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terça-feira, 1 de novembro de 2016

O que esperar de Joinville com Udo de novo?

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

JOINVILLE GOSTA E REELEGER PREFEITOS - Nos últimos 20 anos, somente Carlito Merss (PT) não conseguiu tal feito. A reeleição de Udo Dohler (PMDB), consumada no último domingo, revela a força do partido na cidade, bem como uma poderosa resposta ao projeto de sucessão do governador Raimundo Colombo (PSD), derrotado aqui, em Blumenau e em Florianópolis (numa desvirada maluca de Gean Loureiro, também do PMDB).

Após uma campanha que, confesso, me despertou uma indiferença como há tempos não via, precisamos contar os pontos do resultado. O continuismo de Udo pode ser um alento para quem defendia "deixar o homem trabalhar", como se quatro anos não fossem suficientes, embora tenha traços de pioras em vários segmentos da gestão pública.


"Queremos transformar a cidade de Joinville: mais justa e segura"

Essa frase de Udo para o jornal ND minutos após ser confirmado o vencedor do segundo turno preocupa. Tudo porque seu vice, Coelho, é inimigo declarado dos movimentos sociais da cidade (sobretudo o MPL), e tem um histórico de preconceito, repressão às minorias e tudo aquilo que não combina com a justiça social. Aos duvidosos, convido a leitura de seu Twitter e Facebook.

- "Vice não manda!", diriam alguns. Ocorre que o militar foi escolhido "a dedo" para a vaga, trazendo consigo a imagem de que o novo governo tornará a cidade mais "segura". Já está mais do que provado: segurança pública não se resolve com mais policiamento (a campanha prometeu triplicar o número de agentes da guarda municipal), mas com uma cidade menos desigual.

SE FOR MANTIDA A ESTRATÉGIA DO PRIMEIRO MANDATO -  Nesse caso, a redução das desigualdades será uma coisa para fantasia e confetes, apenas. Este é o mesmo prefeito que não investiu um centavo sequer em políticas de direitos humanos, juventude e afins, por exemplo (lembram do feriado da Consciência Negra?). É o mesmo articulador da LOT entre ACIJ, executivo e legislativo (creio que seja desnecessário, mas lembro de todas as coisas ruins e ultrapassadas presentes na nova lei de ordenamento territorial e que foram amplamente descritas aqui no Chuva) muito antes de se eleger. Sem esquecer dos escândalos da saúde (adulteração das filas para consultas), dezenas de intervenções do Ministério Público em seu governo, as promessas não cumpridas (300km de asfalto, ponte do Adhemar...) e a política de educação fajuta (tablets "para todos os alunos", reformas a la Luiz Henrique da Silveira, e o "aumento de vagas" com o corte do turno integral das creches).


"Vamos fazer três pontes"

Para piorar, o rodoviarismo estampado na capa da página online do jornal AN. Ainda que o Plano Diretor e o Plano de Mobilidade dissessem para investir prioritariamente em transporte público, Udo vai repetir a promessa de pontes, obras caras e que não trazem tanto efeito assim, em comparação com o mesmo investimento em outras políticas urbanas, por exemplo. Para quem não lembra, o primeiro mandato não fez a licitação do transporte coletivo porque foi omisso e não comprou uma briga judicial contra as empresas de ônibus da cidade, apesar de Dohler não nutrir amores pelos Bogo. Como resultado, o contrato foi renovado temporariamente, sem qualquer tipo de transparência e até hoje estamos sem saber o que, de fato, vai acontecer.

UDO NÃO TOLERARÁ CRÍTICAS, COMO SEMPRE - Marca de seu primeiro mandato, uma equipe totalmente articulada com as redes sociais sempre monitorou os passos e os discursos contrários à gestão. Considero que esse foi o setor mais atuante dos últimos quatro anos. Afastou funcionários sem motivo aparente (Lia Abreu que o diga...) e sempre botou a culpa nos outros. Não há nenhuma perspectiva diferente nesse sentido, infelizmente. 

"Temos de contar com todos os joinvilenses"

Outra frase estampada no AN, construída por puro marketing e que só faz sentido para aqueles que pensam igual ao empresário. Tanto que um de seus slogans na reta final foi "ao invés de reclamar, trabalhar", mostrando como se sente intocável e não receptivo às ideias contrárias, parte importante da construção social e do bom debate democrático. Pelo contrário: Udo foi um grande reclamão, chamando movimentos articulados de "arruaceiros", "gente que quer o atraso", e essas coisas todas que só servem para desqualificar quem pensa diferente, uma pedra fundamental para se dar bem em Joinville. Seu primeiro mandato não foi muito democrático, e tampouco o segundo será. É só juntar os discursos proferidos com a sutileza das suas ações nos bastidores para comprovar tal afirmação. 

APESAR DA REELEIÇÃO - Udo não tem cacifes para se alçar ao governo do Estado, como esbravejam alguns por aí. Os movimentos são mais complexos e o partido possui outros caciques ansiosos na fila, como Mauro Mariani e Pinho Moreira. O certo é que em âmbito local será extremamente dominante, ordenando uma maioria absoluta na Câmara de Vereadores e absorvendo dissidentes de Darci (o cara que quer ser "a voz dos que não têm voz", começando por si próprio) com cargos e novas alianças políticas, o que é bem normal considerando o nível dos 19 eleitos em Joinville. 

Com a ACIJ nas mãos há quase uma década, reeleito e administrador de grande maioria no legislativo, não haverá desculpas que se sustentarão na imprensa (amplamente favorável ao seu primeiro mandato, diga-se de passagem) ou nos livros de história. Udo tem uma condição rara em suas mãos e que não existia nessa cidade desde a década de 1960. Quem dera se usasse isso em favor da maioria, pobre, segregada e amplamente marginalizada, né?

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Um balanço das novas regras eleitorais em Joinville

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Esta é a primeira disputa eleitoral sem as temidas doações empresariais de campanha, disputada em apenas 45 dias e com espaço reduzido na TV e no rádio. A reforma eleitoral capitaneada por Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados parece ter produzido alguns efeitos negativos, inclusive em Joinville.

Apesar de presenciarmos uma campanha limpa (sem outdoors, placas em postes, bandeiras a cada esquina, etc.), os oito candidatos a prefeito e os quase 400 a vereador encontram-se sobre o mesmo pé de desigualdade que nas épocas financiadas por empresas. Udo Dohler, por exemplo, já arrecadou quase 1 milhão de reais, sendo a maioria de recursos próprios (e Ivan Rocha, 450 reais). Às vezes não percebemos, mas a reforma eleitoral privilegiou os candidatos ricos, aqueles que possuem modos de se auto financiar. 

Ou, ainda, incentivou os partidos políticos a alçarem candidatos milionários em detrimento das lideranças sociais, o que notaremos com mais força quando Udo sair do cenário. Quando o pleito é para o legislativo, a mesma situação: as campanhas visivelmente mais "gordas" são aquelas de candidatos ricos, pois nunca precisaram de empresas para financiamento, ao contrário dos demais (dos 19 vereadores atuais, todos se elegeram com verbas diretas ou indiretas de empresas ligadas à ACIJ ou do ramo imobiliário). 

Outro fator decisivo está na distribuição da campanha eleitoral em inserções nos blocos comerciais. Até a última eleição, as propagandas dos candidatos eram concentradas nos famosos horários eleitorais, com uma baixa procura do eleitor. Agora, com o aumento da dispersão eleitoral ao longo do dia, os candidatos aparecem no meio dos programas favoritos das pessoas, naturalizando discursos difusos e escamoteando soluções.

