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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

A angústia do candidato na hora do TikTok

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O TikTok revolucionou a linguagem dos conteúdos digitais. No início, a rede era vista apenas como entretenimento rápido e banal. As marcas, muito focadas na própria seriedade, relutaram em aderir ao estilo da plataforma. Mas o que parecia passageiro acabou por se consolidar como linguagem dominante: vídeos curtos, rápidos e descomplicados. Tudo de forma a capturar a atenção em poucos segundos. Se não for assim, o vídeo pode morrer à nascença.

Se foi difícil para as marcas, pior ainda para os políticos na atual campanha para as prefeituras. Tem muita gente aos trambolhões nessa adaptação aos meios digitais. Há quem ainda resista à linguagem “titokiana”, com a paúra de que uma fala leve e efêmera não combina com a seriedade que desejam transmitir. Ou, parafraseando Belchior, tem muito político “angustiado na hora do TikTok ”. Mas não adianta. Essa relutância não vai evitar o inevitável.

A linguagem do digital desafia a tradição política, muito marcada por uma comunicação formal e controlada. Porque pede leveza, proximidade e, acima de tudo, autenticidade. Há uma mito: só por ser político o sujeito acha que tem que empostar a voz e falar sério. Não há tempo para issso. Para ter uma ideia, plataformas como o YouTube e o TikTok, por exemplo, adaptaram os seus algoritmos para priorizar conteúdos que engajam os usuários nos primeiros segundos. 

As marcas descobriram que não faz sentido recusar a forma. E que o desafio está em dominar a linguagem. Na política, quem conseguir o equilíbrio entre a informalidade do TikTok e a seriedade de suas propostas têm uma vantagem considerável. A atenção do eleitor é um bem escasso. Muito escasso. É o que se chama "economia da atenção". É um processo de segundos. A velocidade com que a informação é consumida pede uma comunicação capaz de criar conexões rápidas e eficazes. 

Quem está no mercado do digital consegue identificar essas evoluções. Mas há estudos. A Microsoft relata que o tempo médio de atenção dos usuários da internet caiu de 12 segundos (em 2000) para cerca de 8 segundos (em 2015). Um estudo do HubSpot sobre marketing digital indicou que a maioria dos usuários decide se vai continuar assistindo um vídeo nos primeiros 3 segundos. Esses segundos iniciais são fundamentais para atrair e manter o espectador.

O sucesso nas eleições não vem apenas das propostas, mas da embalagem. Ou seja, a capacidade de explicar as ideias de forma acessível, criativa e, acima de tudo, relevante para o público. Aliás, isso faz lembrar outro poeta, um certo Luís de Camões, quando escreveu “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança, todo o mundo é composto de mudança”. Tudo muda.

Enfim, este é o desafio. O que antes era considerado adequado ou eficaz em campanhas políticas ou das marcas – uma abordagem mais formal, controlada e tradicional – hoje precisa ser adaptado a novos formatos, como a linguagem do TikTok, que privilegia a rapidez, a autenticidade e a leveza. Ou seja, é preciso alinhar com as vontades dos eleitores e entender o novo inconsciente social.

É a dança da chuva.



terça-feira, 3 de setembro de 2024

Adriano Silva e Sargento Lima em guerra... de travesseiros

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O deputado Sargento Lima e o prefeito Adriano Silva, um candidato e outro recandidato à Prefeitura de Joinville, entraram em guerra. Eis um fato que podia animar a campanha, que anda modorrenta, mas parece ser apenas uma guerra de travesseiros. Umas penas para lá, outras penas para cá e fica tudo na mesma. Sem ideias relevantes para apresentar, os dois ficam com picuinhices. O que, em bom português, significa dar excessiva atenção a coisas desimportantes. 

ROUND 1: A campanha do candidato Sargento Lima denunciou erros nos adesivos “perfurades” (é aquela coisa do vidro dos carros), que Adriano Silva está a dar aos seus apoiantes. Dizem que o diabo está nos detalhes: a peça publicitária não tinha a legenda de todos os partidos integrantes da coligação “Unidos por Joinville”. Não foi legal. Terá sido descuido? Há quem diga que o prefeito tem aliados incômodos porque há partidos fazem parte do governo Lula. O eleitorado bolsonarista não perdoa essas traições.

