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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Honra ou honestidade


POR JORDI CASTAN
Os estudos mostram que o brasileiro lê pouco e compreende menos a cada dia. Pouca leitura reduz o vocabulário e, com menos palavras, o sentido e o significado vão se perdendo. Em pouco tempo ninguém mais lembra do que significam. Com frequência escutamos palavras fora de contexto e chega a ser até hilároa quando chegam a ter o seu sentido deturpado ou tergiversado.

Aproveitando o período eleitoral, proponho uma análise sobre o significado de "honra" e "honestidade". Já acreditei que honestidade era pré-requisito para concorrer a um cargo público, mas hoje acho que os honestos fogem da política para não serem confundidos com esta corja de malfeitores que tem se apossado do Legislativo e do Executivo. Me atreveria a dizer que até do Judiciário tem ir por esse caminho, porque não há dois sem três.

Diz o dicionário que honra é:
1. Consideração e homenagem à virtude, ao talento, à coragem, às boas ações ou às qualidades de alguém.
2. Sentimento de dignidade própria que leva o indivíduo a procurar merecer e manter a consideração geral; pundonor, brio.
3. Dignidade, probidade, retidão.
4. Grandeza, esplendor, glória. 
5. Pessoa ou coisa que é motivo de honra, de glória.
6. Culto, veneração.
7. Graça, mercê, distinção.
8. Honestidade, pureza, castidade, virgindade.
Leio e fico pensando quantos dos candidatos que aí estão disputando a eleição encaixariam nesta definição. Então lembro que nenhum deles cita a honra. Escolhem a Honestidade para serem identificados pelos eleitores. É bom lembrar que Honestidade é uma das definições de Honra, casualmente a última delas. Definitivamente nenhum dos candidatos se apresenta como um homem, ou uma mulher de Honra e isso, neste momento, os honra. A dúvida é se tiveram um ataque de sinceridade e não querem apresentar-se ante o eleitor como algo que não são ou com o que não se identificam, ou se não tendo noção do que seja a Honra, optam por escolher a honestidade como característica definidora.
Honestidade:
1. Qualidade ou caráter de honesto; honradez, dignidade. 
2. Probidade, decoro, decência.
3. Castidade; pureza; virtude.

Só dar uma olhada no dicionário e fica claro, para qualquer um, que é mais fácil ser ou se considerar honesto que honrado. A diferencia pode parecer sutil, mas não é. Estamos, como sempre, por estas terras e manguezais, nivelando por baixo. O que deveria ser pré-requisito mínimo é apresentado como virtude, como diferencial.

Sou dos que acredita que se elegemos os políticos que elegemos é porque no íntimo, se estivéssemos lá, faríamos a mesma coisa. Quantos de nós somos honestos por falta de oportunidade? Só essa falta pertinaz de honestidade pode justificar os políticos que temos e a insistência doentia do eleitor em votar em candidatos investigados por corrupção ou pior até condenados. Candidatos que para piorar são e seguem sendo os mesmos de sempre.

Gente que enriqueceu na política, políticos profissionais, que só existem pela conivência do próprio eleitor. Tem ainda os que insistem em querer eleger presidiário cumprindo pena. É evidente que os mesmos que tem dificuldades em compreender a diferença entre honra e ser honesto, tenham, também, dificuldades em entender que um presidiário (detento condenado a cumprir pena ou a trabalhar num presídio) por ter sido condenado em segunda instancia, não pode pretender ser candidato a nada mais que a sindico do próprio presídio.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Udo Dohler: trocar cargos por tempo de TV não suja as mãos?


POR JORDI CASTAN


Continua imperando em Joinville a velha política, aquela que por caminha no limite da legalidade e à margem da ética e da moral. A dos velhos políticos que fazem de conta que são honestos. A dos que se vangloriam de ter as mãos limpas. Os que posam de paladinos da moral. Os que iludem o eleitor se apresentando como os donos exclusivos do monopólio da honestidade. Há coisas que são imorais. E se é imoral não é honesto.