Novamente, aqueles candidatos com maior poder de coligação saem em vantagem sob princípios desiguais. Enquanto um candidato tem 300 inserções espalhadas, outro pode ter apenas 10 ou 20. Isso pode explicar, por exemplo, porque Udo larga com tanta vantagem (incluindo aí o poder natural de quem ocupa a máquina pública) e, sobretudo, de como Tebaldi aparece tão bem colocado nas pesquisas de intenção de voto. Esses dois candidatos possuem, respectivamente, o primeiro e o segundo tempo total de propaganda na TV. Coincidência? No modelo antigo, os eleitores faziam de tudo para não ver o horário eleitoral, momento concentrado da maioria das propagandas. Agora, parece um comercial como qualquer outro e, como toda propaganda, o poder de manipulação é grande, a ponto de um condenado poder chegar ao segundo turno.


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Começou a corrida à Prefeitura. E é mais do mesmo...


POR JORDI CASTAN


Deu a partida para a campanha eleitoral. São poucos dias, muitos menos recursos que nas campanhas anteriores e uma corrida desigual que beneficia os candidatos que concorrem à reeleição. No caso de Joinville ,os primeiros números divulgados pela pesquisa IBOPE trazem poucas novidades. Mas a campanha está se mostrando surpreendente.

UDO DOHLER - Candidato a reeleição depois de quatro anos administrando Joinville, traz poucas novidades a insistência na honestidade como diferencial e o fato de acordar cedo. Muitos eleitores não entenderam ainda se é um problema de insônia ou se acredita mesmo que Deus ajuda a quem cedo madruga. Sobre os seus dotes de gestor e administrador até agora só um ominoso silêncio. Faz bem o seu marqueteiro em esquecer desse bordão da campanha de 2012, dificilmente o eleitor acreditaria de novo na patranha dos seus dotes de administrador.

DARCI DE MATOS - Empatado tecnicamente, dentro da chamada margem de erro, o deputado estadual Darci de Matos aparece em segundo lugar. É um segredo a vozes que o projeto de governar a maior cidade de Santa Catarina não é um sonho novo. Há muitas dúvidas sobre como o eleitor receberá a imagem de bom moço. O bom mocismo acompanha o discurso do candidato desde o inicio da sua carreira política. Darci é um dos maiores exemplos de como a política é generosa. Como em pouco tempo é possível deixar atrás a infância dura em Cafelândia e gozar de uma vida confortável e economicamente estável.

MARCO TEBALDI - O terceiro nas pesquisas e também empatado tecnicamente é o ex-prefeito Marco Tebaldi, que já mostrou qual é o seu modelo de administração. Os joinvilenses podem até ficar em dúvida sobre se o "fazer a todo custo" é a melhor forma de levar Joinville adiante e se é este o perfil ideal para o momento peculiar que vive a cidade. Mas não há duvidas: praticamente um quarto da população que já definiu seu voto acredita ser a melhor alternativa para sair do marasmo em que as últimas gestões têm mergulhado Joinville.

CARLITO MERSS - Em quarto lugar outro ex-prefeito. É Carlito Merss, que navega contra a rejeição e ensaia a sua volta à vida política, para evitar ser esquecido pelo eleitor. Não é nenhum segredo que o ex-prefeito não está participando desta corrida, ou seja, está lutando a sua própria batalha para sobreviver politicamente. Seu projeto político não passa mais pela prefeitura e sim por tentar a volta ao Legislativo. Esta só medindo o tamanho do capital político que sobrou depois do debacle.

DR. XUXO - No mesmo pelotão esta o Dr. Xuxo. A sua candidatura sentiu já na largada a força que podem ter as redes sociais. Se espalhou, de forma viral, um texto que continha acusações gravíssimas sobre o candidato. E que mostraram como esta eleição poderá ser vencida ou perdida nas redes sociais. Se sua candidatura crescerá ou se manterá no mesmo patamar será o que mostrarão os próximos dias.

RODRIGO BRONHOLDT - O candidato Rodrigo Bornholdt é o menos conhecido dos que disputam este grupo. Em princípio é o que tem maiores possibilidades de crescer se consegue projetar a imagem de que pode fazer diferente. O eleitor se mostra cansado de mais do mesmo e se na eleição passado escolheu aquele que achou o menos ruim, nesta pode preferir aquele que fará diferente em resposta ao mais do mesmo.

IVAN ROCHA - No último corpo está Ivan Rocha, um outsider que dificilmente será visto pelo eleitor como uma alternativa real, mas que tem a liberdade para poder oferecer propostas de governo completamente novas e fora do espectro habitual do eleitor.

Os outros candidatos listados na pesquisa tem ínfimas ou nulas possibilidades de chegar a um dígito no dia 2 de outubro.

Joinville tem pela frente uma corrida que apresenta poucas surpresas e a cidade precisa ser surpreendida para mudar, porque mais do mesmo já sabemos onde vai nos levar. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Seis parágrafos à procura de uma crise


POR CLÓVIS GRUNER

“Escrevo-te uma carta...” – A poucas semanas da votação do impeachment no Senado, Dilma Rousseff se manifesta: na terça (16), enviou às senadoras e senadores uma carta pedindo que encerrem o processo de impeachment contra ela, afirmando tratar-se de um “golpe” - e isso depois de o próprio PT relutar acerca do uso da expressão no documento enviado ao Senado. E se compromete a chamar um plebiscito para, se for a vontade geral da nação, convocar eleições antecipadas. Há quem diga que a carta veio tarde, e o “Estadão” afirma, em nota publicada quarta (17), que a opinião entre alguns senadores é que a missiva de Dilma lhe custou mais alguns votos. Bobagens, obviamente: o impeachment, sabemos todos, é um jogo de cartas marcadas. 

Como se trata de um processo político e  não jurídico, uma chicana feita à custa da Constituição para livrar corruptos da cadeia, como revelaram em conversas telefônicas Romero Jucá e Sérgio Machado, nada mudará o que já foi decidido. É tudo uma farsa. Por isso, acho, não basta Dilma ir ao Senado no dia da votação e se defender pessoalmente. Um amigo sugere que, no lugar da protocolar e inútil defesa, ela deveria citar um a um os senadores envolvidos em escândalos e denúncias de corrupção, em ordem alfabética: a começar pelo tucano mineiro Aécio Neves, depois o relator do processo contra ela, Antonio Anastasia, etc..., até Zezé Perella, dono de um helicóptero apreendido com 500 quilos de cocaína. Feito isso, levantar e ir embora. Afinal, melhor que cair em pé, é cair atirando.

Procura-se um golpe – Um dos primeiros gestos do PT após o afastamento de Dilma Rousseff foi sua participação vergonhosa na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados. Vocês lembram: no lugar de apoiar Luiza Erundina, um gesto que sinalizaria a disposição do partido em compor uma aliança de esquerda no Legislativo federal, o partido fechou apoio à candidatura do ex-ministro de Dilma, Marcelo Castro, do “golpista” PMDB. Perdeu. Decidiu então por Rodrigo Maia (DEM) contra Rogério Rosso (PSD), alegando que eleger o primeiro imporia uma derrota a Eduardo Cunha. Eleito e empossado, Maia disse que não anteciparia a votação pela cassação de Cunha, marcada para 12 de setembro, uma segunda-feira, e depois da votação do impeachment de Dilma no Senado, portanto. De fato, uma derrota que Eduardo Cunha terá dificuldades em esquecer.

