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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Eleições 2016 em Joinville


POR VANDERSON SOARES

Publiquei um texto alguns dias atrás, no qual eu fazia uma rápida análise sobre os protagonistas que farão parte do jogo político de ano que vem, para a Prefeitura de Joinville (ler aqui).

Fui questionado, por vários representantes dos movimentos de esquerda sobre a ausência destes em minha breve e leiga análise. Achei justa a “reclamação” e vou falar abaixo dos dois principais representantes da esquerda: PT e PSOL. Outrossim, quero fazer uma retificação de uma análise que, à data do primeiro texto, fugiu-me da lembrança.

O PT, se é que podemos chamá-lo de esquerda ainda, tem como principal pré-candidato a prefeito o nosso velho conhecido Carlito Merss. Carlito pode até se candidatar, mas o objetivo não será ser eleito. Será reciclar a sua imagem, que hoje encontra-se apagada, para futuros pleitos.

Na minha concepção, o maior erro político de Carlito foi se enveredar pelo Poder Executivo. Ele é ótimo legislador, tem perfil e competência para isso, mas não para o executivo. Mostrou pouco traquejo na condução dos trabalhos, nas articulações na Câmara, enfim, não mostrou-se um bom executor. Soma-se a essa falta de habilidade executiva as más escolhas na sua assessoria e deu no que deu.

Não creio que o PT, atualmente, continue firme com seus propósitos como esteve outrora. Adilson Mariano, vereador que está a sair do partido diz que “o PT não representa mais o trabalhador”. E eu concordo com o vereador.

O PSOL, a meu ver, é um dos mais fiéis ao que defende e o mais coerente com suas atitudes e palavras. O nome que vem ganhando relevo em Joinville neste partido é o jovem Leonel Camasão, cara gente boa, simples, e que ainda não tem os vícios nefastos da política. Embora não seja dele o meu voto, por motivos de ideologia, torço para que pessoas como ele cresçam na política e se mantenham leais às ideias que defendem quando em campanha. Sobre ele, ainda, devo comentar que me parece que ele e sua família sofreram decepções recentes no partido, gente em quem confiavam, ao que tudo indica, viraram as costas. Esta percepção se dá devido à algumas publicações no Facebook.

A correção que gostaria de fazer é sobre o PSDB. Comentei, no primeiro texto, que acreditava que se montaria todo o espetáculo a dizer que Ivandro de Souza seria o candidato, mas que no frigir dos ovos, Tebaldi seria o verdadeiro candidato. Pois, esqueci-me de um fato ao conceber o texto. Não é segredo que o Senador Paulo Bauer está reabrindo um escritório regional aqui em Joinville. A intenção, como pode-se deduzir, é adentrar politicamente na cidade.

Muito embora tenha de “pedir” o apoio de Tebaldi, creio que ele deverá pôr muito medo nos demais candidatos. É um nome forte. E quando falo em pedir apoio, penso que é impossível não pedir “benção” ao maior líder do partido em Joinville tendo a intenção de vir montar seu nome aqui.

Ainda, parece-me que, mesmo Udo tendo intenção de ser reeleito, o partido o abandonará para que ele possa morrer politicamente. Era o desejo de LHS, segundo alguns, pois Udo virou as costas ao padrinho após se eleger, demitindo alguns apadrinhados do falecido senador.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Os fatores que levaram à vitoria de Udo

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

A vitória de Udo Dohler era pouco esperada, da mesma forma que a sua candidatura, um puro boato para muitos. Os meses foram passando, e seu nome conseguiu unir um partido que há anos estava rachado. O PMDB de Joinville não encontrava um norte desde que LHS saiu da Prefeitura e foi para o Palácio d'Agronômica. Esta foi a grande vitória de Udo, pois, sem isso, não seria eleito.

Conseguiu o apoio de um partido médio da cidade (o PDT) e alguns outros, formando uma coligação modesta, longe daquelas montadas por LHS nos anos 90. Mas, com um PMDB fortalecido como há tempos não se via. A campanha começou com Udo em quarto lugar, atrás mesmo de Carlito Merss e sua péssima gestão. Com uma chapa de vereadores consistente (a qual acabou elegendo quatro pessoas) e uma propaganda eleitoral diferenciada, mostrando propostas enquanto os outros se criticavam, subiu nos índices de uma hora para a outra, passando Carlito e assustando Clarikennedy e Tebaldi, os líderes intocáveis até então.

Com os ataques diretos a Tebaldi por parte dos adversários, Udo subiu e se consolidou como a segunda força ao fim do primeiro turno. E de fato era, junto com Clarikennedy, a candidatura que mais tinha vontade de chegar ao cargo de Prefeito. Tebaldi estava sonolento e Carlito apanhava nas cordas. Leonel era a surpresa, mas não encorpou a ponto de chegar.

Udo conseguiu não cair na armadilha de revidar os ataques, principalmente aqueles que surgiram após a sua ascensão (o vídeo da mulher "amarrada" vai ficar para a história). Ao não dar mídia para seus ataques, respondendo-as, sua candidatura se consolidou como um nome que estaria no segundo turno, pois continuou mostrando propostas, e apenas isto. 

O segundo turno mostrou a inversão de estratégia do empresário, atacando diretamente o seu opositor. E foi aí que Clarikennedy perdeu. Não foi nem no aceite dos apoios de Tebaldi e Carlito. O revide aos ataques prejudicou muito a sua imagem perante o eleitorado. E essa era a única arma que restou ao Udo e a sua competente equipe (ter uma campanha rica ajuda nessas horas...), revirando todo o passado documentado da vida do deputado, e espalhando através de sua militância. Como uma bola de neve, atingiu grande parte do eleitorado. Mais uma vez, o PMDB unido fez a diferença.

Como uma boa parcela do eleitorado de Clarikennedy ainda não estava decidida sobre o seu voto (aí que se encontra o grande erro dos institutos de pesquisa, pois estes não acompanham a maleabilidade do comportamento eleitoral das pessoas), e acabou invertendo sua intenção após o revide dos ataques, e da proliferação de todo o passado revirado. Udo pode não ter sido o candidato mais coerente, e com fatos estranhos (como o da renúncia de seu salário dias antes da votação) mas sabia que o pessedista iria cair na armadilha e "dar ibope" aos ataques, evidenciando-os. O feitiço persuasivo do deputado virou contra o feiticeiro, pois não conseguiu sustentar o seu discurso incoerente demonstrado através dos ataques.

O empresário Udo, um intruso no rachado ninho peemedebista, que falava com sotaque carregado, incomodado perante os belos discursos dos adversários nos debates (muitos deles desnecessários, tema para um post futuro), representante durante anos dos empresários, indicação do coronel urbano LHS, desconhecido do povão e sem apoios substanciais no segundo turno acabou levando. O seu sucesso deve-se muito também aos erros dos outros. Carlito teve tudo na mão para se reeleger, mas não soube aproveitar. Já Tebaldi sucumbiu após anos desastrosos.

