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quarta-feira, 14 de março de 2018
Boulos, o luto e a melancolia
POR CLÓVIS GRUNER
O PSOL confirmou sábado último (10), a pré-candidatura de Guilherme Boulos à presidência da República. O líder do MTST terá como vice a líder indígena Sônia Guajajara. À primeira vista, o nome de Boulos parece atender a uma necessidade algo pragmática, não inteiramente equivocada em termos eleitorais. O mais conhecido entre os pré-candidatos – os outros eram os economistas e professores universitários Nildo Ouriques e Plínio Jr., e o pedagogo Hamilton Assis –, ele talvez reúna as condições necessárias para “puxar votos” e aumentar a ainda tímida bancada psolista nos parlamentos estaduais e federal.
Mas esse mérito não oblitera alguns problemas, a começar pela forma como sua candidatura foi definida. Além disso, e o mais importante a meu ver, o despontar do nome de Boulos dentro do PSOL talvez encerre, definitivamente, qualquer possibilidade que ainda existia do partido se consolidar como uma opção aqueles eleitores que, como eu, ainda votam à esquerda, mas não têm intenção de votar no PT. Detenho-me um pouco mais nisso.
Simpática ao PT e a Lula, que gravou vídeo manifestando seu apoio, a candidatura de Boulos facilita uma aproximação em um eventual segundo turno, caso o partido de Lula esteja de fato no segundo turno, com ou sem ele. Em tese, os segmentos do PSOL favoráveis a uma aliança entendem que, com o líder do MTST, evitam repetir 2014, quando a liderança de Luciana Genro dificultou o apoio a Dilma. Na prática, a candidatura de Boulos não é muito diferente da de Manuela D’Avila, do PCdoB; em ambas a independência é relativa, porque demasiado próximas e pouco críticas ao PT.
Não é o tipo de coisa que me surpreende no PCdoB, mas não deixa de ser um pouco frustrante no caso do PSOL. Sempre soube dos limites, inclusive eleitorais, do partido, e sua dificuldade em inserir-se e dialogar com grupos e eleitores que não os da classe média, com quem o partido parece ter uma maior afinidade. E não ignoro que, ao menos em parte, a indicação de Boulos pode ser uma tentativa de minimizar isso.
Mas a inexistência de uma relação mais orgânica com o PSOL – ele se filiou em março, dias antes de ser indicado pré-candidato – talvez não surta o efeito esperado, com os possíveis eleitores se identificando mais com o candidato que, necessariamente, com o partido. Respeitadas as diferenças e proporções, há o risco do PSOL repetir, com Boulos, um dos principais erros do PT, o de produzir uma candidatura personalista, que mantém com o partido uma relação instrumental, quando não oportunista.
Além disso, a sua candidatura coloca o PSOL mais perto de ser “linha auxiliar do PT”, acusação lançada contra o partido pelo então candidato Aécio Neves na última campanha, e prontamente rebatida por Luciano Genro. A questão é: Boulos terá condições de negar, tão pronta e enfaticamente como Genro, se fizeram acusação semelhante ao PSOL em 2018? Creio que não. E nem é preciso muito esforço para entender por que.
A opção por lançá-lo e não qualquer outro candidato, representa a recusa do PSOL em assumir o risco de ser uma alternativa à esquerda, colocando-se em uma posição mais crítica em relação ao PT que o pariu. Que fique claro: não se trata de negar ou rechaçar aspectos positivos do legado petista, de esquecer e jogar na “lata do lixo da história” a herança de seus governos, acusação recorrente sempre que se ameaça criticar o partido e suas gestões, apontando suas contradições, seus limites e os muitos equívocos.
Mas não podemos seguir reféns do PT, entre outras coisas porque isso está a nos custar muito caro: enquanto a defesa incondicional de Lula parece ser o único projeto que realmente importa aos petistas e parte da esquerda, um governo criminoso e de criminosos continua a governar impunemente e sem enfrentar resistência alguma capaz de opor-se a ele. Em alguns meses iremos às urnas, e a esquerda ainda não disse o que pensa e propõe para a economia, a segurança pública ou o combate à corrupção, por exemplo.
