segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Adensar para segregar?


Curitiba é uma cidade em que o adensamento, ao longo do tempo,
promoveu a segregação.
POR CHARLES HENRIQUE VOOS

As discussões sobre a nova Lei de Ordenamento Territorial (LOT) estão cada vez mais complexas, escondendo em suas minúcias relações que devastarão o espaço urbano de Joinville, ao promover segregação socioespacial e expulsar o pobre para as periferias mais longínquas.

Isto se consolida na atual proposta das faixas viárias, dita (erroneamente) como a melhor solução para o adensamento urbano, pois flexibilizam o uso do solo em 168 ruas da cidade, levando indústrias, comércios, prédios para todas as partes de Joinville. Esta lógica seria a mais correta, se não fosse um detalhe: não há, em nenhum momento, uma ligação entre adensamento e incentivo à construção de moradias de interesse social. É um perigo, pois, recai-se sobre um processo que facilitará as regras para a especulação imobiliária (construindo prédios por toda a cidade) e colocará a qualidade de vida em risco (principalmente com a liberação de indústrias por todos os cantos), sem interligação com qualquer plano de mobilidade. Não esquecendo que, com as faixas viárias, o adensamento proposto segregará a população de baixa renda, pois esta não terá condições de comprar um imóvel nas faixas viárias, sobretudo após a valorização do preço da terra nestas regiões.

Se os mais pobres não possuirão condições de comprar terra em uma faixa viária, e nem há instrumentos para fixação de moradias populares nestas faixas, o que sobra para o cidadão que luta diariamente para sobreviver, sem moradia digna? Ele irá, com certeza, para regiões mais distantes ainda, nos extremos de Joinville, ocupando irregularmente áreas rurais, ou comprando loteamentos baratos e sem infraestrutura, desconexas dos seus afazeres diários, e oriundos do espraiamento urbano criado também pela nova e incoerente LOT.

Sendo assim, o mesmo poder público que quer adensar para poucos, espraia para muitos. Os mesmos que querem levar para perto da população a urbanidade, promovem a segregação.

Adensar a cidade é o melhor caminho, mas não desta forma. Regularizar o IPTU progressivo e delimitar áreas para interesse social na centralidade de Joinville são meios muito mais eficientes, sem segregar os mais pobres, e inserindo a população em uma verdadeira democracia urbana.

28 comentários:

  1. O conceito de especulação imobiliária é outro Charles, construir prédios não é fazer especulação imobiliária. Quem constrói faz parte do mercado imobiliário.

    Na tua visão dos fatos, é como se toda pessoa que investe na bolsa de valores fosse um especulador financeiro.

    Não é assim.

    O especulador imobiliário é aquele que:

    1. Aproveita-se de informação privilegiada para compra e venda de imóveis;

    2. Segura para si o direito de construir quase que eternamente, sobrevalorizando uma determinada área, sem uso ou ocupação, em detrimento de sua função e conotação, em benefício exclusivamente próprio, prejudicando o desenvolvimento social e sustentável da região;

    3. Pressiona o legislador para obter benefícios da lei em causa própria, nos termos dos item 1 e 2 citados anteriormente.

    Este é um especulador Charles.

    Seu texto tá cheio de furos.

    Serve bem para jogar para a plateia e fazer o teu pensamento ressoar.

    Mas em uma discussão técnica razoável, seria combatido facilmente, ponto a ponto.

    NelsonJoi@bol.com.br

    Obs.

    Concordo com qualquer um que defenda a bandeira de melhor discussão e aprimoramento da LOT. Inclusive com o Charles;

    Mas não concordo com tornar a discussão algo pessoal, como alguns estão tratando.

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    1. Usando esses três critérios chegamos à conclusão que em Joinville há, sim, muitos especuladores. Poucos, na verdade, mas que fazem muito barulho e vão ganhar muito dinheiro.

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    2. Isto mesmo Felipe.

      Concordamos.

      Por isso a LOT não deve ser aceita goela abaixo sem muita discussão.

      NelsonJoi@bol.com.br

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    3. Interessante sua posição é contra a posição do Charles, só que define exatamente os que querem aprovar a LOT a todo custo: aqueles que querem a mudança da lei em benefício próprio. Veja só 3 pontos: 1. área de proteção permanente de morros no SÃO MARCOS - querem permitir residências para construir condomínios fechados. 2. Área de Preservação Permanente de Mangue no PARANAGUAMIRIM: querem permitir colocar empresas nesta área que é RURAL. 3. Área Rural de Unidade de Conservação - ARUC da região da CURVA DO ARROZ - querem permitir instalar indústrias nesta área.
      Isso sem falar nas malfadadas FAIXAS VIÁRIAS que inclui até a RUA GUILHERME - que possui o IPÊ florido e lindo que saiu coluna do Saavedra do AN na sexta.
      Coincidência ou não são exatamente os beneficiados que estão pressionando para aprovar a LOT.
      Se isso não for especular, não sei o que é.

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    4. Não disse que sou contra a posição do Charles.

      Sou a favor da posição de discutir a LOT.