Nesse cenário é difícil o eleitor achar errado que o prefeito use do seu direito legal de indicar para ocupar cargos de livre nomeação a cinco presidentes e diretivos de partidos políticos que formam parte da coligação “Juntos no Rumo Certo”.

- Nomeou como Secretário da Assistência Social, por Decreto Municipal no 26.882, o Sr. VAGNER FERREIRA DE OLIVEIRA, Presidente do Partido PROS. 
- Nomeou como Diretor Executivo da Fundação Cultural de Joinville, mediante Decreto MunicipaL no 27073, o Sr. EVANDRO CENSI MONTEIRO, sendo este Sr. Presidente do Partido PTC.
- Nomeou Secretário da Habitação, por Decreto Municipal no 27074, o Sr. ROMEU DE OLIVEIRA, sendo este Presidente do Partido PTB.
- O Sr.NATAL DE FREITAS foi nomeado para o cargo de Coordenador I da Área de Manutenção de Veículos e Equipamentos, por Decreto Municipal Municipal no 27.242, sendo este Presidente do Partido Comunista do Brasil.

Assim o prefeito comprou apoio politico do PC do B, do PTC, do PTB e do PROS e praticamente dobrou o tempo de televisão na campanha politica.

TEMPO DE MIDIA PARTIDÁRIA EM BLOCOS MAJORITÁRIA - 2016
PTB – 00:49
PROS – 00:24
PC do B – 00:21
PTC – 00:11
TOTAL DE TEMPO: 1 minuto e 45 segundos.

TEMPO DE MIDIA PARTIDÁRIA EM INSERÇÕES PROPORCIONAIS - 2016
PTB – 03:22
PROS – 01:32
PC do B – 01:17
PTC – 00:33
TOTAL DE TEMPO: 6 minutos e 44 segundos.

A tabela mostra o total de tempo eleitoral agregado após a concretização do acordo de compra de apoio politico.

Todos ganharam cargos na Prefeitura em troca de apoio à reeleição do prefeito. Esse apoio se traduz em precioso aumento de tempo para a campanha no rádio e na televisão. Isso poderia ser apenas imoral e, portanto “simplesmente” desonesto. Mas é muito mais que isso: o prefeito está pagando tempo de televisão para a campanha da sua reeleição com dinheiro público. O candidato se apresenta ao eleitor como o prefeito de mãos limpas, usando o tempo de TV que comprou com dinheiro público. Isso é trágico. Mas há algo ainda pior: nenhum deles é especialista no cargo que ocupa, em consequência, prestam um mau serviço ao público. 

A lei permite que os políticos coloquem seus apadrinhados em cargos públicos para ganhar eleições. Não é ilegal, mas tampouco são as atitudes de alguém que depois possa presumir de ter as mãos limpas. O prefeito tem se convertido num funâmbulo da legalidade, vive caminhando à margem da moral, ultrapassando uma linha que para ele é cada dia mais elástica. Ao trocar cargos por apoio, o prefeito usou dinheiro público para comprar mais tempo de televisão. Dinheiro público que é bom que se diga é dinheiro nosso, de todos os que pagamos impostos.

Nesse flertar constante com o lado de cá da legalidade e do lado de la da ética, o prefeito usa de dinheiro público para cooptar entidades. A sua ausência de princípios se traveste de doação. O prefeito doa o seu salário a entidades beneficentes e sociais de Joinville. Aparentemente não há nada de ilegal na doação. Mas se o objetivo fosse mesmo desinteressado o caminho correto seria o de renunciar ao salário, ou reduzir o seu salário, se legalmente essa não fosse a melhor opção porque fosse difícil de aplicar, o caminho republicano de agir seria o de devolver o salário ao caixa da Prefeitura como doação e este dinheiro passaria a compor o orçamento municipal. 