Pode-se argumentar que ainda é cedo, e que isso aparecerá na hora certa. Bobagem: programas de governo são apresentados no período eleitoral; projetos para o país, não. A esquerda hoje não tem nenhuma coisa, nem outra – a exceção talvez seja o PSTU, concordemos ou não com ele; mas da perspectiva eleitoral o partido tem ainda mais dificuldades e limitações que o PSOL.
Com o declínio do PT, de um lado reduzido à liderança personalista e algo messiânica de Lula, de outro apostando que os eleitores acreditem que basta elegê-lo em outubro de 2018 para voltarmos a outubro de 2002, o PSOL tinha a chance de ser o porta-voz de inquietações e demandas que nem Lula, tampouco o PT, são hoje capazes de encampar. Mas para isso seria preciso elaborar de uma vez por todas o luto, o que o PSOL não fez. Sinal de que teremos, pela frente, uma campanha melancólica.
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
Eleição é confusão: a campanha chega à alcova
POR JORDI CASTAN
HANS E NORMA - Quem poderia imaginar que depois de 15 anos felizmente casados, a relação poderia estar ameaçada pela politica? O caso de Hans e Norma Schmidt não é um caso isolado. Soma-se ao de muitos outros casais que depois de anos de relação descobrem que convivem com um estranho. O caso do casal Schmidt é emblemático. Na eleição passada ambos votaram em Udo Dohler, convencidos pelo discurso em prol da saúde, a imagem de gestor bem sucedido e a sua ascendência germânica.
Os dois chegaram inclusive a fazer campanha. Hans colocou um adesivo com o número 15 no carro, Norma levou o tema ao seu krentze. Hoje o nome do Udo é motivo de discórdia entre o casal. Se o prefeito aparece na televisão, Hans lança uma série de impropérios. Se o carro da família cai num buraco os palavrões logo aparecem.
Norma está decepcionada e acha que foi iludida. Não fará campanha de novo, prefere calar, em parte por vergonha, em parte por falta de argumentos para defender a gestão do seu candidato. Acredita que os outros candidatos não são melhores e que Hans está exagerando nas críticas. A decepção é tão grande que o casal elaborou um decálogo para que o seu matrimônio passe sem crises pela próxima campanha. A política está proibida no quarto do casal. O nome Udo Dohler está vetado no domicilio (são aceitáveis o apelidos “Alencar” ou “onkel”).
MÁRIO E MARINA - O casal Mário e Marina da Silva vive uma situação semelhante. Enquanto ele é tucano e votou no PSDB na última eleição, Marina votou em Udo. Agora a mulher acredita que Darci possa ser a melhor solução para Joinville. Só a citação do nome do deputado estadual faz Mário ter crises de taquicardia e subidas de pressão.
Mário não consegue acreditar que, depois de 24 anos de feliz casamento, descubra que sua mulher possa votar no Darci. Se sente casado com uma estranha. E sempre lembra que aceitou o voto dela em Udo na eleição passada. Aliás, no quadro do segundo turno, ele próprio acreditou que era a melhor alternativa e até usou a expressão “mal menor”. Hoje acha que esta expressão hoje teria uma carga irônica perversa.
Mário da Silva tem tentado, sem êxito, demover a Marina da intenção de votar em Darci e busca com afinco argumentos para convencê-la a votar de novo em Udo. Algo que ela se resiste a fazer. Alega que é de néscios permanecer no erro. A preocupação do casal é que, na medida em que se aproximem as eleições, o clima seja mais tenso na relação. Mais tensão é menos sexo, pensam.
LAILA E KARINA - Uma situação curiosa é a do casal Laila e Karina. Na
eleição passada votaram no candidato do PSOL no primeiro turno. No segundo, preocupadas pelo discurso teocrático, decidiram votar no candidato do PMDB,
acreditando nas promessas de campanha e no discurso da sua capacidade
administrativa. Hoje não sabem em quem votar.