      Aceitar um argumento como verdade, só porque ele é contra A ou B não torna nobre ou verdadeiro.

      Quando começa a ficar pessoal, perde a razão, pois a busca do bem comum torna-se apenas um meio, e não um fim.

      NelsonJoi@bol.com.br

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    5. Eu ia chegar nesses pontos, Nelson, mas ser taxado "do contra" nos textos dos blogueiros, às vezes cansa.

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    6. NelsonJlle, eu até admiro a tua boa vontade de discutir, mas não se esquive quando apontamos falhas na tua argumentação. Afinal, é o que tu fez no primeiro comentário. Apontou falhas no texto do Charles, mas não disse quais. Só quis dar uma avacalhada, uma desmoralizada. Esqueceu da falha presente no teu texto, que eu já apontei qual é acima. Não dê uma de João Sem Braço.

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    7. Mais ou menos né felinpinho...

      A principal falha eu citei que foi a incorreta caracterização do especulador imobiliário. Charles estava jogando todos os índios no mesmo caldeirão e de forma equivocada.

      Além do mais, expliquei o conceito de especulador ponto a ponto.

      Apontei a falha principal que é o eixo do argumento do Charles.

      Já a sua tréplica é que foi totalmente desconexa e contraditória:

      "...há, sim, muitos especuladores. Poucos, na verdade, ..."

      Voltando ao texto do Charles, já que o Felipinho precisa de um desenho para compreender, vamos a mais alguns pontos:

      Diz Charles Henrique:

      - "... ao promover segregação socioespacial e expulsar o pobre para as periferias mais longínquas..."

      Sério que vai expulsar o pobre para a periferia mais longínqua? E eu achando que nós já estávamos nela...

      Mais Charles Henrique:

      "...colocará a qualidade de vida em risco (principalmente com a liberação de indústrias por todos os cantos)..."

      Pois é, mas o que o entendido do Charles não cita é que os Zoneamentos vigentes JÁ PERMITEM INDÚSTRIAS EM TODOS OS CANTOS DA CIDADE. Vejam: que os zoneamentos ZR4 (A, B e C), ZCD4, ZCD6, ZPR1, ZPR2, ZI, SE6B, os quais juntos cobrem mais de 60% da cidade, permitem indústrias.

      Eu NÃO ESTOU SENDO A FAVOR DISTO, eu apenas estou RELATANDO UM FATO omitido por aqueles que tanto cobram transparência do outro lado.

      Enquanto não estava os atingindo, tudo bem. Eu sempre morei do lado de uma mega duma fábrica do lado da minha casa e é horrível. Baruylho, poeira, caminhões, carros estacionados por tudo quanto é canto, fora a poluição.

      Foi este o motivo que eu disse que apoio a melhor discussão da LOT pois nos termos que ela está, esta cidade continuará desorganizada.

      Agora não me venha me impor um argumento insensato, desprovido de embasamento que eu não aceito como verdade pronta, ele vindo do Udo ou do Charles.

      E ainda citando Charles:

      "Se os mais pobres não possuirão condições de comprar terra em uma faixa viária, e nem há instrumentos para fixação de moradias populares nestas faixas, o que sobra para o cidadão que luta diariamente para sobreviver, sem moradia digna? Ele irá, com certeza, para regiões mais distantes ainda, nos extremos de Joinville, ocupando irregularmente áreas rurais, ou comprando loteamentos baratos e sem infraestrutura, desconexas dos seus afazeres diários, e oriundos do espraiamento urbano criado também pela nova e incoerente LOT."

      A LOT não fará isso, por que isso já ocorre sem ela, então ela não será a causadora do problema.

      E agora o ponto convergente:

      Charles termina com o que poderia ser todo o texto dele:

      "Adensar a cidade é o melhor caminho, mas não desta forma. Regularizar o IPTU progressivo e delimitar áreas para interesse social na centralidade de Joinville são meios muito mais eficientes, sem segregar os mais pobres, e inserindo a população em uma verdadeira democracia urbana. "

      Certo Felipinho?!

      Ah, Marcos. Não se oponha a criticar o pessoal do Chuva, pois como diz o ditado: Quem está no Chuva é para se molhar e o máximo que vai acontecer é você ter que ler o Felipinho mandar a gente t. n. c.

      Você sabe do que estou falando né?!

      NelsonJoi@bol.com.br

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    8. Nelson,
      seria muito mais honesto que reconhecesse a crítica infundada que fez contra o texto, colocando pontos que são os que justamente vêm acontecendo no processo de tramitação da LOT, e que caracterizam desta forma a especulação que vem ocorrendo patrocinada pelo Executivo e parte do Legislativo. Tudo isto o Charles reforçou, e tu baixa o cacete nele e depois vêm passar a mão na cabeça!

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    9. NelsonJoi, você é tão infantil que ainda chama os outros pelos nomes no diminutivos? Por essas e tantas outras que nem discuto contigo.

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    10. Considero um elogio ser taxado de infantil por Felipe Silveira.