Quando escolheu doar o dinheiro a algumas entidades, há um direcionamento que deixa de ser impessoal e passa a privilegiar a unas em detrimento de outras passou a fazer uma doação com dinheiro público. É ilegal? Há quem ache que o prefeito esta cooptando estas entidades e que possa haver uma ilegalidade. O que com certeza é imoral. Mas o prefeito tem demonstrado que sua visão do que é ético e moralmente correto é subjetiva. Mais que subjetiva ela é flexível, maleável, se adapta convenientemente às suas necessidade. E tão maleável que o qualifica para que possa se apresentar como o segundo homem mais honesto do universo. Se tudo isso for mesmo legal, nos deparamos com o desafio de reconsiderar o próprio conceito de honestidade.




quarta-feira, 4 de maio de 2016

O joio e o trigo: a gestão Udo Dohler






POR VANDERSON SOARES


Atualmente, os partidos de oposição ao governo municipal não medem esforços em fazer cartazes, banners, memes entre outras tantas formas de achincalhar, principalmente, o prefeito Udo Dohler. Felizmente, quem mais ataca o atual governo é quem já foi condenado ou quem responde por crimes eleitorais. Isso já mostra quem é joio e quem é trigo. 

É nítido que Udo Dohler está aquém do que prometeu, porém há de se considerar que ele está fazendo verdadeiros milagres na administração. Com a nossa atual crise política ao nível nacional, afetando fortemente a economia e assim a arrecadação, com cidades e estados fazendo cortes, alguns declarando ”falência”, Udo está sim se sobressaindo. 

Quando ele assumiu a Prefeitura, o governo anterior não provisionou a folha de pagamento. Desta forma, Udo Dohler foi o primeiro prefeito a não pagar a folha. Foi vítima ou de desleixo ou de maldade do governo anterior. A Prefeitura, nos primeiros meses de trabalho, não tinha poder de endividamento, estava totalmente em dívida com os fornecedores. Udo Dohler negociou e honrou todas as dívidas e vem honrando. A casa está em ordem e com saúde financeira, com capacidade de endividamento, se isto for necessário. Uma prefeitura com crédito na praça é sinal de gestão sim.

Udo Dohler, logo no começo, cortou na carne. Cortou centenas de cargos comissionados, acordou que em todas as secretarias os comissionados trabalhariam até às 17h00 (nos governos anteriores, era até às 14h00). 

Quando assumiu, não apenas se esforçou para manter o valor da passagem de ônibus, como diminuiu. Agora, nos últimos meses, por determinação judicial, não conseguiu conter o aumento. Era ou acatar ou ser processado por improbidade. 

Mesmo em meio à crise política e a grandes baixas na arrecadação, Udo Dohler está fazendo e entregando obras. 

Muitos reclamam da saúde e do asfalto, com razão, mas quero que se apresente aqui qual prefeito conseguiu fazer tanto com tão pouco. Qual prefeito mexeu tanto em pontos tão críticos e polêmicos da saúde quanto Udo Dohler? Não foram poucas as brigas que comprou. Qual prefeito, com baixa crescente de arrecadação, deixaria de colocar dinheiro na saúde e na educação para asfaltar ruas? Além disso, note-se que as ruas que estão recebendo asfalto ou recape não é com aquele velha casca de ovo, conhecida dos governos anteriores. 

Udo Dohler estava certíssimo quando em campanha falou que não faltava dinheiro, mas sim gestão. Infelizmente, não previu a crise que se formaria. Imaginem este homem trabalhando com caixa positivo e constante na prefeitura? 

E por fim, mas mais importante, Udo Dohler é o reflexo de alguém que trabalha pelo desafio de gerenciar uma grande cidade, aliado à honestidade. Muitos dos rivais que conquistou nestes três anos e meio, muito do apoio que perdeu de outros partidos, não é devido à falta de gestão, mas sim à sua postura firme contra qualquer tipo de corrupção. Além disso, fez algo inédito na política de nossa pequena aldeia, colocou pessoas com capacidade técnica, e não simplesmente políticas, em cargos estratégicos. 