No primeiro turno o voto será, de novo, no PSOL, um voto ideológico e de afirmação, mesmo sabendo que o seu candidato não estará no segundo turno. A preocupação é o voto do segundo turno. Sabem que nenhum dos pré-candidatos tem propostas concretas para valorizar a diversidade. Karina até ensaiou defender o voto no atual prefeito, a sua iniciativa não durou meia hora, o tempo que precisou a Laila para relacionar a lista de promessas não cumpridas pelo gestor municipal. Ela tinha fôlego e argumentos para muito mais tempo, mas não precisou. A tacada final foi quando ficou sabendo que nenhuma associação que defende a diversidade recebeu alguma parcela do salário do prefeito.
No primeiro turno o voto será, de novo, no PSOL, um voto ideológico e de afirmação, mesmo sabendo que o seu candidato não estará no segundo turno. A preocupação é o voto do segundo turno. Sabem que nenhum dos pré-candidatos tem propostas concretas para valorizar a diversidade. Karina até ensaiou defender o voto no atual prefeito, a sua iniciativa não durou meia hora, o tempo que precisou a Laila para relacionar a lista de promessas não cumpridas pelo gestor municipal. Ela tinha fôlego e argumentos para muito mais tempo, mas não precisou. A tacada final foi quando ficou sabendo que nenhuma associação que defende a diversidade recebeu alguma parcela do salário do prefeito.
Enfim, a atual gestão está perdendo os votos dos eleitores que votaram na eleição passada, não está ganhando votos novos e ainda lança dúvidas nas relações de muitas famílias joinvilenses.
A política chegou à alcova e o resultado não é nada bom.
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Fernanda M Pompermaier
POR FERNANDA M. POMPERMAIER
Acho meio descabido eu morando há 3 anos e meio a 11 mil quilômetros de distância de Joinville, estar declarando meu voto nas eleições por aí. Ainda não posso votar por aqui, e nem sei como fazer para votar nas eleições brasileiras. Sei que brasileiros que moram no exterior estão dispensados de todas as eleições, exceto a de Presidente da República. Pretendo votar, provavelmente na embaixada que fica em Copenhagen. Veremos.
Sou filiada ao PSOL, e não apenas por esse motivo, voto na Luciana Genro.
Os motivos pelos quais me filiei ao Partido do Socialismo e Liberdade são inúmeros: comprometimento com a pauta de direitos humanos, acreditar numa reforma política, possibilidade de melhorar a distribuição de renda através de imposto progressivo, fim dos enormes caixas de campanha, entre outros. Moro num país que tem uma exemplar igualdade social e isso não foi conquistado de graça. A Suécia já foi pobre, já foi exclusivamente monárquica, já foi socialista, hoje o regime é Monarquia Constitucional Parlamentarista, ainda bem comprometido com as questões sociais e as liberdades individuais. O povo que detesta bolsa família ia ficar piradinho por aqui. Todas as famílias recebem ajuda de custo para cada criança (eu inclusa) de aproximadamente 300 reais mensais por crianca. Valor muito maior do que é dado no Brasil e não apenas para quem tem renda baixa, mas para todos: por exemplo, para a minha família, na qual ambos os pais trabalham e conseguem se manter.
A palavra socialismo ainda assusta muitos desinformados que a relacionam com utopia, com dificuldade de ação, com comunismo ou sei lá o quê. E é por isso que o nome da sigla é socialismo e liberdade, porque se pretende melhor distribuição de renda garantindo as liberdades individuais, através da democracia. Gostaria que todos tivessem a possibilidade de conhecer na prática como é viver numa sociedade com igualdade social e percebessem a necessidade da classe média/alta abrir mão de privilégios para o bem coletivo. E reconhecessem a real necessidade de um Estado que se compromete com os direitos de todos, que protege o cidadão que teve menos oportunidades, que protege as crianças e a sociedade em geral desse mercado com estratégias tão agressivas de venda e marketing. Não acredito no fim do Estado. Acredito nele como um "garantidor" de direitos, um regulamentador.
Acredito que o PSOL pode ser capaz de mudar essa ideia do estado como uma máquina pesada sugadora de impostos para um verdadeiro prestador de servicos de qualidade.
sábado, 26 de julho de 2014
Carolina Peters
POR CAROLINA PETERS
Eu voto 50, na candidatura do PSOL, que neste pleito é representada
pela ex-deputada federal Luciana Genro. Em parte porque sou filiada ao partido,
mas essa é só meia resposta. A outra metade justifica o argumento “filiação”.