ROUND 2: Adriano Silva subiu nas tamancas e deu o troco no mesmo nível. Ou seja, um tema tão definidor quanto um unicórnio a fazer compras numa farmácia. A campanha do atual prefeito entrou com uma representação contra a propaganda do adversário. Ao que parece, a janela do intérprete de libras nos filmes do Sargento Lima não estava no tamanho certo. E a justiça suspendeu a propaganda. Coisa de bolsonarista. É uma briga por tamanho. Parece que os centímetros do sargento não são suficientes para Adriano.

Enfim, esse é o retrato da política de Joinville. Na total ausência de ideias, dois bolsonaristas se engalfinham por... coisa nenhuma. Ou melhor, é uma briga de perros querendo demarcar o território (sabiam que os cães mijam nos lugares para delimitar o próprio espaço?). Eis a briga: ambos querem ser reconhecidos como bolsonaristas. E eu fico a pensar. Mas qual é a pessoa com dois dedinhos de testa que quer ser vista como bolsonarista? Até pode ajudar a ganhar a eleição (estamos a falar de Joinville), mas a imagem fica toda cheia de lama. Irremediavelmente.

É a dança da chuva.






segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Palácio das Orquídeas deixa Adriano Silva numa saia justa

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Adriano Silva tem um abacaxi para descascar. A denúncia do uso indevido de verbas da educação, aplicadas num projeto de turismo, abre uma rachadura na imagem de bom gestor que ele tenta projetar. Pode até nem haver consequências legais, mas a sua credibilidade deve sofrer algum abalo. A denúncia feita pelo advogado Rodrigo Bornholdt, candidato a prefeito pelo PSB, deixou Adriano Silva numa saia justa. 

Que tal relembrar a sequência do escândalo do Palácio das Orquídeas? O caso começou com Bornholdt a fazer a denúncia. Adriano foi a uma rádio acusá-lo de fake news. Rodrigo fez um “react” nas redes sociais e mostrou o contrato da Prefeitura para provar as afirmações. E fechou com um desafio a Adriano: “fica aí o teu direito de resposta para esclarecer de onde está vindo o dinheiro do suposto Palácio das Orquídeas”. A bola está com Adriano. 

As implicações administrativas e políticas são relevantes, claro, mas o escândalo traz algo novo. É que depois de chegar à prefeitura quase por obra de Nossa Senhora do Acaso, o atual prefeito teve uma vida muito fácil. Ninguém peitou. Adriano Silva navegou sempre em águas calmas, sem oposição. Os bolsonaristas (que têm muito em comum com o prefeito) alinharam alegremente. A oposição mais à esquerda não foi além de pequenas troças nas redes sociais.

Eis a novidade. Este é o primeiro chacoalhão a sério sofrido pelo atual prefeito. Não dá para dizer que vai causar mossa na sua imagem, claro. Até porque a imprensa, sempre muito meiguinha, deve permanecer no seu “rigor mortis”. Quer dizer que a pendenga só pode prosperar nas redes sociais. E se os outros candidatos pegarem carona na denúncia. Então, é possível que a coisa escale e que surjam outros fatos. 

Enfim, é só os opositores fazerem oposição. É certo que o atual prefeito nada de braçada nas redes sociais. Nem tanto por talento, mas porque sempre esteve sozinho na piscina. Mas o chato de governar pelo Instagram é que isso cria um mundo virtual e dá a ilusão de que Joinville é uma Shangri-La. A diatribe do Palácio das Orquídeas mostra uma nova face do jogo: o prefeito sendo obrigado a descer ao mundo real, onde estão as pessoas de carne e osso, para se explicar. E aí o jogo é outro. 

 Ah... mas não dá para chamar de escândalo. Dá sim. Tudo o que aponte para mau uso de dinheiro da educação é sempre um escândalo. E este episódio mostra que nem tudo são flores para Adriano Silva. A imagem dessa Joinville-Shangri-La criada no Instagram está a ser abalroada por um choque de realidade. Bem-vindo ao mundo real, prefeito. Mas fica a constatação: não existe filtro de Instagram para maquiar a realidade.

É a dança da chuva.

Rodrigo Bornholdt fez a denúncia, Adriano Silva ainda não apresentou uma explicação.


quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Milei pode vencer. O que há com nuestros hermanos?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O que há com os argentinos? Será que vão eleger o estroina Javier Milei nas eleições presidenciais? Uma pesquisa recente da Atlas Intel diz que ele lidera as preferências, com 36,5% das intenções de voto, seguido por Sergio Massa, com 29,7%, e Patricia Bullrich, com 23,8%. Tudo indica que haverá um segundo turno, mas Milei mantém um enorme potencial de votos. Mas a mesma pesquisa traz uma revelação inquietante: Milei tem o maior apoio entre os eleitores com idade entre 18 e 30 anos.