Nas redes, a repercussão entre os petistas e simpatizantes foi: “Será que o PT não aprendeu?”. Claro que sim. O voto em Rodrigo Maia, um dos principais articuladores do impeachment na Câmara e integrante da base de apoio do interino e ilegítimo Temer, não teve nada de inocente ou inconsequente: foi uma decisão pensada e discutida, ainda que não tenha sido unânime (parte da bancada petista não votou nele). E é mais um reflexo da opção do PT pelo pior da realpolitik, opção que entre outras coisas lhe custou a presidência. Tanto aprendeu, que nas eleições municipais desse ano, segundo dados do TSE, o partido está aliado ao PMDB, PSDB ou ao DEM em 1406 cidades. Todo mundo sabe, mas não custa lembrar: são esses os principais protagonistas daquilo que o PT, apesar de Rodrigo Maia e das alianças municipais, insiste em chamar de “golpe”.

Democracia para que(m)? – Marcelo Freixo, no Rio de Janeiro, e Luíza Erundina, em São Paulo, estão fora dos debates à prefeitura, pelo menos até o STF julgar a Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada pelo PSOL. No caso do primeiro, o veto partiu entre outros, de Flávio Bolsonaro. Em São Paulo, a ex-petista Marta Suplicy foi uma das que vetaram o nome da deputada. Freixo e Erundina não são os únicos: graças a minirreforma política de Eduardo Cunha, aprovada em 2015 pelo parlamento, apenas partidos com ao menos nove deputados federais eleitos têm espaço assegurado nos debates, e sua participação deve ser aprovada por pelo menos 2/3 dos demais candidatos – foi o que aconteceu, por exemplo, com Luciana Genro em Porto Alegre, e Xênia Melo aqui em Curitiba. Além da alegada inconstitucionalidade, a minirreforma atenta contra os princípios mais elementares da democracia, mesmo se tomada em seus aspectos meramente formais e institucionais. 

Com razão, militantes, simpatizantes e eleitores de esquerda, especialmente do PSOL, reclamam do caráter excludente da nova lei eleitoral, e denunciam os interesses por trás de sua aprovação, já que as digitais de Eduardo Cunha estão impregnadas nela. O que se está evitando dizer é que a ela foi sancionada, sem vetos, pela então presidenta Dilma Rousseff. Que, aliás, sancionou outras duas leis também em vigor: a antiterrorismo e a das Olimpíadas. Graças ao inciso X do artigo 28 desta última, que proíbe “utilizar bandeiras para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável”, assistimos às cenas lamentáveis da Força Nacional retirando manifestantes dos ginásios cariocas nos primeiros dias do evento. Pode-se argumentar, a favor de Dilma, que se fosse ela a presidenta a interpretação da lei e seu uso seriam outros, porque não era sua intenção usá-la para coibir manifestações políticas. Talvez. Por outro lado, não foi diferente a repressão feroz contra os manifestantes do ‪#‎NãoVaiTerCopa‬ em 2014. À época, inclusive, justificada por uma parcela dos que agora alardeiam vivermos um Estado de exceção.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Vereadores e o programa "Meu salário, meu aumento"















POR SALVADOR NETO

Os quase 380 mil eleitores de Joinville (SC), conforme levantamento da Justiça Eleitoral após o recadastramento biométrico, ganharam mais um motivo para renovar geral a Câmara de Vereadores de Joinville este ano. Ao aprovarem reajuste de seus próprios salários em 9,83% passando dos atuais R$ 11 mil para R$ 12,3 mil, ressalte-se que em apenas uma vez, os vereadores mostram o abismo que os separam da realidade atual dos brasileiros com a economia em crise. Mais um deboche, e com o nosso dinheiro. A hora era para dar exemplo, o povo sofre com a crise. Mas não.

Já falei sobre os atuais legisladores (clique aqui e leia) aqui no Chuva Ácida. A certeza que os nobres edis têm de que o eleitor não vai dar nem bola para suas ações e os reeleger é claríssima! O povo desempregado que se lasque. Os servidores públicos do executivo a quem o prefeito Udo Döhler (PMDB) “concedeu” a inflação em parcelas até 2017, idem. Podem faltar remédios, leitos, obras, professores nas escolas, eles não estão nem aí. Buracos nas ruas, problema do povo. O que eles se preocupam é com o programa deles: meu salário, meu aumento. Minha casa, minha lei. O resto...

Resultados do trabalho da Câmara de Vereadores se veem nas matérias dos jornais e imprensa em geral. CPI da Saúde que não viu nada de errado no setor que está um caos. Diárias para viagens nacionais e internacionais que são um escândalo só. Carros alugados para suas excelências com gasolina incluída. Um milhão desperdiçados em catracas para “controle” do povo que acessa o legislativo. 

Vereadores denunciados por compra de votos, caixinha de 10% com salários de assessores, uso de laranjas para receber salário indevidamente. Discussão para criar a Lei da Mordaça nas escolas. A Lei de Ordenamento Territorial (LOT) não se vota, não se resolve, e a cidade fica a esperar sem poder se desenvolver, investidores levam seus negócios para outras cidades, e por aí vai. Produtividade para o povo, zero. Reajustes para si próprios, já, de uma vez só. 

Neste projeto do auto-aumento, dos 19 vereadores, 13 votaram a favor, três sumiram do plenário para não votar, e três foram contrários, mas não se enganem... O jogo já estava jogado.

O fato é que o poder legislativo tem orçamento muito acima do necessário, a produtividade é baixíssima, e assim a cidade sofre porque a maioria se atrela ao governo, não fiscaliza, fecha os olhos para o que não é feito, tudo em nome do próprio umbigo. E os eleitores, aqueles que avalizaram a ida dos “representantes do povo” (?!) ficam somente com a conta, salgada e alta para pagar.


Você gosta do programa dos vereadores “Meu salário, meu aumento”? Reeleja os que lá estão. Se você prefere outro programa, o “Minha Cidade, Minha Dignidade”, troque a todos para arejar o legislativo.

Aproveite e troque junto o Prefeito, outro que não disse a que veio. Mas não deixe de acompanhar seus eleitos. Por falta de participação dos eleitores é que os políticos produzem essas leis em causa própria. Anote os nomes dos atuais vereadores e vereadoras. Participe, outubro tá chegando.



É assim nas teias do poder...

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Nos fios da teia #6















POR SALVADOR NETO

Feriadão, tudo calmaria... só que não! Vamos tecer alguns fios de acontecimentos dos últimos dias, afinal o que não faltam são piadas prontas, traições, pesquisas... Leia:

Linda, recatada e do lar – No esforço midiático para derrubar Dilma, a mulher durona, eis que a revista Não Veja publica matéria (??) sobre a mulher do vice Michel Temer, Marcela. Apostando na atual insanidade coletiva que mistura tudo, criou é milhares de reações das mulheres em memes dos mais variados nas redes sociais. Tiro no pé? Coitada da Marcela.

Do bar, do lar, onde quiser – A Não Veja e a coitada da Marcela receberam de volta um troco inteligente. Mulheres enviaram fotos com as mais variadas poses dando um chega prá lá no machismo gritante da matéria, escrita por uma mulher. Afinal elas podem ser o que quiserem,  ou não? Bolsonaro e muitos mais acham que não.

O Messias – Na votação da admissibilidade do impeachment, eis que surge ele, o arauto da violência. Bolsonaro, para alguns o melhor nome para presidir o Brasil (arghh) cuspiu apoios a ditadura, tortura, torturadores. Olhando as redes sociais, muitas mulheres apoiam o messias... como entender?

Para qual lado? – Afinal, de que lado estariam as mulheres? Seriam mais Marcelas, recatadas, lindas, do lar, dóceis? Ou mais Dilmas, guerrilheiras, corajosas, enfrentando o machismo nosso de cada dia? Discussão difícil, para sociólogo nenhum botar defeito. E jornalista também! Aceitamos opiniões.