Então, amigo, assim como você acho que Joinville pode muito mais. Infelizmente, sem arrecadação e sem dinheiro, não se pode fazer muita coisa, porém Udo Dohler mostrou ser honesto, não permitir a corrupção em seu governo, afastar pra longe qualquer um que se mostrasse interessado em se apossar do erário. Dentre os atuais pré-candidatos, Udo Dohler é a melhor opção. Antes um honesto, capaz e bem intencionado, do que alguém desonesto, incapaz ou mal-intencionado. 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

É melhor não confundir insônia com trabalho

POR JORDI CASTAN

Escrever todas as segundas é meu compromisso com os leitores e os demais companheiros do Chuva Ácida. Uma das recompensas de escrever aqui é poder interagir com os leitores que, através dos seus comentários, promovem um debate de ideias e conceitos. Há de tudo nesta vinha do Senhor, mas o post da semana passada "Fazer campanha contra os candidatos desonestos" mereceu um comentário do leitor que se identificou como “Anônimo 2” e que me motivou mas que a responder nos comentários a aprofundar o debate aqui.

Há, no mundo da política, um processo de construção de imagem dos políticos. Há uma estrutura poderosa e custosa que se dedica dia e noite a fabricar mitos, a promover a imagem de cada um deles, de acordo com os anseios do eleitorado. Quem ainda lembra a imagem do Tebaldi dirigindo uma patrola ou com um capacete vistoriando obras? O objetivo era o de promover a imagem de ação. Alguns acrescentam a estas imagens “construídas”, acompanhadas de motes adequados, como: “Este sim que trabalha”, ou “Não há segredo, há trabalho” contribuem a projetar a imagem que o eleitor quer ver.

Para isso os marqueteiros e os institutos de pesquisas trabalham constantemente. Se o problema é a saúde, nada melhor que mostrar alguém que conhece de saúde e com experiência. Se as pesquisas identificam que o eleitor prefere um gestor, pois se destaca a imagem do gestor, o empresário de sucesso que administra com competência e conhecimento. Assim se constroem imagens para atender as demandas do mercado “eleitoral”.

No imaginário joinvilense a imagem do político trabalhador vende muito bem. Há, na idiossincrasia do eleitor, uma fascinação por quem acorda cedo e trabalha até tarde. Há  uma mensagem forte nessa imagem. Forte sim, mas superada pela realidade. Há uma mudança sensível de modelo. Cada vez mais são importantes os resultados e menos os cumpridores de horário. É mais importante a eficácia e a efetividade, do que passar horas a fio fazendo o que deveria ser feito em menos tempo e de forma mais eficiente.

Indo um pouco além, o eleitor já começou a entender que não há sentido em fazer bem feito aquilo que não precisa ser feito. Ver a administração pública como um referente de inépcia tem um impacto terrível sobre a imagem do administrador municipal. Temos que nos perguntar: de que adianta acordar tão cedo, se não é possível ver os resultados de madrugar tanto? É bom não confundir insônia com trabalho. Porque o eleitor que ver a sua cidade melhor, isso é a única coisa que lhe interessa.

O tema da honestidade dos políticos é apaixonante. Há uma tendência, neste momento, em confundir honestidade com não roubar, com não receber propina, com não ser corrupto. O conceito de honestidade do homem público é muito mais profundo. Vai muita além desta visão simplista de honestidade e desonestidade.

Podemos considerar  honesto o administrador que oferece cargos a comissionados apadrinhados por legisladores em troca de apoio? É honesto aquele que promete fazer obras e entregá-las em prazos que sabe que não cumprirá? Podemos considerar que é honesto fazer promessas sem intenção ou sem possibilidade de ser cumpridas, com o único objetivo de iludir o eleitor? Ou são desonestos só os políticos que roubam? Em outras palavras, alguém acredita mesmo que os nossos políticos são honestos? Que conseguiriam passar 24 horas sem mentir uma única vez? Ou o próprio eleitorado é o culpado, porque gosta de ser iludido e prefere candidatos que não dizem a verdade? As perguntas estão postas. E você, o que acha?