O candidato usa uma motosserra como símbolo de campanha, numa metáfora para a proposta de “cortar o Estado”. Milei usa essa simbologia para sugerir que ele está disposto a tomar medidas radicais para reformar o Estado argentino. Mas, afinal, quais são as propostas do candidato do partido La Libertad Avanza? Há a promessa de um liberalismo econômico radical. Milei, que nunca administrou sequer uma mercearia, tem como prioridade e promessa de redução do gasto público. Isso sempre pega bem, em qualquer país.

O candidato vai ainda mais longe e promete a privatização de empresas públicas, como as Aerolíneas Argentinas e a Correo Argentino. Uma ampla liberalização da economia é outra promessa, que inclui ainda a redução de impostos. Mas além dessas propostas econômicas, Milei defende uma série de medidas conservadoras no plano social, como o aumento da pena de morte, a proibição do aborto e a legalização da venda de armas de fogo. Não é por acaso a admiração que ele tem por Donald Trump ou Jair Bolsonaro. 

Os opositores de Javier Milei não perdoam e produzem um chorrilho de críticas. A começar pelo fato de acusaram as suas propostas econômicas de serem radicais e inviáveis. Mais do que isso, a redução drástica do gasto público e a privatização de empresas públicas levariam ao desemprego, à pobreza e à instabilidade econômica. No plano social, a pena de morte, a proibição do aborto e a legalização da venda de armas de fogo são medidas capazes de produzir enormes retrocessos em termos de direitos humanos. 

Os críticos de Milei também apontam a sua postura, considerada arrogante e desrespeitosa. E afirmam ser apenas um populista oportunista que se aproveita do descontentamento da população. Mas a ideia mais fora da casinha tem a ver com a venda de órgãos humanos. O candidato argumenta que a venda de órgãos é uma forma de aumentar a autonomia individual e de permitir que as pessoas possam tomar suas próprias decisões sobre os seus corpos (um contrassenso em relação ao corpo das mulheres e o aborto).

Enfim, o domingo está à porta. Os argentinos parecem resistir, mas há um antídoto para evitar a catástrofe: é só olhar para o vizinho Brasil e ver a desgraça que foi o governo Bolsonaro.

É a dança da chuva.



terça-feira, 17 de outubro de 2023

A Polônia voltou!

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Bem-vinda de volta, Polônia.

Foram longos anos de um governo que nada ficou a dever à democracia. Mas os jovens, sempre eles, estão aí para corrigir os rumos erráticos desse governo autoritário. A participação eleitoral nas eleições parlamentares polonesas deste ano atingiu fantásticos 73,1%, a mais alta desde 2001. E o mais entusiasmante: a participação dos jovens foi elevada, com 59,5% dos eleitores com menos de 30 anos comparecendo para votar.

A alta participação eleitoral é um sinal positivo para a democracia polonesa. Não apenas porque os cidadãos poloneses estão interessados no processo político, mas porque assim se livraram do governo autoritário de Andrzej Duda. A mensagem é simples: chega de autoritarismo, de políticas anti-LGBTQ+ e de confronto com a União Europeia.

O futuro governo da Polônia, liderado por Donald Tusk, é de centro-esquerda. Tusk é um político experiente que já foi primeiro-ministro da Polônia e presidente do Conselho Europeu. Ele prometeu restaurar a democracia e o Estado de Direito na Polônia, além de fortalecer as relações com a União Europeia. Em tempo, o partido de Tusk não foi o mais votado, mas tem uma maioria em coligação.

As diferenças são óbvias e tendem para a volta da Polônia ao círculo dos países democráticos:
- Nas políticas sociais, uma vez que atual governo do PiS implementou uma série de políticas sociais conservadoras, como a proibição do aborto, a restrição dos direitos LGBT+ e a redução dos direitos dos trabalhadores. O governo de Tusk promete reverter essas políticas e promover a igualdade e a justiça social.

- Em termos de política externa, o governo de Andrzej Duda tem sido um crítico da União Europeia, adotando políticas que desafiam as normas do bloco. Tusk promete fortalecer as relações com a União Europeia e trabalhar em conjunto para resolver os desafios comuns.

- Na economia, o antigo governo do PiS adotou uma política econômica de austeridade, que reduziu os gastos públicos e aumentou os impostos. O governo de Tusk promete promover o crescimento econômico e o emprego, com investimentos em infraestrutura e educação. Um fator de peso nestas eleições.

