POR JORDI CASTAN
Estamos longe de ter um quadro definido para as próximas eleições.
Há quem ache que o prefeito se reelege fácil. Menos por méritos próprios e mais pelos péssimos
candidatos que os partidos apresentam. Seria uma
reedição piorada da eleição anterior, a vitória do menos ruim. A vantagem que o
eleitor tem hoje é que sabe o quanto ele é ruim. Sabe quanto há de gestão e quanto há de parolagem na imagem de gestor honesto e trabalhador. O eleitor não pode
alegar não saber agora que o menos ruim é péssimo e os outros são muito
piores. Um cenário desacorçoador.
A boa notícia é a quantidade de gente que coloca o seu nome
para concorrer a vereador. Há muita gente boa. E esse “boa” tem muitos
significados. Desde o seu nível de formação, ao seu histórico de luta pela
cidade desde a militância em organizações apartidárias, gente que não tem um
histórico de militância partidária mas que carrega a bagagem de anos de
trabalho reconhecido por Joinville.
A maioria não vai chegar à Câmara. O sistema confere
vantagens enormes aos atuais vereadores, que contam com uma constelação de assessores,
recursos e estruturas para buscar a reeleição com maior facilidade que os
candidatos que o intentam por primeira vez. Aliás, é bom lembrar que quando
vereador usa assessor, telefone, carro e material da câmara para fazer campanha
está usando recursos públicos. Ou seja, dinheiro que todos pagamos e que nem é
contabilizado na prestação de contas feita ao TRE. Essas mazelas em que os políticos
brasileiros são mestres e doutores.
Seria bom que houvesse uma grande renovação. O meu sonho seria
que não ficasse um, que nenhum dos atuais vereadores conseguisse se reeleger.
Quem sabe se elegêssemos uma nova geração de políticos, que, como a maioria da
população, estão enojados com a corrupção e a sem-vergonhice que assola o
Brasil. Oxalá pudéssemos começar a mudar o país desde os municípios. Um sonho? Sim, um
sonho. Porque não nos enganemos: a corrupção que lemos cada dia nos jornais e
vemos na televisão não é exclusividade dos cleptocratas de Brasília. Eles
iniciam sua formação nos municípios, aperfeiçoam nas assembleias legislativas
e ganham doutorado na Capital Federal.
Ninguém imagine que vivemos numa sociedade em que predomina
a honestidade. A cada dia somos levados a acreditar que os corruptos são maioria e que a justificativa para tanta desonestidade é a desonestidade dos outros. Que se rouba porque os outros também o fizeram antes, que não há nada de
errado em fazê-lo, que se você estivesse lá faria a mesma coisa.
É provável que para a maioria da sociedade assim seja. A maioria quer enriquecer na política. Vendo os exemplos que temos, inclusive aqui em Joinville, é fácil acreditar que nesta leva de novos candidatos haja muitos idealistas que queiram uma cidade melhor. Mas não nos enganemos, porque muitos querem se locupletar com as benesses do cargo, andar de carro alugado, indicar cabos eleitorais para cargos comissionados, nomear assessores pagos com o nosso dinheiro, viajar com diárias generosas a cidades distantes.
É provável que para a maioria da sociedade assim seja. A maioria quer enriquecer na política. Vendo os exemplos que temos, inclusive aqui em Joinville, é fácil acreditar que nesta leva de novos candidatos haja muitos idealistas que queiram uma cidade melhor. Mas não nos enganemos, porque muitos querem se locupletar com as benesses do cargo, andar de carro alugado, indicar cabos eleitorais para cargos comissionados, nomear assessores pagos com o nosso dinheiro, viajar com diárias generosas a cidades distantes.
O desafio do eleitor é saber diferenciar uns dos
outros. Não só não votar nos desonestos, fazer campanha contra. Divulgar os
nomes dos que não merecem ser eleitos. Porque não é a política que faz o
candidato virar ladrão, é o nosso voto que elege o ladrão. Tão importante como
fazer campanha pelos bons é fazer campanha contra os ruins, porque os ruins são em maior número. Cumpre-se no Brasil a máxima de Monteiro Lobato que dizia que "A política
virou um privilegio irrestrito, com feroz exclusivismo à casta dos mais
audaciosos amorais".