Cai ou não cai? – Creio que a força econômica com raízes que vem do estrangeiro, derrubaram o governo Dilma. Há esforços, grandes até, mas será muito difícil reverter o quadro de traições que começaram há quase um ano com Michel Temer (PMDB), com a força do limpo Eduardo Cunha (PMDB). O Senado vai aceitar, julgar e cassar Dilma. Não sem luta, o que vai agravar ainda mais a crise econômica.

Acabou a corrupção - A massa que brada em redes sociais, entidades empresariais, clubes e nas ruas foi ao êxtase com a aprovação do impeachment na Câmara. Acreditam que acabaram com a corrupção. Só esqueceram de combinar com os master chefs do golpe que ficarão mandando no país: Michel Temer e Eduardo Cunha, ambos do PMDB. Presidente e Vice, que tal? O Brasil merece.


Acabou a Corrupção 2 - Além da dupla Temer/Cunha, não esqueçam, há os 367 deputados que aprovaram a abertura do processo contra Dilma. Eles vão apoiar a permanência de Cunha na presidência da Câmara, com resultado de não cassação dele no Conselho de Ética, e assim todos se salvam. Pelo menos por lá. E como já disse o Moro, em dezembro a Lava Jato acaba. Deixando toda a sujeira debaixo do tapete.

Estado mínimo – Quem apoia a processo golpista/parlamentar e não é da classe média/alta mais tradicional, não consegue enxergar o novo governo que estão desenhando Michel Temer e seus aliados de sempre, do PSDB com Aécio, DEM e outros. Políticas sociais sumirão, ministérios para mulheres, negros, minorias, idem. O estado mínimo está chegando. O choro será grande logo ali na frente, a hora que a miopia politica passar.

Estado mínimo 2 - O canto da sereia de controle fiscal, corte de gastos (o Estado gasta muito, etc) vai levar boa parte da população a crer que é a melhor saída para a economia voltar a crescer. Engano. Onde há Estado forte, há economia forte e direitos adquiridos são preservados. Onde ele é desmontado, desmontam-se as proteções aos menos favorecidos. A história ensina. Leia meu artigo "Já chega de pontes que nos levam ao o passado" que publiquei aqui dias atrás.



Na aldeia – Por Joinville, após as mudanças partidárias permitidas até 2 de abril passado, as alianças surgem e nomes também. Configura-se disputa abaixo da linha da cintura entre Udo Döhler (PMDB) e Darci de Matos (PSD), com Tebaldi (PSDB), Xuxo (PP), Carlito (PT) correndo por fora. As rejeições estão altíssimas.

Na aldeia 2 – No segundo pelotão estão Ivan Rocha (PSOL), Valmir Santhiago Jr (REDE) e outros menores para fazer legenda e eleger vereadores, de olho em 2018. Ainda podem pintar na corrida eleitoral Rodrigo Bornholdt (PDT) e Patricio Destro (PSB). Há desespero pelos lados da Prefeitura com tantos opositores, existentes, e os novos que vem por aí.

Na aldeia 3 – Os jacarés do rio Cachoeira, até eles, já sabem que pesquisas eleitorais agora servem só para fazer marola. Números de certo instituto ligado a um jornal regional dizem que Udo está na frente. Só se for da Prefeitura, dizem as garças que andam ao lado dos jacarés. Esqueceram de ir aos bairros, perguntaram somente aos nomeados.

Traições – Assim como Dilma em Brasília, a traição ronda o governo Udo. A coisa começa dentro do seu partido o PMDB. Ex-aliados por apelos do falecido líder LHS, Cleonir Branco e Alexandre Fernandes, ex-presidentes da sigla, não participarão da campanha. Pior que isso é ver que a lista de vereadores está reduzida, e fraca. Nada está tão ruim que não possa piorar. O PSB pode abandonar também.

Mãos limpas – A oposição a Udo Döhler já sabe que o lema mãos limpas vai ser o alicerce da campanha do peemedebista. É só o que há, por enquanto, para usar na tentativa de reeleição. Não há obras, nem gestão, nem remédios, nem asfalto, nem inovações. As pedras do rio Quiriri também sabem que pode surgir algo que bote tudo a perder neste alicerce. Veremos.


É assim, os fios da teia nas teias do poder...

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Já chega de pontes que nos levam ao passado















POR SALVADOR NETO

O O PMDB, este partido que não sai dos governos federais desde 1993, já teve seus dias de glória. Mas foi nos tempos em que ainda era o velho MDB na ditadura. Hoje, em que pese ter valorosos militantes nos municípios brasileiros, é reconhecidamente o herdeiro do antigo PFL, hoje DEM. Há governo, estou dentro.

Com uma cúpula muito esperta, ao ver o projeto do qual é parte como vice-presidente com o “estadista” (sqn) Michel Temer fazer água na guerra santa produzida por economia ruim x crise política, imediatamente passou a conspirar contra o próprio governo que ajudou a eleger. É filme velho na história política brasileira, basta estudar.


A novidade é o projeto que anunciaram como a salvação da lavoura Brasil, o tal “Ponte para o Futuro”. Na verdade não é projeto, é uma senha para atrair apoios a um capital ofegante por “pegar” o Brasil novamente em suas mãos, sinalizando que a prática neoliberal voltaria com muita força. Para resolver questões “fiscais”. De fato o conteúdo não tem absolutamente nada de futuro, mas tem tudo de passado. Deveria chamar-se de “Ponte para o Passado”, pois nos remete ao país que vivemos entre 1994-2002 nos governos FHC do PSDB/DEM e... PMDB.

Programas sociais que custam ao governo, como o Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família, Mais Médicos, Fies, Pontos de Cultura, Seguro-desemprego, Pronatec, Ciência sem Fronteiras, etc, seriam cortados. Concentrar os programas sociais apenas nos mais miseráveis, os 10% mais pobres, que vivem com menos de 1 dólar por dia. Afinal, para quê mais que isso não é? Nada mais do passado quanto isso. Fim da política de valorização do salário mínimo, de todas as políticas sociais que elevaram mais de 50 milhões de brasileiros de classe social. Privatizações, ah isso seria mais que acelerado, seria imediato. Afinal, para quê Petrobras?

A defesa por uma volta ao passado defendida pelo PMDB já chegou aqui em Joinville há quase quatro anos. Em 2012, graças à sabedoria política do engenhoso ex-senador LHS, os eleitores aceitavam o empresário Udo Döhler como a “salvação da lavoura Joinville”. Diziam que era um homem visionário, preparado, entendia tudo de saúde, a infraestrutura iria mudar, pavimentações seriam aceleradas, enfim, a ponte para o futuro de Joinville estava ali. Só que não. O que se vê hoje é uma cidade abandonada, mal cuidada, com pessoas doentes sem leitos nos hospitais, ainda com falta de medicamentos nos postos de saúde.

Os buracos ocuparam as ruas, as praças esperam alguém para cuidar delas, e o povo também. De pontes, nem algum rascunho da prometida ponte do Adhemar Garcia, estupenda, saiu da ponta do lápis, que dirá do papel. Os bairros esperam o asfalto, e também o pedido de desculpas por tanta incompetência. Passado, é isso que o PMDB trouxe à cidade, assim como hoje quer fazer com o país. Passado. Não precisamos mais de passado. Precisamos avançar verdadeiramente ao futuro. Udo é passado, uma ponte que foi só miragem.

Para finalizar a grande obra da gestão do PMDB/Udo, a pérola da inovação foi a seguinte: para trocar os secretários que saíram para disputar as eleições de outubro, Udo caprichou. Colocou um médico na educação, uma advogada na saúde, um militar na secretaria de assistência social, um jornalista assessor de imprensa no esporte e um comerciante na cultura. Das duas uma: ou são muito competentes (estão no governo desde 2013 e nada...), ou não há mais ninguém aceitando estar nesta ponte que cai. De pontes o PMDB entende, mas sempre para o passado. Joinville e o país querem mais é futuro. E dos bons.