Aos aliados, cabe agora a realização de uma ótima gestão, sempre visando o melhor para a cidade. Aos adversários (principalmente Tebaldi e Carlito) é hora de repensar as atitudes E AS PESSOAS QUE OS CERCAM. Caso contrário, não terão sucesso em 2014. A cidade de Joinville tem um novo Prefeito (o primeiro nascido em Joinville desde Rolf Colin), eleito em uma campanha que entrará para a historia, duplamente: pelo baixo nível dos debates e ataques e também pela virada histórica de Udo Dohler. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O superclari

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Se tem um fato que chama a atenção nestas eleições, tirando a falta de propostas, é a manutenção de Clarikennedy Nunes no topo das pesquisas, desde quando seu nome aparecia como uma candidatura consolidada. A esta manutenção podemos atribuir valores "especiais" (ou seriam divinos?) a ponto de termos o surgimento de um Superclari, comparado aos mais diversos superherois dos quadrinhos.

Além de não ter um partido encorpado (o PSD é uma aberração filosófica que abrigou vários políticos descontentes em seus partidos de origem, os quais acharam uma brecha legal para trocarem de partido sem perderem os seus mandatos), o deputado-candidato encontra poucos apoiadores, principalmente se levarmos em conta os principais nomes do partido.

Ou alguém acha que Odir Nunes pede voto para o Clari? Darci de Matos? E o governador Raimundo Colombo? Este último está torcendo para dar Udo... alguém duvida? É também um dos candidatos que menos tem tempo de TV (ganha apenas para Leonel Camasão).

Estes números sólidos de Clarikennedy não se devem a suas propostas (péssimas, por sinal), mas sim ao seu trabalho de "formiguinha" em seu principal reduto eleitoral: a igreja Assembléia de Deus. Com o mandato de deputado na mão, ele tem como organizar e participar de "seminários de liderança", os quais espalham suas ideias em típicas ações de pré-campanha. Portanto, cria uma sólida base de eleitores fiéis (em todos os sentidos), formatando os seus votos intransferíveis, seja qual proposta for. O que importa é o Superclari.

Entretanto, o que assusta o pessoal do 55 é a estagnação. Por mais que esteja sempre no topo das intenções de voto, com um nível de rejeição baixo, os seus índices são praticamente os mesmos há muito tempo, com a campanha na rua e tudo. É só lembrarmos que, nas últimas eleições, candidatos estagnados não alcançam sucesso nas urnas e sempre perdem espaço para as candidaturas crescentes. Será que a Kryptonita do Superclari é a estagnação? Dia 7 de outubro teremos a resposta...

domingo, 9 de setembro de 2012

Gebaili, João Francisco e as baratas à solta

POR GUILHERME GASSENFERTH



Como os habituées do Chuva Ácida são esclarecidos e inteligentes, talvez seria desnecessário explicitar os fatos que fizeram originar este texto, mas dou-me o direito. Na semana passada, o editor-chefe do Jornal da Cidade (esforcei-me para manter as maiúsculas no nome), João Francisco da Silva, homem esclarecido, letrado, vivido e experiente, cometeu o que deve ter sido o mais lamentável equívoco de seus quatro decênios a serviço da pena jornalística. Referiu-se ao beijo gay veiculado na propaganda do candidato a prefeito de Joinville pelo PSOL, Leonel Camasão, com as seguintes palavras: “Nojento aquele beijo gay exibido no programa eleitoral do Leonel Camasão, do PSOL. Tão asqueroso quanto alguém defecar em público ou assoar o nariz à mesa”. Ele prossegue, mas eu vou lhes poupar.

Eu não escreveria a respeito. Aliás, eu havia prometido a mim mesmo não escrever mais sobre temas polêmicos no blog, mas aí o caso tomou uma proporção que me forçou a emitir opinião – na condição não apenas de gay, mas de defensor dos direitos humanos, de cidadão antenado e de joinvilense envergonhado.

Para ser sincero, eu preferiria ver alguém defecando em público, ou ainda mesmo que alguém assoasse o nariz nas minhas próprias vestes do que ter lido o que li – proferido por alguém que até ali admirara. Embora eu seja absolutamente favorável à veiculação do beijo gay – não só na campanha, mas sempre que se quiser retratar o assunto – não é sobre isso que escreverei.

A infeliz declaração do João Francisco ecoou na sociedade joinvilense e, como um sonar, fez detectar três tipos de pessoas – indiferentes, reacionários e revoltados com a declaração. Aos primeiros, meu lamento. Disse Weber: “neutro é quem já se decidiu pelo mais forte”. Aos segundos, meu desprezo. Um ósculo de Judas a vocês. E aos terceiros, minha admiração, solidariedade e apoio. Estes revoltados fizeram um estardalhaço que retumbou em âmbitos maiores que nosso feudo de vinte e cinco léguas quadradas e ganhou o país. João Francisco e o Jornal da Cidade (já falei algo das maiúsculas?) ganharam manchetes em rede nacional, que produziram vergonha alheia nos joinvilenses mais esclarecidos. Até mesmo o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), eleito segundo melhor congressista brasileiro, pronunciou-se a respeito, repudiando a forma com que o João Francisco falou e classificando a atitude do Leonel Camasão como “pedagógica”. Concordo.

Até o momento acima, eu havia ficado tão inerte quanto o são os sete neurônios da cabeça do Gebaili.  Mas aí li na quarta-feira a versão do Jornal da Cidade disponibilizada na internet e quedou impossível a minha ausência de manifestação, tendo a oportunidade de escrever às sextas aqui no blog.

O João Francisco não arredou de sua avaliação rasa e fétida qual as águas do Cachoeira em maré baixa e reiterou sua permanência na caverna de Platão, mantendo as palavras de sua missiva embotada de opinião jurássica. Ele diz ter confrontado “generais, juízes e delegados de polícia”, mas claramente faltou o embate com a razoabilidade e a inteligência. Porém ainda vejo esperança em dias melhores e na sua redenção. O homem deve ter tomado um vinho tão ruim que lhe azedou as ideias.

Já o Antonio Alberto Gouveia Gebaili (chamá-lo de Beto poderia denotar uma eventual intimidade, cuja inexistência me é grata) escreveu um “amontoado de palavras” que ganhou minha atenção pela estultice e admirável falta de senso de autocrítica e amor à honra. Que ele é parvo e oco, toda a cidade já sabia. Mas é como disse uma amiga, o “amontoado de palavras” serviu para nos apercebermos de seu único talento: a incrível capacidade de proferir tantas sandices por lauda. As palavras, pobrezinhas, deveriam ter o direito de se recusarem a trabalhar para alguns.

É importante advertir que este texto não é direcionado ao Gebaili. Não tenho a pretensão de atirar pérolas ao porco, nem de semear entre os espinhos da imbecilidade. Tampouco eu gostaria de gastar palavras com alguém que não tem capacidade para compreendê-las. E ainda, como disse outro amigo, eu não falo a língua das antas para comunicar-me adequadamente com o virtual receptor da mensagem. Mas julguei importante colocar opinião neste caso que acabou por reverberar pela sociedade.

Não quero fazer juízo da opinião de Gebaili sobre a causa LGBT ou das suas bobagens travestidas de falsificada honradez porque não vale a energia gasta. Mas a falta de ética e decoro humano é flagrante quando Gebaili refere-se à relação de uma comunicadora da cidade com seu pai. Vomita indignidade ao escrever: “permite que seu pai enfrente muitas necessidades financeiras, o fazendo passar por grandes humilhações na nossa sociedade!!! Alguém, que um dia retirou esta pobre figura de um cesto de vime que se encontrava no canto de uma creche, e que ninguém queria!!!”. É a coisa mais repugnante que já li na história da comunicação  joinvilense. O tipo de argumentação baixa que ele usa evidencia que a única coisa que o distingue dos demais animais irracionais é o polegar opositor à mão, que infelizmente lhe deu a capacidade de pinça que lhe permite segurar uma caneta. O processo de erosão moral e intelectual que se inicia no cérebro parece ser irreversível e impiedosamente degenerativo.