É urgente mudar a política. A forma como hoje se organiza nosso
sistema de representação político, permitindo financiamentos milionários de
campanha, faz com que a coisa pública seja inevitavelmente refém do interesse
privado de grandes corporações. No momento, encontra-se engavetada no STF a
medida de proibição da doação de empresas a campanhas eleitorais. Apesar de 6
votos favoráveis ao projeto contra apenas um, essa ação que representa um passo
concreto no combate à corrupção emperrou há poucos meses das eleições.
No cenário atual, há pouco espaço para a pluralidade de opiniões, de
gênero, de cor e credo. A representação popular dá lugar ao lobby. A cobertura
midiática parcial, que criminaliza movimentos de luta por direitos e se
restringe a noticiar a corrupção de varejo, de determinados grupos, e silenciar
sobre outros grupos e os corruptores de ambos, contribui para o sentimento de
completa descrença e desmotivação no seio da população.
O PSOL tem em seu estatuto veto ao recebimento de dinheiro de empresas
multinacionais, monopólios, do setor financeiro, empreiteiras ou qualquer
empresa que realize obras publicas. Muitas de nossas candidaturas, como a do
deputado federal Ivan Valente, de São Paulo, não recebem dinheiro de pessoas
jurídicas, contando somente com contribuições militantes. Esse não é um
discurso moralizador, mas garantia de independência política, que nos permitiu
ser o único partido a se posicionar contra as alterações no código florestal; a
veemência na defesa da demarcação de terras indígenas; a proposição da CPI dos
planos de saúde – engavetada pelo presidente da câmara Henrique Alves (PMDB)
apesar de já contar com as assinaturas necessárias para sua instalação; e a
defender a auditoria da dívida pública, uma verdadeira corrupção
institucionalizada, que hoje faz com que se destine metade do orçamento da
União para os bolsos de banqueiros.
Para além da questão do financiamento, há outra questão fundamental a
ser enfrentada por uma Reforma Política: ampliar as possibilidades de
participação da população em geral, e da sociedade civil organizada, na vida
política. Tirar do papel as previsões constitucionais de consultas públicas e
plebiscitos, bem como mexer no sistema judiciário viciado e desmilitarizar as polícias,
assegurando o direito à livre manifestação, à expressão da divergência, à
organização política (direito posto em xeque quando se indicia manifestantes
por associação criminosa e formação de quadrilha).
Somos uma democracia jovem, longe de estar consolidada.
E nossa história é recente demais para pensar que não haja possibilidade de
mudar.
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Charles Henrique Voos
Pelo direito à cidade. Esta será a base do meu voto nas Eleições 2014. Quando votei em Lula no segundo turno de 2006 (no primeiro votei Cristóvam), já tinha esta premissa em mente. Afinal, foi o seu governo que criou o Ministério das Cidades, e montou em Brasília uma equipe técnica renomadíssima, encabeçada pela Profa. Dra. Ermínia Maricato. Era o governo que queria implantar a gestão democrática da cidade na prática. Parecia ser um novo caminho para as políticas urbanas brasileiras. Só parecia.
Desde lá, o aquecimento da economia tendo como base o setor da construção civil (proposto no segundo mandato de Lula para promover o PAC e a Dilma) foi um retrocesso no avanço de melhores políticas para as cidades brasileiras. O mito de que moradias populares resolveriam o "verdadeiro problema" da falta de habitação de interesse social e da segregação socioespacial ganhou força para esconder um cenário de crescimento do poder econômico sobre os gestores urbanos Brasil afora. Os governos Lula e Dilma esqueceram-se que, fazer habitação popular, é, em primeira instância, fazer um pedaço de cidade. Monstros urbanos de 40 torres conjuntas pipocaram por aí (inclusive em Joinville) e não resolveram o problema, mas pelo contrário: tiraram os pobres de áreas super valorizadas na cidade para colocá-los nas periferias das cidades sem a mínima infraestrutura.
Enquanto isto acontecia, o mercado de construção civil e incorporação imobiliária teve um crescimento acelerado, como jamais visto antes na história do Brasil, nem no período do BNH da ditadura militar.