É assim nas teias do poder...

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Fazer campanha contra os candidatos desonestos



POR JORDI CASTAN



Estamos longe de ter um quadro definido para as próximas eleições. Há quem ache que o prefeito se reelege fácil. Menos por méritos próprios e mais pelos péssimos candidatos que os partidos apresentam. Seria uma reedição piorada da eleição anterior, a vitória do menos ruim. A vantagem que o eleitor tem hoje é que sabe o quanto ele é ruim. Sabe quanto há de gestão e quanto há de parolagem na imagem de gestor honesto e trabalhador. O eleitor não pode alegar não saber agora que o menos ruim é péssimo e os outros são muito piores. Um cenário desacorçoador.

A boa notícia é a quantidade de gente que coloca o seu nome para concorrer a vereador. Há muita gente boa. E esse “boa” tem muitos significados. Desde o seu nível de formação, ao seu histórico de luta pela cidade desde a militância em organizações apartidárias, gente que não tem um histórico de militância partidária mas que carrega a bagagem de anos de trabalho reconhecido por Joinville.

A maioria não vai chegar à Câmara. O sistema confere vantagens enormes aos atuais vereadores, que contam com uma constelação de assessores, recursos e estruturas para buscar a reeleição com maior facilidade que os candidatos que o intentam por primeira vez. Aliás, é bom lembrar que quando vereador usa assessor, telefone, carro e material da câmara para fazer campanha está usando recursos públicos. Ou seja, dinheiro que todos pagamos e que nem é contabilizado na prestação de contas feita ao TRE. Essas mazelas em que os políticos brasileiros são mestres e doutores.

Seria bom que houvesse uma grande renovação. O meu sonho seria que não ficasse um, que nenhum dos atuais vereadores conseguisse se reeleger. Quem sabe se elegêssemos uma nova geração de políticos, que, como a maioria da população, estão enojados com a corrupção e a sem-vergonhice que assola o Brasil. Oxalá pudéssemos começar a mudar o país desde os municípios. Um sonho? Sim, um sonho. Porque não nos enganemos: a corrupção que lemos cada dia nos jornais e vemos na televisão não é exclusividade dos cleptocratas de Brasília. Eles iniciam sua formação nos municípios, aperfeiçoam nas assembleias legislativas e ganham doutorado na Capital Federal.

Ninguém imagine que vivemos numa sociedade em que predomina a honestidade. A cada dia somos levados a acreditar que os corruptos são maioria e que a justificativa para tanta desonestidade é a desonestidade dos outros. Que se rouba porque os outros também o fizeram antes, que não há nada de errado em fazê-lo, que se você estivesse lá faria a mesma coisa.

É provável que para a maioria da sociedade assim seja. A maioria quer enriquecer na política. Vendo os exemplos que temos, inclusive aqui em Joinville, é fácil acreditar que nesta leva de novos candidatos haja muitos idealistas que queiram uma cidade melhor. Mas não nos enganemos, porque muitos querem se locupletar com as benesses do cargo, andar de carro alugado, indicar cabos eleitorais para cargos comissionados, nomear assessores pagos com o nosso dinheiro, viajar com diárias generosas a cidades distantes. 

O desafio do eleitor é saber diferenciar uns dos outros. Não só não votar nos desonestos, fazer campanha contra. Divulgar os nomes dos que não merecem ser eleitos. Porque não é a política que faz o candidato virar ladrão, é o nosso voto que elege o ladrão. Tão importante como fazer campanha pelos bons é fazer campanha contra os ruins, porque os ruins são em maior número. Cumpre-se no Brasil a máxima de Monteiro Lobato que dizia que "A política virou um privilegio irrestrito, com feroz exclusivismo à casta dos mais audaciosos amorais".

sexta-feira, 25 de março de 2016

Não gosta do que vê em Brasília? Mude a partir da sua cidade















POR SALVADOR NETO

Confesso que cansei de ver os noticiários da grande mídia familiar brasileira, a desinformação e a disseminação do ódio nas redes sociais, e a indignação seletiva e sazonal dos comentaristas de internet. É muita insanidade coletiva junta, que perigosamente trama contra a democracia e as nossas liberdades individuais. Com a chegada da tal “Lista da Odebrecht” então a coisa superou as barragens da razão.

Até porque é uma lista com mais de 300 nomes de políticos e outros seres humanos, sem checagem alguma, sem nenhuma investigação iniciada, com zero informação sobre os tais valores (se verdadeiros, se são grana de campanha, se foram doações legais, etc, etc). Uma temeridade com as pessoas listadas, suas imagens, reputações, em que pese alguns já serem presença batida em inúmeros escândalos ao longo de décadas.

Tragicamente vemos que a sociedade brasileira aceita a demonização da política como se vende em casos como estes e outros mais antigos. Não gosto de remar a favor da maré, até porque é muito fácil. Refletir sobre os fatos é mais produtivo porque se estimula o conhecimento mais próximo da verdade. Está em curso esse processo, que não é novo, que amplia o fosso entre nós, povo, e quem colocamos para nos representar, sejam vereadores e vereadoras, deputados e deputadas estaduais, deputados e deputadas federais, senadores e senadoras, governadores e governadoras, presidente da república.

O “aparecimento” da lista da Odebrecht não é algo fortuito. É pensado, calculado para embaralhar o jogo. Ao jogar todos na vala comum da maledicência, da corrupção na politica (ah, não esqueçamos que a corrupção está entre nós, na iniciativa privada, etc), deixa novamente no palco nacional os políticos e politicas, esquecendo os corruptores, os donos do capital. É muita infantilidade pensar que a corrupção na coisa pública é algo produzido somente pelos políticos. O interesse pelos grandes negócios públicos atrai os grandes empreiteiros, empresas internacionais, lobistas, e isso vêm de décadas aqui e em todo o mundo. E é deste nascedouro que cresce a corrupção no país há pelo menos 50 anos.

Você não gosta do que vê em Brasília? Pois saiba que você pode mudar muito o que chega à capital federal iniciando em sua cidade. Sim, ao eleger vereadores e vereadoras, prefeito, você começa a girar a roda política que elegerá deputados, senadores, governadores, e o Presidente da República. Eles estão em partidos políticos controlados por grupos dos mais diversos, que se coligam para vencer eleições. E até 2014 esse sistema todo foi financiado 99% por grandes empresas, empresários, empreiteiros, grupos de pressão, que jamais aparecem e apostam suas fichas em vários políticos.


Este ano você pode mudar junto com o sistema. Basta querer. Não aproveite só os momentos agudos de crise, amplificados pela grande mídia, para participar ativamente da política. Porque nestes momentos você apenas poderá espernear, porque eles já estarão nos cargos, e muitas vezes, defendendo somente as empresas financiadoras e grupos. A partir das eleições de 2016 o financiamento de campanhas será somente via pessoas físicas. Os valores máximos de gastos caíram. O tempo de campanha também. Observe bem que abusa do poderio econômico desde já. Desconfie da “força” do candidato.

Identifique quais valores julga mais importante e quais valores quer ver seu representante defender. Para saber o que o candidato pensa, o eleitor deve conhecer a carreira dele, assim como sua atuação profissional, seu histórico de vida, sua postura ética e sua conduta diante da sociedade. É preciso analisar suas propostas, o partido ao qual está filiado e quem são seus correligionários.