Em 2021, a Comissão Europeia bloqueou o pagamento de 36 bilhões de euros em fundos europeus à Polônia, devido a preocupações com o estado de direito no país. A Comissão alega que a Polônia violou o princípio da independência do judiciário, o que representa uma ameaça à democracia. Ter dinheiro e não usar por ter líderes reacionários é apenas estúpido.

É a dança da chuva.

Donald Tusk, que deve formar governo na Polônia


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Lula, Moro e Lava Jato: o perigo mora ao lado

CHARLES HENRIQUE VOOS
Após o circo midiático ocorrido em Curitiba no dia de ontem (9/5), podemos contar as migalhas que restaram. Lula não foi preso, como os eufóricos paneleiros ansiavam, e ele não conseguiu dar uma "lição de democracia" no juiz, como petistas aguardavam. Foi um embate de pesos pesados - de um lado um capital político poderoso e, de outro, um personagem criado como super herói pela grande mídia e redes sociais - que culminou em um perigoso futuro, pois pode dar margem para terceiros se aproveitarem alimentados pelas indefinições ad infinitum que tríplex, delações, empreiteiros e prisões de "operadores estruturais" causam no cenário político.

Nesse jogo histórico de realinhamentos de posturas de nossa democracia, não existem rupturas. O Brasil vai sendo como pode ser, ou aos "trancos e barrancos", como já diria Darcy Ribeiro e traz consigo convergências de perigosas posturas. A independência, a formação da república, o estado novo, as diretas já e os impeachments são provas fieis disto. A "Lava Jato" pode ser a força motriz que novos grupos conservadores precisam para lançar nomes e propostas conservadoras para o país.

Enquanto as esquerdas divergem, e boa parte delas apela para o saudosismo de Lula como solução (Lula nunca conseguiu romper como prometido), a proposta que vai surgindo e ganhando a boca dos principais arquitetos dos realinhamentos é interessante, especialmente para os mais ingênuos e órfãos de novos heróis. Como os petistas "destruíram" o país, os políticos opositores a eles estão tão sujos quanto e a justiça pouco consegue fazer na terra dos milhões de Cunhas, nada melhor que lançar nomes "de bem", de empresários famosos a apresentadores de TV ricos e sucedidos. Pois eles são pessoas que "fazem o Brasil prosperar" e ajudam os mais pobres com empregos, visão e caridade.

Dória nem imaginava o quanto seu nome estaria cotado neste pré-2018 quando foi lançado candidato a prefeito, há alguns anos. Muito menos que conseguiria dar uma arrancada monstruosa que o levasse à vitória na capital paulista. O efeito Trump e o enfadonho Moro contribuíram para que o tucano fosse apresentado como solução. Até Roberto Justus e Luciano Huck surfaram na onda, com maior ênfase para o global. Ele gostou de brincar de eleições, e sabe como poucos que democracia é um quadro cheio de segundas intenções, nos moldes da "tiazinha" e "feiticeira" dos tempos de TV Bandeirantes.

É por isso que o perigo mora ao lado. Não está nos "petralhas" e nem na "república de Curitiba". Está naqueles que sempre encontraram falsas soluções mágicas e fantásticas para o país, sobretudo em momentos de crise e nebulosidade. Enquanto o país se divide por uma fantasia de democracia, os ratos vão tomando os porões dos espaços de decisão do poder, local onde está sentado o seu rei-mor, pronto a se sacrificar pelo bem da ninhada que há séculos domina e impede as autodestrutivas rupturas para sempre se aproveitar do poder.

sábado, 8 de outubro de 2016

Udo conta com a falta de memória do eleitor:10 motivos para lembrar

POR JORDI CASTAN


Há quem insista em tentar convencer o eleitor de que merece o voto porque acorda cedo e doa o salário. Que estes motivos, somados à limpeza das suas mãos, seriam suficientes para votar nele de novo. Muitos esquecem o fato de que votar em Udo Dohler não foi uma boa ideia. Há vários motivos para lembrar, aos que foram acometidos de súbita amnesia, que é bom pensar duas vezes antes de seguir o mesmo roteiro uma segunda vez. A falta de memória é o melhor cabo eleitoral de Udo Dohler. Eis...

1.- Não foi capaz de tirar do papel o ícone que colocaria seu nome na historia de Joinville, a propalada ponte do Ademar Garcia, aquela que seria sua obra emblemática. Na verdade, nem foi capaz de colocá-la no papel, porque ninguém até agora viu um projeto executivo da dita ponte.

