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quinta-feira, 19 de março de 2015
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
Esta é a eleição do preconceito
POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Agora que restam poucos dias para o 7 de outubro, posso dizer que esperava mais desta corrida para ocupar a cadeira do Prefeito. Poucas propostas novas surgiram. A maioria dos candidatos repete os seus discursos que conhecemos há anos, e outros repetem o que seus amigos de partido já falavam. Sensação de retrocesso é forte, e se aguça mais ainda ao ver a onda de ataques que muitos fazem a seus adversários na base do preconceito, e não pelas propostas.
A seguir, vamos tentar relatar, sem citar nomes (pois é um processo que não dá para identificar onde começa) alguns discursos preconceituosos que estão presentes nesta campanha em Joinville. Qualquer suposição é apenas para efeito de lógica e de didática.
Bem, ao invés de dizer: "não vote no candidato A, pois ele não tem uma proposta digna para a educação (por exemplo)", o candidato B (e seus cabos eleitorais) diz para não votar no A, devido ao fato de que defende a igualdade de gênero e mostra um beijo entre dois homens no horário eleitoral da TV.
O mesmo candidato A, que sofre preconceito do B, diz para não votar no C, considerando os escândalos de suposta infidelidade que teve anos atrás.
Este candidato C, que sofre preconceito do A, diz para não votar no D, pois supõe que ele é racista e maltrata os funcionários. Mas não sugere deixar de votar em D pelas suas propostas, ao seu ver, ruins e incompletas.
O candidato D, que já não sabe se sofre preconceito de um, de todos, ou de nenhum, diz para não votar no E por simplesmente não ter uma equipe qualificada. Puro bullying. Por sua vez, o E pede para suas equipes espalharem que o candidato B é ligado a segmentos religiosos e que isto não combina com política.
Pessoalmente não acontece nenhuma acusação direta, tudo fica nas entrelinhas. Tenho medo dos próximos quatro anos da cidade de Joinville. Parece que as ideias estão fora do lugar, e o lugar está fora das ideias. A cidade está sedenta por cabeças pensantes, mas só temos bocas fofoqueiras.
domingo, 9 de setembro de 2012
Gebaili, João Francisco e as baratas à solta
POR GUILHERME GASSENFERTH
Como os habituées do Chuva Ácida são esclarecidos e
inteligentes, talvez seria desnecessário explicitar os fatos que fizeram
originar este texto, mas dou-me o direito. Na semana passada, o editor-chefe do
Jornal da Cidade (esforcei-me para manter as maiúsculas no nome), João
Francisco da Silva, homem esclarecido, letrado, vivido e experiente, cometeu o
que deve ter sido o mais lamentável equívoco de seus quatro decênios a serviço
da pena jornalística. Referiu-se ao beijo gay veiculado na propaganda do
candidato a prefeito de Joinville pelo PSOL, Leonel Camasão, com as seguintes
palavras: “Nojento aquele beijo gay exibido no programa eleitoral do Leonel
Camasão, do PSOL. Tão asqueroso quanto alguém defecar em público ou assoar o
nariz à mesa”. Ele prossegue, mas eu vou lhes poupar.
Eu não escreveria a respeito. Aliás, eu havia prometido a
mim mesmo não escrever mais sobre temas polêmicos no blog, mas aí o caso tomou
uma proporção que me forçou a emitir opinião – na condição não apenas de gay, mas
de defensor dos direitos humanos, de cidadão antenado e de joinvilense
envergonhado.
Para ser sincero, eu preferiria ver alguém defecando em
público, ou ainda mesmo que alguém assoasse o nariz nas minhas próprias vestes
do que ter lido o que li – proferido por alguém que até ali admirara. Embora eu
seja absolutamente favorável à veiculação do beijo gay – não só na campanha,
mas sempre que se quiser retratar o assunto – não é sobre isso que escreverei.