E informação das mais importantes é saber quem são os financiadores do candidato, mesmo este ano, pois as pessoas que financiam as campanhas eleitorais têm interesses que nem sempre se coadunam com os interesses da coletividade. Os políticos reproduzem as nossas escolhas, boas ou más. E são também as nossas falhas enquanto sociedade. Ajude a mudar o nosso país participando mais, gostando da política.

Senão, os ocupantes dos cargos a partir da sua cidade até a longínqua e poderosa Brasília continuarão os mesmos. E você? Vai se lamentar e reclamar sem ver nada mudar.

É assim nas teias do poder...

sexta-feira, 4 de março de 2016

Cidade inteligente, cidade humana?















POR SALVADOR NETO
Não tenho a menor dúvida que na cidade de Joinville moram pessoas brilhantes, inteligentes, ativas. Tenho a convicção, por conhecer de perto a gente trabalhadora que coloca sua energia e talento nas indústrias, comércios, prestadoras de serviço, associações, entidades civis, e tantos outros segmentos, que somos capazes de produzir os melhores produtos, os mais avançados projetos, as mais incríveis tecnologias. Somos um povo realmente realizador. E trabalhador. E que merece sim uma cidade melhor, mais humana, inteligente.

Difícil é ver os rumos que a gestão (?!) municipal – governo Udo Döhler (PMDB) – escolheu, ou seria tateou, nestes últimos 38 meses, com promessas de gestão qualificada, resolução de problemas da saúde, pavimentação e cuidados dos bairros para o centro, novos parques e praças, entre outras promessas não cumpridas, e ainda aceitar uma nova cenoura, ou doce, no apagar das luzes do governo: o tal Join.Valle. Meritória a iniciativa, temos muita massa crítica ainda na cidade para produzir inteligência, mas a liderança não é realizadora, não motiva. Portanto, quem criou e apoiou, acaba sendo somente usado.

A atual gestão Udo Döhler (PMDB) começou ficando longos oito meses com boa parte da cidade às escuras. Logo de cara cortou o acesso gratuito e livre à internet existente em vários pontos públicos, e até hoje jamais recolocou o serviço para o povo utilizar. Cidade inteligente onde a tecnologia foi cortada dessa forma? As ruas foram tomadas por buracos em todos os bairros, por longos três anos, carros e motos quebraram nos mesmos, e até pessoas acabaram perdendo a vida nestas vias mal cuidadas, sem manutenção. Como propor uma cidade humana nestes termos?

O que dizer da saúde então? Homem testado no setor, diziam na campanha e nas ruas, e na propaganda partidária, iria resolver tudo. O mantra foi “não falta dinheiro, falta gestão”. Pura balela. A população continua a perder dias e dias atrás dos remédios nos postos de saúde, e nada. Faltam leitos, faltam materiais essenciais, falta... um gestor, gestão mesmo. 

Na infraestrutura, nem asfalto nos bairros mais periféricos, mais pobres, nem soluções para a mobilidade urbana, tampouco para melhor a acessibilidade para as pessoas com deficiência. Nem a ponte do Adhemar Garcia, nem da rua Plácido Olímpio de Oliveira, nada. 

Cidade inteligente, cidade humana? Temos inteligência sim, muitas boas cabeças, talentos, um pólo de tecnologia que borbulha, mas não tem o impulso necessário para dar o salto que nos faria avançar décadas na qualidade de vida, na modernização da cidade. Temos humanidade sim, voluntários se esmeram e se doam em inúmeras entidades sociais, nas igrejas, em projetos sociais, reduzindo assim o sofrimento e os problemas de milhares que passam pelas dificuldades mais diversas. Mas, senhores e senhoras, nos faltam líderes inovadores.

Realmente temos tudo que uma cidade precisa para seu desenvolvimento, não somente econômico, mas social. Mas precisamos de um choque de verdade, de perceber que não dá mais para ouvir docilmente os discursos feitos via mídia tradicional, ou em associações de classe, sem questionar, cobrar, fiscalizar. Para chegarmos ao patamar de cidade inteligente e humana, há que se inovar nas lideranças, nos projetos, ousar sonhar, e ter coragem e energia para levar Joinville para o século 22 já, e não como ficamos hoje, a passos de tartaruga e pequenos factoides a nos ludibriar, vivendo ainda no modelo industrial do passado.

Parabéns aos idealizadores da smart city, mas cuidado: façam sair do papel o que sonham e pensam, com ações e inovações reais. Senão ficarão frustrados, e a cidade também.

É assim, nas teias do poder...




segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Eleição é confusão: a campanha chega à alcova


POR JORDI CASTAN



Como vai ser o comportamento do eleitor nas próximas eleições municipais? Como as famílias vão votar? As opiniões vão se dividir? Hoje proponho um exercício de imaginação e recorro a três casais fictícios (mas que certamente existem na realidade do nosso cotidiano): Hans e Norma, Mário e Marina e, finalmente, Laila e Karina. 

HANS E NORMA - Quem poderia imaginar que depois de 15 anos felizmente casados, a relação poderia estar ameaçada pela politica? O caso de Hans e Norma Schmidt não é um caso isolado. Soma-se ao de muitos outros casais que depois de anos de relação descobrem que convivem com um estranho. O caso do casal Schmidt é emblemático. Na eleição passada ambos votaram em Udo Dohler, convencidos pelo discurso em prol da saúde, a imagem de gestor bem sucedido e a sua ascendência germânica.

Os dois chegaram inclusive a fazer campanha. Hans colocou um adesivo com o número 15 no carro, Norma levou o tema ao seu krentze. Hoje o nome do Udo é motivo de discórdia entre o casal. Se o prefeito aparece na televisão, Hans lança uma série de impropérios. Se o carro da família cai num buraco os palavrões logo aparecem.

Norma está decepcionada e acha que foi iludida. Não fará campanha de novo, prefere calar, em parte por vergonha, em parte por falta de argumentos para defender a gestão do seu candidato. Acredita que os outros candidatos não são melhores e que Hans está exagerando nas críticas. A decepção é tão grande que o casal elaborou um decálogo para que o seu matrimônio passe sem crises pela próxima campanha. A política está proibida no quarto do casal. O nome Udo Dohler está vetado no domicilio (são aceitáveis o apelidos “Alencar” ou “onkel”).

MÁRIO E MARINA - O casal Mário e Marina da Silva vive uma situação semelhante. Enquanto ele é tucano e votou no PSDB na última eleição, Marina votou em Udo. Agora a mulher acredita que Darci possa ser a melhor solução para Joinville. Só a citação do nome do deputado estadual faz Mário ter crises de taquicardia e subidas de pressão. 


Mário não consegue acreditar que, depois de 24 anos de feliz casamento, descubra que sua mulher possa votar no Darci.  Se sente casado com uma estranha. E sempre lembra que aceitou o voto dela em Udo na eleição passada. Aliás, no quadro do segundo turno, ele próprio acreditou que era a melhor alternativa e até usou a expressão “mal menor”. Hoje acha que esta expressão hoje teria uma carga irônica perversa.

Mário da Silva tem tentado, sem êxito, demover a Marina da intenção de votar em Darci e busca com afinco argumentos para convencê-la a votar de novo em Udo. Algo que ela se resiste a fazer. Alega que é de néscios permanecer no erro. A preocupação do casal é que, na medida em que se aproximem as eleições, o clima seja mais tenso na relação. Mais tensão é menos sexo, pensam.

LAILA E KARINA - Uma situação curiosa é a do casal Laila e Karina. Na eleição passada votaram no candidato do PSOL no primeiro turno. No segundo, preocupadas pelo discurso teocrático, decidiram votar no candidato do PMDB, acreditando nas promessas de campanha e no discurso da sua capacidade administrativa. Hoje não sabem em quem votar.

