segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Eleições anuais

POR JORDI CASTAN

Nada parece fazer tão bem a um estado ou a um país como o período eleitoral. Aqui, lamentavelmente, as eleições acontecem a cada quatro anos e é por isso que só vemos obras públicas em lapsos quadrienais. O que, convenhamos, é uma pena. Não há eleitor que não goste de ver o Brasil prosperar, crescer, se desenvolver. Mas os nossos políticos, como sabem que o eleitor tem memória de cará e que esquece rápido de tudo, só se dedicam a fazer e inaugurar obras nos meses imediatamente anteriores ao período eleitoral.

Esta prática tem vantagens para os políticos, principalmente os que tentam se reeleger. A primeira é que as obras recém-feitas não apresentam ainda sinais de decadência precoce, comuns nas obras públicas. Os telhados ainda não desabam e não aparecem os pontos de ferrugem nas estruturas metálicas, por citar alguns exemplos. A segunda é que se cria no eleitor a ilusão que a gestão atual, seja ela qual for, tem trabalhado e tem feito muito. Há ainda os que acreditam que possa existir uma correlação entre as obras públicas eleitoreiras e o posterior financiamento de campanha. Mas todos sabem que a rígida legislação eleitoral brasileira não só inibe este tipo de prática, como a pune severamente, desestimulando-a completamente.

Alguns políticos para dar a impressão que fazem muito mais do que na realidade fazem tem desenvolvido a técnica de revitalizar, requalificar ou reformar prédios, ruas e praças que com um pouco de trabalho e um muito de orçamento em poucos dias se convertem em novos ícones urbanos. Assim pipocam a Nova Rua disso, a Nova Praça daquilo e não são poucos os estultos que caem no velho truque do lavou, pintou esta novo. Alguns destes espaços recebem uma reforma a cada quatro anos em geral sempre no segundo semestre do quarto ano.

Mas o caso mais flagrante desta técnica dissimuladora é a de inaugurar ou celebrar o lançamento da licitação, da pedra fundamental, da abertura das propostas ou da assinatura do contrato. Tanta inauguração confunde o eleitor que acaba acreditando que o foguetório, a charanga e os discursos trazem algo de concreto, quando até agora só tem servido para produzir vento, ocupar espaço na mídia e criar a falsa impressão que esta gestão, qualquer que seja ela, é a que mais tem feito pelo desenvolvimento deste estado e dos seus habitantes.

Por isso desde este espaço proponho que os governantes precisem se submeter com menor frequência à avaliação do eleitorado e que as eleições passem a ser semestrais ou no pior dos casos anuais. Desta forma, viveremos sempre nesta constante efervescência que agora experimentamos e trocaremos este desenvolvimento espasmódico por uma prosperidade e um desenvolvimento contínuos.

Em tempo, a uma semana das eleições o quadro é de vitéria de Dilma no segundo turno, de Colombo no primeiro e de reeleição de Marco Tebaldi para deputado federal e de Darci de Matos e Kennedy Nunes como deputados estaduais. Que temos feito para merecer isso? Ou pior: o que deixamos de fazer? Provavelmente a pergunta correta seja a segunda.


15 comentários:

  1. Em relação ao seu ultimo parágrafo, concordo com a critica ao governo do Estado e deputados, mas em relação ao governo federal só cabe uma "pequena" lembrança:
    Hoje o Brasil é:
    7ª economia do mundo;
    2º maior produtor de alimentos;
    1º maior exportador de soja;
    1º maior exportador de café;
    1º maior exportador de açúcar;
    1º maior exportador de suco de laranja;
    1º maior exportador de carne bovina;
    1º maior exportador de frango;
    4ª maior industria naval;
    7º maior produtor de veículos;
    2º maior gerador de energia hidrelétrica;
    1º maior produtor de etanol;
    3º maior produtor de biodiesel;
    3º maior mercado de computadores;
    5º maior mercado de telefones celulares;
    4ª maior força de trabalho;
    7º maior mercado de consumo;
    5º país em destino de investimentos estrangeiros
    E daí, vamos comparar com os governos anteriores??