João Francisco e demais reacionários: ninguém quis retirar de vocês o direito de julgar e até mesmo de manifestar-se contra a exibição do beijo gay. Aliás, nós, ativistas LGBT, consideramos este debate importante e até entendemos a importância de haver um contraponto às ideias por nós defendidas. O grande deslize foi a forma como foi feito.

Eu, que evidentemente já beijei alguns homens, o fiz com tanto amor e afeto como os heterossexuais o fazem. Para mim, é um belo gesto de humanidade e carinho. Felizmente, nunca vi nenhuma manifestação contrária à exibição de um beijo heterossexual que seja tão inocente quanto o veiculado pelo PSOL. Dizer que o ato que eu pratico é tão asqueroso quanto defecar em público ou assoar o nariz à mesa é ultrajante, João. É um comentário carregado de visível preconceito e de nociva discriminação. 

Você poderia tê-lo feito de forma totalmente respeitosa e condizente com sua biografia, mas num ato impensado – quero crer – preferiu trilhar a senda ímpia do extremismo.

Para finalizar, não posso deixar de enxergar um lado positivo em toda esta história. Além da muito válida contribuição a este debate trazida pelo candidato Leonel Camasão, a reação que ultimamente se vê no Brasil quando o assunto é direitos LGBT já era por alguns esperada. Estamos conquistando direitos (não queremos ser melhores ou maiores, apenas iguais). Já podemos ter união civil estável, adotar, incluir parceiros(as) na previdência e nos planos de saúde. Políticas antidiscriminatórias espalham-se pelo país todo. Como está escrito na foto que bati em minha viagem a Buenos Aires e escolhi para iniciar esta postagem, “direitos não se pedem, se tomam”. E não sem sangue, suor e lágrimas.

Quando é preciso purificar, limpar, dedetizar, joga-se inseticida em um ninho de insetos. Para as ideias dos conservadores, agrupados em ninhos, os direitos gays são como o inseticida. Com o advento das conquistas da tolerância, é natural que as baratas estejam à solta, voando e dando rasantes. Mas logo o veneno fará efeito e elas vão morrer.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

As polêmicas pesquisas e o início da guerra eleitoral

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Pode parecer estranho, mas até agora não tivemos campanha eleitoral em Joinville, exceto pela movimentação frenética dos candidatos a vereador. Acompanhamos até então, por parte dos candidatos a Prefeito, ações ensaísticas sobre o que começa agora, de fato, após as pesquisas eleitorais divulgadas nos últimos dias, as quais mostram uma evolução de Udo, uma estabilização negativa para Carlito e positiva para Clarikennedy e Leonel, e a cachoeira de Tebaldi.

A campanha eleitoral na TV, por mais que não defina o voto, faz as pessoas discutirem sobre quem votar. As informações circulam, geralmente rebatendo no líder das pesquisas, ou no candidato com maior rejeição. No caso joinvilense, Tebaldi e Carlito, respectivamente. Após algumas semanas de informações circulando, três pesquisas aparecem, com dados totalmente distintos entre si. A mais distante das outras é a pesquisa da RBS/Ibope, a qual mostra Udo na frente, algo inédito até então. Vale lembrar que os quatro pontos percentuais praticamente empatam Udo, Tebaldi e Clarikennedy, e, ainda: a pesquisa foi realizada dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro. Ou seja, em um final de semana, e isso influencia muito no perfil dos entrevistados que responderão à pesquisa. O perfil de pessoas que circulam pela cidade varia, de acordo com o dia da semana. Para quem tiver dúvida, a pesquisa Origem-Destino 2010 mostra bem esta realidade. Só um exemplo: aos domingos, os mais pobres e mais velhos costumam ficar em casa, e este pequeno detalhe pode interferir em uma pesquisa...

E será que o crescimento de Udo é o motivo da Gazeta de Joinville não divulgar uma pesquisa, de sua encomenda, e que foi registrada no TRE dia 23 de agosto?

Independente dos números precisos da pesquisa A, ou da pesquisa B (os assessores sempre vão acreditar naquela que dá a vantagem para o seu candidato), a questão é que temos três fatos novos:

  1. Tebaldi em queda livre;
  2. Clarikennedy chegou ao teto, pois em nenhuma pesquisa passa dos 25%;
  3. Udo cresce em todas as pesquisas.
Antes da divulgação destas pesquisas, todos os candidatos estavam acomodados e apenas fazendo indiretas, nos debates, e nos seus respectivos programas. O alvo principal era Tebaldi, invertendo agora todas as atenções para Udo Dohler. Posso estar errado, mas quem menos irá "bater" em Udo será o PT (o PT precisa olhar para si antes de bater em alguém, além de ver em Udo um histórico - e potencial - aliado). Um dos outros candidatos já está usando a questão de racismo para dar suas indiretas. A guerra está lançada, finalmente! Não se espantem se aquela história das costureiras acorrentadas aparecer por aí! Se até jornalista abobado falou de beijo entre dois homens na campanha do Leonel... não duvido de mais nada!

Nem tudo é maravilhas para os lados da Rua Alexandre Schlemm. A campanha estava sendo montada para chegar ao segundo turno, raspando na trave. Ninguém esperava o crescimento nesta fase da campanha. A prova disso é que toda a estratégia de Udo foi montada em cima de suas propostas, sem se preocupar com com os tiros apontados para Tebaldi e Carlito (o Clarikennedy não esquece Carlito em nenhum de seus programas). Agora que a situação mudou, será que a estratégia adotada por Udo será a mesma? Como irá se defender dos ataques? Tem pique para aguentar o crescimento? 

Estas e outras questões só o tempo vai responder, entretanto, os fatos novos mudam a direção do arsenal bélico de quem precisa de guerra para se manter bem nos índices. O circo finalmente vai pegar fogo, finalmente!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Muita hipocrisia por metro quadrado


POR JORDI CASTAN

Na sexta feira passada, participei como espectador do debate promovido pelo jornal A Notícia, em parceria com a TV COM/SC e a Sociesc.


Auditório lotado, o primeiro a chegar foi Carlito Merss. Na sequência Udo Dohler, Leonel Camasão, Marco Tebaldi e Kennedy Nunes, todos quase ao mesmo tempo. Cada um dos candidatos acompanhado do seu grupo de assessores e alguns candidatos a vereador, mas poucos.

Cumprimentos formais, em alguns casos destilando hipocrisia, mas de forma sutil, imperceptível para o espectador menos atento. A certa distância, a imagem parece o encontro de um grupo de ex-alunos ou de velhos conhecidos.

Carlito transpira nervosismo e, no seu caso, é perceptível o desconforto. Nada parece estar funcionando como estava previsto. Pode ter havido excesso de otimismo ou amadorismo, mas é evidente que o clima e o ambiente não lhe são propícios. O seu vice chega um pouco mais tarde que os demais, mas dentro do horário previsto. Voltolini esta à vontade, age quase como se ele próprio fosse um dos candidatos.