No primeiro turno o voto será, de novo, no PSOL, um voto ideológico e de afirmação, mesmo sabendo que o seu candidato não estará no segundo turno. A preocupação é o voto do segundo turno. Sabem que nenhum dos pré-candidatos tem propostas concretas para valorizar a diversidade. Karina até ensaiou defender o voto no atual prefeito, a sua iniciativa não durou meia hora, o tempo que precisou a Laila para relacionar a lista de promessas não cumpridas pelo gestor municipal. Ela tinha fôlego e argumentos para muito mais tempo, mas não precisou. A tacada final foi quando ficou sabendo que nenhuma associação que defende a diversidade recebeu alguma parcela do salário do prefeito.

Enfim, a atual gestão está perdendo os votos dos eleitores que votaram na eleição passada, não está ganhando votos novos e ainda lança dúvidas nas relações de muitas famílias joinvilenses. A política chegou à alcova e o resultado não é nada bom.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Udo Dohler não quer se reeleger

POR JORDI CASTAN
Por muito que diga que será candidato,  por mais que seu partido e os comissionados apostem na sua candidatura, Udo Dohler não será de novo prefeito de Joinville. É dele - e de ninguém mais - a responsabilidade da sua não reeleição. O prefeito tem se esforçado em dinamitar todas as possibilidades.

Dificilmente conseguirá, entre o quadro efetivo da Prefeitura, os votos que obteve em 2012. Atrasou salários. Retirou benefícios. Não reduziu o tamanho da máquina pública. Manteve comissionados. Atrasou os repasses ao Ipreville. Conseguiu a união da classe em duas greves e a maioria dos funcionários públicos não esconde a sua frustração e descontentamento com o modelo de gestão.

Transformou Joinville em Buracoville. Buracos responsáveis até por fatalidades, que vão muito além do custo econômico de reparar pneus e amortecedores. Entre os 292 mil motoristas habilitados, é consenso que as ruas nunca estiveram tão mal. Tudo isso sem uma proposta concreta para o problema da mobilidade.

As obras públicas previstas não saíram do papel e as que ainda se alastram a passo de cágado manco são apenas remendos. Não são o que Joinville precisa e merece. Menção especial merecem as crateras que têm convertido as ruas da cidade  numa paisagem lunar. Cada vez é maior o número de motoristas que lembram do nome do prefeito, nem sempre com carinho, quando estoura um, ou pior dois pneus, no mesmo buraco.

Nada deteriora mais a imagem do administrador público que o estado de abandono da cidade. A imagem do prefeito como sindico é uma percepção cada vez mais forte e nem entre os seus defensores mais fervorosos há como negar que Joinville nunca esteve pior . É bom lembrar que 292 mil motoristas são votos demais para ser desprezados.

Tampouco está melhor a sua imagem entre os usuários do transporte coletivo. Joinville tem hoje a tarifa de ônibus mais cara do Brasil. Este fato por si só já evidencia a falência do modelo de transporte coletivo. É inaceitável que a tarifa de ônibus aqui seja mais cara que em São Paulo ou no Rio por citar dois exemplos. Ser notícia em nível nacional por ter a tarifa mais cara do país envergonharia qualquer administrador, e é ainda um atestado de incompetência na gestão da cidade. A revolta do usuário deverá se traduzir também em menos votos.

Os ciclistas são outro dos coletivos que dificilmente apoiarão a reeleição do prefeito. De nada servem os quilômetros e quilômetros de ciclofarsas. São só estatísticas que não enganam ninguém. Quem anda de bicicleta enfrenta riscos constantes pelo péssimo estado de conservação, pela má sinalização e pela ausência de um projeto estruturado que ligue uma parte da cidade a outra. Hoje o traçado das ciclofarsas liga o nada a coisa nenhuma, ameaça a vida dos ciclistas e tem ocasionado graves acidentes, inclusive fatais.

Tem o mérito de conseguir, em pouco mais de três anos, a quase total unanimidade, o número de eleitores que não votariam nele de jeito algum é cada dia maior. Interessante que esta posição seja também a cada dia mais aberta, mais clara. Ninguém mais esconde a sua decepção com quem se apresentou como um administrador com experiência e conhecimento.

Para quem chegou dizendo que o problema de Joinville não era de dinheiro e sim de gestão e hoje atrasa o pagamento de salários e de fornecedores, tem havido uma rápida deterioração da imagem de homem público, de gestor e de empresário. Na eleição passada, pesou na decisão do eleitor essa imagem. E o eleitor, que ainda não o conhecia, acreditou nela. Agora, o eleitor o conhece e sabe o quanto era só imagem e quanto é verdade. 

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Não reeleja, renove geral!


POR SALVADOR NETO

Anote os nomes a seguir: Adilson Mariano (PSOL), Claudio Aragão (PMDB), Dorval Pretti (PPS), Fabio Dalonso (PSDB), Jaime Evaristo (PSC), James Schroeder (PDT), João Carlos Gonçalves (PMDB), Levi Rioschi (PPS), Lioilson Correa (PT), Manoel Bento (PT), Mauricinho Soares (PMDB), Mauricio Peixer (PSDB), Maycon César (PSDB), Odir Nunes (PSDB), Pastora Leia (PSD), Roberto Bisoni (PSDB), Rodrigo Fachini (PMDB), Rodrigo Thomazi - Suplente/Sidnei Sabel (PP) titular, Zilnety Nunes (PSD). Anotou? Agora fixe essa lista em sua geladeira, quadro branco, ou onde deixe suas anotações importantes do que tem a fazer. Já explico.


Essas pessoas listadas acima são os vereadores no exercício do cargo em Joinville (SC). Eleito em 2012 ainda pelo PSD, Patricio Destro, hoje PSB (é...) virou deputado estadual em 2014 abrindo a vaga para Zilnety Nunes. Rodrigo Thomazi assume quando Sidnei Sabel deseja ser secretário do Governo Udo. Temos mais nomes de suplentes – aqueles que ficam na fila para assumir caso um dos eleitos tenha de deixar o cargo por qualquer motivo -, mas isso fica para um exercício de casa para você eleitor. Sim, você quer uma cidade melhor, tem de fazer a lição de casa: pesquisar, saber quem é quem, de onde veio, para onde foi, quais negociações fez, se tem nome sujo (processos, acusações, etc), se trabalhou, se não. Coisas básicas para exercer de fato o seu direito de cidadão. E aí votar.

Esclarecido isso, faça o passo seguinte, claro, somente em 2016: não reeleja nenhum destes vereadores ocupantes das cadeiras no legislativo joinvilense. Renove geral. Somos quase 700 mil habitantes dos quais quase 400 mil tem direito a votar, e ser votado. Portanto, há muita gente que pode dedicar seu tempo, conhecimento, habilidades, estudo, formação, visão de mundo, para a coisa pública. Aliás, isso deveria ser uma missão de todo cidadão, alguma vez se candidatar, fazer política partidária, não partidária, se envolver nas associações de bairros, de classes, ser voluntário de instituições sociais e públicas, participar de diretorias de entidades sociais. Fazer política é isso, não é somente votar, ou reclamar diante da TV, dos noticiários.



Claro que na lista atual de vereadores, e de suplentes, há pessoas de bem, com bons serviços prestados. Mas como diz o ditado, o uso do cachimbo deixa a boca torta. Eleitos, começam a compreender a máquina, o os corruptores, lobbies, lobistas, achacadores, e outros, e a se influenciar, ou influenciar outrem. Com isso perde a sociedade. É só ver a quantas andam os projetos cruciais para o bem de Joinville como a Lei de Ordenamento Territorial (LOT), por exemplo. Começam a se acostumar com as benesses (carro, combustível, diárias, tudo livre), com o dia a dia da reclamação do povo, e sequer dão bola para os gritos das ruas e bairros. Portanto, se elegeu, teve seu tempo, realizou, não realizou? Troquemos na próxima!

