POR JORDI CASTAN
Não há quem possa discordar desta ideia: as cidades e os seus espaços devem ser acessíveis para
todos. Logo, logo haverá alguém dizendo que as cidades têm que ser acessíveis a
todos e a todas e os mais “moderninhos” escreverão que as cidades devem ser acessíveis
a tod@s. E assim estamos.
Duvido que haja um
algoritmo que calcule com precisão quantas vagas devem ser previstas para idosos,
grávidas ou pessoas com necessidades especiais. Um estabelecimento comercial aqui da vila tinha três vagas para clientes: uma para idoso, uma para PNE e
outra para clientes. Que estava ocupada. Fiquei pensando que, aplicando um
algoritmo simples, neste caso 66% das vagas estavam reservadas a minorias e 33% aos demais. Achei o resultado do cálculo estranho.
Nos modernos pontos de ônibus instalados na vila há espaço para que sentar 4 pessoas: 3 num banco de ferro e um espaço reservado especificamente para um cadeirante. Assim, quem projetou os abrigos considerou que 25% dos usuários do sistema de transporte público de Joinville sejam cadeirantes. Ou 1 de cada 4. De novo o resultado desta conta me pareceu estranha. Não consigo, por muitas contas que faça, imaginar onde podem estar todos estes cadeirantes.
Nos modernos pontos de ônibus instalados na vila há espaço para que sentar 4 pessoas: 3 num banco de ferro e um espaço reservado especificamente para um cadeirante. Assim, quem projetou os abrigos considerou que 25% dos usuários do sistema de transporte público de Joinville sejam cadeirantes. Ou 1 de cada 4. De novo o resultado desta conta me pareceu estranha. Não consigo, por muitas contas que faça, imaginar onde podem estar todos estes cadeirantes.
Nos supermercados e
centros comerciais há dezenas de vagas reservadas para idosos, grávidas e PNE
vazias à espera ou dos consumidores que teriam direito a utilizá-las. Ou de
espertalhões que, sem terem o direito, as ocupam ilegal e imoralmente.
Quanto mais presto
atenção a estas coisas, mais tenho a certeza que há um excesso. Um excesso de
protecionismo, um excesso de margem de cálculo e uma falta de dados concretos e
verazes que permitam à nossa legislação ser mais justa e adequada à realidade da nossa sociedade. Sinto que estamos vivendo uma espécie de ditadura
das minorias. Que ser integrante da maioria teria se convertido num pecado grave.
Que a maioria deve ser perseguida e punida por ser maioria. Que
estamos fazendo, em nome da acessibilidade, cidades menos amigáveis para a
maioria.
Não identifico nos países
mais desenvolvidos essa sanha protetora. E o mais interessante é que os vejo as minorias integradas no tecido social e urbano. Cidades acessíveis são acessíveis para
todos. Não vi, em qualquer das grandes cidades ocidentais, toda essa parafernália de
pisos podo tácteis, nem guarda corpos em tudo que degrau. Mas, sim, é comum que
os sinaleiros tenham um aviso sonoro para informar a cegos, que as calçadas estejam
niveladas e ofereçam boa segurança para todos. Aliás, calçadas estas que são construídas
e mantidas pelo município e não pelo proprietário do imóvel, como acontece
aqui. Se o espaço é público deve ser assumido por todos.
Em tempo: não há como
concordar com a gambiarra apressada e medonha aprovada pela Câmara de Vereadores
de Joinville para o estacionamento rotativo. É incompreensível demorar tantos anos para, no final, aprovar
de afogadilho um absurdo destes. Isso só acontece aqui porque o Legislativo se rende
ao Executivo e aprova qualquer projeto que venha do alcaide. Multar com quase
R$ 200 e 4 pontos na carteira quem ultrapasse em 5 minutos o tempo permitido é um
abuso e uma sem-vergonhice. Mas numa cidade de gente acovardada não é novidade.