Udo Dohler busca com o olhar com quem conversar, busca eleitores. Aluno aplicado, se esforça em fazer tudo o que tem aprendido. Não consegue dissimular o desconforto com uma situação que lhe é alheia, mas a disciplina pode mais e até faz um esforço para sorrir. O seu vice desaparece no meio do público.

Leonel Camasão ganha disparado o primeiro embate. Os alunos, melhor dizendo, as alunas da Sociesc presentes no auditório, são verdadeiras tietes do candidato. Ao final do debate, muitas delas pedem para ser fotografadas com Leonel Camasão, que é  quem se encontra mais à vontade. Sem a pressão dos demais, a sua atitude contrasta com a dos outros candidatos. O seu vice se confunde entre a nuvem de fotógrafos do jornal A Notícia, parece até um deles.

Kennedy Nunes chega com a segurança de quem está acostumado a atos públicos. De todo modo, aparenta menos segurança que em outras ocasiões. O seu vice circula pouco e senta rapidamente, rodeado de assessores. Kennedy olha para todos os lados, tenta sentir o ambiente e identificar melhor que papel interpretar.

Marco Tebaldi chega rodeado de um grupo de assessores, anda devagar, cumprimenta pouco e não parece estar muito à vontade. A sensação é que está a contragosto, que preferiria estar em outro lugar. O seu vice age mais como um convidado do que como alguém que esta no auditório para somar apoios e buscar votos.

Todos os candidatos parecem conhecer os resultados da pesquisa que será divulgada no sábado, 1 de setembro, e atuam em consonância. As suas ações e atitudes parecem pautadas pelos dados das pesquisas próprias ou de terceiros e pelos conselhos dos seus assessores próximos. O resultado é um ambiente falso, forçado, pouco natural.

Iniciado o debate propriamente dito, todos parecem nervosos. É verdade que uns menos que os outros, depende do que tenham a perder. O formato do debate impede qualquer surpresa, qualquer pergunta mais incisiva e, quando alguém toma a iniciativa de ousar um pouco mais, as respostas são evasivas e inconclusivas.

De novo Leonel Camasão ganha o público. A sua juventude e despreocupação com os votos que possa ganhar ou perder permitem que esteja completamente à vontade. São dele as perguntas e os questionamentos mais interessantes, ainda que a necessidade de querer marcar uma posição ideológica ou partidária faz que o interesse do público acabe se perdendo rapidamente. Todos os candidatos utilizaram a técnica malufista de não responder às perguntas formuladas e se dedicar a conversar sobre outros temas. Neste quesito, menção especial para Carlito Merss

Há perguntas mais incisivas entre Marco Tebaldi e Carlito Merss e entre Kennedy Nunes e Carlito Merss e/ou vice-versa. Mas não há farpas. Todos se conhecem bem. São pequenos confrontos coreografados, repletos de ironia e de subentendidos. Em pauta a ampliação da Arena, as contas da Felej, a mobilidade e os problemas da saúde. Os tópicos que os marqueteiros têm pautado para ser abordados. As perguntas e respostas parecem um jogo de voleibol estilizado, um jogo entre compadres em que todos deixam a bola fácil para que o outro a possa devolver.

Não há confrontos verdadeiros, não há sangue. É um jogo entre colegas, em que quatro dos candidatos sabem que, de uma forma ou de outra, estarão no segundo turno. Ou como candidatos ou como aliados de algum candidato. É o momento de preservar futuras alianças. O PSOL não está nem um pouco preocupado com o segundo turno. Sabe que nem estará nele, nem o seu apoio será necessário para qualquer candidato. Já avisa inclusive que não apoiará a nenhum dos outros candidatos.

Acabado o debate, cada candidato vai ao encontro da sua torcida, para receber elogios e cumprimentos. Tampouco entre as equipes há sinceridade. O auditório, que durante duas horas concentrou a maior densidade de hipocrisia por metro quadrado da cidade, começa a ficar vazio. 

Leonel Camasão se deixa fotografar rodeado de jovens eleitoras. Marco Tebaldi tem pressa, parece que acordou de repente e sumiu a sonolência que aparentou durante todo o debate. Carlito Merss também saiu rapidamente e sabe que não foi bem. O seu vice permaneceu durante mais tempo, percorrendo cada um dos grupos, excetuando aqueles claramente identificados com os outros candidatos. Kennedy Nunes ficou um pouco mais no palco do debate conversando animadamente. Está satisfeito com o seu desempenho. Udo Dohler é o último a sair. Busca um por um cada um dos possíveis votos.

Já no jardim, uma imagem espontânea, os alunos de uma sala gritam o nome do Udo e pedem que ele se aproxime. Entre supresso e feliz se aproxima da janela e cumprimenta e aperta a mão dos alunos. O fotógrafo não perde a imagem e a oportunidade.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Planejamento urbano não é a mesma coisa que mobilidade urbana, senhores candidatos!

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

A campanha eleitoral já está chegando a sua reta final (pelo menos neste primeiro turno), e as propostas dos candidatos a Prefeito são evidentes. Ao analisar a proposta dos cinco postulantes ao executivo, percebi algo preocupante: muitos deles confundem planejamento urbano com mobilidade urbana.

Sempre vale lembrar que o planejamento urbano é a visão estratégica sobre todos os elementos que compõem a vida urbana, os quais, organizados através de legislação específica (Plano Diretor e outros instrumentos urbanísticos), irão ditar o ritmo da organização da cidade de Joinville. A mobilidade urbana é apenas um item, assim como os cuidados com o meio ambiente, integração com os municípios vizinhos, etc. Um exemplo: 2013 é um ano de revisão do Plano Diretor e nenhum candidato parece estar preocupado com isto. Analisaremos caso a caso, de acordo com os materiais disponibilizados pelos candidatos na internet.

Marco Tebaldi: em seu site, Tebaldi mostra como seu discurso sobre planejamento urbano é inexistente. Diz que vai “retomar o Planejamento Estratégico desenvolvido pelo governo do PSDB que apontou o tipo de cidade que queremos: “Ser uma cidade sustentável, solidária, hospitaleira, empreendedora, voltada à inovação, com crescente qualidade de vida, motivo de orgulho da sua gente, onde se realizam sonhos”. Deve ser a mesma visão que norteou suas atuações nos manguezais de Joinville. Em nenhum outro momento cita-se planejamento urbano como proposta, mas mobilidade urbana sim. Nem preciso dizer que as políticas voltadas para o automóvel e pavimentação estão presentes na maioria das propostas...

Clarikennedy Nunes: como o candidato ainda não disponibilizou o seu site, a análise fica por conta de um vídeo postado na internet e que causou muita “comoção” nas redes sociais.


Fica bem clara a visão de Clarikennedy sobre a cidade de Joinville: existem problemas apenas no trânsito, e o automóvel é o principal prejudicado. Para isso, elevados, túneis e demais facilidades estudadas por uma equipe especializada (sic!). Enquanto urbanistas e demais estudiosos da área propagam uma cidade mais humana, excluindo o carro de seus projetos, este candidato aparece na contramão, em um discurso fraco, pois nem considera o que propaga o Plano Diretor, e muito menos as dificuldades dos outros modais de transporte. Não fala nos impactos de vizinhança que um elevado causa, e nem cita como irá fazer isto, apoiando-se em Raimundo Colombo para resolver tudo. Parece-me o Carlito em relação ao Lula em 2008...