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    1. Engraçado, somos os maiores produtores/exportadores apenas de alimentos e commoditty...
      E nos quesitos de tecnologia avançada/produtos de valor agregado somos sempre os maiores mercados e nunca os maiores produtores. Uma lástima.
      Como somos o 5° país mais populoso do mundo, obviamente que seremos um grande mercado consumidor e de trabalho e sempre iremos figurar entre os dez mais em muitos quesitos.
      E os rankings de competitividade como ficam?
      57 ° lugar no ranking de competitividade do fórum econômico
      58° lugar no ranking de matemática do PISA
      65° lugar no ranking de logística do BIRD
      30° lugar no ranking de retorno de impostos a população da OCDE (pesquisaram 30 países- ficamos em último)
      64° lugar no ranking global da inovação da OMPI
      Estes são apenas alguns exemplos de como o nosso país vai muito mal em comparação a outros países mundo afora e inclusive da América Latina.
      Perdemos para Uruguai, Argentina, Chile, México, Colômbia em muitos dos itens acima.
      Meu país pode mais e não será o PT e muito menos a Dilma capaz de fazer estes itens avançarem, pois muitos destes caíram nos últimos anos.
      Andy

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    2. Andy, os números estão acima, se vc gostaria de um País mais industrializado e mede isto como qualidade de vida e desenvolvimento econômico-social não esqueça que alguns indicadores sociais dos países que vc comparou estão abaixo dos nossos, inclusive alguns índices de Saúde, Educação e Infraestrutura. Afinal seria um pouco pretensioso demais mudar em 12 anos para o padrão Dinamarca um País que a aristocracia ainda pratica escravidão rural e urbana, e que políticos entendem que gays deveriam ser varridos do contato humano.

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    3. Andy! Primeiro a barriga depois o cérebro.

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    4. Em momento algum entendo que um país industrializado seja sinônimo de país com qualidade de vida, a China, por exemplo, de modo geral, tem qualidade de vida inferior a brasileira. Só acredito que avaliar um governo, ou 12 anos de PT com os índices expostos no primeiro comentário é empobrecer o momento político do nosso país e quis fazer um contra-ponto aos índices "tão bons" que o PT nos deu, pois se o PT é o único responsável pelos indicadores "bons" que seja também o único responsável pelos indicadores ruins.
      Ainda acho pouco o desenvolvimento do país nesses últimos 12 anos e verdade seja dita, desde que Collor abriu a economia em 90 que o nosso país vem passando por uma verdadeira transformação, passando por Itamar/FHC com a estabilidade da moeda e criação do Real, por Lula que deu continuidade as políticas econômicas e ao bolsa família e criou outras politicas sociais.
      Dilma sinceramente parou no tempo e acredito que esta na hora de outras pessoas contribuirem ao nosso país, o PT viciou no poder e precisa se oxigenar para poder voltar a contribuir com a nossa democracia. Um bom governo não precisa dar primeiro a comida e depois a educação, deve dar ambos.

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    5. Andy, infelizmente nesta vc quebrou a cara, somos um dos 5 países do mundo que destinam 10% do PIB para a educação, abrimos mais escolas técnicas e universidades públicas durante o PT que em todo os governos anteriores.

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    6. Dilma deixou de cumprir 43% das promesas de campanha de 2010 e tem neguinho achando normal e defendedo o voto no 13. Vai entender

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    7. Não tem problema, a Dilma está no lucro, o Colombo e o Alckmin não cumpriram 90% das promessas e vão ganhar no primeiro turno...

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    8. O que é bom tem que ser copiado...é Dilma de novo prá felicidade do povo, em primeiro turno prá ser mais gostoso...

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  2. Muito bom Jordi, lendo seu texto comecei a pensar. Seria legal se acontecesse igual a iniciativa privada, exemplo, os eleitores que elegeram fulano receberiam o acompanhamento das ações do seu candidato em casa, e-mail, correio, sei la. Nesse monitoramento ele estaria em constante avaliação e após um determinado valor de reprovação por parte dos seus próprios eleitores ele perderia o mandato, entendendo assim que ele não estava representando corretamente os anseios esperados. Acredito que muitos dos nomes, se não todos, que você citou no final já teriam perdido seu mandato se os eleitores pudessem reprova-los no auge dos escândalos que ocorreram com cada um deles.

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  3. Acredito num sistema de recall como nos EUA. Não tão fácil de ser viabilizado a ponto de banalizar o processo, mas, por exemplo, um "voto de confiança" popular em alguns casos como o de Lulla ou Dilma, por exemplo. Conferindo legitimidade á continuidade do administrador seria importante. Mas no Brasil, jamais isso será obtido. Quem foram os "Founding Fathers" dessa Fossa????

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  4. Em tempos de eleição este é um texto que considero muito válido. Ele aborda a solução para a nossa insatisfação com resultados de eleições e aponta uma nova proposta de votação.
    http://www.ceticismoaberto.com/ciencia/2107/contagem-de-borda-j

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  5. Vc viu Jordi que os moradores do iririu não estão mais reclamando do transito, sera que ficou bom, ou foi fogo de palha de comerciantes

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