2.- Deixou as ruas da cidade convertidas num queijo suíço. Não asfaltou os 300 quilômetros que prometeu no Plano 15 e deixou sem manutenção estradas que, de tão esburacadas, se converteram em pistas só para veículos com tração 4X4. Houve buracos de todos os tamanhos e formatos. Agora, perto da eleição, lançou um mutirão tapa-buracos em que há ruas com mais remendo que asfalto original. Aposta no esquecimento do eleitor.

3.- Falando de buracos, não só ocasionaram enormes prejuízos econômicos aos joinvilenses, que sofreram acidentes e estragaram seus veículos. Os buracos ocasionaram prejuízos muito mais graves. Gente morreu nos buracos da Santos Dumont. E também causaram mortes os buracos mal sinalizados pelas obras da CAJ (Companhia Aguas de Joinville) na Vila Nova. O que o prefeito fez? Olhou para o outro lado, como se o problema não fosse dele. Acreditou que o eleitor esqueceria.

4.- Na saúde seguem faltando remédios. O próprio pessoal do São José tem divulgado que até os mais simples, como gaze e esparadrapo, têm estado em falta e que cirurgias foram remarcadas por motivos como esses. E olha que se promoveu na campanha a imagem do gestor que entendia da saúde. Nesta campanha há um pouco mais de comedimento e só é dito que o prefeito acorda cedo e que trabalha como voluntário porque doa o salário. Esquece que Joinville precisa de um bom prefeito capaz de resolver os seus problemas, não de um voluntário com insônia.

5.- As contas estão em dia é o mantra que se repete pelos corredores da Prefeitura. A verdade é que atrasou as contas com o Ipreville. Pedalou mais que o Nairo Quintana. E olhem que ficou rouco de dizer que o problema da gestão anterior não era falta de dinheiro, era falta de gestão. O joinvilense que não sofre de amnésia e procura se informar descobriu que além de dinheiro, agora também falta gestão.

6.- Das praças e do verde melhor nem falar. Estão abandonadas. Só o mato viceja e das poucas árvores replantadas menos da metade sobreviveu. O verde nunca foi uma prioridade do prefeito e da sua gestão. Ao contrário, até pretende que a cidade avance ainda mais sobre as margens dos rios, propondo a redução da distância entre as construções e os cursos de água. Nada foi feito pelas ARIEs (Áreas de Relevante Interesse Ecológico) do Boa Vista e do Iririu. Joinville sairá da sua gestão como uma cidade menos verde, mais cinzenta e triste.

7.- Na cultura, outro desastre. É bom lembrar os problemas com o Simdec.  Continuamos com museus fechados ou em estado precário. Mesmo que a triunfalista propaganda oficial fale de todos os museus abertos e só dar uma passada para ver que o Fritz Alt esta fechado, o Museu Nacional de Colonização esta com graves problemas de manutenção, da Cidadela Cultural melhor nem falar. Aliás, é só dar uma passada é ver como se cuida do patrimônio público. A melhor definição da sua gestão na cultura é muito barulho e poucas nozes.

8.- Sobrou alguma coisa? Ah... lembrei. Dos tablets fica a dúvida se foram entregues a todos os alunos da rede ou a uma parte. A propaganda eleitoral não é clara. Há ainda as escolas municipais que receberam tablets e não têm internet. E as que tem aparelhos de ar condicionado novos que nunca foram ligado porque não tem a instalação elétrica com a capacidade adequada que permita ligá-los? Esse é um exemplo de como se administra Joinville.

9.- O planejamento urbano é outro bom motivo para pensar bem se é bom negocio voltar a votar no Udo. Ou Alguém esqueceu da engrolação feita no Iririu? Ou a da frente do Mercado Municipal? Ou a duplicação da Santos Dumont? São tantas que fica difícil escolher. No caso da Santos Dumont, o que deveria ser uma duplicação virou uma comedia de erros, dessas a que Joinville já deveria estar acostumada, mal planejada, sem um projeto executivo, sem quantitativos verazes. O que em qualquer cidade mais seria se denominaria uma enjambrada. Uma parte binário, uma parte duplicada, com um projeto que sofreu uma dúzia de ajustes e alterações. De verdade que alguém acredita que é assim que Joinville vai avançar?