Udo Dohler: em seu site, o candidato apresenta um setor de propostas apenas para a mobilidade urbana, esquecendo completamente das políticas de planejamento urbano. Das 17 propostas apresentadas, a maioria está voltada para o automóvel, com duplicações, eixôes, etc. Fala-se até em redesenhar o sistema viário. Mas como? Ignorando o Plano Diretor? Ou ainda, mudando toda a dinâmica da urbanização joinvilense?

Leonel Camasão: o socialista distingue bem o que propõe para mobilidade urbana e transporte coletivo, das propostas de planejamento urbano. Promete dar uma atenção especial à Lei de Ordenamento Territorial, criar a outorga onerosa, e desapropriar as mansões de luxo ou terrenos de alto valor que dão “calote” na Prefeitura através do IPTU. E é o único candidato que está levantando a bandeira de fechar algumas ruas do centro e criar calçadões.

Carlito Merss: também distingue as propostas de mobilidade urbana das propostas de planejamento urbano. Dentre os cinco itens específicos apresentados, destaque para a intenção de “Assegurar a compatibilidade de usos do solo nas áreas urbanas, oferecendo adequado equilíbrio entre empregos, transportes, habitação e equipamentos socioculturais e esportivos, dando prioridade ao adensamento residencial nos centros das cidades”. Carlito teve a oportunidade de fazer isto com o Minha Casa, Minha Vida... mas não fez! Colocou mais de 700 famílias do Trentino I e II em uma região longínqua do centro da cidade, sem a instalação da infraestrutura social adequada.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Não há eleitores negros em Joinville?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Vou esclarecer logo de início, apenas para evitar confusões: este texto é baseado no primeiro dia de horário eleitoral gratuito na televisão. Repito: o primeiro dia. Estive a ver os filmes de todos prefeituráveis e a minha conclusão – que vale o que vale, mas parece óbvia – é que para alguns deles Joinville não é uma cidade de negros.

Os dados estatísticos mais recentes mostram que 17,4% da população de Joinville é formada por negros (estimativa do IBGE para 2011). E, no entanto, esse número não está refletido nas peças publicitárias exibidas por alguns candidatos. Mas onde fui buscar a ideia de verificar a presença de negros na publicidade?

O que despertou a minha curiosidade para esse ponto específico foi  a candidatura de Udo Dohler. Todos sabemos que corre o boato, aí pela cidade, de que ele não emprega negros na sua empresa. O que não é verdade. Eu próprio constatei, nos meus tempos de repórter, que não passava de boato. Aliás, vale dizer: o empresário tem sido acusado de coisas que não fez.

Fiquei a imaginar como os publicitários de Udo Dohler iriam tratar a questão. Pensei que haveria um bom número de negros no filme. Mas não. Quem se der ao trabalho de ver vai perceber que os tais 17,4% não estão representados entre os figurantes. Culpa do candidato? Não. O problema é  que os publicitários pensam apenas como publicitários... e têm vistas curtas para a política.

Mas, para minha surpresa, o grande apagamento de negros foi no filme de Marco Tebaldi. Entre as mais de uma centena de figurantes, aparecem apenas cinco ou seis negros (e a maioria, pelo que imagino, em fotos compradas em bancos de imagens - já prontas). Aliás, alemães com roupas típicas parecem ser imagens recorrentes. A Joinville de Tebaldi é branquinha, branquinha, branquinha.

O filme de Kennedy Nunes tem mais negros, mas parece ter sido obra do acaso. Aliás, li em algum lugar que foi o filme mais comovente nesse primeiro dia. Comovente? Ora, é um filme igrejeiro que tenta, em vão, uma lagriminha no canto do olho. Só é capaz de funcionar se o cara tiver mais glândulas lacrimais do que neurônios.

Mas o filme prova que Kennedy Nunes não faz distinção entre brancos, negros, amarelos ou verdes. Para ele são todos iguais: ou seja, um rebanho de eleitores que precisam ser salvos pelo seu enorme talento de administrador. Porque ele promete ser nada mais, nada menos, do que o melhor prefeito de todos os tempos. De presunção e água benta...

No horário de Carlito Merss, os negros estão presentes numa proporção claramente superior aos tais 17,4%. Mas correndo o risco de recorrer a estereótipos, nada mais natural, já que o jingle do atual prefeito é um samba. Por brincadeira, poderia parafrasear a campanha e dizer: “Negros em Joinville, agora tem”. Mas vai que algum juiz encrespa e cassa o meu espaço no blog.

P.S.: Não dá para fazer a avaliação do filme de Leonel Camasão porque, ao que parece, não há muito a ver em termos de captação de imagens de vídeo.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O primeiro dia de campanha na TV: as bizarrices e um pouco do que vem pela frente

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Propaganda eleitoral sempre me fascinou, desde quando era criança. Jingles, propostas, bizarrices e outras coisas referentes a este processo da corrida eleitoral sempre me fizeram sentar em frente à TV e acompanhar tudo. Você pode me achar um louco sem noção, mas, gostos são gostos! Hoje consigo avaliar tudo de forma menos passional, ao contrário de alguns anos atrás, onde ai de quem falasse mal do jingle “Voltolini, Voltolini...”. Nem preciso dizer como fiquei quando me vi na TV em 2008 (para quem não sabe, fui candidato a vereador naquele ano e fiz 503 votos), né?

Passado tudo isto, o certame de 2012 apresenta cinco candidatos a Prefeito. Após 45 dias de campanha liberada, a propaganda na TV e no rádio começou (não pretendo discutir aqui o mérito nem a eficácia deste tipo de abordagem “obrigatória”, fica para outro post). O primeiro programa, por mais que não pareça, é um grande indicador de como serão aqueles minutinhos que cada candidato tem. Somente após as próximas pesquisas teremos alguma mudança no perfil do programa veiculado, a fim de conquistar alguns pontos a mais, nem que para isso seja necessário atacar o concorrente ao invés de apresentar propostas.  Relatarei algumas impressões que tive a partir do que foi veiculado na TV neste dia 22 de agosto, às 13 horas.  Sem patriotadas nos comentários, ok?

Leonel Camasão: deve ter acontecido algum problema:  a tela ficou azul e nada foi veiculado. Todos sabem que a campanha do socialista possui poucos recursos, mas não se pode deixar uma furada destas, ainda mais para quem é desconhecido da maioria da população. Fui atrás do programa de rádio e achei um link. Programa simples, bom e bem objetivo. Só faltou ao candidato Leonel ser mais enfático em suas falas, pois pareceu estar lendo um roteiro pré-montado.

Udo Dohler: tecnicamente deu a impressão de ter sido a melhor propaganda do dia. Como característica da DPM (produtora dos vídeos da campanha de Udo), prática que advém desde as campanhas de LHS, muitos símbolos da população local foram mostrados, em clichês que funcionam para o povão, a ponto de emocionar. Udo se apresentou de forma bem tranqüila (olhar disperso foi o ponto fraco), acompanhado de várias falas de LHS em comícios peemedebistas (algumas até desnecessárias). Já deu para perceber que a figura de LHS vai ser sempre citada nessa campanha. O candidato é o Udo ou o LHS?