A infeliz declaração do João Francisco ecoou na sociedade
joinvilense e, como um sonar, fez detectar três tipos de pessoas – indiferentes,
reacionários e revoltados com a declaração. Aos primeiros, meu lamento. Disse
Weber: “neutro é quem já se decidiu pelo mais forte”. Aos segundos, meu
desprezo. Um ósculo de Judas a vocês. E aos terceiros, minha admiração,
solidariedade e apoio. Estes revoltados fizeram um estardalhaço que retumbou em
âmbitos maiores que nosso feudo de vinte e cinco léguas quadradas e ganhou o
país. João Francisco e o Jornal da Cidade (já falei algo das maiúsculas?)
ganharam manchetes em rede nacional, que produziram vergonha alheia nos
joinvilenses mais esclarecidos. Até mesmo o deputado federal Jean Wyllys
(PSOL-RJ), eleito segundo melhor congressista brasileiro, pronunciou-se a
respeito, repudiando a forma com que o João Francisco falou e classificando a
atitude do Leonel Camasão como “pedagógica”. Concordo.
Até o momento acima, eu havia ficado tão inerte quanto o são
os sete neurônios da cabeça do Gebaili. Mas aí li na quarta-feira a versão do Jornal da Cidade disponibilizada na internet e quedou impossível a minha ausência de manifestação, tendo a oportunidade de
escrever às sextas aqui no blog.
O João Francisco não arredou de sua avaliação rasa e fétida
qual as águas do Cachoeira em maré baixa e reiterou sua permanência na caverna
de Platão, mantendo as palavras de sua missiva embotada de opinião jurássica. Ele
diz ter confrontado “generais, juízes e delegados de polícia”, mas claramente
faltou o embate com a razoabilidade e a inteligência. Porém ainda vejo esperança
em dias melhores e na sua redenção. O homem deve ter tomado um vinho tão ruim
que lhe azedou as ideias.
Já o Antonio Alberto Gouveia Gebaili (chamá-lo de Beto
poderia denotar uma eventual intimidade, cuja inexistência me é grata) escreveu
um “amontoado de palavras” que ganhou minha atenção pela estultice e admirável
falta de senso de autocrítica e amor à honra. Que ele é parvo e oco, toda a
cidade já sabia. Mas é como disse uma amiga, o “amontoado de palavras” serviu
para nos apercebermos de seu único talento: a incrível capacidade de proferir
tantas sandices por lauda. As palavras, pobrezinhas, deveriam ter o direito de
se recusarem a trabalhar para alguns.
É importante advertir que este texto não é direcionado ao Gebaili.
Não tenho a pretensão de atirar pérolas ao porco, nem de semear entre os
espinhos da imbecilidade. Tampouco eu gostaria de gastar palavras com alguém
que não tem capacidade para compreendê-las. E ainda, como disse outro amigo, eu
não falo a língua das antas para comunicar-me adequadamente com o virtual
receptor da mensagem. Mas julguei importante colocar opinião neste caso que acabou
por reverberar pela sociedade.
Não quero fazer juízo da opinião de Gebaili sobre a causa
LGBT ou das suas bobagens travestidas de falsificada honradez porque não vale a
energia gasta. Mas a falta de ética e decoro humano é flagrante quando Gebaili refere-se
à relação de uma comunicadora da cidade com seu pai. Vomita indignidade ao
escrever: “permite que seu pai enfrente muitas necessidades financeiras, o
fazendo passar por grandes humilhações na nossa sociedade!!! Alguém, que um dia
retirou esta pobre figura de um cesto de vime que se encontrava no canto de uma
creche, e que ninguém queria!!!”. É a coisa mais repugnante que já li na história
da comunicação joinvilense. O tipo de
argumentação baixa que ele usa evidencia que a única coisa que o distingue dos demais
animais irracionais é o polegar opositor à mão, que infelizmente lhe deu a
capacidade de pinça que lhe permite segurar uma caneta. O processo de erosão
moral e intelectual que se inicia no cérebro parece ser irreversível e
impiedosamente degenerativo.
João Francisco e demais reacionários: ninguém quis retirar
de vocês o direito de julgar e até mesmo de manifestar-se contra a exibição do
beijo gay. Aliás, nós, ativistas LGBT, consideramos este debate importante e
até entendemos a importância de haver um contraponto às ideias por nós
defendidas. O grande deslize foi a forma como foi feito.