10.- O gestor que foi eleito em 2012 virou uma caricatura dele mesmo, pela sua própria "gestón". A gestão de Joinville, nos quesitos saúde, educação e saneamento foi reprovada quando comparada a de todos os municípios brasileiros. Joinville faz pouco, faz mal e paga caro. Ganhou nota 0,427, foi definida como pouco eficiente e ocupa a posição 3334 entre todos. A maior cidade de Santa Catarina e uma das 3 ou 4 maiores economias da região sul do Brasil tem uma péssima gestão.

Se não se reeleger, o prefeito sairá do seu governo muito menor do que entrou. Disse que cuidaria de cada centavo do dinheiro público. Pode ter cuidado dos centavos, mas os milhares, as dezenas de milhar e os milhões parece que não foram tão bem cuidados assim. Os recursos destinados à propaganda e publicidade, as obras feitas e refeitas, o retrabalho, os remendos, a maquiagem nos meses que antecedem ao período eleitoral não enganam mais. 

Ainda que tenha uma parcela de amnésicos que insistam em votar nele, por sorte para a cidade há ainda uma parcela significativa de eleitores que consideramos seu governo ruim é este dado se faz evidente nos elevados índices de rejeição que aparecem em todas as pesquisas. Há mais gente que não votaria nele que eleitores dispostos a votá-lo. Muitos eleitores querem que Joinville se livre desse peso morto, desse lastro que a impede de avançar e decolar de vez rumo ao futuro.



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A amnésia é o melhor cabo eleitoral de Udo Dohler

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Foi interessante (e nada inesperado) ver, nos últimos dias, o anúncio de obras da Prefeitura de Joinville. Fica a sensação de que há mais trabalho em duas semanas do que houve em três anos. Estacionamento rotativo. Pavimentação da rua Tenente Antônio João. Novos pontos de ônibus. Patrolamento e ensaibramento de ruas pelas subprefeituras. Ambulâncias, motos e carros.

Enfim, a comunicação da Prefeitura tem se esforçado para pintar um quadro em cores mais suaves e, com isso, convencer os eleitores de que o trabalho está a ser feito. Mas há um problema: o timing é mais que tardio. A escassez de realizações ao longo de toda a gestão não ajuda. Aliás, é conhecida, no anedotário político, a lógica de uma gestão de quatro anos, que deve ter as seguintes fases:

Ano 1 – pôr a culpa dos problemas na gestão anterior.
Ano 2 –  anunciar grandes obras e, para isso, falar em projetos.
Ano 3 – reclamar da falta de verbas, mas ainda assim dizer que há obras em licitação.
Ano 4 – transformar a cidade num canteiro de obras, destacar a eficiência da administração e preparar a reeleição.

Alguém tem dúvidas de que a atual administração está empenhada em seguir esse roteiro? Em ano de eleições, parece ter entrado na quarta fase com franca volúpia. Será suficiente? A ineficácia foi tanta ao longo dos anos anteriores que só a fraca memória e pouca convicção política pode fazer mudar a percepção dos eleitores. Ou seja, a amnésia política é o principal cabo eleitoral de Udo Dohler.

A situação é difícil para o atual prefeito, mas (porque há sempre um "mas") talvez seja cedo demais para anunciar o fim político de Udo Dohler. Quem morre na véspera é peru. Todos sabemos que uma campanha regada a muitos cifrões pode mudar o rumo das coisas. E se há alguém com cacife para investir forte é o atual prefeito. Portanto, quando os reais começaram a falar, muita coisa pode mudar. Melhor esperar para ver.


É a dança da chuva.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O problema de Udo Dohler é a rejeição

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Quem está melhor posicionado, neste momento, para ser o próximo prefeito de Joinville? Os trackings (monitoramento das tendências de voto) não param e os políticos sabem, mês a mês, a posição que ocupam na corrida à Prefeitura. Os números não podem ser publicados, mas há coisas tão evidentes que dispensam as sondagens. Então, vamos lá...

Não há segredo quanto aos putativos candidatos à Prefeitura de Joinville. Há quatro nomes no bloco da frente: o atual prefeito Udo Dohler, o deputado estadual Darci de Matos, o ex-prefeito Carlito Merss e um inesperado José Aluísio Vieira, o Dr. Xuxo, que vem correndo por fora. Há também o tucano Ivandro Souza, cuja candidatura insiste em não decolar e, por enquanto, o deixa a jogar num outro campeonato.

Apesar de já haver gente em campanha, o quadro da disputa sucessória não está definido. E é natural, portanto, que neste momento a preferência dos eleitores esteja pulverizada. No entanto, o grande abacaxi parece estar nas mãos de Udo Dohler, que tem índices de rejeição muito elevados. E não é preciso olhar para as sondagens para fazer essa constatação. Um olhar para as críticas nas redes sociais, por exemplo, permite ver que o prefeito tem um problemão em mãos.