Carlito: o programa começou com muitas pessoas cantando (pior que playback) o jingle da campanha. Familiares e pessoas próximas deram depoimentos (o que é normal em todo o primeiro programa). Mas uma questão me deixou muito intrigado: por qual motivo o candidato mostra imagens internas dos órgãos da Prefeitura? Ele, por mais que seja o atual Prefeito, é um candidato como os outros, e não poderia se utilizar de imagens internas das “coisas públicas”. A “continuidade” foi um discurso amplamente utilizado e deve ser o tom de campanha (ao bom estilo Lula e o “deixa o homem trabalhar”). O ponto negativo é que nunca vi uma propaganda eleitoral, no primeiro dia de TV, onde o candidato não fala nada!!! Seria uma camuflagem frente à ampla rejeição indicada nas pesquisas? E Carlito deve ser o candidato que mais irá explorar a imagem de seu vice. No caso, Eni Voltolini.

Tebaldi: piada pronta ao dizer que os bairros de Joinville estão abandonados, como se em quatro anos tudo tivesse mudado. Piada pronta ao se enrolar todo para falar o sobrenome de seu vice, Gilberto Boettcher. Gilberto, inclusive, mostrou uma relativa dificuldade com as câmeras. O mote de campanha deve ser o “voltar para o que era bom” (sic!). Mas o troféu Jacaré Fritz desta primeira semana de campanha na TV já é do ex-Prefeito, por ressaltar em seu programa que foi o “responsável por políticas habitacionais nas áreas de mangue de Joinville, dando qualidade de vida a estas regiões”. Preciso comentar?

Clarikennedy Nunes: começou o programa se apresentando e dando indiretas que doeu na espinha de muita gente, ao explicar o porquê de alguns não quererem a sua candidatura. O Darciiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii-um-homem-honesto-do-povo-é-trabalhador (quem lembrou agora de 2008?rs) apareceu dando seu depoimento, junto com várias outras pessoas. Cobrem-me, mas se ele aparecer mais umas 5 vezes pra falar de Clarikennedy, será muito. A mesma coisa em relação a Colombo (o qual queria apoiar Udo, mas sabe como é a política...). O “passado ruim”, o “presente pior ainda” e o “eu sou um homem de compromisso” (em clara alfinetada a Carlito) será o mantra do candidato.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Esperava mais do primeiro debate para a prefeitura

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

O texto de hoje pretende ser um pouco mais curto que o usual. Esperava ter mais coisas para escrever sobre o primeiro debate eleitoral na BAND SC para a prefeitura de Joinville, mas o nível que assisti me obriga a ser rápido por aqui. A emissora já está com a tradição de abrir os embates, sendo a primeira a reunir os candidatos, mas erra ao fazer o evento em Florianópolis e em uma associação comercial (FIESC). Até entendo os motivos de estrutura, pois é caro fazer um evento desde em Joinville, mas valeria a pena! Sobre o desempenho dos candidatos... bem... haja trabalho para as assessorias de agora em diante! Alguns pitacos sobre o que vi:

Carlito Merss - Se defendeu muito e lançou poucas propostas. Estava visivelmente incomodado com a presença de Clarikennedy Nunes ao seu lado, a ponto de querer fugir quando só sobrava o deputado estadual para fazer perguntas. Em uma das passagens, questionou o mediador: "mas não posso perguntar para o Camasão? Nem para o Udo?" Mesmo assim, com fala tranquila, não se comprometeu demais. Duvido se ele teria comparecido se fosse líder absoluto nas pesquisas.

Clarikennedy Nunes - O candidato enfático de 2004 e 2008 deu lugar a um candidato cínico, com indiretas e as mesmas propostas que compõem a sua plataforma desde a primeira vez em que concorreu. Acusou Carlito de uma agressão verbal, situação que foi ignorada pela comissão organizadora do debate (ou os assessores que não agiram nos bastidores pedindo direito de resposta, etc).

Leonel Camasão - Foi bem. Apresentou as suas propostas, mas em alguns momentos desperdiçou réplicas para leves ataques, principalmente quando questionado sobre o sentimento de mudança de 2008. Como desempenho individual, foi o melhor, apesar da voz travada e vários ataques de tosse ao vivo. Fui informado por pessoas próximas que a saúde dele estava debilitada a semana toda. Fica a dica para a assessoria: o que fica mais frágil em uma campanha é a saúde do candidato, pela extensa agenda e correria. Em uma semana de debate na TV, esse item deveria ter recebido mais atenção.

Marco Tebaldi - Ele estava no debate ou na cama, dormindo? Postura corporal péssima, fala em tom muito baixo, olheiras (maquiagem que nem em seus santinhos era uma boa!) e uma vontade enorme de que tudo acabasse logo. Somado a isto, errou várias questões sobre projetos importantes, como quando citou que iria "ampliar a Caravana da Cultura". Detalhe: a Caravana da Cultura era um projeto com muitas falhas, e encerrado em 2009 pela gestão Carlito.

Udo Dohler - Um senhor de idade, com cabelos brancos, estar vestido com cores claras (apesar de ter gostado da jaqueta, quebrou o clima) só o escondeu mais ainda naquele cenário claro. Pode parecer besteira, mas estas questões de semiótica fazem a diferença. Udo sumiu, assim como a sua fala: usava míseros segundos quando tinha até dois minutos para responder. Estava travado, ao contrário de seu microfone que a cada novo bloco aparecia numa posição diferente. Nunca vi o Udo falar daquele jeito "escondido" enquanto era presidente da ACIJ. 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Quanto vale o seu voto?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sabe quanto vale o seu voto, eleitor joinvilense?

A imprensa local divulgou, faz alguns dias, alguns dados interessantes sobre a campanha para a Prefeitura de Joinville: a declaração de bens dos candidatos e o valor que cada um pretende gastar nas eleições. E, logo à partida, chama a atenção a dinheirama que vai rolar na campanha: somando os cinco candidatos, a coisa vai chegar a R$ 13,65 milhões. Já imaginaram, leitor e leitora, o que dava para fazer com essa grana toda? Até obras para a cidade...

Aliás, ao dar uma olhada para os números, em especial no que se relaciona aos rendimentos, fica a sensação de que o Pinóquio deve ser o contabilista de alguns candidatos. Ou o Mandrake. Não concorda? Ora, é só dar uma olhada naquela coisa chamada "sinais exteriores de riqueza". Mas podemos ficar descansados porque a vida parece correr bem à maioria, uma vez que todos têm um patrimônio no mínimo razoável, à exceção de Leonel Camasão (aliás, jornalista sem dinheiro é pleonasmo).


Tem outro dado interessante. Se formos comparar a declaração de bens de Udo Dohler com a de Marco Tebaldi, por exemplo, fica fácil perceber que a carreira política é muito mais vantajosa que a empresarial. Afinal, ao longo de uma vida de trabalho como empresário, Dohler amealhou R$ 5,9 milhões. E Marco Tebaldi, um funcionário público que virou político, em muito menos tempo conseguiu obter quase metade desse patrimônio. 