Eu, que evidentemente já beijei alguns homens, o fiz com
tanto amor e afeto como os heterossexuais o fazem. Para mim, é um belo gesto de
humanidade e carinho. Felizmente, nunca vi nenhuma manifestação contrária à
exibição de um beijo heterossexual que seja tão inocente quanto o veiculado
pelo PSOL. Dizer que o ato que eu pratico é tão asqueroso quanto defecar em
público ou assoar o nariz à mesa é ultrajante, João. É um comentário carregado
de visível preconceito e de nociva discriminação.
Você poderia tê-lo feito de
forma totalmente respeitosa e condizente com sua biografia, mas num ato impensado
– quero crer – preferiu trilhar a senda ímpia do extremismo.
Para finalizar, não posso deixar de enxergar um lado
positivo em toda esta história. Além da muito válida contribuição a este debate
trazida pelo candidato Leonel Camasão, a reação que ultimamente se vê no Brasil
quando o assunto é direitos LGBT já era por alguns esperada. Estamos
conquistando direitos (não queremos ser melhores ou maiores, apenas iguais). Já
podemos ter união civil estável, adotar, incluir parceiros(as) na previdência e
nos planos de saúde. Políticas antidiscriminatórias espalham-se pelo país todo.
Como está escrito na foto que bati em minha viagem a Buenos Aires e escolhi para iniciar esta postagem, “direitos não
se pedem, se tomam”. E não sem sangue, suor e lágrimas.
Quando é preciso purificar, limpar, dedetizar, joga-se
inseticida em um ninho de insetos. Para as ideias dos conservadores, agrupados em ninhos,
os direitos gays são como o inseticida. Com o advento das conquistas da
tolerância, é natural que as baratas estejam à solta, voando e dando rasantes.
Mas logo o veneno fará efeito e elas vão morrer.
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segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Beijo entre homens faz mal ao fígado
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Na semana passada, numa troca de comentários aqui no Chuva Ácida, o
candidato a prefeito Leonel Camasão chamou a atenção para o beijo entre dois
homens no filme do PSOL. E eu respondi: “Aquela imagem do beijo gay tem tudo
para ser um sucesso de público e crítica na liberalíssima Joinville. Cuidado
que em vez de prefeito ainda te elegem Joana D'Arc e te atiram para a
fogueira”.
Era um comentário em tom de brincadeira, claro. Mas que continha um certo grau de previsibilidade. Porque o tal beijo fez os Torquemadas joinvilenses saírem à rua (hoje a ágora são as redes sociais). O que não surpreende, em se tratando de uma cidade onde a frase “virtude pública e vício privado” devia ser o lema inscrito na bandeira.
O fato é que o beijo do PSOL provocou uma pequena escandaleira. Teve gente que empunhou o tacape e saiu das cavernas para mostrar indignação. Lembro de ter lido o comentário de uma senhora que não achava aquilo natural. Um sujeito que achou a coisa perigosa para o filho pequeno ver na televisão. E um outro diz ter ficado enojado (deve ter tido problemas de fígado). E o nível da coisa andou por aí.
Já escrevi aqui no Chuva Ácida que a exibição do beijo
na televisão poderia ser importante no sentido de trazer a discussão para a agenda. Ou seja, que talvez fosse
originar uma discussão racional, baseada em ideias. Mas não foi o que
aconteceu. Falou mais alto o fígado do que o cérebro. E o que se viu foi apenas
gente rafeira a rearranjar os seus preconceitos.
A mulher que não acha natural talvez precise de um
pouco de antropologia para entender as diferenças entre o que é natural e o que
é histórico (cultural). O pai que acha as imagens impróprias para o filho tem
medo de que ele se torne homossexual? Pois aposto que a criança só se tornará
mais tolerante. E para o homem que tem nojo, talvez o remédio seja um
chá de boldo e uma visita ao século 21.
Poderia tentar argumentar, mas a experiência mostra que é como falar para a parede. Dois monólogos não fazem um diálogo.
Por isso, vou resumir a coisa toda numa única ideia: “viva e deixe viver”. O grande
problema dos conservadores e moralistas (passe o pleonasmo) é que, para eles, é
preciso impor as suas interdições. Se vai contra as minhas crenças, então é preciso proibir.
Os intolerantes não sabem
o que significam termos como o livre arbítrio ou direitos civis. E quando dão por si, já caíram no pântano da homofobia. Mas a coisa é simples e dispensa grandes filosofias: "cada um come o que gosta". Eu respeito.
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