A rejeição é um fator tão poderoso quanto a intenção de voto. Ou seja, enquanto os outros candidatos vão lutar por votos, Udo terá que vencer a frustração dos cidadãos com a sua administração. Eis o nó górdio. O atual prefeito chegou ao poder com um discurso “anti-política” e “pró-gestão”, mas acabou com uma imagem mais parecida com um político (da velha política) do que com um gestor.

É possível diminuir a rejeição? Claro que sim. Mas Udo Dohler não tem muito tempo. Num plano macro, vai precisar de pesquisas que ouçam segmentos qualificados da sociedade, para identificar o caminho para mudar a percepção dos eleitores. Num plano mais térreo vai precisar de ação, imaginação e obras. É difícil. E não pode esquecer que o diabo está nos detalhes. Exemplo? Ora, cada buraco nas ruas é uma armadilha contra a sua candidatura.


Udo Dohler conseguirá reverter esse quadro? Talvez. Se recorrer à lógica da velha política (aquela de investir vultosos recursos financeiro) poderá aumentar as suas chances, porque, afinal, isso ainda tem muito peso. Mas os tempos são outros e mesmo assim não há garantias. O mundo evoluiu. É preciso também saber usar técnicas de comunicação, conhecimento de marketing político e, claro, imaginação. É aqui que a porca torce o rabo.

É a dança da chuva.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Apenas notas um pouco ácidas...

POR SALVADOR NETO

Reforma ou demolição?
A proposta (?) de reforma política que Eduardo Cunha (PMDB) enfiou goela abaixo dos colegas deputados esta semana, isso após incinerar a outra proposta criada por uma comissão especial que ele próprio incentivou, está mais com cara de demolição da democracia que para um reforma. Como se diz nos meios políticos, propõe-se mudar tudo para de fato, nada mudar.

Reforma ou demolição? (2)
Cunha fez surgir pelas mãos de seu amigo Rodrigo Maia (DEM) um projeto forjado para dar ares de mudança a algo que eles não desejam mudar. Como a um vestibular de múltipla escolha, colocaram lista de votação por tema. Ao final deste grande teatro, estão mantidos o financiamento privado das campanhas, agora somente a partidos; o voto proporcional, a manutenção das coligações para o legislativo, e o fim da reeleição para o executivo.

Reforma ou demolição? (3)
De costas para o povo, aquela massa que em 2013 alguns chegaram a dizer que era o gigante que havia acordado, Eduardo Cunha e a maioria dos deputados pioraram o que já era ruim. O financiamento privado aos partidos inviabiliza ainda mais a transparência, porque não se saberão os “preferidos” de cada presidente de sigla a receber os recursos. Uma jogada de mestre, sob o ponto de vista de quem não deseja luz no principal motivador da corrupção no Brasil: o financiamento privado das campanhas eleitorais.

Já em Joinville...
Já na provinciana maior cidade catarinense continua-se a conviver com o abandono geral das ruas, praças e obras. Buracos brigam por espaço no asfalto esfarelado, enquanto a gestão Udo Döhler (PMDB) não consegue fazer andar licitações para pelo menos recapar tais ruas, que dirá fazer os 300km de asfalto prometidos. Dizem que do estacionamento rotativo, após quase um mandato inteiro de estudos, agora vai. Há quem acredite, mas o povão da periferia não. É só dar uma visitadinha como faziam na campanha eleitoral.

Greve à vista?
Ainda na cidade onde qualquer chuva alaga vias, casas e escolas por pura falta de manutenção de rios, córregos e bocas de lobo, voltamos ao filme antigo: embate entre Sinsej e Udo Döhler na questão do aumento salarial dos servidores municipais. Udo oferecia nada. Depois a inflação parcelada em oito vezes de pouco mais de 1 ponto percentual ao mês. Piada de mau gosto até para quem não é servidor. O Sinsej, que no tempo de Carlito Merss botava prá quebrar, mas agora amansou, diz que vai para a greve na semana que vem... façam suas apostas!

LOT, lobbyes e vereadores
O prefeito Udo Döhler anunciou, via diários oficiais do governo, ah, desculpem, os jornais diários locais, que mandará para os vereadores a tão esperada (por inúmeros lados!) Lei de Ordenamento Territorial, a LOT. Embates renhidos ocorreram no Conselho da Cidade, na Justiça, e assim na base do arrasto, ela chega ao legislativo. Veremos momentos de alta tensão nos próximos meses, capazes talvez de paralisar um governo que está no ponto morto desde a posse.

