POR JORDI CASTAN
Na sexta feira passada, participei como espectador do debate promovido pelo jornal A Notícia, em
parceria com a TV COM/SC e a Sociesc.
Auditório lotado, o
primeiro a chegar foi Carlito Merss. Na sequência Udo Dohler, Leonel Camasão,
Marco Tebaldi e Kennedy Nunes, todos quase ao mesmo tempo. Cada um dos candidatos
acompanhado do seu grupo de assessores e alguns candidatos a vereador, mas poucos.
Cumprimentos formais,
em alguns casos destilando hipocrisia, mas de forma sutil, imperceptível para o
espectador menos atento. A certa distância, a imagem parece o encontro de um
grupo de ex-alunos ou de velhos conhecidos.
Carlito transpira
nervosismo e, no seu caso, é perceptível o desconforto. Nada parece estar
funcionando como estava previsto. Pode ter havido excesso de otimismo ou
amadorismo, mas é evidente que o clima e o ambiente não lhe são propícios. O seu
vice chega um pouco mais tarde que os demais, mas dentro do horário
previsto. Voltolini esta à vontade, age quase como se ele próprio fosse um dos candidatos.
Udo Dohler busca com o
olhar com quem conversar, busca eleitores. Aluno aplicado, se esforça em fazer
tudo o que tem aprendido. Não consegue dissimular o desconforto com uma
situação que lhe é alheia, mas a disciplina pode mais e até faz um esforço para
sorrir. O seu vice desaparece no meio do público.
Leonel Camasão ganha
disparado o primeiro embate. Os alunos, melhor dizendo, as alunas da Sociesc
presentes no auditório, são verdadeiras tietes do candidato. Ao final do debate, muitas delas pedem para ser fotografadas com Leonel Camasão, que é quem se encontra mais à vontade.
Sem a pressão dos demais, a sua atitude contrasta com a dos outros
candidatos. O seu vice se confunde entre a nuvem de fotógrafos do jornal A
Notícia, parece até um deles.
Kennedy Nunes chega
com a segurança de quem está acostumado a atos públicos. De todo modo, aparenta menos segurança que em outras ocasiões. O seu vice circula pouco e
senta rapidamente, rodeado de assessores. Kennedy olha para todos os lados, tenta
sentir o ambiente e identificar melhor que papel interpretar.
Marco Tebaldi chega
rodeado de um grupo de assessores, anda devagar, cumprimenta pouco e não parece
estar muito à vontade. A sensação é que está a contragosto, que preferiria
estar em outro lugar. O seu vice age mais como um convidado do que como alguém que
esta no auditório para somar apoios e buscar votos.
Todos os candidatos
parecem conhecer os resultados da pesquisa que será divulgada no sábado, 1
de setembro, e atuam em consonância. As suas ações e atitudes parecem pautadas
pelos dados das pesquisas próprias ou de terceiros e pelos conselhos dos seus
assessores próximos. O resultado é um ambiente falso, forçado, pouco natural.
Iniciado o debate
propriamente dito, todos parecem nervosos. É verdade que uns menos que os
outros, depende do que tenham a perder. O formato do debate impede qualquer
surpresa, qualquer pergunta mais incisiva e, quando alguém toma a iniciativa de
ousar um pouco mais, as respostas são evasivas e inconclusivas.
De novo Leonel
Camasão ganha o público. A sua juventude e despreocupação com os
votos que possa ganhar ou perder permitem que esteja completamente à vontade. São dele as perguntas e os questionamentos mais interessantes, ainda que a
necessidade de querer marcar uma posição ideológica ou partidária faz que o
interesse do público acabe se perdendo rapidamente. Todos os candidatos utilizaram a técnica malufista de não responder às perguntas formuladas e se dedicar a conversar sobre outros temas. Neste quesito, menção especial para Carlito Merss
Há perguntas mais
incisivas entre Marco Tebaldi e Carlito Merss e entre Kennedy Nunes e Carlito
Merss e/ou vice-versa. Mas não há farpas. Todos se conhecem bem. São pequenos confrontos coreografados, repletos de ironia e de
subentendidos. Em pauta a ampliação da Arena, as contas da Felej, a mobilidade e os problemas da saúde. Os tópicos que
os marqueteiros têm pautado para ser abordados. As perguntas e respostas
parecem um jogo de voleibol estilizado, um jogo entre compadres em que todos
deixam a bola fácil para que o outro a possa devolver.
Não há confrontos
verdadeiros, não há sangue. É um jogo entre colegas, em que quatro dos
candidatos sabem que, de uma forma ou de outra, estarão no segundo turno. Ou como
candidatos ou como aliados de algum candidato. É o momento de preservar futuras
alianças. O PSOL não está nem um pouco preocupado com o segundo turno. Sabe que
nem estará nele, nem o seu apoio será necessário para qualquer candidato. Já
avisa inclusive que não apoiará a nenhum dos outros candidatos.
Acabado o debate, cada
candidato vai ao encontro da sua torcida, para receber elogios e cumprimentos. Tampouco entre as equipes há sinceridade. O auditório, que durante duas horas
concentrou a maior densidade de hipocrisia por metro quadrado da cidade, começa
a ficar vazio.
Leonel Camasão se deixa fotografar rodeado de jovens eleitoras.
Marco Tebaldi tem pressa, parece que acordou de repente e sumiu a sonolência que
aparentou durante todo o debate. Carlito Merss também saiu rapidamente e sabe
que não foi bem. O seu vice permaneceu durante mais tempo, percorrendo cada um
dos grupos, excetuando aqueles claramente identificados com os outros
candidatos. Kennedy Nunes ficou um pouco mais no palco do debate conversando
animadamente. Está satisfeito com o seu desempenho. Udo Dohler é o último a sair. Busca um por um cada um dos possíveis votos.
Já no jardim, uma imagem
espontânea, os alunos de uma sala gritam o nome do Udo e pedem que ele se
aproxime. Entre supresso e feliz se aproxima da janela e cumprimenta e aperta a
mão dos alunos. O fotógrafo não perde a imagem e a oportunidade.