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Fazer campanha contra os candidatos desonestos



POR JORDI CASTAN



Estamos longe de ter um quadro definido para as próximas eleições. Há quem ache que o prefeito se reelege fácil. Menos por méritos próprios e mais pelos péssimos candidatos que os partidos apresentam. Seria uma reedição piorada da eleição anterior, a vitória do menos ruim. A vantagem que o eleitor tem hoje é que sabe o quanto ele é ruim. Sabe quanto há de gestão e quanto há de parolagem na imagem de gestor honesto e trabalhador. O eleitor não pode alegar não saber agora que o menos ruim é péssimo e os outros são muito piores. Um cenário desacorçoador.

A boa notícia é a quantidade de gente que coloca o seu nome para concorrer a vereador. Há muita gente boa. E esse “boa” tem muitos significados. Desde o seu nível de formação, ao seu histórico de luta pela cidade desde a militância em organizações apartidárias, gente que não tem um histórico de militância partidária mas que carrega a bagagem de anos de trabalho reconhecido por Joinville.

A maioria não vai chegar à Câmara. O sistema confere vantagens enormes aos atuais vereadores, que contam com uma constelação de assessores, recursos e estruturas para buscar a reeleição com maior facilidade que os candidatos que o intentam por primeira vez. Aliás, é bom lembrar que quando vereador usa assessor, telefone, carro e material da câmara para fazer campanha está usando recursos públicos. Ou seja, dinheiro que todos pagamos e que nem é contabilizado na prestação de contas feita ao TRE. Essas mazelas em que os políticos brasileiros são mestres e doutores.

Seria bom que houvesse uma grande renovação. O meu sonho seria que não ficasse um, que nenhum dos atuais vereadores conseguisse se reeleger. Quem sabe se elegêssemos uma nova geração de políticos, que, como a maioria da população, estão enojados com a corrupção e a sem-vergonhice que assola o Brasil. Oxalá pudéssemos começar a mudar o país desde os municípios. Um sonho? Sim, um sonho. Porque não nos enganemos: a corrupção que lemos cada dia nos jornais e vemos na televisão não é exclusividade dos cleptocratas de Brasília. Eles iniciam sua formação nos municípios, aperfeiçoam nas assembleias legislativas e ganham doutorado na Capital Federal.

Ninguém imagine que vivemos numa sociedade em que predomina a honestidade. A cada dia somos levados a acreditar que os corruptos são maioria e que a justificativa para tanta desonestidade é a desonestidade dos outros. Que se rouba porque os outros também o fizeram antes, que não há nada de errado em fazê-lo, que se você estivesse lá faria a mesma coisa.

É provável que para a maioria da sociedade assim seja. A maioria quer enriquecer na política. Vendo os exemplos que temos, inclusive aqui em Joinville, é fácil acreditar que nesta leva de novos candidatos haja muitos idealistas que queiram uma cidade melhor. Mas não nos enganemos, porque muitos querem se locupletar com as benesses do cargo, andar de carro alugado, indicar cabos eleitorais para cargos comissionados, nomear assessores pagos com o nosso dinheiro, viajar com diárias generosas a cidades distantes. 

O desafio do eleitor é saber diferenciar uns dos outros. Não só não votar nos desonestos, fazer campanha contra. Divulgar os nomes dos que não merecem ser eleitos. Porque não é a política que faz o candidato virar ladrão, é o nosso voto que elege o ladrão. Tão importante como fazer campanha pelos bons é fazer campanha contra os ruins, porque os ruins são em maior número. Cumpre-se no Brasil a máxima de Monteiro Lobato que dizia que "A política virou um privilegio irrestrito, com feroz exclusivismo à casta dos mais audaciosos amorais".