A gestão democrática da cidade foi invadida nos últimos anos por laranjas de empreiteiras, líderes comunitários atendendo aos anseios dos setores construtivos e uma classe política financiada cada vez mais financiada por empresas interessadas na gestão da cidade a favor de seus interesses especulativos. Planos Diretores estão sendo rasgados para todos verem, com apoio do sistema judiciário, que em sua maioria, dá pareceres favoráveis com a desculpa sempre esfarrapada de que não se pode parar o famoso "desenvolvimento econômico".
Como cereja do bolo, Lula e Dilma trouxeram - e apoiaram - os megaeventos no Brasil, como a Copa e as Olimpíadas, que catalisaram todo o processo que descrevi anteriormente. Não há como apoiar a reeleição de Dilma neste contexto. Seria incoerente com tudo o que estudo e pratico.
E, se eu votasse em Aécio ou em Campos, seria pior ainda: são candidatos de partidos que historicamente receberam (e deram) os maiores apoios destes grupos econômicos que lesam o direito à cidade, tão debatido ultimamente.
Sendo assim, mas não como ideia de sobra e sim como pioneiro na nova questão urbana brasileira, votarei no PSOL e em Luciana Genro. O PSOL é o partido que mais apoia a luta pelo direito à cidade, principalmente após o PT deixar este espaço que ocupava desde a fundação do Fórum Nacional Pela Reforma Urbana, nas décadas de 70 e 80. Seus parlamentares e militantes são exemplos no país quando este é o assunto.
Juntarei-me a este movimento.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Beijo entre homens faz mal ao fígado
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Na semana passada, numa troca de comentários aqui no Chuva Ácida, o
candidato a prefeito Leonel Camasão chamou a atenção para o beijo entre dois
homens no filme do PSOL. E eu respondi: “Aquela imagem do beijo gay tem tudo
para ser um sucesso de público e crítica na liberalíssima Joinville. Cuidado
que em vez de prefeito ainda te elegem Joana D'Arc e te atiram para a
fogueira”.
Era um comentário em tom de brincadeira, claro. Mas que continha um certo grau de previsibilidade. Porque o tal beijo fez os Torquemadas joinvilenses saírem à rua (hoje a ágora são as redes sociais). O que não surpreende, em se tratando de uma cidade onde a frase “virtude pública e vício privado” devia ser o lema inscrito na bandeira.
O fato é que o beijo do PSOL provocou uma pequena escandaleira. Teve gente que empunhou o tacape e saiu das cavernas para mostrar indignação. Lembro de ter lido o comentário de uma senhora que não achava aquilo natural. Um sujeito que achou a coisa perigosa para o filho pequeno ver na televisão. E um outro diz ter ficado enojado (deve ter tido problemas de fígado). E o nível da coisa andou por aí.
Já escrevi aqui no Chuva Ácida que a exibição do beijo
na televisão poderia ser importante no sentido de trazer a discussão para a agenda. Ou seja, que talvez fosse
originar uma discussão racional, baseada em ideias. Mas não foi o que
aconteceu. Falou mais alto o fígado do que o cérebro. E o que se viu foi apenas
gente rafeira a rearranjar os seus preconceitos.
A mulher que não acha natural talvez precise de um
pouco de antropologia para entender as diferenças entre o que é natural e o que
é histórico (cultural). O pai que acha as imagens impróprias para o filho tem
medo de que ele se torne homossexual? Pois aposto que a criança só se tornará
mais tolerante. E para o homem que tem nojo, talvez o remédio seja um
chá de boldo e uma visita ao século 21.
Poderia tentar argumentar, mas a experiência mostra que é como falar para a parede. Dois monólogos não fazem um diálogo.
Por isso, vou resumir a coisa toda numa única ideia: “viva e deixe viver”. O grande
problema dos conservadores e moralistas (passe o pleonasmo) é que, para eles, é
preciso impor as suas interdições. Se vai contra as minhas crenças, então é preciso proibir.
Os intolerantes não sabem
o que significam termos como o livre arbítrio ou direitos civis. E quando dão por si, já caíram no pântano da homofobia. Mas a coisa é simples e dispensa grandes filosofias: "cada um come o que gosta". Eu respeito.
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