Como os políticos legislam sobre o sistema político – a tal reforma política muda para nada mudar a anos – mudemos nós a nossa postura. Deixemos de atender ao coração porque o tio, o pai, o irmão, o primo, o amigo precisa... Abandonemos a tentação do aceno de cargo público, ajuda de custo, barro, saibro, máquina para limpar um terreninho... Vamos mudar, pois o poder está conosco, no voto, na nossa escolha! Se mudarmos todos, novos entram, sangue novo, renova-se o ar político. E quando falo de renovar não é a ideia de idade – até porque há nesta lista e em outras, novos bem velhos! -, mas sim de pessoas que nunca passaram pelo legislativo, não conhecem aquele mundo por dentro.

Comecemos, pois esse movimento social pela renovação total do legislativo municipal pela nossa cidade. Não reeleja ninguém, renove geral! A ideia pode parecer utópica, mas é preciso retomar as utopias para que a sociedade volte a ter crença nela mesma, e na política! Acabe com o carreirismo político. Renove tudo, e vejamos como aí sim a juventude voltará a acreditar na política como instrumento de transformação social, que de fato é. A provocação está feita. Comecemos aqui em nossa cidade. Em 2016, não reeleja, renove geral.


É assim, nas teias do poder...

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Prefeitos para Joinville? A coisa vai de mal a pior




POR JORDI CASTAN


Parece que para o pessoal do Chuva Ácida o processo eleitoral já começou. E já temos as análises sobre os possíveis candidatos. Mas ainda é cedo para todo esse debate, pois muita água tem que correr embaixo das pontes do Cachoeria. Mas dois pontos estimulam este debate extemporâneo.

O primeiro é a sensação de que este governo já acabou. A bem da verdade acabou sem ter chegado a começar. O que, diga-se de passagem, é uma situação esdrúxula para quem ia a dar um choque de gestão. O resultado é uma grande decepção. A inação e a falta de ações concretas, unidas ao desencanto do eleitor, sepultaram esta gestão.

Mesmo assim Udo Dohler surge como candidato natural. E  a seu favor tem a mediocridade dos outros candidatos. Para evitar cair na teoria de escolher o “menos ruim” é bom lembrar que o menos ruim segue sendo ruim. Escrevi sobre isso aqui no Chuva Ácida e repito: escolher o menos ruim representa escolher o ruim. Sabendo que é ruim.

O outro risco que devemos enfrentar em 2016 é o de fazer a escolha do candidato que seja “bom o suficiente”. E se o menos ruim era ruim, corremos aqui o risco de cair na mesma armadilha. Ou seja, escolher um candidato que não seja suficientemente bom para os desafios que Joinville tem pela frente. Esta nova versão do “menos ruim” ganha força na medida em que começam a pipocar os nomes dos pré-candidatos e aos poucos vão colocando as manguinhas de fora.

A pergunta que volta uma e outra vez:  Joinville não tem candidatos melhores? Uma cidade como a nossa deve amargar permanentemente a sina da mediocridade? E condenar o eleitor a escolher entre o "menos ruim" e o que é "bom o suficiente". Como se Joinville não merecesse mais.

Reconheçamos que o poder público ajuda a consolidar essa cultura do "bom o suficiente". Não há uma única obra pública nas últimas décadas da que possamos nos orgulhar, que tenha sido bem feita, no prazo e de acordo com o projeto e pelo preço orçado. Como se os joinvilenses não merecessem mais que isso que aí esta: asfalto casca de ovo, parques sem árvores é que não são mais que praças, esgoto que não esgota, hospitais que são só anexos ou duplicações que são só arremedos de binários, para citar apenas alguns casos.

Assim que em 2016 teremos as opção de escolher entre o gestor que não faz, o incompetente que não fez, o corrupto condenado, o bom moço que de bom não tem nada ou o mitômano compulsivo, ainda que nesta última categoria cabe mais de um candidato. A escolha continua difícil e o futuro parece a cada dia mais incerto.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Quem é Ivandro de Souza?

POR VANDERSON SOARES



vanderson.vsoares@gmail.com


Dias atrás publiquei um texto sobre os possíveis candidatos a prefeito da nossa cidade. Afirmei, na ocasião, que Ivandro de Souza (PSDB) estaria ali apenas segurando a vaga enquanto o verdadeiro candidato se apresentaria mais pra frente, que poderia ser o Paulo Bauer ou o nosso velho conhecido Tebaldi. 

Não é segredo para ninguém que sou filiado ao PSDB (mesmo não sendo tão participante quanto gostaria), e mesmo nesta condição, não conhecia muito bem Ivandro de Souza. Passei a conhecê-lo melhor nos últimos tempos, em que tive a oportunidade de ouvir alguns discursos, algumas palestras e devo dizer que ele é quem realmente deveria ser o candidato a prefeito pelo PSDB. 

Digo isto, pois alguns pontos de conversa me chamaram atenção nele. Antes de conhecê-lo, sabia apenas que era empresário e, pela experiência que estamos tendo com o Sr. Udo Dohler, estava até desiludido, pensando que era apenas mais um empresário a vender a imagem de gestor milagreiro.

Pois bem, Ivandro de Souza é um pouco diferente. É empresário e tem uma empresa forte, bem conceituada e com bom nome no mercado joinvilense. A novidade começa, e é nesse ponto a diferença nevrálgica com o Udo, é sua sensibilidade. Em dado momento de um discurso ele declarou a seguinte frase:

“Hoje quando se pergunta sobre qualquer área ao Prefeito ele repete incansavelmente ‘que as contas estão equilibradas, estamos com o caixa em dia**’, mas qual pai de família não entraria no cheque especial, não deixaria de comprar algo, para pagar um tratamento de saúde para o filho? Este prefeito não pensa nisso. Pensa apenas na saúde financeira, que deve ser observada e levada em conta, mas jamais sobrepor-se às necessidades da população como saúde, educação, etc...”*

Udo Dohler seria um excelente prefeito se tivesse sensibilidade aliada ao seu conhecimento sobre gestão. A diferença crucial da gestão privada da gestão pública consiste em que uma visa lucros financeiros e a outra lucros de qualidade de vida da população.  E Ivandro mostrou que entende de ambos.

Outro ponto muito interessante que Ivandro falou, em algumas ocasiões, foi sobre suas ideias de como desafogar o serviço público e diminuir os prazos das secretarias na execução dos expedientes da atual Secretaria do Meio Ambiente no que diz respeito aos Alvarás de Construção, Certificados de Conclusão de Obras, etc.

Comentou da possibilidade de certificar e auditar escritórios técnicos (engenharia/ arquitetura) de modo que a Secretaria apenas fiscalize pontos cruciais e auditem os escritórios.  São ideias que ainda podem ser aperfeiçoadas e desafogar, em muito, o trabalho desta secretaria. Citou outras secretarias nesta palestra que ouvi, mas recordo-me bem apenas desta.

Deste modo, confesso que Ivandro de Souza ganhou minha admiração e respeito mostrando dominar a técnica, ter sensibilidade e ainda por cima muito bom humor (outra característica que falta ao atual prefeito). 

*transcrição do que o autor ouviu na referida palestra.
** Essas falas do prefeito foram antes do Secretário Corona, afirmar que a prefeitura está pagando com atraso de 40 dias e que vai piorar ainda mais. Comenta-se hoje que o Hospital São José passa por dificuldades com falta de medicamentos e materiais básicos porque os fornecedores não suportam mais o atraso.