É uma coisa que leva a pensar, leitor e leitora. Eu, por exemplo, passei a vida toda na iniciativa privada e continuo pobre de marré. Fico aqui a imaginar que talvez devesse seguir o exemplo de Tebaldi e ingressar no serviço público. Parece que é mais fácil fazer o pé de meia. E não é uma crítica. Pelo contrário, é um elogio: talento é talento, temos que respeitar. 

Outro dado curioso. Todos os candidatos, à exceção de Udo Dohler, pretendem gastar mais do que possuem. É óbvio que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas não resisto ao raciocínio: será que os caras iriam concorrer se tivessem que tirar o dinheiro do próprio bolso? Ok... mas isso não vem ao caso, porque todos sabemos que a grana vem de doações de empresas, de pessoas físicas ou dos próprios partidos.

Ooopa! Mas também não deixa de despertar curiosidade. Todos sabemos que nem mesmo os loucos rasgam dinheiro. E se há empresas e pessoas dispostas a largar a grana, é legítimo que o eleitor pense que em contrapartidas. Afinal, para uma mão lavar a outra é preciso que alguém as molhe. E, no Brasil, investir em rabos presos sempre foi um negócio lucrativo. Afinal, todos sabemos que a política é a segunda mais antiga profissão.

No frigir dos ovos, e usando a matemática simples, você já sabe quanto vale o seu voto: o maior valor é de R$ 15,4. É pouco, se tivermos em conta os tempos em que a moeda eram as carradas de saibro. Se formos olhar bem com essa grana não dá nem para tomar umas cervejinhas. Então, o melhor mesmo é votar em consciência. Porque essa não deve ter preço.

P.S.: a maioria dos candidatos afirma que os valores são estimativos e que provavelmente os gastos serão menores. Sim, Pinóquio, a gente acredita.


terça-feira, 29 de maio de 2012

Ao dizer “não”, Clarikennedy caiu na armadilha


POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Muitas pessoas já estão atentas para as Eleições 2012, principalmente após os últimos movimentos dos partidos, os quais apimentaram demais o cenário da disputa para a Prefeitura, servindo a todos os interessados uma deliciosa omelete de ovos de ornitorrinco (utilizei-me da análise de ontem do Baço) com salada de comunistas e progressistas para sobremesa. Entretanto, o último fato gerou um grande burburinho nos papos dos bolhas, da periferia joinvilense e dos integrantes do Chuva Ácida: Clarikennedy Nunes (PSD) disse não ao convite do todo poderoso Luiz Henrique da Silveira e rejeitou ser vice de Udo Dohler.

O deputado gritou aos quatro ventos nas redes sociais que tem um projeto de se eleger Prefeito (e é o seu único projeto de vida partidária), mas “esqueceu” de dizer que o seu partido ainda não decidiu nada (todos os partidos decidem seus rumos até o dia 30 de junho), sem contar que ele não possui maioria no diretório municipal do PSD. E mais: o PSD diz amém a tudo que o governador Colombo solicita. Darci de Matos, o outro postulante do PSD, desistiu faz algumas semanas de ser candidato, por dois motivos: 1) é aliado histórico de Marco Tebaldi (o pré-candidato do PSDB) e 2) o PSD (leia-se: Colombo) fará de todo o possível para isolar o tucano, até como continuação da fritura feita desde a época de Secretário da Educação. Creio em um acordo prévio entre Colombo e LHS, levando o PSD para o PMDB.

Considerando tais fatos, Clarikennedy pode estar no meio de um grande fogo amigo e de uma fantasia sem fim. De um lado da mesa está o Governador que fará de tudo para derrubar Tebaldi (e conchavar com LHS), e do outro, Darci, que vai jogar de acordo com as cartas mais altas postas no jogo. Ao dizer não para este convite de LHS, um novo nome pode surgir para atrapalhar os planos do jornalista-deputado. Já pensaram na possibilidade do PSD se juntar ao PMDB com um Patrício Destro de vice? Sobraria a LHS – em mais uma de suas manobras - dar a (in)direta para aquele que rejeitou o convite, isolando-o e jogando-o contra seus companheiros de partido, retomando o controle total da política local.  Ao Colombo, felicidade, pois conseguiria o seu maior objetivo em terras joinvilenses e forçaria uma coligação inexpressiva aos tucanos.

Clarikennedy, ao fazer barulho sobre a sua decisão, pode estar se condenando em 2012. O projeto pessoal de chegar à Prefeitura é muito frágil se elencarmos os atores políticos e seus interesses em comum. Claro que, ainda temos Carlito, Novaes, Camasão, Coelho, Xuxo... e muita coisa pode acontecer até as convenções do fim de junho. Mas, fica o recado: com LHS e Colombo no controle, qualquer outro projeto pessoal de ascendência ao poder é minado.

PS. Uma futurologia boba: Clarikennedy, ao se ver deixado de lado pelo PSD, romperia (assim como fez com o PP) e apoiaria Tebaldi? Veremos!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Os novos candidatos de Joinville

POR GUILHERME GASSENFERTH

Muitos eleitores clamam por “renovação”. Em política, isto parece ter duas distintas encarnações: quem nunca governou; ou quem nunca foi político. Melhor pro conceito se o candidato possuir as duas.

A princípio, parece acertado dizer que os pré-candidatos que ora postulam a sentar no principal gabinete da Rua Hermann August Lepper, 10, são: Carlito, Tebaldi, Udo Döhler, Darci de Matos, Kennedy Nunes, Xuxo, Rodrigo Coelho e Leonel Camasão. Ora, em Joinville, quatro dos candidatos supracitados podem se enquadrar nos dois critérios: Dr. Xuxo, Udo, Leonel Camasão e Rodrigo Coelho. 

O médico Dr. Xuxo é evidentemente envolvido com saúde, e seu trabalho à frente da Fundação Pró-Rim é referência nacional. Estão agora para construir um grande hospital na Zona Leste (junto ao atual), o que poderá dar-lhe alguns votos. Contudo, é figura conhecida das campanhas eleitorais, e certamente não será visto como opção para renovação, além de ser irmão do José Carlos Vieira, conhecido de longa data da política municipal.

Já Udo Döhler nunca disputou nenhum tipo de eleição pública e nunca governou . Udo representa indubitavelmente um anseio claro da população: um gestor mais técnico e menos político. Udo, formado em direito, esteve à frente de uma empresa exitosa e que por alguns anos (não sei hoje) possuiu folga de recursos - o que é absolutamente desejável também para os cofres públicos. Também reúne outras qualidades que o credenciam a ser testado nas urnas, como seu envolvimento comunitário e associativo: presidente da mantenedora do Hospital Dona Helena, cônsul honorário da Alemanha, presidente da ACIJ, FACISC, Sindicato das Indústrias Têxteis e vice da FIESC.

No entanto, Udo é afillhado político de Luiz Henrique da Silveira. Isto já lhe garante alguns votos, além de sábios conselhos eleitorais de alguém que é provavelmente o maior político do Estado. Mas, junto com o fato de ser do PMDB, faz retirar de sua candidatura qualquer insígnia de renovação pela qual poderia clamar, além de fazer vir à tona o cansaço e ressentimento que muitos joinvilenses sentem pelo Senador. Por fim, como Udo conseguiria conciliar um perfil técnico com a necessária política à frente da Prefeitura? O Baço já escreveu sobre isso no Chuva Ácida.

