefa parece complexa, mas a gente acaba aprendendo um pouco a cada dia. Seja na relação que você ou seu assessorado tem com a sociedade, seja na relação que você leva com os opositores. Só pra começar, não é porque seu assessorado tem opositores, que você precisa ter raiva deles, ou vice-versa, ou ainda abraçar esse sentimento todo para você. Parece tão óbvio, mas tem muita gente que confunde isso. Já vivi situações que os tal opositores foram muito mais "parceiros" do que muita gente que estava ali do lado. Mas esse jogo de cintura aqui será conteúdo de outro texto - não trata especificamente dessa raiva virtual de hoje.

Para a raiva virtual de hoje, a dica é respirar fundo e rever seus conceitos. Se o seu texto está ficando muito raivoso, escreva de novo. Melhores seus argumentos. Tente deixá-lo mais ácido, talvez.  Eu mesma desconfio de textos raivosos demais e já estou num momento de seguir mesmo o conselho do Chico: dar risada é o melhor antídoto.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Comunicação no momento de crise

POR FABIANA A. VIEIRA

Acompanhando as notícias sobre o desastre na boate Kiss, de Santa Maria/RS, desde domingo, fiz algumas constatações sobre a comunicação em vários aspectos. No domingo mesmo, a posição da presidente Dilma surpreendeu muitos e posso usar isso como referência. A comunicação foi positiva. Ela não só saiu da reunião que participara no Chile, ainda pela manhã, como acionou os principais representantes do governo federal para dar suporte in loco no município gaúcho. O anúncio foi realizado para a imprensa, no hotel em que estava hospedada. Comunicação, antes de tudo, é tomar conhecimento, tirar uma decisão e anunciá-la.

Já a comunicação do poder público local patinou um pouco. Ainda no domingo, o prefeito de Santa Maria compareceu ao Centro Desportivo Municipal para acompanhar as famílias das vítimas e, questionado sobre o alvará de funcionamento da boate, disse não ter conhecimento se a mesma estava ou não em dia com a documentação. Essa postura mostrou uma fragilidade que se comprovou ainda mais na quarta-feira, três dias depois da tragédia, quando a prefeitura se isentou da responsabilidade, deixando a "batata" da fiscalização no colo dos Bombeiros. Onde estava a assessoria do prefeito que deixou ele dar uma entrevista dessas?

Na mesma linha, o governo do Estado agiu rápido, mas também mostrou fragilidades. A principal foi proibir o Corpo de Bombeiros a se manifestar publicamente. O motivo, segundo a imprensa, é para não atrapalhar o inquérito policial, que deve ser concluído em breve. Comunicação é não deixar a política truculenta falar mais alto.

Os proprietários da Kiss também erraram feio ao emitir uma nota oficial na noite de domingo defendendo o quadro de funcionários, visto que, conforme vítimas sobreviventes, alguns seguranças barraram a saída da boate exigindo o pagamento das comandas. Comunicação também é assumir erros.

Com a repercussão da tragédia, várias cidades pelo país correram atrás de mais rigor nas fiscalizações em bares e casas noturnas. Em Joinville não foi diferente. Ainda no domingo o prefeito Udo Dohler anunciou um comunicado de pesar sobre o incêndio de Santa Maria e, ao mesmo tempo, nomeou uma comissão fiscalizadora para inspecionar todos os locais. Eu acho que a ação foi certeira e a comunicação bem eficiente. A medida em Joinville já apontou problemas em vários estabelecimentos comerciais, porém a fiscalização deve ser constante.

Em um momento de crise, a participação de um profissional de comunicação pode ser tão ou mais eficaz quanto numa situação confortável. Preserva a imagem, mostra transparência e, acima de tudo mantém a sociedade informada e esclarecida. A isso se chama comunicação e gerenciamento de crise.