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Acabaram as virgens?

POR JORDI CASTAN

O José António Baço escreveu ontem sobre a casa grande e a senzala e, tendo tido acesso ao texto antes da publicação, afirmo que a sua referência a virgens, vestais e pureza era certa. Ele tem razão  em relação à virgindade, que é, em alguns setores, um valor em alta, talvez por ser escasso. Em política definitivamente a virgindade, a pureza ou a honestidade são pouco comuns. Há quem seja mais critico e considere estas virtudes como pertencentes à mitologia.

A notícia da cassação da candidatura do prefeito Carlito Merss pegou muita gente de surpresa. Independentemente de ser uma sentença em primeira instância - e que toda a equipe jurídica da coligação liderada pelo PT esteja empenhada em recorrer e provavelmente até vai conseguir reverter em instâncias superiores - ficou claro que já não há ninguém que possa presumir de possuir uma pureza e honestidade superior. Aliás, este complexo de superioridade moral do PT é um dos maiores mistérios da política brasileira, que se repete com a mesma intensidade aqui em Joinville.

No caso do PT tem havido uma forte movimentação nas redes sociais em que a honestidade do candidato Carlito Merss era colocada como um diferencial sobre os demais candidatos. A mensagem insinua que um dos candidatos é mais honesto e faz desta honestidade um dos motivos para votar nele. A sentença da juíza Hildemar Meneguzzi de Carvalho da 19ª Zona Eleitoral de Joinville colocou os candidatos no mesmo patamar e serve para lembrar que honestidade, tanto em política, como na vida diária não é um diferencial, como alguns insistem em propagandear e sim um pré-requisito.

Independentemente dos desdobramentos que esta sentença condenatória tenha durante os próximos dias, e com certeza terá, é um fato que não há mais virgens nesta eleição. O discurso de votar nas vestais caiu por terra e o PT hoje faz política da mesma forma que tanto criticou nos seus oponentes, no passado. Conforme a decisão de primeiro grau, o PT usa os recursos públicos para se manter no poder, concentra obras nos últimos meses do governo e governa priorizando o compadrio e a fidelidade canina e partidária, antes da competência e da inteligência.

O prefeito Carlito é o maior perdedor, porque com esta condenação, mesmo cabível de recurso, perdeu a imagem que ainda mantinha de ser um político honesto. A cassação mostra que não é verdadeira a imagem da senzala pobre mais honesta. Não há diferenças entre a casa grande e a senzala, uns e outros se misturam em promíscua cumplicidade. A cassação colocou Carlito no mesmo nível dos demais candidatos. O faz dele um mortal igual a todos. E a eleição ficou não só ainda mais difícil para a sua coligação, como também pior para todos. Igualando a todos na sujeira e na baixaria.


O tema da honestidade Não é novo neste espaço já foi objeto de outros posts como “Corrupção e honestidade”





terça-feira, 7 de agosto de 2012

Corrupção e honestidade [2]

POR JORDI CASTAN



Nem bem o post do Chuva Ácida tinha entrado no ar e o jornal A Notícia publica a informação de que o PSDC diz ter havido um acordo envolvendo o pagamento de R$ 9.500 parcelados para que o partido apoiasse o PT em Joinville. Depois de feito um primeiro pagamento, pelo PT,  de R$ 2.000, e não tendo sido confirmadas as demais partes do acordo, o PSDC devolveu o dinheiro ao PT. E passou a tomar parte da coligação liderada pelo PMDB, partido que, a acreditar no candidato Osvaldo Darú (PSDC), teria cumprido o acordo, fazendo os pagamentos previstos. Não parece, portanto, que este apoio seja resultado de uma ação altruísta, o que leva a supor que possa também neste caso havido um estímulo pecuniário.