Sobram Leonel Camasão e Rodrigo Coelho. O primeiro, jornalista, filiado ao PSOL, foi candidato a deputado federal em 2010 e recebeu votação muito pequena, que pode ser atribuída ao excesso de candidatos da região, à sua inexpressividade eleitoral de então, à pouca idade e ao partido, não só novo, mas de esquerda convicta e defesa do socialismo, o que afugenta muitos votos. Certamente receberá muito mais que seus mil votos do pleito passado, mas segue a questão partidária. O PSOL ainda não é um partido muito estruturado em Joinville, tem uma nominata fraca à Câmara e, mesmo que o eleitor tenha simpatia por Leonel, dificilmente o enxergará como opção plausível a assumir a Prefeitura. Muito menos se aliar-se ao PSTU, como vem sendo aventado. As campanhas do PSTU são alvo de chacota, naturalmente, para um partido que usa como bordão “Contra burguês, vote 16”. O PSOL receberá votos de socialistas, de esquerdistas convictos, de revoltados e poucos outros. Eu admiro muitas posições do PSOL, notadamente a defesa dos direitos humanos, incluindo os direitos LGBT. Mas o PSOL enfrenta ainda muita rejeição.

Já Rodrigo Coelho, jovem advogado e comerciante filiado ao PDT, tem um pouco de experiência administrativa e alguns trunfos, que deverá saber aproveitar para capitalizar eleitoralmente. Titular de um escritório de advocacia previdenciária, já participou ativamente de revisões e encaminhamentos de aposentadorias de milhares de idosos em Joinville e que por ele nutrem simpatia. Se souber conquistar o voto destes idosos e de suas famílias, que identificarão nele um vínculo próximo (identificação de vínculo é um dos maiores capitais eleitorais que existem), poderá amealhar milhares de votos adicionais. Comerciante, pode alegar a experiência obtida à frente de suas gestões na CDL Jovem e em seu empreendimento para solicitar o voto dos joinvilenses.

Há ainda que se considerar que o PDT é um partido que oferece pequena rejeição. Rodrigo Bornholdt, outro bem sucedido advogado, já fez um pouco do serviço e ganhou 15 mil votos como candidato a prefeito em 2008. Só não fez mais porque não conseguiu afastar de si o estereótipo de riquinho ou burguês. Este problema Coelho conseguirá resolver com mais facilidade, uma vez que transita com naturalidade nos bairros e com pessoas mais simples (a maior parte de seus clientes). E o PDT tem a reconhecida luta pela educação, o que certamente gera alguns votos.

Até o Carnaval, a hoje remota possibilidade de o catarinense Manoel Dias ascender ao Planalto como Ministro do Trabalho era um risco à candidatura própria do PDT joinvilense. Se Maneca fosse nomeado ministro, a intervenção para que o PDT compusesse com Carlito seria muito provável. Hoje, Manoel Dias deve estar magoado com o PT e agirá para que o partido tenha candidatos próprios em cidades como Joinville. Mais um ponto para a candidatura de Coelho.

Agora, surge a notícia de que um “frentão” está sendo costurado para apoiar uma só candidatura: PRB, PDT, PCdoB, PR e, quem sabe, PV. Já estaríamos falando de no mínimo 2 minutos e meio de TV. Se esta coligação se consolidar, é sem dúvida um forte trunfo eleitoral.

Coelho precisa resolver alguns problemas estruturais, como o racha do partido, que põe de um lado o secretário municipal de Habitação, Alsione Gomes de Oliveira, somado a alguns ocupantes de cargos do governo municipal, e de outro os defensores da candidatura própria, a princípio a maior parte do restante dos filiados, inclusive Rodrigo Bornholdt e James Schroeder, ao que se sabe. Além disto, Coelho até agora não tem nomes experientes para conduzir sua campanha, pensadores políticos que o ajudem a capitanear a estratégia de transformar suas vantagens em votos. Por fim, a candidatura de Coelho pode ensejar uma dúvida: quem convidaria para assumir as secretarias? Há nomes qualificados que o apoiam? Ter os primeiros escalões qualificados é, talvez, o principal trunfo que alguém pode apresentar.

Mas, de longe, o principal trunfo de Coelho é encarnar o novo. Além de ser jovem e bem sucedido, nunca foi candidato a nenhum cargo político e vai representar nas urnas a desejada renovação por expressivas parcelas do eleitorado municipal. Se Rodrigo Coelho souber trabalhar seus pontos fortes e reduzir a influência de seus pontos fracos, poderá constituir um importante fato novo na política municipal, comparado ao que Marina Silva foi capaz de fazer em 2010 nas eleições presidenciais.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Hora de municipalizar o Estacionamento Rotativo


POR LEONEL CAMASÃO

Mais de R$ 1 milhão em dívidas fizeram a Conurb cancelar o contrato com a empresa Cartão Joinville para a operação do sistema de estacionamento rotativo no centro da cidade.
Não é a primeira vez que são detectados problemas graves entre Prefeitura e concessionárias de serviços públicos. Por mais que sempre aleguem prejuízos, as empresas que detém as concessões fazem de tudo para não largar o osso.

O princípio do rotativo está correto: cobrar uma quantia por tempo utilizado para que haja circulação entre os veículos que estacionam na Zona Azul. Cabe a nós perguntar: a quem interessa a terceirização desses serviços? Com certeza, não é aos usuários do estacionamento rotativo, nem ao resto da população.

A responsabilidade sobre o rotativo é da Conurb. Ora, se já existe uma Guarda Municipal para tratar justamente das questões do trânsito, por que entregar o serviço a terceiros? O resultado prático disso é que a Conurb e a Prefeitura acabam por dividir a arrecadação com uma empresa privada sem a menor necessidade.

Os lucros gerados pelo rotativo poderiam muito bem ser fonte de financiamento e subsídio ao transporte coletivo. Mas para isso ocorrer, é necessário que a Prefeitura tenha um real controle sobre o sistema, transformando a Conurb numa empresa municipal de transporte.

Criada, essa empresa poderá inverter a lógica do transporte coletivo na cidade. No real comando do serviço, a Prefeitura terá o poder de modificar a maneira como as empresas de ônibus são remuneradas, realizar licitações pra valer e estabelecer o subsídio total do transporte, o chamado Tarifa Zero.

Longe do idealismo, o Tarifa Zero se mostra uma alternativa real para o transporte coletivo. Experiência famosa na cidade de Hasselt, na Bélgica, desde 1996, o Tarifa Zero começa a ser aplicado com sucesso em algumas prefeituras do Brasil, como em Agudos, no interior de São Paulo. Cidade de porte próximo a de São Francisco do Sul, o Tarifa Zero por lá garante transporte sem tarifas para toda a população da cidade. E ainda tem um diferencial: a Prefeitura é dona dos ônibus.

Apesar de considerar a estatização o cenário ideal, não é esta a realidade de Joinville. Mais importante do que ser proprietário dos ônibus, é garantir o real acesso ao transporte através da extinção da altíssima tarifa de R$ 2,55/R$ 2,90.

Municipalizada, a Zona Azul poderá ser uma das fontes de financiamento desse projeto. Fica o convite à sociedade civil organizada para conhecer melhor esse projeto que combate a mercantilização do trânsito e do transporte em nossa cidade.

Leonel Camasão, jornalista e presidente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) Joinville