      NelsonJoi@bol.com.br

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    11. Manoel, não consigo ser mais honesto do que quando emito minha opinião a qual pode ser questionada que não vejo problema algum.

      NelsonJoi@bol.com.br

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  2. Meus pais, quando vieram para Joinville em 1982, sofreram com a segregação espacial. Foram morar na zona sul pois não tinham dinheiro para adquirir um terreno já estruturado. Eram, ainda, paranaenses, e desde que chegaram sentiram na pele o descrédito dos joinvilenses - ser de PR era sinônimo de ser discriminado em SC. Adquiriram um terreno distante, longe de tudo, em local sem esgoto, sem asfalto (até hoje não tem...) e tendo de drenar o próprio terreno (um banhado só...). Hoje, porém, a região é outra, melhor estruturada e afins. Mas há lugares nessa cidade em que hoje, 31 anos depois, nada mudou. Eu não gostaria nem um pouco de morar ao lado de um empresa barulhenta e poluidora, e imagino que ninguém queira isso em Joinville. Só que falta a nós, povo, a mobilização: quem diz que nos representa não o faz - só garante a manutenção do poder nas mãos de alguns dessa cidade. Uma pena que Joinville, pacata que sempre foi e acolhedora por conta disso, está caminhando para tornar-se uma área urbana caótica e desagradável ao seu morador - ainda que atraente à quem quer fazer fortuna.

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  3. O que Nélson menciona está correto. Entende-se a angústia da palavras do autor, mas não se entendem as palavras. Por conta do processo de rejeição continuada o Voss é contra tudo e todos. Contra rico, contra quem mora no centro, contra quem tem empresa, com quem anda de automóvel. Isso se trata com psiquiatria e se cura com análise.

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    1. "Por conta do processo de rejeição continuada..."

      hahahahahahahaha

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    2. Excelente! hahahahahahahahahahaha

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    3. Só pode ser problema com a família.

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  4. Mas pobre vai sempre morar na periferia. Isso é assim no mundo todo....De certo os Hansen vão morar no Jardim paraíso e os favelados vão morar no Atiradores???? Vcs. tão fumando bosta???

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    1. Comente sobre o condomínio existente no Joinville Country Club e a ART que querem implantar na Estrada da Ilha.

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    2. ART ESTRADA DA ILHA ...AQUILO ALI AINDA É RURAL? NÃO ACREDITO...SÓ NO PAPEL NÉ

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    3. Anônimo 13:33, por incrível que pareça, e contra os seus interesses, a Estrada da Ilha é sim rural em sua maior parte, tirando as extremidades. O fato de ter ocupações que descaracterizam o rural nas margens dela não descaracterizam o todo. Se vc tiver o trabalhão de visualizar a região em qualquer programa de imagens de satélite (como o Google Earth ou o SIMGEO da prefeitura) vai observar a imensa bobagem que escreveu. A menos, é claro, que o seu interesse especulativo seja maior que a sua razão.

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    4. ainda bem que o Google Earth ou o SIMGEO da prefeitura, não mostra o transito no horarios das 6:00 as 8:00, por que dai perco a razão mesmo....

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    5. Rural tirando as extremidades ...vai entender....é cada figura.

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    6. o fato de ser uma via de ligação, já que as outras estão entupidas, não reforçam a sua tese especulativa....

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  5. “...os mais pobres não possuirão condições de comprar terra em uma faixa viária...”

    Essa frase é a cereja do bolo.

    Era uma vez um pobre que não conseguia comprar um terreno num importante entroncamento viário da cidade...

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  6. O que o Charles falou tem muito de verdade sim. O município de Joinville não faz mais loteamentos populares como fazia há 15 anos atrás por que? Por que mesmo para o poder público e para finalidade social o preço do solo urbano é muito caro, fica inviável comprar áreas (ainda mais com restrições ambientais, etc.), colocar infra-estrutura e repassar isto para as famílias de baixa renda. Acredito que a saída em alguns casos seriam conjuntos verticais de baixo gabarito e com boas áreas de lazer e verdes, claro que não em banhados e sem infra-estrutura alguma como os trentinos da vida. Mas as faixas viárias do jeito que estão sendo propostas vão ser sim excludentes, assim como o grande conflito urbano em termos sociais e ambiental para as próximas décadas.
    As ARTs então nem se fala, é pura especulação sem justificativa alguma de serem criadas. Se querem industrias, temos pelo menos 30 km de rodovia federal cortando o município com uma faixa de 500 metros para cada lado para este fim.

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    1. Ninguém discordou do Charles.

      As críticas, em nenhum momento, foram ao propósito do texto dele.

      O que acontece é que na ânsia de externar seu descontentamento com a proposta da LOT, inclusive insinuando que ela foi criada de forma promíscua, ele criou um texto baseado em dados incompletos, desconexos e ambíguos.

      Tanto que no primeiro comentário citei uma caracterização mais razoável para o dito especulador imobiliário, coisa que, lendo o post, estava muito generalizado.

      NelsonJoi@bol.com.br

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  7. o adensamento previsto em Joinville inclui INDÚSTRIA no uso misto?????

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