À luz destas informações, que tem como fonte o próprio presidente do PSDC e candidato a vereador Osvaldo Darú - ele confirma que fez o acordo, recebeu o dinheiro e depois devolveu o dinheiro recebido para se aliar a outra coligação - o nível de honestidade da campanha eleitoral em Joinville e dos seus principais candidatos desceu um degrau mais.

Duas informações merecem destaque e comentário. Os valores envolvidos para convencer a determinados partidos a se aliarem a outros: negociar o apoio de uma sigla partidária por R$ 9.500 em quatro parcelas. E ainda fazê-lo com o PSDC, um dos partidos que oficialmente compôs a coligação liderada pelo PSDB que tem a Marco Tebaldi como candidato. Em resumo: o mesmo partido fez e desfez alianças e jurou fidelidade e amor eterno no mínimo a três dos candidatos em disputa. Um forte indicador de a quanto anda a credibilidade e o valor de determinados partidos e políticos e mostra claramente que a possibilidade de que o próximo prefeito de Joinville seja honesto é menor ainda que o previsto no post anterior.

Corrupção e honestidade


POR JORDI CASTAN

Há os que insistem em tergiversar a verdade tentando nos fazer acreditar que entre os cinco candidatos a prefeito de Joinville só há um que é honesto. Insinuam, na sua lógica retorcida, que os outros não o são. E, a partir desta inverdade, elaboram o fantástico raciocínio que há só uma opção para escolher: o honesto.

Primeiro que, entre os candidatos, há mais de um que é aparentemente é honesto - o que quer dizer que se a minha opção for por votar por alguém honesto, parece que teria mais de uma opção. É verdade que há candidatos que, de acordo com todos os indícios, não o são. É uma pena que o Brasil como país e a sua sociedade como um todo insistam em conviver de forma tão promíscua com a corrupção. O país teve a oportunidade de afastar de uma vez todos os políticos que tinham pendências com a justiça. Uma oportunidade única de fazer uma faxina e permitir que uma nova geração pudesse chegar à política e iniciar um processo de mudança.

Particularmente não ponho a mão no fogo por ninguém. Só minha família mais próxima entra neste grupo restrito. Com relação aos outros, todas as vezes que o fiz acabei com queimaduras de maior ou menor gravidade. Em se tratando de políticos o risco é elevado demais. Ainda que seja obrigado a acreditar que em tese a maioria dos candidatos nestas eleições é absoluta e totalmente honesta, no fundo tenho a certeza que a maioria não o seja tanto. E entre os que eventualmente venham a se eleger, o número daqueles que continuarão honestos até o fim do seu mandato podem ser contados com os dedos de uma orelha.

Entramos aí no perigoso terreno de tentar medir a honestidade. Os paladinos do candidato honesto logo vão começar a dizer que o seu candidato pode ser considerado totalmente honesto. Caso insistam em defender a honestidade absoluta e a pureza virginal do seu candidato, eu acharia que ou bem enlouqueceram ou estão brincando. Como a ironia não é algo que este grupo domine, a possibilidade maior será a primeira. 


A segunda linha de raciocínio é absolutamente perversa e tem sido usada muito neste país e em Joinville na última década. Como ninguém é honesto, a desonestidade é um estado natural e se alguém hoje se corrompe o faz porque também os outros o fizeram anteriormente. Uma forma de tentar fazer desta sem-vergonhice uma prática socialmente aceita e por tanto perdoável.

Quando o Brasil inicia a trancos e barrancos o julgamento do mensalão, os cidadãos acompanham atônitos as manobras para inocentar, fazer prescrever ou negar o que foi a institucionalização da corrupção no governo. Seria importante que a sociedade não votasse em candidatos corruptos, condenados ou não. O ideal seria ainda que o eleitor escolhesse não só aqueles que fossem honestos, também preferissem aqueles que parecessem honestos. E no caso dos nossos cinco candidatos o quadro se reduz muito.