E a cassação de Maycon César?
Na mira de vereadores que detestam seu modo de fazer política, atirando contra o espírito de corpo da Câmara de Vereadores, os colegas, Prefeito para se promover, o vereador Maycon César conseguiu cessar o processo de cassação que corria contra ele, pelo menos temporariamente. Agora, com a LOT na Casa de Leis, quem sabe se voltam a colocar a espada sobre a cabeça de Maycon?

E o caso Lia Abreu?
A servidora Lia Abreu, fiscal da Vigilância Sanitária em Joinville (SC), que foi afastada de suas funções no final de janeiro deste ano pelas acusações de desapreço no recinto da repartição, conduta escandalosa, abuso de poder e assédio moral, está pronta para falar. A tal sindicância foi prorrogada, mas o prazo finda este mês. Gente poderosa está por trás da medida, porque ela era uma pedra no sapato ao interditar escolas a cada momento por pura falta de manutenção das mesmas. Lia, em breve, vai falar tudo sobre o caso. Talvez até seja aqui no Chuva e para este jornalista. Leia o que escrevi no artigo “Lia Abreu, cadê você?”.






segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Eleições anuais

POR JORDI CASTAN

Nada parece fazer tão bem a um estado ou a um país como o período eleitoral. Aqui, lamentavelmente, as eleições acontecem a cada quatro anos e é por isso que só vemos obras públicas em lapsos quadrienais. O que, convenhamos, é uma pena. Não há eleitor que não goste de ver o Brasil prosperar, crescer, se desenvolver. Mas os nossos políticos, como sabem que o eleitor tem memória de cará e que esquece rápido de tudo, só se dedicam a fazer e inaugurar obras nos meses imediatamente anteriores ao período eleitoral.

Esta prática tem vantagens para os políticos, principalmente os que tentam se reeleger. A primeira é que as obras recém-feitas não apresentam ainda sinais de decadência precoce, comuns nas obras públicas. Os telhados ainda não desabam e não aparecem os pontos de ferrugem nas estruturas metálicas, por citar alguns exemplos. A segunda é que se cria no eleitor a ilusão que a gestão atual, seja ela qual for, tem trabalhado e tem feito muito. Há ainda os que acreditam que possa existir uma correlação entre as obras públicas eleitoreiras e o posterior financiamento de campanha. Mas todos sabem que a rígida legislação eleitoral brasileira não só inibe este tipo de prática, como a pune severamente, desestimulando-a completamente.

Alguns políticos para dar a impressão que fazem muito mais do que na realidade fazem tem desenvolvido a técnica de revitalizar, requalificar ou reformar prédios, ruas e praças que com um pouco de trabalho e um muito de orçamento em poucos dias se convertem em novos ícones urbanos. Assim pipocam a Nova Rua disso, a Nova Praça daquilo e não são poucos os estultos que caem no velho truque do lavou, pintou esta novo. Alguns destes espaços recebem uma reforma a cada quatro anos em geral sempre no segundo semestre do quarto ano.

Mas o caso mais flagrante desta técnica dissimuladora é a de inaugurar ou celebrar o lançamento da licitação, da pedra fundamental, da abertura das propostas ou da assinatura do contrato. Tanta inauguração confunde o eleitor que acaba acreditando que o foguetório, a charanga e os discursos trazem algo de concreto, quando até agora só tem servido para produzir vento, ocupar espaço na mídia e criar a falsa impressão que esta gestão, qualquer que seja ela, é a que mais tem feito pelo desenvolvimento deste estado e dos seus habitantes.

Por isso desde este espaço proponho que os governantes precisem se submeter com menor frequência à avaliação do eleitorado e que as eleições passem a ser semestrais ou no pior dos casos anuais. Desta forma, viveremos sempre nesta constante efervescência que agora experimentamos e trocaremos este desenvolvimento espasmódico por uma prosperidade e um desenvolvimento contínuos.

Em tempo, a uma semana das eleições o quadro é de vitéria de Dilma no segundo turno, de Colombo no primeiro e de reeleição de Marco Tebaldi para deputado federal e de Darci de Matos e Kennedy Nunes como deputados estaduais. Que temos feito para merecer isso? Ou pior: o que deixamos de fazer? Provavelmente a pergunta correta seja a segunda.