POR JORDI CASTAN
É um vai e volta. O tema da licitação do
transporte coletivo em Joinville acaba por vir sempre à tona. Não sai nunca de
pauta, porque é um tema em que o poder público optou pela conveniente
procrastinação.
Quem é o maior beneficiado – ou beneficiados
– com a prorrogação da situação atual? Esta é uma pergunta que tem muitas
respostas. A única resposta que não encaixa é esta: o que o usuário do
transporte coletivo ganha com a postergação da licitação?
Que não haja um amplo debate com a sociedade
sobre o modelo a ser implantado em Joinville, ou que depois de anos de estudos
o que se proponha seja mais do mesmo, é uma prova que falta capacidade para ir
além do trivial. A demora é provocada mais pelo esforço em manter a situação
atual e menos pelo fato de que se possa estar elaborando uma proposta moderna,
avançada e melhor que a atual.
Alguns dos pontos que têm vazado, de forma
pontual e parcial, devem servir para iniciar o debate, que este post relançar.
O primeiro ponto é que as atuais permissionarias têm direito a um passivo
econômico significativo por conta das vezes que os prefeitos de plantão fizeram
politicagem com o preço da passagem. Seja concedendo aumentos abaixo do cálculo
da planilha, seja postergando aumentos que, se concedidos, poderiam se converter
em argumento dos oponentes durante a campanha eleitoral. Essa situação cria uma
vantagem significativa para as atuais operadoras do sistema.
Outro ponto a ser destacado é a contratação
por parte da Prefeitura Municipal de uma empresa de consultoria especializada,
para auxiliar na elaboração do modelo de licitação. Não haveria problema se,
pasmem, a consultoria fosse a mesma que presta serviços para as empresas Gidion
e Transtusa. Uma situação no mínimo estranha. Pode ser que haja poucas empresas
de consultoria nessa área, mas a situação e no mínimo estranha.
Também o tema do número de empresas que
operarão o sistema vem com frequência à tona. Neste quesito, chama a atenção
gente que, com pose de esclarecido, defenda a teoria que a participação de um maior
número de empresas reduzira a tarifa. Defendem os que acreditam nessa falácia
que mais empresas operando sistema, haverá una tendência baixar o preço da
passagem.
Alguns pontos são evidentes. A falta de
noções elementares de como funciona o serviço público, o desconhecimento de
economia básica e a dificuldade de lidar com preços diferentes para o mesmo
serviço. Como se fosse possível que cada empresa praticasse uma tarifa
diferente ou dizer agora que o preço atual esta muito alto e deveria baixar. Se
o preço atual estivesse alto, os prefeitos anteriores não precisariam aumentar
tanto a tarifa e tampouco haveria um passivo acumulado.
Se ao longo do tempo a tarifa tem aumentado
muito acima da inflação, e o poder público tem concedido os aumentos solicitados
(depois de fazer um pequeno jogo de cena para iludir a patuleia) é evidente que
o nosso sistema é cada vez mais caro e menos eficiente. Não há nenhuma
sinalização no sentido de reduzir o custo pela melhoria da eficiência.
Um bom
exemplo disso é a passagem única que encarece de forma brutal os percorridos
curtos e subvenciona os trajetos mais longos. Contribuindo a uma cidade mais
espalhada e menos eficiente. Se a passagem entre o Terminal Central (um
anacronismo) e a estação da memória custa o mesmo valor, uma viagem entre o Rio
Bonito e o Catarinão é evidente que há um desajuste, em quanto um é muito caro
o outro esta subvencionado.
Também o número e a proximidade dos pontos
de ônibus, contribuem para um sistema menos eficiente. Os especialistas asseguram
que o para e arranca consome muito combustível, pneu e aumenta o tempo de
viagem e cria mais desconforto para passageiros.
Como último ponto, deste que pretende ser o
início de um debate, trago a falta de propostas concretas sobre o modelo de
transporte coletivo que fica firmemente ancorado no passado, baseado na matriz
dos combustíveis fósseis. Em que o pneu o petróleo são o modelo e não há espaço
previsto para que a fantasiosa Joinville do milhão de habitantes nos próximos
30 anos projete um sistema de transporte coletivo diferente do atual ancorado
firmemente no século passado.
na verdade não se pensa em alternativas, e quando são citadas soam mais como exagero. Precisamos de alternativas reais, e precisam ser pensadas agora, pois com o atual crescimento da frota joinvilense, logo teremos um caos total.
ResponderExcluirPrecisamos pensar em VLTs, metro de superfície, e mais corredores de ônibus.
Mas assim como falou o Charles em seu último post a bicicleta tem que ser vista e a LOT precisa pensar muito na circulação na nossa cidade.
Troco corredores de ônibus por ciclovias.
ExcluirJá basta aquela faixa para ônibus na Beira-rio, quase que inutilizada, só para dizer que tem.
Faixa de ônibus só funciona se os semáforos forem capazes de reconhecer a aproximação do ônibus junto ao semáforo para dar prioridade a eles.
ResponderExcluirPois se o ônibus precisar parar em cada um dos 17 semáforos existentes entre o terminal norte e o do centro, nunca conseguirá baixar o tempo de percurso suficientemente para atrair mais usuários.
Concordo plenamente em fechar a maioria da ruas do centro para automóveis, tirar vagas de estacionamento, alargarem calçadas, e implantarem ciclovias e corredores.
ResponderExcluirEu também, mas combina com os prefeitos tá?!
ExcluirSe não vem o Tebas e abre o calçadão.
Lembra?!